Histórias Soltas Presas Dentro de Mim

Mandanna, Sangu (2023). A Sociedade Muito Secreta de Feiticeiros Invulgares. Lisboa: Topseller.
Tradução: Maria João B. Marques

Nº de páginas: 320

Início da leitura: 27/10/2023

Fim da leitura: 31/10/2023


**SINOPSE**

"Mika Moon aprendeu desde cedo a esconder a sua magia, tentando passar despercebida e mantendo-se afastada das outras feiticeiras, para que os seus poderes não atraíssem atenções indesejadas. Depois de perder os pais quando era muito pequena, foi criada por uma série de amas e preceptores, pelo que se habituou a cumprir regras e a passar a maior parte do tempo sozinha, a não ser nas reuniões esporádicas da Sociedade de Feiticeiras.

Até ao dia em que recebe uma mensagem com um pedido de ajuda: viajar até à misteriosa Casa de Nenhures, onde deverá ensinar três pequenas feiticeiras a controlar os seus poderes. Apesar de saber que está a quebrar todas as regras da Sociedade, Mika decide aceitar a proposta e acaba enredada na vivência extraordinária dos residentes, incluindo Jamie, um bibliotecário atraente e rabugento que a vê como uma ameaça à segurança das crianças.

Com o passar do tempo, Mika começa a sentir uma sensação de pertença, mas, quando a tranquilidade da Casa de Nenhures é ameaçada, ela terá de decidir se quer mesmo arriscar tudo para proteger o seu novo lar."
Este é um livro doçura e não travessura, ainda que as feiticeiras sejam as protagonistas. Apesar de não ser um género que leia com muita frequência, este foi um livro "fofinho" que me entreteve nestes dias cinzentos. Às vezes, precisamos deste aconchego e os livros têm esse poder. Só por isso, já valeu bem a pena lê-lo. Diverte, tem ação, envolve e damos por nós a querer saber fazer também alguns truques de magia (davam tanto jeito...). Bem escrito, levezinho, penso que será um livro de que os jovens vão gostar, com toda a certeza! E, no meio de muitos truques de magia, há ainda a magia que une corações e que devia unir mais pessoas à face da terra - o amor! 

 Vilas, Manuel (2019). E, de Repente, a Alegria. Lisboa: Alfaguara.

Tradução: Vasco Gato

Nº de páginas: 408

Início da leitura: 26/10/2023

Fim da leitura: 28/10/2023

**SINOPSE**

"Desde o coração das suas memórias, um homem que arrasta tantos anos de passado como ilusões de futuro, recorre às suas recordações para iluminar a sua história. A história de um filho que tem de aprender a viver sem os pais, e de um pai que precisa de aceitar a viver mais longe dos filhos. Uma história que por vezes dói, mas que sempre acompanha.

Neste romance, a meio caminho entre a ficção e a confissão, o protagonista viaja pelo mundo e pelas suas memórias. É uma viagem com duas faces: a face pública, em que o protagonista-autor encontra os seus leitores; e o lado íntimo, em que aproveita cada momento de solidão para procurar a sua verdade.

Uma verdade que começa a despontar - dolorosa e inesperadamente - depois da morte dos pais, do divórcio, do afastamento do vício. Uma verdade que ganha novos matizes à medida que toma forma uma nova vida ao lado de um novo amor, uma vida em que os filhos se transformam na pedra angular sobre a qual gira a necessidade inadiável de encontrar a felicidade. Ou a alegria.

Se Em tudo havia beleza procurava no passado o caminho para regressar ao presente, aqui Manuel Vilas escreve uma história que vai buscar ímpeto ao passado para se lançar para o futuro e tudo o que ele pode trazer de inesperado. Depois da dor do autoconhecimento, esta é a história da busca esperançada da alegria, essa reivindicação de fé e coragem em tempos convulsos, essa força maior da vida, que, como a beleza, pode estar em qualquer lugar."
Um livro fora de série! Num tom autobiográfico, o autor faz uma viagem entre o presente e o passado, recordando momentos que, por algum motivo, ficaram gravados na sua memória. Conta-nos episódios dolorosos, fala da perda, do luto que nunca conseguiu fazer dos pais, da mulher, do divórcio, do alcoolismo, da depressão, dos filhos, de amigos, conhecidos, de acontecimentos, de momentos...E fá-lo de uma forma tão intensamente bela!  Nesta introspeção, de forma intimista, reconhecemo-nos em alguns momentos da nossa própria vida e constatamos, com o autor, que para haver beleza, muitas vezes teve de existir dor e que "Os fantasmas não são menos importantes do que os seres de carne e osso."
Recomendo muito!

 Napolitano, Ann ((2023). Olá, Linda. Lisboa: Topseller.

Tradução: Fernanda Semedo
Nº de páginas: 464
Início da leitura: 22/10/2023
Fim da leitura: 25/10/2023

**SINOPSE**
"Poderá o amor curar uma pessoa ferida?
Uma história comovente sobre como é possível amar alguém, não apesar de quem a pessoa é, mas por causa disso mesmo.

