Constable, Harriet (2025). A Violinista. Lisboa: Casa das Letras.
segunda-feira, 30 de junho de 2025
A Violinista, Harriet Constable
sábado, 28 de junho de 2025
Terra Ferida, Clare Leslie Hall
Hall, Clare Leslie (2025). Terra Ferida. Lisboa: Suma das Letras.
Tradução: Inês GuerreiroTerra Ferida revelou-se, para mim, uma leitura marcante, não apenas pela densidade emocional que atravessa toda a narrativa, mas também pela forma hábil como Clare Leslie Hall constrói as suas personagens e dá corpo a um enredo que prende desde as primeiras páginas.
Um dos aspetos que mais me cativou foi precisamente a riqueza e complexidade das personagens. Não se trata de figuras bidimensionais ou previsíveis; pelo contrário, são seres humanos com as suas contradições, fragilidades e forças, o que contribui imenso para a verosimilhança e o envolvimento emocional do leitor. A autora demonstra um apurado sentido psicológico, conseguindo que as motivações de cada personagem surjam de forma natural, mesmo quando os seus comportamentos nos surpreendem ou desiludem. Isso torna-os genuínos e próximos, quase como se os conhecêssemos pessoalmente.
O enredo, por sua vez, apresenta-se como uma teia habilmente urdida, onde os acontecimentos, embora por vezes inesperados ou dolorosos, mantêm sempre um fio condutor coerente e emocionalmente intenso. A história consegue ser emocionante sem recorrer a dramatismos excessivos, o que revela maturidade na escrita. Clare Leslie Hall não cede ao facilitismo dos clichés, optando antes por um ritmo bem doseado, onde o suspense e a emoção convivem com momentos de introspecção e reflexão.
Gostei particularmente da forma como a autora explora temas complexos e, por vezes, incómodos, sem recorrer a julgamentos simplistas. A "terra ferida" do título funciona não só como metáfora literal dos acontecimentos, mas também como imagem das feridas emocionais e sociais que atravessam as personagens e o próprio ambiente onde a história decorre. Recomendo!
sexta-feira, 27 de junho de 2025
A Noite em Que o Verão Acabou, João Tordo
Tordo, João (2019). A Noite em Que o Verão Acabou. Lisboa: Companhia das Letras.
No Verão de 1987, o adolescente Pedro Taborda apaixona-se por Laura Walsh, a filha mais velha de um magnata nova-iorquino. Ela e Levi - uma criança misteriosa - passam férias com os pais no Lagoeiro, uma pacata cidade algarvia. Rica e moderna, a família Walsh tem tudo para dar muito nas vistas no sul de Portugal. Inebriado pelas formas perfeitas e pelos modos ousados de Laura, Pedro encontra na rapariga americana o seu primeiro amor. Mas quando o Verão acaba, a família Walsh regressa aos Estados Unidos e o destino fica por cumprir.
Dez anos depois, Pedro, decidido a tornar-se escritor, vai estudar para Nova-Iorque. Fascinado com Gary List, antigo prodígio das letras americanas, chega aos Estados Unidos determinado a perseguir os sonhos da juventude. Ao reencontrar Laura, está longe de suspeitar que esse acaso o mergulhará no crime mais falado dos anos noventa, o homicídio do milionário Noah Walsh.
Com um segundo homicídio a atrapalhar a investigação e uma corrida para salvar Levi, de apenas dezasseis anos, acusada de matar o pai, Pedro e Laura enredam-se irremediavelmente na teia de segredos que envolve a família Walsh, desde os anos quarenta do século XX até ao impensável desfecho nas primeiras décadas do novo milénio.
Porque em Chatlam - e neste thriller imparável - nada é o que parece.
terça-feira, 24 de junho de 2025
O Vício dos Livros II, Afonso Cruz
Cruz, Afonso (2025). O Vício dos Livros II. Lisboa: Companhia das Letras.
segunda-feira, 23 de junho de 2025
Obrigado, Avó Omu!, Oge Mora
Mora, Oge (2023). Obrigado, Avó Omu!. Lisboa: Fábula.
Tradução: Susana Cardoso Ferreira
N.º de páginas: 40
Uma Coisa Boa, Marcy Campbell; il. Corinna Luyken
Campbell, Marcy (2023). Uma Coisa Boa. Lisboa: Fábula.
Um livro belo e oportuno, que nos mostra como uma escola se une para combater o discurso de ódio.
Como a união de toda a comunidade, os gestos de bondade e a beleza da arte servem de antídoto para a maldade."
O Meu Amigo Extraterrestre, Rocio Bonilla
Bonilla, Rocio (2019). O Meu Amigo Extraterrestre. Lisboa: Booksmile.
Um Estranho Dentro de Casa, Shari Lapena
Lapena, Shari (2019). Um Estranho Dentro de Casa. Lisboa: Editorial Presença.
sábado, 21 de junho de 2025
A Biblioteca dos Amantes de Livros, Madeline Martin
Martin, Madeline (2025). A Biblioteca dos Amantes de Livros. Lisboa: TopSeller.
Tradução: Dinis Piressábado, 14 de junho de 2025
Lobos, Tânia Ganho
Ganho, Tânia (2025). Lobos. Lisboa: Dom Quixote.
Lobos, da escritora Tânia Ganho, é uma obra densa e perturbadora, que mergulha em temáticas difíceis como o abuso sexual, o poder patriarcal e os meandros obscuros da dark web. Trata-se de um romance corajoso que procura denunciar realidades incómodas, dando voz às vítimas e expondo a crueldade muitas vezes silenciada pela sociedade.
