Histórias Soltas Presas Dentro de Mim

 Natsukawa, Sosuke (2022). O Gato que Salvava Livros. Lisboa: Editorial Presença.

Tradução: Teresa Mendonça
Nº de páginas: 160
Início da leitura: 28/06/2023
Fim da leitura: 29/06/2023

**SINOPSE**
"Envolto numa aura de aconchego,
ternura e felicidade,
este é um romance que celebra os livros,
os gatos e as pessoas que os adoram.

Na periferia da cidade, há uma livraria alfarrabista. Lá dentro, as pilhas de livros são como arranha-céus a tocar o teto. Estamos na Livros Natsuki, fundada pelo avô de Rintaro, que ali cresceu, numa espécie de refúgio extraordinário em que a leitura comandava os dias e os mundos amparados pelas lombadas não tinham fim.

Depois da morte do avô, Rintaro está inconsolável e sozinho, e a vida da Livros Natsuki parece ter acabado. Mas é então que surge Tigre, um gato malhado… falante. Tigre pede ajuda a Rintaro: precisa que um verdadeiro amante de livros se junte a ele numa missão muito importante. Não há tempo a perder: é preciso salvar vários livros das mãos das pessoas que os trataram mal, os prenderam e os traíram. Juntos, partem em três viagens mágicas, e no final… Rintaro tem de enfrentar o derradeiro desafio sozinho.

Uma história comovente sobre esperança, altruísmo e o enorme poder dos livros, para todos os que veem neles muito mais do que apenas um conjunto de palavras impressas em papel."
Como nos é dito na sinopse, este é um livro doce, que nos fala de coisas que me são aprazíveis: livrarias antigas alfarrabistas e livros. Em jeito de fábula, temos uma história que começa com a morte do avô do jovem Rintaro Natsuki, um estudante comum do ensino secundário, que não tinha muitos amigos, apreciando antes perder-se entre os livros clássicos da livraria do avô. Uma vez que Rintano se prepara para viajar para casa de uma tia, que nunca vira antes, vê-se, assim, obrigado a fazer uma liquidação total dos livros. Porém, não são muitos os compradores...
As aventuras começam quando lhe surge um gato, que fala com ele e que, ainda por cima, lhe propõe que o acompanhe a vários labirintos, com o intuito de salvar livros das mãos cruéis de homens que não sabem o seu real valor. Desde o encarcerador de livros, que lê muitos livros, os deixa imaculados e presos em estantes, sem que nunca mais volte a pegar neles. Segundo Rintaro, este homem não gosta verdadeiramente de livros, mas de se vangloriar da quantidade de livros que lê. Gostar gostar, gostava o avô, que os lia e relia até estarem quase desfeitos, sempre com o mesmo encantamento. O segundo labirinto é o do mutilador de livros que, para que se consiga ler mais livros do que a vida permite, decide, cortar e deixar só uma sinopse de cada livro. Também aqui Rintaro tenta explicar-lhe que estava a roubar a vida aos livros, porque "os livros são mais do que apenas palavras". No terceiro labirinto está o vendedor de livros, ao qual apenas interessa o lucro... E mais não conto. Apenas refiro uma outra personagem que acaba por viver estas aventuras com Rintaro - a delegada de turma, que, devido às faltas deste às aulas, lhe levava os apontamentos das (Sayo).
E, para terminar, deixo uma de entre várias passagens que sublinharia:
"- Os livros estão cheios de pensamentos e sentimentos humanos. Pessoas que sofrem, pessoas que estão tristes ou felizes, que riem de alegria. Ao ler as palavras e as histórias dos livros, ao vivê-las em conjunto, aprendemos sobre os corações e as mentes de outras pessoas, além de nós próprios...Empatia: esse é o poder dos livros".
Um livro para todas as idades, que se lê num instante e cuja leitura é muito agradável.

Jorge, Lídia (1985; edição de 2023). O Cais das Merendas. Alfragide: Publicações Dom Quixote.

Nº de páginas: 328

Início da leitura: 25/06/2023
Fim da leitura: 28/06/2023

**SINOPSE**
"O Cais das Merendas desenvolve-se em torno dos temas da identidade e da aculturação. Estamos perante uma narrativa poética, teatralizada, em que as personagens rurais, confrontadas com o mundo exterior, dão testemunho da sua intimidade, medos e desejos mais profundos.

A ação desenrola-se à beira-mar, numa praia do Sul de Portugal, girando as figuras em torno de um polo central: o Hotel Alguergue. Ocupado durante a época alta por turistas de várias nacionalidades, o hotel fica completamente despovoado durante os meses de Inverno. É então que os naturais da zona, esquecidos dos seus hábitos, precisam de se embriagar para voltarem a usar a sua língua materna e recitarem em voz alta as histórias tradicionais do seu país.

Figuras como Rosarinho, Pai Patroços, Miss Laura ou Sebastião Guerreiro, que vemos desfilar durante esses parties interpretam a hesitação de uma comunidade dividida entre o desejo de se modernizar e o de manter o que de si mesma entende por próprio e genuíno.

