Histórias Soltas Presas Dentro de Mim

Tudor, C. J. (2021). Raparigas em Chamas. Lisboa: Planeta.

Tradutor: Mário Dias Correia

Nº de páginas: 384

Início da leitura: 29/12/2021

Fim de leitura: 30/12/2021

 

**SINOPSE**

Uma vigária pouco convencional tem de exorcizar o passado sombrio de uma aldeia remota, assombrada pela morte e por desaparecimentos misteriosos, no novo thriller explosivo e inquietante da autora best-sellerde O Homem de Giz.
Há quinhentos anos, mártires protestantes foram queimados. Há trinta anos, duas adolescentes desapareceram sem deixar rasto. Há algumas semanas, o responsável da paróquia local enforcou-se na nave da igreja.

A reverenda Jack Brooks, mãe solteira de uma filha de quinze anos e dona de uma consciência pesada, chega à pequena aldeia com esperança de um novo começo. Em vez disso, encontra Chapel Croft repleta de conspirações e segredos, e é recebida com um estranho presente de boas-vindas: um kitde exorcismo e um cartão que a avisa: «Nada há encoberto que não venha a descobrir-se, nem oculto que não venha a conhecer-se.»
Quanto mais Jack e a sua filha, Flo, exploram a localidade e conhecem os seus estranhos habitantes, mais elas são atraídas para as antigas divisões, mistérios e suspeitas. E quando Flo começa a ver imagens de raparigas em chamas, torna-se evidente que há fantasmas que se recusam a ficar enterrados.

Descobrir a verdade pode ser mortal, num lugar com um passado sangrento, onde todos têm algo a esconder e ninguém confia num estranho.

 

**OPINIÃO**

Este é um thriller com laivos de terror e mistério. Logo no início, promete: a chegada de uma vigária, Jack Brooks, e da sua filha adolescente, Flo, fugidas não se sabe do quê, envoltas num passado misterioso, tem o dom de nos prender à história. De referir que é uma reverenda diferente das demais, bastante mais moderna e de mente aparentemente mais aberta. Depois, Capel Croft, a localidade para onde foram, também ela é estranha, cheia de misticismo, um passado marcado por um acontecimento terrífico: quando duas jovens foram queimadas de forma macabra. No presente, os habitantes da pequena cidade mostram-se estranhos, desconfiados e pouco recetivos à chegada da vigária. Aparecem bonecas feitas de gravetos que se creem ser um muito mau presságio para quem as encontra.Temos ainda os jovens, os que praticam bullying e o Wrigley, um jovem que se diz vítima de bullying e que sofre de distonia.

Mas nada é o que parece e muitas reviravoltas e descobertas se poderão fazer ao longo do livro. Apesar disso e de ser um livro de fácil leitura, poderia ter sido trabalhada mais a parte do misticismo, do exorcismo, de magia negra, uma vez, que, no início, temos indícios de que se vão abordar esses temas. Pena a autora não o ter feito. Penso que, ao querer manter o leitor preso à história e estupefacto com os acontecimentos, acabou por sugerir muitas premissas que não desenvolveu e que teriam dado mais consistência à história. É a única crítica que tenho a apontar. De resto, não desgostei.

Evaristo, Bernardine (2020). Rapariga, Mulher, Outra. Amadora: Elsinore.

Tradutor: Miguel Romeiro

Nº de páginas: 480

Início da leitura: 23/12/2021

Fim da leitura: 28/12/2021

**SINOPSE**

As doze personagens centrais deste romance a várias vozes levam vidas muito diferentes: desde Amma, uma dramaturga cujo trabalho artístico frequentemente explora a sua identidade lésbica negra, à sua amiga de infância, Shirley, professora, exausta de décadas de trabalho nas escolas subfinanciadas de Londres; a Carole, uma das ex-alunas de Shirley, agora uma bem-sucedida gestora de fundos de investimento, ou a mãe desta, Bummi, uma empregada doméstica que se preocupa com o renegar das raízes africanas por parte da filha.

Quase todas elas mulheres, negras e, de uma maneira ou de outra, resultado do legado do império colonial britânico. As suas histórias, a das suas famílias, amigos e amantes, compõem um retrato multifacetado e realista dos nossos dias, de uma sociedade multicultural que se confronta com a herança do seu passado e luta contra as contradições do presente.

Um romance atual, brilhantemente escrito, que repensa as questões de identidade, género e classe com o pano de fundo do colonialismo, da emigração e da diáspora.

Força narrativa e escrita cativante num empolgante mosaico de histórias de vida que farão o leitor repensar a sua maneira de ver o mundo.

**OPINIÃO**

Este é um romance de 12 mulheres, maioritariamente negras, filhas de imigrantes que partiram para o Reino Unido em busca de melhores condições de vida e que têm um objetivo comum – a necessidade de afirmação e de emancipação. O ritmo é rápido e a linguagem contagiante e oralizante. É um livro que nos leva a refletir sobre a identidade de género e classe e, ao mesmo tempo, dá a conhecer tradições da cultura africana, dialetos... Um livro duro, tão real que choca, pela forma direta de encarar a sociedade britânica atual, a agressividade, o preconceito e o racismo contra os imigrantes, mas também o machismo, a homofobia, a violência psicológica, o preconceito social, a violação, o género, os estereótipos e a sexualidade.

Cada capítulo é sobre uma personagem e, apesar de inicialmente não percebermos de imediato a ligação entre elas, aos poucos começamos a entender que todas se cruzam. Interessante também é o facto de as personagens perceberem o feminismo de formas diferentes. Este é um livro que nos abre perspetivas, nos permite refletir e contribuir para uma mudança de atitudes. Aconselho vivamente!

Wolfe, Leslie (2021). A Rapariga da Rosa. Lisboa: Alma dos Livros.

Tradução: Carla Ribeiro

Nº de páginas: 264

Início da leitura: 22/12/2021

Fim da leitura: 23/12/2021

**SINOPSE**

Três histórias. Duas vidas. Um assassino.

A agente Tess Winnett está de volta com três casos reunidos num único livro. Raparigas desaparecidas, evidências perturbadoras e crimes terríveis. Tess Winnett corre contra o tempo. Um corpo congelado, vidas suspensas nas mãos de assassinos em série, destinos cruzados e mensagens misteriosas em corpos ensanguentados. Quantas mais vítimas terão de morrer? Quanto tempo mais irão os assassinos continuar a escapar?

A Rapariga da Rosa

Um corpo congelado, incapaz de se mover. Os olhos vazios, fixos no sangue que emana do seu próprio corpo, enchendo uma taça de porcelana cuidadosamente trabalhada a ouro. Os lábios entreabertos de quem soltou um grito que não chegou a ninguém. E ele apenas sorri, enxugando-lhe as lágrimas com os dedos frios.

