A Governanta, Samantha Hayes

 Hayes, Samantha (2025). A Governanta. Lisboa: Alma dos Livros.

Tradução: Sónia Lopes
N.º de páginas: 328
Início da leitura: 19/07/2025
Fim da leitura: 20/07/2025

**SINOPSE**
"Misterioso, viciante e intenso, como um grande thriller deve ser!

«Sou a Mary», diz, olhando para mim como se eu devesse saber exatamente quem é.
Está a usar um vestido estilo túnica, com um colarinho branco engomado e mangas curtas.
Mas são os seus olhos penetrantes, que parecem esconder algo perigoso, que me arrepiam.
Diz-me que é a governanta e quem sou eu para a questionar?

A nossa estadia nesta casa é por favor de uma antiga colega de escola, enquanto os estragos provocados pelo incêndio na nossa querida casa são reparados.
A casa não é minha e não sou eu quem dita as regras.
Por isso, afasto-me e deixo-a entrar.

Um dia chego a casa e descubro que se quer mudar para o quarto de hóspedes com o filho, devo acreditar quando diz que não tem outro lugar para onde ir?
Será normal ela encostar a cabeça no ombro do meu marido, com um brilho no olhar que só eu consigo ver?
Estou a ficar paranoica ao pensar que ela observa todos os meus movimentos?
Deveria ter feito imediatamente as malas e saído de casa quando a apanhei a remexer nas minhas coisas?
Será razoável confiar nela e deixá-la sozinha com os meus dois filhos?

Todas as noites, fico acordada a pensar em quem será esta mulher estranha e o que pretende.
Quando finalmente descubro, percebo que corro muito mais perigo do que alguma vez poderia imaginar...

Um thriller psicológico absolutamente viciante, contado sob as perspetivas de Gina e de Mary, alternando entre o passado e o presente, e mantendo o leitor em suspense até a última página."
Este é um thriller psicológico contemporâneo, que se insere confortavelmente dentro do género, com todos os elementos típicos: uma protagonista com um passado misterioso, reviravoltas estratégicas e uma atmosfera de desconfiança crescente. Hayes entrega uma narrativa que, à partida, prometendo prender o leitor com capítulos curtos e ritmo ágil.

A construção da tensão psicológica é competente, embora não particularmente inovadora. A autora usa recursos já bem estabelecidos no género — identidades falsas, traumas não resolvidos, relações familiares perturbadoras — para criar uma história que, apesar de previsível em certos momentos, mantém o interesse do leitor até o fim. Para quem procura entretenimento imediato, o livro cumpre bem esse papel.

No entanto, o romance não vai muito além disso. A profundidade psicológica das personagens é relativamente superficial, e há uma certa falta de “nuance” nos temas abordados. A moralidade das ações, por exemplo, é tratada de forma superficial, e as motivações de algumas personagens soam convenientes demais para o enredo. Isso tira força do impacto emocional que a história poderia ter.

Estilisticamente, a escrita de Hayes é funcional, direta e acessível, o que colabora para a fluidez da leitura, mas não oferece grandes momentos de virtuosismo literário. É uma narrativa mais voltada para o consumo rápido do que para a reflexão posterior.

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