«No momento em que Portugal abandonava as últimas ilusões épicas e o mundo nos descobria como paraíso turístico, Lídia Jorge, cronista minuciosa e irónica da metamorfose do nosso secular cais das merendas, em vitrina cosmopolita, inventou-nos uma singular epopeia» segundo Eduardo Lourenço."
Neste livro, que se debruça sobre um grupo de trabalhadores hoteleiros no Algarve, examinam-se os meandros de uma crise de identidade nacional, nessa região, que foi palco de mudanças socioeconómicas mais flagrantes do que o resto do país.

A narrativa começa depois da morte da jovem Rosaria e, durante todo o romance, os factos que podiam explicar a sua decisão de pôr término à vida são quase impossíveis de descobrir, uma vez que ninguém consegue contar a história do sucedido. Ao longo deste romance, ouvimos apenas as muitas vozes e os pensamentos confusos das personagens, nos seus monólogos interiores, dando voz a um retrato metafórico do país, na pós revolução do 25 de abril.

Assistimos, neste livro, à fragilidade da identidade portuguesa, tão dependente de novas culturas oriundas do estrangeiro. Nesse sentido, a par da linguagem popular regional, surgem expressões inglesas e francesas, transmitindo a ideia incutida de que o que vem do estrangeiro é que é bom.

Um cais repleto de gentes que se divertem em torno de um "barbecue", entre copos e folia, e se questionam...

Não é um livro fácil, mas é um bom livro. Aconselho!

Oliveira, Elisabete Martins de (2023). Um Muro e Uma Cerca. Lisboa: Cultura Editora.


Nº de páginas: 264

Início da leitura: 23/06/2023

Fim da leitura: 24/06/2023


**SINOPSE**

"Pequenos gestos podem mudar o rumo de uma vida.
Elias vive sozinho numa casa demasiado grande, já sem os três filhos, que emigraram, e sem a mulher, que morreu. Quando uma família se muda para a moradia ao lado — entre as muitas que de repente chegaram à Margem Sul do Tejo, desafiando-lhe o sossego —, desenvolve antipatia e desconfiança para com os vizinhos.

Do outro lado, contudo, um rapaz negligenciado pelos pais e pela avidez da vida moderna vai-se aproximando, curioso, apesar das barreiras erguidas por Elias. Com Santiago a começar de forma turbulenta o quinto ano na escola nova, o menino procura consolo e atenção junto do vizinho.

A sintonia entre Elias e Santiago cresce, mas uma notícia perturbadora vem ameaçar-lhes a amizade e trazer ao de cima as vidas difíceis que levam, e os segredos que escondem um do outro."
Excelente estreia da escritora! Um livro doce, repleto de suspense, numa linguagem muito agradável e, de tal forma fluída, que o li de uma "penada", mas que aborda acontecimentos muito sérios, como a suposta "falta de tempo dos pais para os filhos", não os chegando a conhecer verdadeiramente, não se preocupando quando se queixam de violência sofrida por pares, na escola. Cada um levando solitariamente a sua vida, vivendo-a a seu bel-prazer, como se o filho fosse um erro de percurso, um fardo a suportar, uma peça da casa. Será que, quando "abrem os olhos", estes pais negligentes, continuarão  pensar e a agir da mesma forma? Às vezes, é preciso que aconteça uma tragédia, para perceberem o quão negligentes foram e se arrependerem de não ter "estado lá" quando o filho mais precisou.
Destaco, também, para além da criança, o Santiago, o seu vizinho Elias, de mais de 70 anos. Entre eles nascerá uma amizade improvável, afetos criados pelas carências e solidão de cada um.
Recomendo muito este livro de uma escritora ainda muito jovem, mas que me parece muito promissora. Gostei muito!

Deixo excertos de uma passagem reveladora da personalidade e atitude destes pais:

"Tiram-me da sanita e não me deixam ir embora. Ajoelham-me à força e agarram-me a cabeça. O Miguel tem mais força, empurra-ma para baixo, enquanto o Cláudio me faz pressão nas costas, para que eu não fuja. Faço força para não mergulhar a cabeça na água, mas eles encostam a minha cara à porcelana da sanita, que cheira a produtos químicos e a chichi, e puxam o autoclismo outra vez. Uma enxurrada de água entra-me pela boca e pelo nariz. (...) Quando chego a casa, tomo um banho (...) Forço um sorriso para mostrar aos meus pais. (...)
- Já tomaste banho? (...)
Contenho a vontade de chorar. (...) Acho que preciso de ajuda.
- Mãe?
- Diz. - Ela continua a olhar para o telemóvel.
- Há uns miúdos na escola que...estão sempre atrás de mim e gozam comigo.
- Isso são brincadeiras de miúdos, Santiago - É o meu pai que responde, a sorrir. - Não ligues.
- Eles molharam-me com água da sanita...
- Tens de lhes dizer para pararem, então - diz a mãe.
- Mas...
- Santiago - diz a mãe, e levanta a mão num aviso para eu me calar - , eu estou cansada. A última coisa de que preciso agora é de queixinhas."

 Bennett, Brit (2016). As Mães. Lisboa: Alfaguara.