Marcada para a Morte

Um número, uma letra. Duas personagens, nove cortes, os seus destinos cruzados e nitidamente esculpidos na pele ensanguentada de Danielle. Tess já tinha visto isto antes. Nos corpos de outras vítimas… ela conhece aquela assinatura... O Assassino das Palavras está de volta, no entanto, a sua identidade permanece um mistério. Um assassino impulsivo, desorganizado e rápido como um relâmpago. E porque terá deixado Danielle com vida?

Morte nas Alturas

O mar alto não teve tempo suficiente de destruir o corpo. A sua beleza permanece intacta, os lábios pálidos em memória de um último suspiro, o rosto escondido por mechas de cabelo escuro e ondulado. Cada centímetro da sua pele testemunha um terrível destino entregue nas mãos de um assassino que nunca esperou que ela fosse encontrada.

**OPINIÃO**

Este é um thriller que se lê de um só fôlego! Como se pode ver pela sinopse, são três casos de assassinos psicopatas, investigados pela normalmente bem-sucedida agente Tess Winnett. São casos muito interessantes, mas que poderiam ter dado origem a três livros diferentes, o que permitiria explorar melhor cada uma das histórias, que, no meu entender, mereciam ser mais desenvolvidas. É, no entanto, um livro que se lê muito bem e que serve plenamente a função de distrair.

Strout, Elizabeth (2018). Tudo é Possível. Lisboa: Alfaguara Editora.

Tradutora: Rita Canas Mendes

Nº de páginas: 240

Início da leitura: 19/12/2021

Fim da leitura: 21/12/2021

 

**SINOPSE**

Depois do sucesso de O Meu Nome É Lucy Barton, Elizabeth Strout regressa com um mosaico delicado da vida de todos os dias, um retrato íntimo das pessoas comuns que tentam entender-se e entender os outros, esforçando-se por ultrapassar o sempre crescente abismo entre o desejar e o ter.

Lançando um olhar sobre as ambiguidades e ambivalências da alma humana, Tudo É Possível é um hino à sensibilidade e à compaixão.

 

**OPINIÃO**

Já tinha gostado de O Meu Nome É Lucy Barton e Tudo é Possível retoma essa e outras personagens desse livro, detendo-se em cada personagem, nas suas próprias relações e famílias, como se de contos se tratasse. Não necessita, porém, de ser lido por uma ordem específica, se bem que nos permite já ter tido um contacto com algumas das personagens. E não são contos e há sempre uma ligação entre as personagens que nos vão sendo apresentadas.

O foco são as relações humanas, aparentemente comezinhas, mas de tudo quanto se pensa e nem sempre se diz. O que eu acho do outro? Será que o que digo corresponde ao que penso? O que nos pode desgostar no outro? Porque não aceitamos que nem toda a gente cumpra estritamente as regras que a sociedade nos impõe? Poderemos, aos 70 e muitos anos, deixar um casamento de outros tantos anos e optar por viver “la vida loca”? Como encaram os filhos a partida de uma mãe para um país distante, deixando um pai com cancro? Alguma vez o compreenderão? O sucesso e a riqueza apagarão todo um passado de pobreza e violência? Até que ponto a sexualidade reprimida e infeliz por receio das opiniões alheias pode levar à loucura? Quando não conseguimos demonstrar as nossas emoções, o que nos mantém vivos? Estes são apenas exemplos de muitas questões que vão sendo levantadas ao longo da leitura. Questões pessoais, familiares ou que marcaram a infância das personagens, refletindo-se em quem se tornaram na fase adulta, nos traumas, nas inseguranças...

Apesar de ter gostado muito deste livro, gostei mais do anterior. Mas, pela riqueza da linguagem, pela incursão ao universo das emoções mais recônditas e tão humanas, aconselho vivamente a sua leitura!

Carey, Ella (2018). Uma Cápsula do Tempo em Paris. Porto Salvo: Saída de Emergência.

Tradutora: Ester Cortegano

Número de páginas: 240

Início da leitura: 17/12/2021

Fim da leitura: 18/12/2021

**SINOPSE**

Baseada em factos verídicos, esta é a história de um luxuoso apartamento em Paris abandonado durante setenta anos. E dos segredos que a sua herdeira vai descobrir.

A fotógrafa nova iorquina Cat Jordan lutou muito para se libertar do passado. Quando finalmente se sente pronta para iniciar uma nova vida com o seu namorado, é informada de que é a única herdeira de Isabelle de Florian, uma mulher francesa que nunca conheceu.

Cat chega a Paris à procura de respostas e descobre que é a proprietária de um apartamento da Belle Époque perfeitamente preservado, e que a família de Isabelle nada sabia desta herança. Afinal quem foi essa mulher? E porque lhe deixou o apartamento a si e não à própria família?

À medida que segredos há muito enterrados começam a ser desvendados e a atração pelo neto de Isabelle se torna tão intensa que é impossível de ignorar, Cat terá de decidir qual das suas duas vidas quer deixar para trás.

**OPINIÃO**

Escolhi este livro por me parecer uma leitura mais leve e, de facto, poderá ser um livro a ler entre leituras mais duras e profundas. Outra das razões da minha escolha foi a sinopse, pois gosto de livros baseados em factos reais. “Marthe de Florian foi pintada por Giovanni Boldini. Viveu em Paris e foi atriz e demimondaine”.

O que mais me cativou neste livro é o facto de a sua escrita agradável e ação constantes nos prenderem à história que se lê num ápice, a procura de explicações para o enigma da herança de um apartamento, abandonado, durante setenta anos, e que Cat pretende esclarecer.

De resto, é um livro cujas personagens me irritam, Christian e a sua vida fútil e até desonesta, que aparenta ser o homem perfeito; Cat, que, sendo diferente de Christian, não tem uma personalidade determinada, que lhe permita ver o verdadeiro noivo e tomar decisões inteligentes.

Uma boa premissa, pouco explorada, de forma muito ligeira, e que poderia ser brilhante, não fosse o foco os amores e desamores de Cat. Até o facto de Cat ser fotógrafa e fazer registos constantes de Paris, poderia ter sido aproveitado para excelentes descrições, que nos permitissem, a nós leitores, viajar e seguir os passos da protagonista.

Ainda assim, dou 4 estrelas, porque cumpriu a função de me distrair e gostei da história que está por detrás do enigmático apartamento da Belle Époque.

Dicker, Joël (2014). Os Últimos Dias dos Nossos Pais. Lisboa: Alfaguara Portugal.

