Peters, Amanda (2024). Os Apanhadores de Bagas. Lisboa: TopSeller.
N.º de páginas: 280
Início da leitura: 30/07/2025
Fim da leitura: 31/07/2025
**SINOPSE**
"Julho de 1962. Uma família mi'kmaw da Nova Escócia chega ao Maine para apanhar mirtilos durante o verão. Semanas mais tarde, Ruthie, de 4 anos, filha mais nova da família, desaparece. É vista pela última vez na companhia do irmão, Joe, de 6 anos, sentada na sua pedra favorita no limiar do campo de mirtilos. Joe nunca será capaz de ultrapassar o desaparecimento da irmã.
Norma, filha única de uma família abastada, cresce no Maine. O seu pai é uma figura fria e distante; a mãe, exasperantemente superprotetora. Norma tem sonhos recorrentes e visões perturbadoras, as quais se assemelham mais a memórias do que a imaginação, e, à medida que cresce, apercebe-se de que há algo que os pais não lhe estão a contar. Decidida a não desistir da sua intuição, passará décadas a tentar desvendar esse segredo de família."
Amanda Peters, neste seu romance de estreia, brinda-nos com uma narrativa profundamente comovente e envolvente. É um romance que cruza as linhas da perda, identidade e pertença. O enredo poderoso, desde as primeiras páginas, prende a atenção do leitor, não só pela intriga cuidadosamente desenhada, mas sobretudo pela intensidade emocional com que as personagens e os acontecimentos são apresentados.
As personagens são um dos pontos altos do romance: complexas, humanas e profundamente verosímeis. A protagonista, com a sua procura constante por respostas, representa um percurso de dor e descoberta que capta o leitor que valoriza histórias de resiliência e ligação familiar. Amanda Peters revela um domínio notável na construção psicológica das suas personagens, conferindo-lhes profundidade e autenticidade.
A escrita é simples, mas carregada de emoção – nunca excessiva, mas sempre comovente. A autora demonstra um talento raro para captar os silêncios, as ausências e os pequenos gestos que dizem tanto quanto as palavras. A paisagem, as referências culturais e a ligação à terra desempenham também um papel simbólico importante, enriquecendo o pano de fundo da história.
Este é um romance que se lê com o coração apertado, mas também com esperança. É uma homenagem àqueles que procuram respostas no passado para poderem seguir em frente, e um retrato íntimo das feridas deixadas por perdas e silêncios.
Recomendo vivamente!