Tradução: Eugénia Antunes
Nº de páginas: 328
Início da leitura: 21/06/2023
Fim da leitura: 23/06/2023

**SINOPSE**
"O romance de estreia de Brit Bennett, autora do fenomenal a outra metade e herdeira da tradição literária norte-americana firmada por James Baldwin, Toni Morrison e Chimamanda Ngozi Adichie.

Sobre o pano de fundo de uma comunidade afro-americana marcada pela religião, no Sul da Califórnia, As Mães conta uma história comovente e perspicaz sobre amor e ambição. Tudo começa com um segredo: «Todos os bons segredos têm um determinado sabor antes de os contarmos, e, se tivéssemos demorado mais algum tempo a degustá-lo, teríamos porventura reparado na acidez típica de um segredo ainda por amadurar, colhido cedo demais, rapinado e propagado antes do tempo certo.»

Nadia Turner está no fim do liceu e é uma adolescente rebelde, angustiada, muito bonita. Imersa no luto após o suicídio da mãe, envolve-se com Luke, um rapaz um pouco mais velho, filho do pastor da comunidade. São miúdos, não é nada sério. Mas desse romance resultará um segredo com um impacto duradouro. Pouco depois, Nadia abandona a terra natal, para forjar uma vida só sua.

Os anos passam. Já adultos, Nadia, Luke e Aubrey, a melhor amiga, ainda vivem no rescaldo da escolha que fizeram naquele Verão à beira-mar, enredados num estranho triângulo amoroso e perseguidos pela dúvida: como seria agora, se tivessem, então, feito uma escolha diferente?

Numa prosa encantatória e desafiante, As Mães revela que as escolhas que seguimos deixam marca até ao fim."

Este é o segundo romance que leio da autora, que não desiludiu. Muito bem escrito, com uma linguagem fluída que apetece ler.
Neste livro acompanhamos a história de três jovens: Nadia, Aubrey e Luke. Nadia sofre com a perda da mãe, que se suicidou, numa pequena povoação muito crente, em que o suicídio não era visto com bons olhos. Nadia sente-se sempre culpada, acha que a mãe se suicidou por sua causa. Certo é que sente, ao longo da adolescência a falta de uma mãe. A certa altura, envolve-se com Luke, de quem fica grávida. Quando Nadia conhece Aubrey na Igreja chamada "As Mães", onde passa a trabalhar, fica a saber, pela primeira vez, o que é uma amizade verdadeira. Luke, sendo filho do pastor, é um rapaz demasiado dependente dos pais, dos seus estigmas e preconceitos. Mas a vida dá muitas voltas, ainda mais quando Nadia entra para a Universidade e se vê obrigada a partir. Conseguirá Nadia, num local distante, esquecer que estivera grávida? Esquecer Luke?
Uma história de amadurecimento, de segredos, que decorre numa comunidade afro-americana, com as suas crenças e os seus preconceitos, que nos prende e avassala. Afinal, que tipos de mães existem? As que se sacrificam pelos filhos, as que acarinham os seus e os filhos dos outros, as que abandonam, as que matam antes mesmo de se nascer, as que desejam fervorosamente o filho, as que traem...O que as leva a serem desta ou daquela forma?
Recomendo muito a leitura deste livro!

Silva, Filipa Fonseca (2023). E Se Eu Morrer Amanhã. Lisboa: Suma das Letras.

Nº de páginas: 184
Início da leitura: 19/06/2023
Fim da leitura: 20/06/2023

**SINOPSE**
«O novo romance de Filipa Fonseca Silva é uma caixa de surpresas e uma história que todos deveriam ler.

Helena é uma viúva de 79 anos, aparentemente pacata. Vive com o gato num apartamento, independente dos filhos e netos adultos, gozando de ótima saúde física e mental. Até ao dia em que, por acidente, pega fogo à sala de estar.

Obrigada a mudar-se para casa da filha, que começa a questionar a sua sanidade, acaba por revelar um segredo que deixará toda a família boquiaberta: afinal, tem uma vida sexual ativa. Muito ativa.

A partir desta confidência, Helena conta-nos as suas aventuras amorosas e o lema de vida que adotou desde a morte do marido, com quem partilhou mais de quatro décadas de descontentamento.

E se Eu Morrer Amanhã? é um romance hilariante, que nos leva a refletir sobre os preconceitos em relação às mulheres mais velhas e o enorme tabu em torno da sua sexualidade. É também uma luz de esperança, iluminando a ideia de que nunca é tarde para descobrir o que nos faz feliz.»

Este é um livro que se lê bem, muito leve, com sentido de humor e uma protagonista de quase 80 anos completamente diferente e irreverente do normal das octogenárias. 
Helena é viúva e quer libertar-se de tudo o que a aprisionou no seu casamento. E é aos 79 anos que descobre o prazer físico e se liberta de todas as convenções. Esta é uma excelente premissa de um romance ficcional (apesar de ter partido de uma história que a autora ouviu contar). No meu entender, poderia ser mais desenvolvido, no que concerne às relações familiares, incluindo uma analepse do que tinha sido a vida de Helena durante o seu casamento. E, na relação com a neta (a que achei muita piada), falta algum sentimento, mais vigor na abordagem do crescente afeto entre elas, que não foi muito desenvolvido, em prol da descrição dos múltiplos "casos" de Helena. É um livro que serve para descontrair, entre leituras mais fortes.