Tradutor: Paulo Ramos

Nº de páginas: 432

Início da leitura: 13/12/2021

Fim da leitura: 17/12/2021

**SINOPSE**

E se os ingleses tivessem sido os verdadeiros artesãos da vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial? Após a pesada e preocupante derrota do exército britânico em Dunquerque, Churchill tem uma ideia que viria a mudar o curso da história: criar um Executivo de Operações Especiais dentro dos Serviços Secretos. Paul-Émile, um jovem e patriótico parisiense, chega a Londres uns meses mais tarde para integrar o movimento da Resistência e é imediatamente recrutado pelo Executivo de Operações Especiais.
Apesar do patriotismo, ninguém nasce resistente, pelo que aí, junto com outros jovens franceses, irá ser sujeito a uma formação e treinos intensos, de forma a poder voltar a França e assim contribuir para a construção de uma rede de Resistência. Serão estes jovens aprendizes de guerreiros os verdadeiros protagonistas deste romance que nos revela, finalmente, a verdadeira natureza da relação entre o movimento da Resistência e a Inglaterra de Churchill.

**OPINIÃO**

Mas que livro fantástico! Não é sempre que um livro nos comove do início ao fim. Uma história contextualizada em termos históricos e que se torna verosímil pela força com que é contada. A forma como Dicker escreve, convence-me. É de uma dureza sensível. E, ainda que seja retratado um momento e episódios muito tristes, o autor fá-lo de forma quase poética. A força dos adjetivos, das interjeições, dos discursos diretos e dos recursos que utiliza têm o poder de nos transportar para o contexto dos acontecimentos, de nos fazer estremecer, comover, sorrir, sentir e criar empatia com as personagens.

Aliás, basta referir o início do livro, para terem uma pequena ideia:                                  

                                                                  “Que todos os pais do mundo, prestes a deixarem-nos, saibam quanto seria grande o nosso perigo sem eles.

                                                                                          Ensinaram-nos a andar, não andaremos mais.

                                                                                     Ensinaram-nos a falar, não falaremos mais.

                                                                                    Ensinaram-nos a viver, não viveremos mais.

                                                      Ensinaram-nos a tornamo-nos Homens, nem mesmo

seremos homens. Não seremos nada.”

É impossível não acompanharmos com ansiedade estes jovens que são recrutados pelo Executivo de Operações Especiais, sentir uma mágoa enorme com o treino tão violento a que eram submetidos, a dura guerra para que estavam a ser preparados. A par desta força/coragem físicas e psicológicas, saliento a resiliência e a força da amizade criada entre os companheiros de guerra. Uma amizade muitas vezes posta à prova, ou até mesmo questionada. Um amor que está para além da guerra. Os princípios morais que possuem, ainda que às vezes pareçam esquecidos pela vida dura que enfrentam. São personagens que ficam na nossa memória: o convicto e corajoso Pal (Paul-Émile), a doce Laura e o grande Gros, não apenas por fora, de uma alma obesa de bondade! Magnífico! Não deixem de ler!

Deixo mais algumas das muitas passagens que me marcaram:

“…a indiferença. A pior das doenças, pior do que a peste e pior do que os Alemães. A peste erradica-se, e os Alemães, como nasceram mortais, também acabarão por morrer. Mas a indiferença não se combate…”

“Mas o pior de tudo, o que é mais insuportável, é que estamos sozinhos. E estaremos sempre sozinhos.”

“…o mais duro não são os Alemães, não é a Abwehr, é a Humanidade”.

Mo, Johanna (2021). O Pássaro Noturno. Porto: Porto Editora.

Tradução: João Reis

Nº de páginas: 408

Início da leitura: 06/12/2021

Fim da leitura: 12/12/2021

*SINOPSE*

A detetive Hanna Duncker está de regresso à terra natal. Dezasseis anos depois de trocar Öland por Estocolmo, a morte do pai obriga-a a revisitar a ilha onde passou a infância. Apesar de tudo o que aconteceu lá, apesar dos mexericos e de sentir todos os olhares postos em si, é naquele lugar remoto junto ao mar que se sente em casa.

Quando Joel, um adolescente de 15 anos, é encontrado morto e com sinais de violência no parque de merendas de Möckelmossen, Hanna é arrastada para uma investigação que envolve a sua antiga melhor amiga – aquela que abandonara sem qualquer explicação.

Ao mesmo tempo que procura descobrir o assassino de Joel, Hanna continua a viver as consequências de um crime horrendo cometido pelo pai, muitos anos antes. Conseguirá, algum dia, quebrar a ligação ao passado?

*OPINIÃO*

Sem ser um livro excecional, é um livro que nos proporciona uma leitura agradável nestes dias frios, com um bom de um chazinho a acompanhar!

Os inspetores me convenceram. A inspetora Hanna surge muito comprometida, revela-se humana, também ela possuindo as suas fraquezas, as suas questões mal resolvidas. Ao regressar à terra Natal, Oland, na Suécia, confronta-se com a forma fria como é recebida, uma vez que foi sempre associada a um terrível crime do pai, que estivera preso. Será bem assim? É o que saberemos, creio eu pelo que se dá a entender, num próximo livro da série.

Érik é o outro inspetor, pouco se dá a conhecer, compreendemos que põe a profissão acima de tudo. Não compreendi qual o papel família dele na história. Eram personagens escusadas.

Porém, a história de Joel, um adolescente de 15 anos, é uma boa história, onde muitos assuntos atuais se abordam, como o bullying, as dúvidas e questões relativas à sua sexualidade, nem sempre compreendida ou até deduzida pelos pais. Gostei dos capítulos narrados pelo jovem, que nos permitem conhecê-lo um pouco melhor e acompanhar tudo o que lhe aconteceu.

A mãe de Joel, Rebeca, considero-a uma personagem um tanto ou quanto fútil. Sempre descontente. E, apesar de ter um marido que a apoia e que a ajuda com os filhos, ela acaba por arranjar um amante e comportar-se como uma adolescente.

O final é imprevisível, mas não emocionante.

Adorei o facto de ter sido uma leitura conjunta e de termos opiniões divergentes, o que é sempre muito enriquecedor.

Era um livro com boas premissas, ao qual se poderia ter conferido maior suspense e ritmo. Para quem gosta de um thriller mais morno, aconselho a leitura. Claro que agora quero ler o próximo e compreender a verdadeira história do crime cometido pelo pai de Hanna.

Evaristo, Bernardine (2021). Raízes Brancas. Amadora: 20|20 Editora.

Tradutor: Miguel Romeira

Nº de páginas: 288

Início da Leitura: 01/12/2021

Fim da leitura: 04/12/2021

Sobre a autora: Bernardine Evaristo nasceu no sudeste de Londres, em 1959, filha de mãe britânica e pai nigeriano. Autora de uma obra que inclui romance, poesia, contos, teatro e crítica literária, a sua escrita é caracterizada pela experimentação, ousadia e subversão na forma e escolha de temas, onde desafia os mitos e preconceitos das várias diásporas africanas e das suas identidades.

**SINOPSE**

Um romance premiado, com um enredo provocador, imaginativo e satírico.

