Dias carentes



(imagem de scrap.mixplanet.com.br)



Há dias em que me sinto de novo menina
a precisar do seu cobertor de pelúcia
para se enroscar e aconchegar.

E essa menina que acorda em mim,
embala-me e aninha-me, assim…
Como se eu fosse a sua boneca favorita.

E, nesse aconchego ternurento,
poisa-me a sua boquita na minha face
e esqueço tudo naquele momento,
só quero que o seu abraço me enlace.

E sou eu essa criança,
quando ainda tinha carinho para dar
quando ainda tinha alguém a quem amar,
alguém com quem sentisse a aliança.

Ainda criança, de rosto infantil,
com um sorriso rasgado no rosto,
mãozinhas pequenas, alma pueril,
sem conhecer as teias do desgosto.

Tapa-me com o teu cobertor,
dá-me mais um beijo na face,
quero voltar a sentir o amor
que tu, vida, me negaste.

Embala-me até adormecer,
adormece também os meus sonhos,
faz-me esquecer os temores medonhos,
simplesmente, faz-me esquecer!
                                             Célia Gil

1 Comentarios