William Waters cresceu numa casa silenciada pela tragédia, na qual os seus pais mal conseguiam olhar para ele, muito menos amá-lo; mas quando conhece a vivaz e ambiciosa Julia Padavano, é como se o seu mundo se iluminasse. E com Julia vem a sua família, pois ela e as três irmãs são inseparáveis: Sylvie, a sonhadora, é feliz com o nariz enfiado nos livros; Cecelia é um espírito livre, apaixonado pelas artes; Emeline cuida pacientemente de todos eles. Com os Padavanos, William experimenta um novo sentimento: ter um lar, pois cada momento naquela casa é repleto de caos amoroso.

É então que a escuridão do passado de William vem à tona, colocando em risco não apenas os planos cuidadosamente pensados por Julia para o futuro de ambos, mas também a inexorável devoção das irmãs umas pelas outras. O resultado é uma desavença familiar catastrófica que muda irremediavelmente as suas vidas.

Será a inabalável lealdade que outrora os ligava forte o suficiente para voltar a reuni-los quando é mais importante?"
Uma história de que gostei verdadeiramente. Apesar de ser um livro grande, lê-se rapidamente, a escrita é simples e fluída e a história prende-nos ao livro.
Uma história que lemos com o coração nas mãos, mas que acaba por ser uma história de amor, sobretudo o amor entre irmãs, que se torna superior a qualquer devaneio ou acontecimento. William, o rapaz que acaba por casar com a jovem Julia, um pouco influenciado pelo seu caráter dominador, forte e pela vida familiar dela, uma vez que ele não conhece este conceito de família. Ele foi sempre um filho inexistente, a partir do momento em que os pais perderam uma filha bebé. Não sabe, por isso, o que é o amor familiar que, de facto, caracteriza a família de Julia. Uma leitura que aconselho vivamente!

 Ishiguro, Kazuo (2005). Nunca Me Deixes. Lisboa: Gradiva.

Tradução: Rui Pires Cabral

Nº de páginas: 332

Início da leitura: 19/10/2023

Fim da leitura: 21/10/2023


**SINOPSE**

"Kazuo Ishiguro foi elogiado no Sunday Times por «ampliar as possibilidades da ficção». Em "Nunca Me Deixes", que se encontra certamente entre as suas melhores obras, conta-nos uma extraordinária história de amor, perda e verdades escondidas.
Kathy, Ruth e Tommy cresceram em Hailsham – um colégio interno idílico situado algures na província inglesa. Foram educados com esmero, cuidadosamente protegidos do mundo exterior e levados a crer que eram especiais. Mas o que os espera para além dos muros de Hailsham? Qual é, de facto, a sua razão de ser?
Só vários anos mais tarde, Kathy, agora uma jovem mulher de 31 anos, se permite ceder aos apelos da memória. O que se segue é a perturbadora história de como Kathy, Ruth e Tommy enfrentam aos poucos a verdade sobre uma infância aparentemente feliz — e sobre o futuro que lhes está destinado.
Nunca Me Deixes é um romance profundamente comovedor, atravessado por uma percepção singular da fragilidade da vida humana."
Este livro concilia ficção científica e distopia, de maneira a servir de mote à crítica à sociedade atual. As personagens, meros clones criados para virem a ser dadores, são muito mais do que clones, são crianças que vão crescendo como as outras. Estudam em colégios, vivem intensamente as amizades, o amor, a traição, o medo e a ansiedade em arranjar um futuro alternativo. Porque, Kazuo cria todo um ambiente em que não apresenta personagens mecanizadas, mas sim dotadas de grande sensibilidade, gosto pela arte - pintura, música, poesia...
Gosto da forma como Ishiguro escreve, simples, mas profundo! Se bem que, na minha ótica, este não seja dos seus melhores livros.
Ainda assim, é um livro que vale a pena ler!

Silva, Filipa Fonseca (2013). O Estranho Ano de Vanessa M. CreateSpace.

Nº de páginas: 216
Início da leitura: 16/10/2023
Fim da leitura: 17/10/2023

**SINOPSE**
"Quando entrou no carro, no final do inverno, Vanessa não sabia que estava embarcando numa viagem sem retorno. Uma viagem interior, que pôs em causa todas as suas escolhas e, acima de tudo, toda uma vida construída em torno das expectativas e opiniões dos outros. Entre episódios trágicos e cómicos, que envolvem uma mãe controladora, uma tia hippie, um casamento entediante, um chefe insuportável e uma amiga que não sabe quando se calar, “O Estranho ano de Vanessa M.” conduz-nos nessa autodescoberta e faz-nos refletir sobre o poder que temos de, a qualquer momento, colocar tudo em questão. Porque a busca da felicidade não tem prazo."
Vanessa é uma das muitas mulheres que entra numa espiral de cansaço, caindo numa depressão, em que tudo, na sua vida, perde o sentido, inclusive a filha. E, num momento como esse, é possível cometer as maiores loucuras. 
Às vezes, é preciso perder tudo para uma pessoa se procurar e se reencontrar... Provavelmente, a ajuda terapêutica que lhe foi imposta pela justiça, era o que sempre precisara. Nem sempre é fácil admitir que se atingiu o limite e que tudo na vida deixa de fazer sentido para se atingir a almejada felicidade.
Este é um livro escrito de forma muito simples, previsível até, que se lê num ápice. Porém, quanto a mim, pelo tema abordado, poderia ter sido mais desenvolvido, adquirindo as personagens uma maior densidade psicológica.