Branca, de cabelos loiros e olhos azuis, Doris é capturada ainda criança e enviada da Europa para o Novo Mundo - uma terra distante e desconhecida, situada do outro lado do mar e de onde ninguém regressa. Tal como tantos outros da sua raça que caem nas malhas titânicas do Comércio de Escravos, Doris despede-se do seu nome, da sua língua, da sua terra.

Após sobreviver muito a custo à terrível travessia da rota transatlântica, resta-lhe ser vendida a uma família negra, rica e poderosa, e adaptar-se a uma nova vida de servidão e a uma cultura que não é a sua. Porém, ao contrário de quem já nasce escravo, a rebatizada Omorenomwara sabe o que é ser livre e sonha todos os dias com a fuga.

Quando essa oportunidade finalmente se lhe apresenta, ela não hesita, mesmo sabendo que isso pode significar a morte.

Um romance provocador e irónico que, ao forjar um mundo às avessas onde os escravos são os europeus e os senhores, os africanos, desconstrói a História e a nossa noção de identidade, não poupando ninguém, nem opressores nem oprimidos.

**OPINIÃO**

Este é um livro arrebatador. Partindo de um momento da história mundial - a escravatura, Bernardine inverte engenhosamente os papéis, criando um novo país – Ambossa (uma ilha pertencente ao continente de Áphrika), um novo mundo, onde os africanos são senhores e donos de tudo, escravizando os brancos europeus, vistos como franzinos do Continente Cinza, o que fazia com que muitos não aguentassem nem sequer a viagem até África, ou o calor a que não estavam habituados; africanos, de pele boa, negra e brilhante, escravizavam os europeus, sem dó nem piedade, roubavam crianças para enviarem para os Japões Ocidentais, violavam-nas, colocavam açaimes nos escravos para não comerem, queimavam-nos com ferros em brasa até a pele chiar e o sangue escorrer pelo corpo, assavam-nos em espetos ou suspendiam-nos debaixo dos animais a assar de forma a serem queimados com a gordura libertada. Estes são apenas alguns exemplos que me chocaram, entre muitos outros de suspender a respiração.

Numa linguagem dura e crua, Bernardine consegue prender-nos nas suas descrições pormenorizadas, a tal ponto, que nos sentimos lá, a observar tudo, sem que sejamos vistos ou até mesmo com receio de sermos vistos.

É uma espécie de “e se fosse consigo?”, para abrir as mentes e levar o leitor a colocar-se no papel dos milhares de escravos que sofreram sob o jugo de “senhores” desumanos, cujo único objetivo se prendia com o poder e o bem-estar económico.

E mais não digo, mas aconselho mesmo muito a leitura desta grande obra!

Barbery, Muriel (2013). A Elegância do Ouriço. Lisboa: Editorial Presença.

Nº de páginas: 280

Tradutora: Maria Jorge Vilar de Figueiredo

Início da leitura: 27/11/2021

Fim da leitura: 01/12/2021


SINOPSE

É num edifício situado num bairro rico de Paris e habitado por uma burguesia rica e snobe, que decorre este emocionante romance contado a duas vozes. Alternadamente, as duas protagonistas vão dando a conhecer o seu bairro e as pessoas que as rodeiam. Renée é uma porteira de 54 anos, cultíssima autodidacta e apaixonada pela pintura naturalista holandesa, por filosofia, pelo cinema japonês e uma devoradora de livros. Paloma, a segunda protagonista, é uma adolescente de 12 anos, astuta, que percebe mais do mundo à sua volta do que aquilo que aparenta, e que deseja suicidar-se no dia do seu décimo terceiro aniversário. Entre a aparente humildade e ignorância de Renée e de Paloma, aparece um novo morador no prédio: o senhor Ozu, um japonês que inicia uma relação de amizade com ambas, formando-se um pequeno trio que terá para todos um papel redentor. Um livro terno, divertido e com personagens que irão cativar os leitores desde a primeira página.

OPINIÃO

Iniciei a leitura com alguma expetativa, dadas as críticas favoráveis que tinha lido. Confesso que, inicialmente, não me senti propriamente atraída por esta leitura. Duas narradoras algo confusas, muitas divagações e uma linguagem que me pareceu um pouco exagerada. Aos poucos, compreendi a intenção da linguagem, bem como o propósito das personagens, entrei na narrativa e fiquei deslumbrada. Voltei atrás para reler as reflexões e, então, fizeram todo o sentido.

Tudo se passa num prédio rico em Paris, no qual Renée, de 54 anos, é porteira há 27 anos. Mas não é uma porteira qualquer e esse facto salta à vista de um novo morador do prédio, o senhor Ozu, que, prestando atenção aos pormenores, percebe que ela é uma leitora de literatura russa e apreciadora de filosofia. Porém, ninguém, exceto Ozu e Paloma, se apercebe da verdadeira Renée, uma vez que, apesar de todo o seu conhecimento, apresenta-se despojada de pretensiosismos, “viúva, baixinha, feia, gordinha”, com “calos nos pés e, em certas manhãs auto incómodas, um hálito a mamute”, não estudou, sempre foi “pobre, discreta e insignificante”.

Paloma é uma jovem de 12 anos, muito inteligente, que gosta de analisar o sentido profundo das coisas, registando os seus pensamentos mais profundos, às vezes a partir de situações aparentemente banais. No primeiro desses pensamentos, regista que “Aparentemente, de vez em quando, os adultos têm tempo de se sentar e contemplar o desastre que é a sua vida.” Este é apenas um de muitos “pensamentos profundos”.

São personagens que se cruzam e tornam este prédio tão especial, que apreciam filosofia, se destacam das demais e acabam por criar uma amizade muito improvável. Depois, destaco a forma como está escrito, o sentido de humor que acompanha os momentos reflexivos, que me fizeram soltar umas boas gargalhadas. A finalizar, fui também surpreendida pelo final tão imprevisível.

Um livro excecional de que recomendo a leitura!

Ward, Catriona (2021). A Última Casa em Needless Street. Porto: Porto Editora.

Tradutor: Miguel Marques da Silva

Nº de páginas: 336

Início da leitura: 22/11/2021

Fim da leitura: 27/11/2021

SINOPSE

Não vai acreditar no que se esconde na última casa em Needless Street…

Esta é a história de Ted, que vive com a filha Lauren e a gata Olívia, numa casa perfeitamente banal, ao fundo de uma rua igualmente banal.

Esta é a história de um assassino. De uma criança roubada. De vingança.

Tudo isto é verdade. E quase tudo isto é mentira.

Pode acreditar que sabe o que se esconde na última casa em Needless Street. Pode até achar que já ouviu esta história em algum lugar.

Mas, na última casa em Needless Street, nada é o que parece.