Konar, Affinity (2016). A Outra Metade de Mim. Lisboa: Bertrand Editora.

Tradução: Patrícia Xavier

Nº de páginas: 328

Início da leitura: 16/06/2023

Fim da leitura: 18/06/2023


**SINOPSE**

"Pearl tem a seu cargo o triste, o bom, o passado. Stasha fica com o divertido, o future, o mau. Corre o ano de 1944 quando as gémeas chegam a Auschwitz com a mãe e o avô. No seu novo mundo, Pearl e Stasha Zamorski refugiam-se nas suas naturezas idênticas, encontrando conforto na linguagem privada e nas brincadeiras partilhadas da infância. As meninas fazem parte da população de gémeos para experiências conhecida como o Zoo de Mengele e, como tal, conhecem privilégios e horrores desconhecidos dos outros. Começam a mudar, a ver-se extirpadas das personalidades que em tempos partilharam, as suas identidades são alteradas pelo peso da culpa e da dor. Nesse inverno, num concerto orquestrado por Mengele, Pearl desaparece..."

Este livro ficcional, foi, no entanto, escrito a partir de relatos ouvidos e de livros consultados pela autora, o que lhe confere veracidade. Já li outros livros de não ficção que abordavam estas experiências feitas por supostos médicos em campos de concentração. Nesta obra, as vítimas dessas experiências eram crianças gémeas e o "médico" ou "Anjo da Morte" como era conhecido, Josef Mengele, é capaz das maiores atrocidades para tentar alterar as suas naturezas idênticas.
O livro está muito bem escrito e é curioso termos como narradoras as duas meninas gémeas, Stasha e Pearl, de 12 anos, uma vez que temos a perspetiva delas em relação aos acontecimentos. Se para os adultos, esta realidade foi terrível, imaginem o que passaria pela cabeça destas crianças! 
Apesar da temática, que é sempre terrífica, a autora utilizou uma linguagem quase poética, muito subtil, ainda que não esconda todo o terror vivenciado. Fala-nos de afetos que se mantêm fortes, malgrado todos os atos de crueldade por que passaram.  
Um livro que aconselho!

Bértholo, Joana (2012). Havia. Alfragide: Editorial Caminho.

Nº de páginas:168
Início da leitura:14/06/2023
Fim da leitura: 15/06/2023

**SINOPSE**
"Havia muitas histórias, entre elas:
Havia uma rapariga que todas as manhãs saía para tomar café com um poema
Havia uma ilha rodeada de terra por todos os lados
Havia um sentimento sem nome
Havia, uma, vírgula, com, uma, gritante, necessidade, de, protagonismo,,,
Havia um Ricardo que queria ser um Francisco
Havia uma menina que estava há muito tempo sem comer
Havia um homem que tomava café para dormir
Havia um amor que era puro
Havia um poeta afetado
Havia alguém que amava uma marioneta
Havia uma história que não queria ser contada
Havia uma pessoa que um dia, numa manhã cinzenta, em pleno centro de Londres, acordou bem-humorada"
Como falar deste livro? Uma capa que não cativa e se estranha. Não é apenas um livro de pensamentos "soltos" ou absurdos, é uma brincadeira com as palavras, que acaba por fazer sentido. Uma meada poética que Joana nos convida a desenrolar. De certa forma, vi, neste livro a sua poeticidade a par de uma desconstrução muito ao jeito dos surrealistas. Um livro, cujo índice, refere o narrador, é "muito desarrumado", em que "há", afinal, muitos mundos, muitas personagens com quem já nos cruzamos em algum momento e coisas que nunca nos passaram pela cabeça: um absurdo, uma rapariga que tomava café com um poema, um bilhete, um escritor que escrevia muitos livros, uma ilha rodeada de terra por todos os lados, uma cidade anónima, um sentimento sem nome, uma coisa que não chegava a ser, entre muitos outros.
Gostei de todos os textos, mas regozijei-me particularmente com a vírgula que tinha necessidade de protagonismo, o senhor que mastigava tudo setenta e oito vezes, a família sem cedilhas (fartei-me de rir) e o poeta que era mais alto e maior que todos os homens (a partir do famoso e conhecido poema "Ser poeta", de Florbela Espanca, e cantado pelos Trovante). Histórias absurdas verdadeiramente hilariantes e inteligentes! Muito original!
Havia um livro que me surpreendeu! Havia um livro que não é para todos! Mas há um livro que merece ser lido!

Postorino, Rosela (2020). As Provadoras de Hitler. Alfragide: Publicações Dom Quixote.

 Tradução: Cristina Rodriguez e Artut Guerra

Nº de páginas: 336

Início da leitura: 11/06/2023

Fim da leitura: 14/06/2023

**SINOPSE**

"Prússia Oriental, outono de 1943. Hitler esconde-se na Wolfsschanze - a Toca do Lobo -, o seu quartel-general oculto na floresta. As perspetivas de vencer a guerra começam a esboroar-se e os seus inimigos aproximam-se cada vez mais.
Dez mulheres são escolhidas.
Dez mulheres para provar a comida de Hitler e protegê-lo de ser envenenado.

