Osman, Richard (2021). O Clube do Crime as Quintas-Feiras. Lisboa: Planeta.
Tradução: Rui Azeredo
N.º de páginas: 384
Início da leitura: 06/08/2025
Fim da leitura: 08/08/2025
**SINOPSE**
"Quatro reformados com alguns truques na manga
Uma polícia com o seu primeiro grande caso nas mãos
Um assassinato brutal
Bem-vindos a... O Clube do Crime das Quintas-feiras
Num pacato bairro de residências privadas para reformados, quatro amigos improváveis reúnem-se uma vez por semana para discutir crimes que ficaram por resolver.
Ron, um ex-sindicalista todo tatuado; a doce Joyce, uma viúva que não é tão ingénua quanto parece; Ibrahim, um ex-psiquiatra com uma incrível habilidade analítica; e a tremenda e enigmática Elizabeth, que lidera este grupo de investigadores amadores... ou nem por isso.
Quando um homicídio ocorre no pequeno bairro, e uma misteriosa fotografia é encontrada ao lado do cadáver, o clube vê-se envolvido no seu primeiro caso real. Embora sejam quase octogenários, os quatro amigos têm alguns truques na manga...
Será que este gangue pouco convencional, mas brilhante, irá conseguir apanhar o assassino antes que seja tarde demais? O melhor é nunca subestimar um grupo de velhotes."
Esta obra apresenta uma abordagem refrescante ao romance policial contemporâneo, com uma combinação curiosa de leveza, humor britânico e mistério clássico. A premissa já cativa de início: um grupo de idosos residentes num pacato lar de repouso que se reúne semanalmente para discutir crimes não resolvidos — até que um assassinato real acontece nas redondezas e o grupo decide investigar.
Richard Osman constrói uma narrativa que se destaca pelo tom bem-humorado e pela afeição evidente com que retrata os seus protagonistas. Ao contrário de muitos thrillers e policiais mais sombrios e violentos, aqui há uma aposta clara numa narrativa mais leve, quase aconchegante, ainda que o tema central seja o crime.
O ponto forte do romance reside nas suas personagens: Joyce, Elizabeth, Ibrahim e Ron são figuras bem delineadas, com vozes distintas e passados intrigantes. A idade avançada dos protagonistas é tratada sem paternalismo, com espaço para humor, sagacidade e até uma certa melancolia — o que confere alguma profundidade emocional à obra. A alternância de pontos de vista e o uso do diário de Joyce como recurso narrativo dão ritmo e variedade à leitura.
Do ponto de vista do enredo policial, o mistério é engenhoso o suficiente para manter o leitor curioso, embora o foco principal não esteja tanto na complexidade do crime em si, mas na dinâmica entre os personagens e na crítica social subtil — que toca, por exemplo, em temas como o envelhecimento, a solidão e a forma como a sociedade trata os mais velhos.
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