OPINIÃO

Desde o início que este livro me cativou. E, ainda que parecesse um livro cheio de pontas soltas, senti-me entusiasmada com a leitura a tal ponto que não me apetecia pousá-lo até o acabar. Tudo o que pudesse ponderar num determinado momento da história sobre o que poderia ter acontecido, era deitado por terra no capítulo seguinte, o que foi aguçando ainda mais a minha curiosidade. É um livro que nos espicaça, que não pode ser lido lentamente, correndo-se o risco de não o desfrutar plenamente. Mas deve ser lido, isso sim, com muita atenção! O facto de cada capítulo ser narrado por uma personagem diferente, também nos faz sentir que há uma série de fios soltos. Fios esses que, de forma engenhosa, se enlaçam já na reta final do livro. Bem escrito, com um ritmo fluidíssimo e empolgante em que o facto de nunca se dizer tudo ou de quase nada se dizer, nos capta ainda mais e nos prende irremediavelmente até ao fim da história. E, mesmo no fim, fiquei estarrecida com a forma como termina, com a explicação para tudo o que foi surgindo de forma engenhosa. É um livro que nos choca, nos amedronta, nos surpreende pelo inesperado, nos faz pensar que não conhecemos ninguém, impregnado de laivos góticos, de terror, de mistério, de suspense. É, com efeito, um thriller psicológico que foge ao comum dos thrillers, que cada vez surpreendem menos.

Confesso que, inicialmente, me senti algo perdida perante este Ted, com perturbações mentais e que prepara engenhosamente o que vai dizer ao seu terapeuta, procurando induzi-lo em erro. Depois, surge-nos uma gata que fala e que é uma devota leitora da Bíblia, acredita num ser superior e tem em si um lado negro. Finalmente, Lauren, supostamente uma filha adolescente de Ted, que vai passar alguns dias com o pai, muito problemática e com um comportamento nada recomendável. São personagens que nos deixam desconfortáveis, mas que penetram pelas nossas fibras nervosas pela forma como nos fazem viver intensamente a narrativa.

E mais não posso dizer! Apenas digo: leiam!


Louth, Nick (2015). Febre. Lisboa: Jacarandá.

Tradutora: Helena Serrano

Nº de páginas: 376

Início da leitura: 14/11/2021

Fim da leitura: 19/11/2021

SINOPSE

Amanhã devia ser o maior dia da vida de Erica Stroud-Jones. Daqui a 24 horas, esta brilhante jovem cientista irá apresentar o seu trabalho secreto numa conferência em Amesterdão - os resultados de uma investigação que promete revolucionar a luta contra uma doença tropical mortífera. Milhões de vidas poderão ser salvas; o Prémio Nobel adivinha-se.

À espera de a ver estão céticos e rivais, admiradores e inimigos. A atenção de Erica estará voltada para o escultor Max Carver, o seu novo namorado, a quem irá dedicar o seu êxito.

Mas o amanhã não chega a acontecer.

Erica desaparece durante a noite. Max, desesperado e assustado, começa a procurá-la, entrando num submundo repleto de crueldade e enganos. Mas até ele fica chocado com o terror que encontra no coração da mulher que tenta salvar.

OPINIÃO

Neste livro, vão alternando três narrativas, a de Erica e Max na atualidade, no momento em que Erica se prepara para apresentar, em público, os resultados de uma investigação que permitiria combater uma mortífera doença tropical; a de Erica e Paul, em 1992, escrita em forma de diário – o Diário de Erica; a do momento em que John Davies abre, numa viagem de avião, um tupperware aparentemente vazio, sem nada que fizesse prever um potencial perigo, que trará consequências terríveis. Max seguia nesse voo; é a partir daqui que surge uma suposta variante da Malária, uma febre tropical difícil de explicar e extremamente contagiosa.

Pensava eu que o momento do diário acalmasse o ritmo frenético da narrativa, mas estava enganada. A ação é bastante rápida, narrada de forma cinematográfica e empolgante.

Logo no início, quando já está tudo preparado para ouvir a conferência de Erica, esta desaparece. Max, o namorado, que a acompanhava, empreende todos os esforços para a encontrar.

É muito fácil embrenharmo-nos na história. Este é um thriller que se lê num ápice e tive pena de não ter tido mais tempo para o ler mais rápido. Foi com esforço que fui pousando o livro, impedida de continuar pela azáfama profissional, também ela tão ou mais frenética que a ação do livro.

Bem escrito, inteligente, é um thriller muito bem conseguido.

Aconselho a leitura.

Nesbø, Jo (2021). O Reino. Alfragide: Publicações Dom Quixote

Nº de páginas: 616

Tradutor: Ricardo Gonçalves

Início da leitura: 01/11/2021

Fim da leitura: 13/11/2021

SINOPSE

Quando os pais de Roy e Carl morrem inesperadamente, Roy tem de assumir o papel de protetor do impulsivo irmão mais novo. Porém, quando Carl decide partir para percorrer o mundo em busca de sucesso, Roy fica para trás na pacata vila, satisfeito com a sua vida de mecânico e proprietário da estação de serviço local.

Alguns anos depois, Carl regressa a casa com Shannon, a sua carismática mulher arquiteta. Chegam cheios de planos e entusiasmo para construírem um hotel de luxo na propriedade da família. Carl não quer fazer ricos só ele e o irmão, mas toda a vila.

E é apenas uma questão de tempo até que um triunfante regresso a casa desencadeie uma série de acontecimentos que ameaçam tudo o que Roy mais ama, e os perturbantes segredos de família, há muito enterrados, comecem a vir ao de cima…

OPINIÃO

Caso procurem neste livro a dinâmica de um thriller frenético, esqueçam! Escolheram o livro errado!

Este livro é um policial/thriller que acaba por ser muito mais do que um simples caso a resolver. Contrariamente a muitos policiais em que, no fim, dizemos “foi mais do mesmo”, este livro teve a capacidade de me surpreender.

A escolha desta família, toda ela problemática (está-lhes nos génes), a forma lenta como nos vão sendo apresentados os lugares, as pessoas, podem cansar quem aprecia uma ação constante. Porém, eu apreciei esses momentos em que se para um pouco para refletir. E são essas reflexões, especialmente do protagonista anti-herói Roy que nos fazem admirar um vilão, o que nem sempre acontece. Este é um vilão contador de histórias e, em alguns momentos, um filósofo à procura de respostas para a essência do ser humano, para as suas dúvidas existenciais. É um vilão com um fundo bom que o leva a determinadas atitudes reprováveis. É um defensor da família, porque esta “é o primeiro, para o bem e para o mal. À frente do resto na humanidade”. Mas nem sempre a família justifica que se suje as mãos por ela.

Por incrível que pareça, nem sempre o que parece é e há personagens que pareciam tão inofensivas, mas que se vão despir do anjo-farsa e surpreender o próprio Roy. Porque nada é verdadeiramente o que parece. Porque, por mais que ele tenha ponderado todos os pormenores dos seus crimes, a maior parte para proteger o irmão Carl, até ele acaba por ser surpreendido.

