Se fosse pintora...

(imagem do Google)

Se soubesse pintar,
esboçava um poema colorido.
Começava por um céu radioso
numa manhã de primavera.
Do céu à planície estenderia
um tapete de verdura, pela montanha.
Pintalgava-a do branco
das cerejeiras em flor,
o amarelo dos narcisos silvestres…
Fá-lo-ia bem feito, com precisão,
gostaria que parecesse real,
que se confundisse com o fundo
de uma janela aberta,
repleto de aromas estonteantes,
com uma leve brisa
e um sol que aquecesse a alma.
Misturaria todas as cores na paleta
e coloria a planície qual arco-íris.
O verde espalharia
na esperança do olhar humano.
O vermelho deixaria no interior
das casas plenas de paixão e amor.
Com o branco vestiria
todas as crianças de candura.
De azul pintaria o céu,
com apontamentos de laranja de sol
para que o homem se comprazesse.
De amarelo pintaria a alma humana
para irradiar alegria e felicidade.
De rosa, as maçãs do rosto,
coradas de vida e de prazer.
De castanho pintaria a terra,
para me deitar teluricamente nela,
para sustentar as torgas das urzes
e nos lembrar a nossa
inevitável ligação ao berço materno.
A roxo pintaria a fé,
a espiritualidade de cada um.

Se soubesse pintar,
o meu quadro ganhava vida,
contagiaria a todos
com a magia das suas cores.
                                      Célia Gil

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