quarta-feira, 27 de março de 2019
segunda-feira, 25 de março de 2019
A Dádiva, Toni Morrison
Toni
Morrison foi a primeira escritora negra a ser distinguida, em 1993, com o
Prémio Nobel da Literatura. Foi esse facto que me levou a ler A Dádiva.
Um livro pequeno, mas que deve ser lido
com calma, com a devida atenção, para saborear as palavras da escritora, que
cativam logo desde as primeiras linhas e também porque a história nos é contada
em momentos diferentes e temos de nos situar, de perceber quando surgem as analepses
para podermos desfrutar ao máximo da obra.
É um romance extraordinário que se passa
na América do Norte de finais do século XVII, uma época marcada pela
escravatura, grandes divisões sociais e religiosas, tirania, preconceito e ódio
racial.
É neste contexto que Jacob Vaark, um
comerciante anglo-holandês, que, apesar de inicialmente se manter distante do
negócio dos escravos, acaba por aceitar, como pagamento de uma dívida de um
fazendeiro de Maryland, uma menina negra, Florens. É numa conjuntura de
submissão que Florens conhece a paixão, mas é também nesse contexto que descobre
o quanto a ausência de liberdade pode ser prejudicial para a alma.
Célia Gil
sexta-feira, 8 de março de 2019
A Sétima Porta, Richard Zimler
Zimler, Richard (2014). A Sétima Porta. Porto: Porto Editora.
Em A Sétima Porta, Zimler conduz-nos com uma extraordinária erudição,
a uma história que nos desperta vários sentimentos distintos – desde a repulsa
por determinadas atitudes ousadas, invulgares numa jovem, que, no início, tem
apenas catorze anos e que enfrenta os pais e a sociedade, erguendo sempre o seu
grito por aquilo em que acredita; e até um carinho pela compaixão que ela
consegue nutrir pelos abandonados, os marginalizados, portadores de
malformações, expostos à violência dos nazis; os sonhos que persegue e aos
quais se entrega de uma forma até aparentemente desarrazoada.
Sophie, ariana e
católica, que vive em Berlim com a sua mãe russa, o seu pai comunista e um
irmão autista, é a narradora desta história intensa, que decorre na década de
trinta e, quer pela curiosidade natural da idade, quer pela forma como perceciona
o mundo e pelos seus ideais, acaba por se relacionar, às escondidas dos pais e
do namorado, com judeus e portadores de malformações.
O pai de Sophie,
decide, como tantos outros comunistas da época, apoiar Hitler para proteger a
sua família. Atitude que não mantém quando não hesita, em compactuar com o
internamento do filho Hansi, quando este levará a injeção letal.
Sophie, envolve-se com
Isaac, um velho descendente de Zarco, judeu antissemítico detentor de uns manuscritos
que tenta descodificar para salvar a humanidade, de quem acaba por ter um filho.
Terá Isaac conseguido o
que pretendia? Terá atingido a sétima porta e encontrado em Deus as respostas?
O convite para embarcar
nesta viagem alucinante, explosiva e profética fica feito, basta que leiam “A
Sétima Porta”, de Richard Zimler.