A forma como a personagem vai pensando e agindo, é-nos apresentada com tanto pormenor, que entramos no seu íntimo e parece que a conhecemos de há longa data.

 É também uma análise à mente de um homem que, ou por circunstâncias imponderadas da vida ou por um passado de violência que lhe ficou na pele, ou por ambas, se torna num perigoso assassino.

A partir de meio do livro, a ação começa a ser mais dinâmica, se bem que as reflexões descritivas façam parte da história e da maneira de ser das personagens. Atrever-me-ia a terminar, referindo que “violência gera violência”, acabando por ser uma bola de neve sem fim.

O único senão deste livro, é a falta de revisão, o que tem sido um problema em termos editoriais. Não é concebível passarem determinados erros e gralhas.

Recomendo a leitura deste livro para quem gosta de ler com calma e refletir sobre o que lê!

Charles, Janet Skeslien (2021). A Biblioteca de Paris. Lisboa: Suma das Letras.

Nº de páginas: 448

Tradutora: Ester Cortegano

Início da leitura: 01/11/2021

Fim da leitura: 06/11/2021

SINOPSE

Paris, 1939. A jovem Odile Souchet tem tudo: um bonito namorado polícia e um emprego de sonho na Biblioteca Americana em Paris. No entanto, quando a guerra estoura e os nazis marcham sobre a cidade, Odile corre o risco de perder tudo o que é importante para ela, incluindo a sua amada biblioteca. Porque os livros contêm palavras proibidas e ideias que devem ser destruídas, sabe que, nos momentos difíceis, os templos da cultura estão em perigo.

Odile não pode permitir que isso aconteça: ela deve salvar essas páginas, para que possam alimentar a mente de quem chegar depois. Com os seus companheiros, junta-se à Resistência com as melhores armas que possui: os livros. Coloca o centro à disposição dos judeus: expulsos das suas casas, sentem-se seguros entre os livros, e Odile defendê-los-á, custe o que custar. Contudo, quando a guerra, finalmente, termina, em vez da liberdade, Odile sente o gosto amargo de uma indescritível traição.

Montana, 1983: Lily é uma adolescente solitária em busca de aventura. A sua velha vizinha solitária desperta-lhe o interesse. Conforme Lily vai sabendo mais sobre o passado misterioso da vizinha, descobre que partilham o amor pela linguagem, os mesmos anseios e o mesmo ciúme intenso, sem suspeitar que um obscuro segredo do passado as liga.

Baseada na verdadeira saga dos heroicos bibliotecários da Biblioteca Americana em Paris durante a Segunda Guerra Mundial, esta é uma inesquecível história de amor, amizade, família e sobre o poder da literatura para nos unir. A Biblioteca de Paris mostra que o heroísmo extraordinário pode, por vezes, ser encontrado nos lugares mais silenciosos.

OPINIÃO

Este é um livro que, como diz a autora na Nota final, “baseado em pessoas e eventos reais”, tendo sido alguns elementos ficcionados. E é o próprio espaço, a Biblioteca Americana de Paris (BAP), que chama, desde logo, a atenção, não apenas no título, mas no novelo de histórias que a autora vai desenrolando e oferecendo aos leitores.

Duas personagens, duas narradoras, duas épocas diferentes, que se vão alternando neste romance histórico. Odile vive em Paris, em 1939 e Lily, em Froid, uma pequena cidade no estado norte-americano de Montana, em 1983.

Odile consegue emprego na referida biblioteca. Faz o que gosta e é feliz. Entre os restantes funcionários da biblioteca e seus utentes, Odile sente-se realizada. Fala-nos dos seus autores preferidos, citando algumas passagens que mais a marcaram, da forte personalidade de Miss Reeder, a famosa diretora da biblioteca, que “escrevia artigos para os jornais e brilhava na rádio, onde convidava toda a gente a ir à biblioteca…Declarava categoricamente que havia ali lugar para toda a gente.” Era na BAP que se sentia feliz e mesmo que se sentisse em baixo “havia sempre alguém na BAP que conseguia” ampará-la. “A biblioteca era mais do que apenas tijolo e livros; a sua argamassa era constituída por pessoas que cuidavam umas das outras.”

Mas tudo muda quando a França se vê invadida pelos soldados alemães, na Segunda Guerra Mundial. O paraíso pode facilmente transformar-se no inferno.

Lily é uma adolescente de Froid, intrigada com os segredos que Odile, a Noiva de Guerra, sua vizinha, deveria esconder e fascinada com a origem francesa dela, acaba por se aproximar dela sob o pretexto de a entrevistar. É a partir daqui que as vidas delas se cruzam.

Gostei muito deste romance, sobretudo do trabalho efetuado nesta biblioteca que, mesmo quando muitos livros foram proibidos, mesmo quando proibiram os judeus de a frequentar, continuaram a fazer um digno trabalho comunitário, levando, às escondidas e pondo em risco as próprias vidas, os livros aos seus queridos utentes.

Um livro bem escrito, que nos cativa e nos absorve.

Recomendo a leitura!

Garcia, Maria Cecília (2020). Estranha Forma de Vida. Lisboa: Edições Vieira da Silva.

Nº de páginas: 148

Início da leitura: 30/10/2021

Fim da leitura: 31/10/2021

SINOPSE

«Eu era teimosa e alegre, tinha uma grande capacidade de me abstrair e de apaziguar o sofrimento.

Iria resistir, qual erva daninha que, depois de espezinhada, teima em renascer.

A vida não era um oceano pacífico e, para sobreviver, decidi que havia de ser feliz.

Sabias que havia dentro de mim um ser livre e que nem tu, nem ninguém, me roubaria essa liberdade.

No entanto, vacilei muitas vezes, não imaginas quantas vezes quis desistir. Nos momentos de angústia, olhava-me ao espelho, esbofeteava os pensamentos tristes e procurava de novo o brilho dos meus olhos.

Era isso o que te frustrava, saber que, depois de tudo, depois de pensares que me tinhas anulado, eu renascia livre como a Fénix.

Mas ninguém é mais irremediavelmente escravizado, dizia Goethe, do que aqueles que acreditam que são livres.

Eu precisava de ser feliz, e se a felicidade não existisse, inventava-a.

Agora que penso bem, era uma espécie de loucura!»

OPINIÃO

Este é um livro que deve ser lido, por todos, em especial pelos homens retratados neste homem a quem a narradora se dirige.

Como é que uma mulher independente, de 33 anos, que preza a sua liberdade, cujo sonho não passa pelo casamento, antes pelos estudos universitários, se deixa enredar numa relação de posse, de violência e de anulação do ser? Há explicações para isso, até porque, quem está do lado de fora, acha que se pode dar o direito de julgar.