Tânia Ganho consegue criar uma atmosfera de tensão constante, com uma escrita direta, crua e sem pudores, o que, por vezes, pode ser desconfortável, mas é justamente esse desconforto que reforça o impacto da narrativa. É um livro que não se lê com leveza — e não deve ser lido assim. A sua força está na capacidade de confrontar o leitor com realidades que preferiríamos ignorar.
Contudo, é importante referir que, em certos momentos, a obra torna-se algo repetitiva. Determinadas ideias e imagens são reiteradas de forma que, embora possam reforçar a gravidade das situações, por vezes enfraquecem o ritmo narrativo. Esta repetição poderá cansar alguns leitores e quebrar um pouco a fluidez da leitura. Ainda assim, esse recurso poderá ser interpretado como intencional — uma tentativa de sublinhar a persistência do trauma e a dificuldade de se libertar de um passado marcado pela violência.
No plano temático, o livro é profundamente atual e necessário. Em tempos em que o debate sobre o consentimento, o silêncio das vítimas e o poder das redes digitais está em destaque, Lobos surge como uma denúncia ficcionada, mas extremamente próxima da realidade. A autora não tem medo de incomodar, e isso é um dos grandes méritos do romance.
segunda-feira, 9 de junho de 2025
O Rapaz Perdido, Charlie Gallagher
Gallagher, Charlie (2025). O Rapaz Perdido. Lisboa: Alma dos Livros.
Tradução: Adriana FalcãoGostei. Não adorei.
De forma geral, o livro tem um enredo envolvente, especialmente pela premissa forte e o ritmo tenso típico dos thrillers policiais britânicos. Gallagher, como ex-polícia, sabe como montar uma história realista e cheia de suspense, o que prende o leitor logo nas primeiras páginas.
No entanto, considero que houve alguns momentos de monotonia. O foco excessivo nos procedimentos policiais ou em personagens secundárias, faz com que a narrativa perca alguma intensidade — especialmente quando o leitor cria expetativas em torno da história do rapaz desaparecido. A ligação emocional com o miúdo é prometida desde o título e sinopse, mas nem sempre é aprofundada como eu gostaria.
Teria sido mais impactante se a narrativa se focasse mais constante na perspetiva do rapaz ou explorado melhor o seu passado e motivações. Isso traria uma carga emocional mais forte, tornando o mistério não só policial, mas também pessoal. Ainda assim, é um bom thriller. Recomendo a quem aprecia o género literário.
sábado, 7 de junho de 2025
Nascido de Ninguém, Frederico d'Orey
D'Orey, Frederico (2024). Nascido de Ninguém. Lisboa: Guerra e Paz.
N.º de páginas: 144Gostei muito deste livro. A escrita de Frederico d’Orey é contida, elegante e profundamente humana. Não precisa de grandes artifícios para comover — há uma honestidade crua na forma como nos apresenta Hans, esse rapaz com um passado manchado por culpas, que nem sempre lhe pertencem.
A relação entre o trauma individual e o peso da História foi muito bem explorada. Senti que o autor não estava interessado apenas em contar uma história “comovente”, mas sim em mostrar como as feridas do passado nos moldam — mesmo quando tentamos recomeçar, longe de tudo. Há uma dimensão humana, quase silenciosa, que nos obriga a olhar para dentro.
Além disso, a construção da identidade do protagonista — entre a Áustria e Portugal, entre o passado e o presente — tem uma delicadeza rara. O livro não nos dá tudo de bandeja, e isso torna-o ainda mais poderoso. Há espaço para o leitor respirar, imaginar, sentir.
É daqueles romances que terminamos devagar, quase com pena, e que nos acompanha por muito tempo. Recomendo.
Botchan, Natsume Sōseki
Sōseki , Natsume. Botchan. Lisboa: Presença, 2025.
sexta-feira, 6 de junho de 2025
Manhã e Noite, Jon Fosse
Fosse, Jon. Manhã e Noite. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2020.
quarta-feira, 4 de junho de 2025
Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll (Adaptação a novela gráfica)
Carroll, Lewis. Alice no País das Maravilhas. Lisboa: LEVOIR.
terça-feira, 3 de junho de 2025
O Caminho Imperfeito, de José Luís Peixoto
Peixoto, José Luís (2017). O Caminho Imperfeito. Lisboa: Quetzal Editores.
**SINOPSE**
Este é um daqueles livros que não se lê apenas com os olhos — lê-se com o corpo inteiro. Desde a primeira página, sente-se que não se trata de uma viagem tradicional, mas de uma procura interior, quase espiritual, que se desenrola em paralelo com os quilómetros percorridos na Tailândia.
José Luís Peixoto tem uma escrita profundamente sensorial. Ele não se limita a descrever o que vê; transmite cheiros, texturas, estados de espírito. A viagem física torna-se apenas pano de fundo para uma viagem muito mais relevante: a viagem ao interior de si mesmo. E é isso que torna o livro tão poderoso — a honestidade com que ele se expõe, sem filtros, com fragilidades e dúvidas.
Um dos aspetos que mais me marcou foi essa fusão entre o mundo externo (exótico, caótico, fascinante) e o universo íntimo do autor (repleto de memórias, perdas, saudades e inquietações). Há momentos em que parece que estamos a ler um diário emocional, e não um livro de crónicas — e é aí que reside a sua beleza imperfeita.
A certa altura, deixei de ler para "viajar" e comecei a viajar para "sentir". Este livro não oferece respostas, nem um itinerário claro. Mas convida à pausa, à contemplação e à aceitação do imperfeito — como o próprio título sugere. No fundo, é um livro para quem já percebeu que o mais importante da viagem não é o destino, mas o que se transforma em nós pelo caminho.
Recomendo para os apreciadores deste género.






























