(imagem do google)
Durante toda a vida
acumulamos acontecimentos,
colecionamos sentimentos
até que esteja preenchida.
Construímos com eles altos
castelos de ilusão,
enfrentamos sobressaltos
mantendo-os em pé com dedicação.
Se os castelos tendem a desequilibrar-se
amparamo-los, a queda impedindo,
não queremos vê-los desmoronar-se
mas apenas subindo, erigindo...
Mas há um dia em que o vendaval
chega sem sequer avisar,
sem sequer dar sinal
e vira as ilusões de pernas para o ar.
Anos de um lento edificar
que vemos, espalhados pelo chão,
sonhos desfeitos sem nada restar
a não ser a dor da deceção.
E só há de duas uma solução,
escolha difícil, na decisão a tomar,
desistir, ceder, vegetar
ou começar do zero a nossa missão.
Então, há que encarar
o vendaval como uma lição,
o dia a dia será um novo recomeçar,
não o início de uma obrigação.
Para quê erguer novo castelo?
As ilusões não devem ser moldadas.
Para quê viver com excesso de zelo
se as ilusões não se querem aprisionadas?
Cada dia será um novo dia,
um dia para viver a ilusão
que, com um pouco de sabedoria,
voltará a erguer-se do chão.
E quando vier a rajada
do vento da destruição,
descerá em nós qual alvorada
e fará brotar nova ilusão.
Insistente, desprendida, libertada
e preparada, sempre, para nova missão.
Célia Gil