E, apesar de os indícios estarem todos lá, há a paixão destes dois seres que “estacionaram os corpos nas traseiras do Jardim da Cerveja”. Uma paixão que ofusca a realidade, uma obsessão que, mesmo depois de tudo, leva esta personagem feminina, a calar-se e a anular-se.

É importante que se reflita sobre estas temáticas. A própria sociedade não ajuda as mulheres vítimas de violência doméstica, desculpabilizando os agressores, ignorando os pedidos de ajuda das vítimas e encarando de forma demasiado ligeira estas realidades. Sim, realidades. Há muitas mulheres que se devem rever nesta personagem e, mesmo que não chegue ao grau de violência a que chegou este homem, é necessário que ganhem força para se libertarem destas relações, que se tornem independentes, que não permitam estar sob a alçada destes pseudo “donos”, que levantem sempre a cabeça e encarem este problema que, se não as levar à morte, pode levar à loucura ou a um esvaziamento do ser, a esta morte “de tristeza”.

Gostei também da forma como Maria Cecília escreve, esta forma direta, sem deixar de revelar preocupação estética.

Gratz, Alan (2019). Refugiado. Alfragide: Edições ASA.

Nº de páginas: 320

Tradutora: Marta Pinho

Início da Leitura: 22/10/2021

Fim da Leitura: 30/10/2021

SINOPSE

Três crianças diferentes. Uma missão em comum: FUGIR!
JOSEF é um rapaz judeu que vive na Alemanha nazi, na década de 1930. Com a crescente ameaça dos campos de concentração, ele e a sua família embarcam num navio rumo ao outro lado do mundo…

ISABEL é uma rapariga cubana em 1994. Com motins e distúrbios a proliferarem no seu país, ela e a sua família partem num bote, esperando encontrar segurança na América…
MAHMOUD é um rapaz sírio em 2015. Com a sua pátria dilacerada pela violência e destruição, ele e a sua família encetam uma longa viagem em direção à Europa…

Estas três crianças protagonizam angustiantes viagens em busca de refúgio. Vão todas deparar-se com perigos inimagináveis - desde afogamentos a bombardeamentos e traições. Mas há sempre a esperança do amanhã. E apesar de Josef, Isabel e Mahmoud estarem separados por continentes e por décadas, factos chocantes acabam por ligar as suas histórias no final.

OPINIÃO

Este é daqueles livros que teria devorado em dois dias, não fosse ter de o ler com toda a atenção e ir fazendo perguntas para a fase escolar do Concurso Nacional de Leitura. Foi um livro em que me embrenhei, que me absorveu e me sugou para dentro dele. É impossível ficar indiferente a estas histórias que, apesar de ficcionais, como diz o autor na Nota Final do livro, partem de situações, contextos e histórias reais.

Cada uma à sua maneira, em épocas e contextos históricos muito distantes umas das outras, estas três crianças cativam-nos pela sua coragem, espírito de resiliência e luta pela sobrevivência. São preocupadas com a família, têm princípios e valores, em contextos tão cruéis e revoltantes, que é impossível não ficar rendida.

Josef, o rapaz Judeu, um dos passageiros do St. Louis, cujo pai estivera no campo de concentração de Duchau, é um menino atento, preocupado com a família.

Isabel, a cubana apaixonada por música, revela-se tão corajosa e, ao mesmo tempo, tão sensível, que é impossível não ficar comovido. Segundo Isabel, a sua vida era “uma sinfonia, com diversos andamentos e complexas formas musicais.”

Mahmoud, o rapaz sírio, vive no limite das suas forças, mas acaba por se impor, revelando uma enorme coragem, e deixar de ser invisível.

Três crianças que revelam uma maturidade que não é a que se espera na idade deles, em que deveriam andar a brincar despreocupadamente, mas que é superior à de muitos adultos.

Penso que todos deviam ler este livro. Confrontar-se e conhecer esta realidade dura, este viver no limiar da força humana física e psicológica. Provavelmente, não se reclamariam por problemas de somenos importância.

Recomendo vivamente!

Novo, Isabel Rio (2015). Rio do Esquecimento. Alfragide: Publicações Dom Quixote



Nº de páginas: 160

Início da leitura: 18/10/2021

Fim da leitura: 21/10/2021

SINOPSE

Inverno de 1864. Sentindo a morte a aproximar-se, Miguel Augusto regressa do Brasil, onde enriqueceu, e instala-se no velho burgo nortenho, no palacete conhecido como Casa das Camélias, com a intenção de perfilhar Teresa Baldaia e torná-la sua herdeira. No mesmo ano, Nicolau Sommersen pensa em fazer um bom casamento, não só para recuperar o património familiar que o tempo foi esfarelando, mas sobretudo para fugir à paixão que sente por Maria Adelaide Clarange, senhora casada e mãe de três filhos. Maria Ema Antunes, prima de Nicolau e governanta da Casa das Camélias, hábil e amargurada com a sua vida, urdirá entre todos uma teia de crimes, segredos e vinganças.
Subvertendo as estratégias da narrativa histórica, com saltos cronológicos que deixam o leitor em suspenso mesmo até ao final, Rio do Esquecimento descreve com saboroso detalhe a sociedade portuense de Oitocentos e assinala o regresso à ficção portuguesa de uma escrita elegante que consegue tornar transparente a sua insuspeitada espessura.

OPINIÃO

Parti para a leitura deste romance com altas expetativas, uma vez que adorei o livro A Febre das Almas Sensíveis da autora. As minhas expetativas deviam estar demasiado elevadas, porque gostei muito mais do livro que li anteriormente.

Apesar de ter apreciado a contextualização histórica e a descrição de espaços do Porto do século XIX, as personagens não me cativaram. Achei-as algo insípidas, quase maquinais nos comportamentos e ações levadas a cabo. Muito desprovidas de sentimento. Como aquelas músicas que são lindíssimas, mas precisamos que o cantor faça passar a emoção ao ouvinte, também aqui não consegui sentir a emoção que a premissa prometia. Faltou a força narrativa capaz de nos confrontar com as virtudes e defeitos das personagens, ao ponto de sentirmos algo por elas, nem que fosse raiva, admiração, repugnância…algum sentimento, que não chegou, pelo menos a mim.

Gosto, porém, da forma cuidada como Isabel Rio Novo escreve. Talvez os dois anos entre este livro e A Febre das Almas Sensíveis, tenham feito com que ganhasse maturidade literária e aprimorasse a forma como nos transmite os acontecimentos. Fico a aguardar novos livros para o comprovar.

Tokarczuk, Olga (2021). Casa de Dia, Casa de Noite. Amadora: Cavalo de Ferro.