Rosa Sauer, de 26 anos, perdeu tudo para esta guerra. Os pais morreram e o marido luta na frente russa. Sozinha e sem dinheiro, Rosa toma a fatídica decisão de deixar Berlim devastada pelos bombardeamentos para morar com os sogros no campo, em busca de refúgio. Mas uma manhã, as SS vêm dizer-lhe que foi recrutada para ser uma das provadoras de Hitler: três vezes por dia, ela e nove outras mulheres são levadas para as proximidades da Wolfsschanze, para provar as refeições do Führer. Forçadas a comer o que pode matá-las, na atmosfera turva destes banquetes perversos, as provadoras e os militares das SS traçam alianças insólitas - mas o que é insólito quando se vive no limite? E quando, na primavera de 1944, chega ao quartel o tenente Ziegler, instaurando um clima de terror, um inesperado vínculo nasce entre ele e Rosa."
Este romance recupera a história verídica de dez alemãs escolhidas, em 1943, para provarem a comida que seria servida ao líder do III Reich. Numa época em que os alemães passavam por um período de fome extrema, estas 10 mulheres eram alimentadas com o que de melhor havia. Mas não eram o que se pode chamar de banquetes, uma vez que, por esta altura Hitler tinha muitos inimigos e não sabia em quem podia confiar. Estas mulheres eram escolhidas para provarem a comida que seria servida a Hitler. Cabia-lhes saber se esta estava ou não envenenada e havia sempre a hipótese de ser a última refeição.
A protagonista é Rosa, uma mulher de 26 anos, cujo marido, Gregor, fora para o campo de batalha. Rosa não foi uma personagem que me tenha seduzido, não consegui criar empatia nem compreender as suas decisões.
Uma história a partir da História, uma de entre as muitas crueldades ocorridas numa época em que o ser humano era tudo menos humano, no verdadeiro sentido da palavra. Sem ser excecional, lê-se bem.

Burton, Jessie (2023). A Casa da Fortuna. Barcarena: Editorial Presença.

Tradução: Catarina Ferreira de Almeida

nº de páginas: 392

Início da leitura: 09/06/2023

Fim da leitura: 11/06/2023

**SINOPSE**

Como pode uma mulher ser dona do seu próprio destino contra todos os desígnios da sorte?

Em 1705, Thea Brandt está prestes a completar 18 anos na gloriosa Amesterdão e há um sentimento de esperança que a invade, mas a preocupação teima em tomar o seu lugar. Por um lado, tem o amor da sua vida bem perto; por outro, o pai, Otto, e a tia, Nella, discutem sem parar. No aniversário de Thea - a mesma data em que perdeu a mãe -, os segredos do passado começam a lançar as suas sombras sobre o presente.

Nella está desesperadamente a tentar salvar a família, enquanto procura arranjar um marido para a sobrinha. Quando, inesperadamente, recebem um convite para o baile mais importante da cidade, Nella acredita que aquela oportunidade pode mudar tudo. Porém, ao ver Thea descobrir novas miniaturas, os maiores medos de Nella concretizam-se. Dezoito anos depois de ter entrado no mundo daquela família, a miniaturista pode ter os seus próprios planos e querer decidir a sua vida.

Este é um romance comovente, sobre ambição, segredos e sonhos - e a determinação feroz de uma mulher em escolher o seu próprio destino.
Li em março O Miniaturista da autora e fiquei muito interessada, ao saber que havia uma continuação da história, em ler A Casa da Fortuna. Não defraudou as minhas expetativas. Gostei muito! Nella abdica do seu próprio futuro, de se casar e constituir a sua família, para criar a sobrinha Thea. Quando esta faz 18 anos, Thea apaixona-se e, a certa altura, é-lhe entregue um embrulho com a miniatura do homem por quem se apaixonou. Terá voltado a miniaturista? Voltaria ela a intrometer-se nas suas vidas? Terá escolhido Thea?
Não posso dizer muito mais sem entrar em pormenores que fariam perder o gosto pela leitura. É um livro tão bom quanto o anterior, que nos prende e cativa. Muito bem contextualizado a nível histórico, fala-nos de amores, desamores, rancores e temores. Convido à leitura deste livro. Gostei muito!

Gallo, Rafael (2023). Dor Fantasma. Porto: Porto Editora.

Nº de páginas: 280

Início da leitura: 07/06/2023

Fim da leitura: 09/06/2023

**SINOPSE**

Rômulo Castelo, um pianista virtuoso, dedica-se inteiramente a buscar a perfeição na sua arte e, todas as manhãs, ao acordar, fecha-se na sua sala de estudos e ensaia aquela que é considerada a peça intocável de Liszt, o Rondeau Fantastique. Em breve, Rômulo irá oferecê-la ao mundo, numa tournée pela Europa que o sagrará como o maior intérprete daquele compositor. A vida, porém, tem outros planos e, de um dia para o outro, Rómulo vê fugir-lhe aquele que julgava ser o seu lugar por direito no pódio do mundo.

