A cor do Outono

(imagem de avitrinedesonhos.blogspot.com)


O Outono chega acompanhado
pelo vento que se vai transformando,
suave, frio, lancinante, cortante.
Abre a sua enorme bocarra de ar
e sopra em cada folha,
desnudando as secas árvores,
que se vergam ante a sua passagem,
temerosas, pesarosas…
As folhas caem por terra,
amarelas, laranjas, castanhas.
É a terra clamando por elas,
num acto telúrico.
Estação do envelhecimento,
do eterno questionamento,
das dúvidas, do silêncio,
da necessidade de se ficar a sós
e reforçar laços e nós.
Estação incerta, insegura,
apodrece, de madura
e cai em abismos estrepitosos,
em ecos solitários e estrondosos.
Outono da vida,
irrompendo pleno de interrogações,
alma de si perdida, esquecida,
repleta de imensas questões!
É preciso varrer as folhas-questões,
juntá-las num montinho
resgatá-las devagarinho
para não se dissipar a réstia das ilusões!
                                                            Célia Gil

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