Tradutor: Teresa Fernandes Swiatkiewicz

Nº de páginas: 352

Início da leitura: 13/10/2021

Fim da leitura: 17/10/2021

SINOPSE

Casa de Dia, Casa de Noite, primeiro romance-constelação de Olga Tokarczuk, foi vencedor do Prémio Günter Grass e do Prémio Nike ainda antes de a autora receber o Prémio Nobel.

A vida na pequena cidade de Nowa Ruda, situada no coração da Europa, num território de passagem e de fronteiras instáveis, onde povos, guerras e regimes se sucedem, não é tão simples como aparenta ser. Os seus mais recentes habitantes polacos ocuparam as casas deixadas vazias pelos alemães em fuga no final da guerra, e nos bosques em redor há muitos segredos que se escondem debaixo da terra.

Com a ajuda de Marta, a sua velha e sábia vizinha, a narradora deste romance, recém-chegada à cidade, vai reunindo as histórias surpreendentes deste lugar, compondo um novelo de mitos, sonhos, episódios anedóticos, que muitas vezes transcendem o visível e o racional, misturando passado e presente.

OPINIÃO

Olga Tokarczuk tem, de facto, um estilo de escrita muito peculiar. Consegue, através de uma mistura de géneros, criar um género muito próprio. É um romance ficcional, onde se cruza a fantasia com uma espécie de gótico, de grande originalidade e misticismo. São-nos contadas várias histórias, da pequena cidade de Nowa Ruda, do bolor, da humidade, da ferrugem, do apodrecimento, da aspereza e da inflexibilidade que vão dominando a cidade. Uma cidade, por isso mesmo, enigmática. Desde histórias sobre habitantes da aldeia, como a da Santa, cujo pai rejeitou como filha, por ser mulher e que se terá transformado em homem, à história do monge que escreveu sobre a Santa e que se debateu com dúvidas de género, a sonhos quase dispersos, réstias de loucura, mitos…  Igualmente enigmáticas são as personagens. A narradora, uma observadora que nos vai narrando as histórias e descrevendo o espaço e a vida dos que aí habitam, tem uma especial curiosidade em relação à vizinha, com quem inicia uma amizade, também ela estranha. Esta idosa sábia, a Marta, confecionava perucas com mechas de cabelos, que um cabeleireiro famoso lhe oferecera, guardando-as numa arca, na sala. A narradora observava Marta, nos seus momentos de silêncio, imaginando inclusive de que forma a morte poderia entrar por ela.

As descrições são detalhadas, diretas, frias; no fundo, são o reflexo da velhice que vai dominando as personagens.

E este olhar detalhado vai-se dando conta das contradições entre a primavera e o inverno, a juventude e a velhice, o dia e a noite, o calor e o frio, a vida e a morte, não apenas percetível na natureza, mas também nas casas e nas pessoas, que “por dentro”, afinal, “são construídas como as casas – têm escadarias, entradas espaçosas, vestíbulos sempre mal iluminados que tornam difícil contar as portas para os quartos…”. As pessoas são como “casas de dia”, na juventude, na primavera, no calor e são “casas de noite” na velhice, no inverno, no frio.

Um livro que vale a pena ler!

Bennett, Brit (2021). A Outra Metade. Lisboa: Alfaguara Portugal.

Tradução: Tânia Ganho

Início da leitura: 08/10/2021

Fim da leitura: 12/10/2021

SINOPSE

As gémeas Stella e Desiree Vignes, tão idênticas de feições quanto diferentes de feitio, nasceram para contrariar a profecia.

Geração após geração, a comunidade negra desta pequena localidade, no Estado sulista de Luisiana, esforça-se por aclarar o tom da sua pele, favorecendo os casamentos mistos. Desiree e Stella são disso um bom exemplo, com a sua pele «cor de areia húmida», olhos castanho-avelã e cabelo ondulado. Mas a aparência não basta para as livrar do estigma, e acabam por assistir à morte violenta do pai, à humilhação da mãe depois disso.

Aos dezasseis anos, escolhem fugir juntas da terra sufocante. Pretendem escapar ao seu sangue e libertar o seu futuro. Mas a fuga para Nova Orleães acaba por ditar o afastamento das irmãs, até então inseparáveis.

Catorze anos mais tarde, Desiree volta à casa materna, arrastando pelas ruas poeirentas da terra uma filha de pele «negra como o alcatrão», que atrai todos os olhares do lugarejo retrógrado. Stella, por seu lado, tem a vida construída numa mentira: vive na Califórnia, faz-se passar por branca, e o marido nada sabe do seu passado.

Apesar de tantos quilómetros e tantas mentiras a separá-las, os destinos das gémeas estão inevitavelmente entrelaçados. E voltarão a cruzar-se, porque é impossível renegar a metade que nos pertence.

Na saga desta família que atravessa quatro décadas e vários Estados, Brit Bennett cria uma história de apelo universal e intemporal. Não se detendo no inevitável tema central da raça e da identidade, A Outra Metade reflete sobre o peso do passado no presente, pondera as consequências e os limites da reinvenção pessoal e oferece uma meditação poderosa sobre a família e a liberdade individual.

OPINIÃO

Que livro maravilhoso! Muito bem escrito e com uma história sublime!

Aborda a temática do racismo, mas de uma forma diferente, e, ainda que haja muitos autores que tenham escrito sobre esta mesma temática, a forma como Bennett o fez surpreende, comove e deixa-nos completamente rendidos. Vai muito para além do racismo dos brancos em relação aos negros, fala-nos do racismo entre os próprios negros, da negação da cor.

É a história de duas irmãs gémeas, de pele “cor de areia húmida”, que vivem numa localidade ficcional localizada no Estado do Luisiana. Uma localidade marcada pelo racismo ao ponto de considerarem que as jovens não se deviam casar com alguém de cor escura, de forma a que, com o tempo, conseguissem que a comunidade local fosse aclarando cada vez mais o seu tom de pele. Apesar de Stella e Desiree terem já uma cor mais clara, acabam por assistir à morte cruel do pai e à humilhação da mãe, o que as marca para toda a vida. Aos 16 anos, decidem fugir juntas para Nova Orleães. A partir daqui, temos um afastamento entre elas. Apesar de fisicamente semelhantes, têm maneiras de ser e pensar diferentes, o que leva Stella a decidir seguir a sua vida, longe da irmã, fazendo-se passar por branca e compactuando com o próprio ambiente racista que vai encontrar. Não é fácil perceber, mas também não deve julgar-se de ânimo leve. Tudo o que a personagem passou até aqui e o facto de poder muito bem passar por branca, faz com que se reinvente. Mas até que ponto ela o consegue? Pode apagar-se assim o passado? Até que ponto se consegue edificar uma vida, um seio familiar feliz com uma vida edificada em mentiras? É o que vos convido a tentar responder com a leitura deste livro de que é tão fácil gostar e tão difícil esquecer!

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Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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O nosso Hulk (saudades)

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