Um livro simplesmente fabuloso. Não admira que tenha sido contemplado com o Prémio José Saramago 2022.
Muito bem escrito, com uma linguagem elegante e muito expressiva, Rafael envolve-nos, desde o início, nesta história tão pungente quanto bela. 
Rômulo Castelo, o protagonista, é um pianista que prepara a sua grande audição, de forma severa, e, mais do que disciplinada, diria mesmo obcecada. O pai, em criança, preparara-o para isso, imprimira-lhe horários severos, uma total dedicação ao piano, educação essa que, mais tarde, veio a influenciar a sua personalidade. Em tudo o que faz, procura a perfeição. Mas, a vida nem sempre é assim tão perfeita, a realidade é, na maior parte das vezes, dolorosa. E esta personagem tão dura, tão obcecada com os seus objetivos, vai-se desligando do mundo real, vai deixando de acompanhar tudo o que considera medíocre (como o filho, cuja deficiência ele não tolera). E, se ele está disposto a tudo para conseguir o sucesso na  tournée que fará pela Europa, a vida decide trocar-lhe as voltas. Será ele capaz de enfrentar o embate com uma realidade que não corresponde aos seus projetos de vida? Pois, só lendo saberão. E aconselho muito, mesmo muito!

 McFadden, Freida (2023). A Criada. Lisboa: Alma dos Livros.

Tradução: Carla Ribeiro
Nº de páginas: 336
Início da leitura: 04/06/2023
Fim da leitura: 06/06/2023

**SINOPSE**
"Por trás de cada porta, ela consegue ver tudo.

«Bem-vinda à família», diz Nina Winchester enquanto me cumprimenta com a sua mão elegante e bem cuidada. Sorrio educadamente e olho para o longo corredor de mármore.

Este emprego caiu-me do céu. Talvez seja a minha última oportunidade para mudar de vida. E o melhor de tudo é que aqui ninguém sabe nada acerca do meu passado. Posso esconder-me e fingir ser aquilo que eu quiser. Infelizmente, não tardo a descobrir que os segredos dos Winchester são muito mais perigosos do que os meus…

Todos os dias limpo a bela casa dos Winchester de cima a baixo, vou buscar a filha deles à escola e cozinho uma deliciosa refeição para toda a família antes de subir e comer sozinha no meu quarto minúsculo no sótão.

Tento ignorar a forma como Nina gera o caos só para me ver limpar. Como conta histórias inverosímeis sobre a filha. E como o seu marido, Andrew, parece cada dia mais destroçado. Quando o vejo, e àqueles belos olhos castanhos tão tristes, é difícil não me imaginar no lugar de Nina. Com o marido perfeito, a roupa chique, o carro de luxo. Um dia, experimentei um dos seus vestidos só para ver como me ficava. Mas ela percebeu... e foi aí que descobri porque é que a porta do meu quarto só trancava pelo lado de fora...

Se sair desta casa, será algemada.
Devia ter fugido enquanto podia. Agora, a minha oportunidade desapareceu. Agora que os polícias estão na casa e descobriram o que está no andar de cima, não há volta atrás.
Estão a cerca de cinco segundos de me ler os direitos. Não sei muito bem porque não o fizeram ainda. Talvez esperem induzir-me a dizer-lhes algo que não devia.
Boa sorte com isso.

O polícia com o cabelo preto raiado de grisalho está sentado ao meu lado no sofá. Muda a posição do seu corpo entroncado sobre o cabedal italiano cor de caramelo queimado. Pergunto-me que tipo de sofá terá em casa. Não um, certamente, com um preço de cinco dígitos como este. Provavelmente de uma cor foleira como laranja, coberto de pelo de animais de estimação e com mais do que um rasgão nas costuras. Pergunto-me se estará a pensar no seu sofá em casa e a desejar ter um como este. Ou, mais provavelmente, está a pensar no cadáver lá em cima no sótão."

Este é um thriller essencialmente psicológico, que nos envolve, nos faz sentir na própria história e cujo "suspense" se vai adensado até estarmos irremediavelmente presos nas teias, nas surpresas com que vamos sendo confrontados. Lê-se num ápice, é um livro relativamente leve, mas que nos coloca problemáticas muito atuais. Quando Millie começa a trabalhar como criada em casa de Nina e Andrew, chamou-me a atenção a pequena Cecelia, uma criança aparentemente super mimada e malcriada. Depois, no meio de um ambiente de luxo e alguma presunção, ao ponto de a colocarem a dormir num exíguo quarto no sótão, cuja fechadura fechava a penas por fora, comecei a temer por Millie. Nina mostra-se uma mulher muito desequilibrada, parecendo ter dupla personalidade. Apenas Andrew, muito apaixonado pela esposa, parece conseguir acalmar os ânimos que, por vezes, se exaltam. O que poderia tornar a dona da casa, Nina, uma mulher com uma vida facilitada, sem falta de dinheiro, por vezes, tão desleixada? Qual a razão das suas repentinas mudanças de humor? Seria uma pessoa desequilibrada? Porquê?
Não deixem de ler e de se surpreender com esta história muito bem construída.

Isaac, Maria (2023). Quantos Ventos na Terra. Lisboa: Suma das Letras.

Nº de páginas: 272
Início da leitura: 01/06/2023
Fim da leitura: 03/06/2023

**SINOPSE**

"«Como é tradição nas boas histórias de aventura, também esta começa numa noite de chuva, com uma caça ao tesouro.»

Cuca, a menina albina que acredita nos segredos de fantasmas de homens mortos, arrasta o bando dos canaviais para uma inesperada aventura de caça ao tesouro.

Quando também os adultos, deslumbrados e cheios de certezas, se lançam na corrida ao ouro, uma pequena vila é devastada pelos seus sonhos tornados realidade.

Esta vila, talvez já a conheçam, chamada de Mont-o-Ver, e quem sabe, até ouviram falar de alguns dos seus pequenos vilões.

Zé Mau, Sucata, Mata-Mata, Tico, Badé, Chica, Estrela, Barbicha e os irmãos Marcolino, eles são o bando dos canaviais, essas crianças improváveis que caberá a cada um de vós julgar."
Neste livro, recuperamos o espaço criado pela autora, Mont-o-Ver, bem como algumas das personagens, que já tinham entrado no livro Onde Cantam os Grilos. Em vez de se focar no Formiga, aborda aqui o grupo de crianças - o bando dos canaviais, com uma "suposta" caça ao tesouro. Ora, esta caça ao tesouro para estes jovens, criados num ambiente de tanta pobreza, torna-se no intuito das suas vidas. Cuca é a mais pequena, fisicamente diferente, albina, mais frágil, mas psicologicamente forte ao ponto de conseguir influenciar os seus pares. 
Esta caça ao tesouro, acaba por se estender das crianças para os adultos, servindo de mote para uma crítica social à ambição humana.
Para além de ir buscar personagens que, antigamente, facilmente se encontravam por várias aldeias portuguesas, Maria fá-lo de uma forma muito inteligente, literária e com um sentido de humor, que nos cativa e prende à narrativa.
Uma aventura muito agradável, de que aconselho a leitura.

Mensagens mais recentes Mensagens antigas Página inicial

Sobre mim

Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

POSTS POPULARES

  • Lobos, Tânia Ganho
  • Filha da Louca, Maria Francisca Gama
  • Apesar do Sangue, Rita Da Nova
  • O Perfume das Peras Selvagens, Ewald Arenz
  • Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll (Adaptação a novela gráfica)

Arquivo

  • ►  2025 (81)
    • ►  junho (7)
    • ►  maio (15)
    • ►  abril (12)
    • ►  março (19)
    • ►  fevereiro (11)
    • ►  janeiro (17)
  • ►  2024 (160)
    • ►  dezembro (7)
    • ►  novembro (17)
    • ►  outubro (13)
    • ►  setembro (12)
    • ►  agosto (18)
    • ►  julho (22)
    • ►  junho (20)
    • ►  maio (17)
    • ►  abril (7)
    • ►  março (9)
    • ►  fevereiro (10)
    • ►  janeiro (8)
  • ▼  2023 (153)
    • ►  dezembro (18)
    • ►  novembro (13)
    • ►  outubro (12)
    • ►  setembro (7)
    • ►  agosto (20)
    • ►  julho (16)
    • ▼  junho (12)
      • O Gato Que Salvava Livros, Sosuke Natsukawa
      • O Cais das Merendas, Lídia Jorge
      • Um Muro e Uma Cerca, Elisabete Martins de Oliveira
      • As Mães, Brit Bennett
      • E se Eu Morrer Amanhã, Filipa Fonseca Silva
      • A Outra Metade de Mim, Affinity Konar
      • Havia, Joana Bértholo
      • As Provadoras de Hitler, Rosela Postorino
      • A Casa da Fortuna, Jessie Burton
      • Dor Fantasma, Rafael Gallo
      • A Criada, Freida McFadden
      • Quantos Ventos na Terra, Maria Isaac
    • ►  maio (13)
    • ►  abril (9)
    • ►  março (10)
    • ►  fevereiro (11)
    • ►  janeiro (12)
  • ►  2022 (150)
    • ►  dezembro (13)
    • ►  novembro (9)
    • ►  outubro (15)
    • ►  setembro (13)
    • ►  agosto (17)
    • ►  julho (13)
    • ►  junho (13)
    • ►  maio (16)
    • ►  abril (14)
    • ►  março (9)
    • ►  fevereiro (7)
    • ►  janeiro (11)
  • ►  2021 (125)
    • ►  dezembro (9)
    • ►  novembro (4)
    • ►  outubro (8)
    • ►  setembro (15)
    • ►  agosto (20)
    • ►  julho (19)
    • ►  junho (13)
    • ►  maio (10)
    • ►  abril (6)
    • ►  março (6)
    • ►  fevereiro (6)
    • ►  janeiro (9)
  • ►  2020 (67)
    • ►  dezembro (5)
    • ►  novembro (5)
    • ►  outubro (5)
    • ►  setembro (5)
    • ►  agosto (11)
    • ►  julho (6)
    • ►  junho (6)
    • ►  maio (9)
    • ►  abril (3)
    • ►  março (4)
    • ►  fevereiro (5)
    • ►  janeiro (3)
  • ►  2019 (36)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  novembro (2)
    • ►  outubro (4)
    • ►  setembro (2)
    • ►  agosto (5)
    • ►  julho (3)
    • ►  maio (2)
    • ►  abril (7)
    • ►  março (3)
    • ►  fevereiro (5)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2018 (37)
    • ►  dezembro (4)
    • ►  novembro (1)
    • ►  outubro (4)
    • ►  setembro (2)
    • ►  agosto (2)
    • ►  julho (5)
    • ►  junho (4)
    • ►  maio (1)
    • ►  abril (4)
    • ►  março (3)
    • ►  fevereiro (3)
    • ►  janeiro (4)
  • ►  2017 (55)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (4)
    • ►  outubro (9)
    • ►  setembro (10)
    • ►  agosto (8)
    • ►  julho (7)
    • ►  junho (5)
    • ►  maio (10)
  • ►  2015 (1)
    • ►  julho (1)
  • ►  2014 (9)
    • ►  junho (3)
    • ►  maio (1)
    • ►  abril (2)
    • ►  março (1)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2013 (34)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (2)
    • ►  outubro (4)
    • ►  setembro (4)
    • ►  agosto (1)
    • ►  julho (2)
    • ►  junho (3)
    • ►  maio (3)
    • ►  abril (6)
    • ►  março (2)
    • ►  fevereiro (3)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2012 (102)
    • ►  dezembro (4)
    • ►  novembro (3)
    • ►  outubro (7)
    • ►  setembro (6)
    • ►  agosto (7)
    • ►  julho (12)
    • ►  junho (9)
    • ►  maio (10)
    • ►  abril (9)
    • ►  março (9)
    • ►  fevereiro (10)
    • ►  janeiro (16)
  • ►  2011 (279)
    • ►  dezembro (19)
    • ►  novembro (21)
    • ►  outubro (23)
    • ►  setembro (25)
    • ►  agosto (17)
    • ►  julho (36)
    • ►  junho (25)
    • ►  maio (29)
    • ►  abril (24)
    • ►  março (22)
    • ►  fevereiro (22)
    • ►  janeiro (16)
  • ►  2010 (25)
    • ►  dezembro (9)
    • ►  novembro (4)
    • ►  setembro (1)
    • ►  agosto (1)
    • ►  julho (3)
    • ►  junho (1)
    • ►  abril (2)
    • ►  março (4)

Citar textos deste blog

Para citar textos deste blog utilize o seguinte modelo:

Gil, Célia , (*ano*), *título do artigo*, in Histórias Soltas Presas dentro de Mim, *data dia, mês e ano*, *Endereço URL*

https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/ - Esta licença permite que os reutilizadores copiem e distribuam o material em qualquer meio ou formato apenas de forma não adaptada, apenas para fins não comerciais e apenas enquanto a atribuição for dada ao criador.

O nosso Hulk (saudades)

O nosso Hulk (saudades)

O nosso cãozinho, o Dragão (saudades)

O nosso cãozinho, o Dragão (saudades)

O meu mais que tudo e eu

O meu mais que tudo e eu

O meu filho mais novo

O meu filho mais novo

O meu filho mais velho

O meu filho mais velho

Categorias

25 de Abril de 1974 2 acróstico 1 Agradecimento 1 banda desenhada 22 biografia 6 biologia 1 bullying 1 chaves da memória 4 cidadania 4 clássico 2 Conto 20 conto infantil 5 contos 3 Crónica 2 Crónicas 8 Daqui 1 Dedicatória 2 dissertação de mestrado 1 distopia 4 Divulgação 6 divulgação - leituras 740 divulgação de livros 713 escrita 1 fábula 2 fantasia 3 gótico 1 halooween 1 higiene do sono 1 Hiroxima 1 histórias com vida 1 1 histórias com vida 3 1 Histórias com vida 7 1 Holocausto 13 homenagem 2 ilustração 4 literatura brasileira 1 literatura de viagens 2 livro 48 livro ilustrado 10 livro infantil 14 livro infanto-juvenil 13 manga 1 mangá 2 memórias 7 motivação para a leitura 331 Nobel 13 novela gráfica 67 O Enigma mora cá dentro 2 opinião 693 opiniãooutono da vida 2 outono da vida 3 Outros 271 Paleta poética 5 pnl 6 poema declamado 9 poemas 402 Poesia 17 policial 2 prémio Leya 1 quadras ao gosto popular 1 receitas 10 reedição 17 Reflexão 7 reflexões 26 relações humanas 8 releitura 1 resenha 324 romance 1 romance gráfico 13 romance histórico 3 soneto 28 sugestões de leitur 1 sugestões de leitura 659 thriller 73 thriller de espionagem 1 thriller psicológico 5 viagens 3

TOP POSTS (SEMPRE)

  • Histórias do vento
  • Um bolo comido, um poema lido!
  • O eu que fui
  • Férias! Até breve!

Pesquisa neste blog

Seguidores

Visualizações

TOP POSTS (30 DIAS)

  • Lobos, Tânia Ganho
  • Filha da Louca, Maria Francisca Gama
  • Apesar do Sangue, Rita Da Nova
  • O Perfume das Peras Selvagens, Ewald Arenz

Designed by OddThemes | Distributed By Gooyaabi