 Kashiwai, Hisashi (2023). Os Mistérios do Restaurante Kamogawa. Lisboa: Topseller.

Tradução: André Pinto Teixeira

Nº de páginas: 208

Início da leitura: 14/10/2023

Fim da leitura: 15/10/2023

**SINOPSE**

"Numa sossegada rua de Quioto, longe de olhares curiosos, existe um restaurante muito especial: gerido por Nagare Kamogawa e a sua filha, Koishi, o restaurante Kamogawa serve aos seus clientes deliciosas refeições que, de outro modo, só se encontrariam em estabelecimentos de luxo. Esse, no entanto, não é o único motivo para passar por lá…

Pai e filha são também detetives de comida: através das suas perspicazes investigações, são capazes de recriar pratos que os clientes provaram no passado, pratos esses que, tantas vezes, guardam a chave de memórias antigas. Do viúvo que persegue uma receita específica de udon que a sua mulher cozinhava, ao tonkatsu de um primeiro amor, as receitas perdidas que a dupla Kamogawa resgatam são mais do que uma ponte até ao passado: são a possibilidade de um futuro mais feliz.

 Uma celebração das memórias, da boa companhia e do poder de uma refeição deliciosa."
Um livro deliciosamente bem escrito! Começa por nos transportar para Quioto, numa rua tranquila e discreta, onde um restaurante, gerido por pai e filha, faz as delícias dos que procuram recuperar as suas histórias antigas, os pratos que marcaram momentos da sua vida e, por alguma razão, ficaram presos na memória. Com uma cumplicidade indescritível, a filha, regista todos os pormenores das histórias contadas pelos comensais que pretendem recuperar receitas do seu passado. O pai, empreende, então uma busca incansável por esses ingredientes que conseguirão transportar os seus clientes para os momentos passados. São, realmente, detetives de comida. Conseguirão eles corresponder a todas as solicitações? E se o restaurante discreto não é publicitado em lado nenhum, como conseguem descobri-lo? Recomendo vivamente!

Gallo, Rafael (2015). Rebentar. Rio de Janeiro: Editora Record.

Nº de páginas: 378

Início da leitura: 12/10/2023

Fim da leitura: 14/10/2023


**SINOPSE**

Depois que seu filho desapareceu aos 5 anos, Ângela dedicou toda a sua vida à busca da criança. Parou de trabalhar, não teve mais filhos, afiliou-se a instituições de busca de crianças desaparecidas. Mas após trinta anos sem nenhum resultado, ela finalmente decidiu desistir completamente da procura. Além da própria dor e culpa, Ângela precisa enfrentar o julgamento de todos aqueles que de alguma forma estiveram envolvidos com sua história. Rebentar é um mergulho corajoso e emocionante nas dores da perda.


Rafael Gallo escreve verdadeiramente bem. É incrível como não damos pela passagem das páginas neste livro. Acompanhamos uma mãe que, após 30 anos, continua à procura do seu filho, que desapareceu com apenas 5 anos. Conseguimos sentir a dor, o pulsar do coração apertadinho desta mãe, o desespero, a angústia de quem perde um filho, sem saber o que foi feito dele. Chega a dizer-nos que preferia que lhe dissessem que estava morto, pois assim toda esta angústia tinha um fim. Passou anos a seguir falsas pistas, a encher as redes sociais e as ruas com fotos do filho. 
Porém, passados 30 anos, esta mãe, Ângela, ao ver uma foto de como seria o seu filho nesse momento, quer pôr um termo à procura vã pelo filho e acredita que, mesmo que o reencontre, ele não é o mesmo que deixou ir à loja de brinquedos, quando lhe largou a mão, já não é o seu menino loirinho. É um homem, um homem que desconhece.
Conseguirá Ângela pôr em prática a sua decisão? Conseguirá ela libertar-se da casa e do quarto do filho, após tantos anos de buscas e espera?
Um livro brutal, duro, dorido, abordado com uma lucidez estonteante! Adorei!

 Kallentoft, Mons (2016). A Quinta Estação. Alfragide: Publicações Dom Quixote.

Tradução: Ricardo Gonçalves

Nº de páginas: 504

Início da leitura: 06/10/2023

Fim da leitura: 12/10/2023


**SINOPSE**

"A QUINTA ESTAÇÃO é o quinto volume da série do autor sueco Mons kallentoft, iniciada em Sangue Vermelho em Campo de Neve, que descreve a trajetória pessoal e profissional da inspetora Malin Fors.

A QUINTA ESTAÇÃO é o tão esperado volume que vem resolver por fim o mistério sobre Maria Murval, a jovem assistente social condenada a viver numa clínica psiquiátrica depois de ter sido violentamente agredida, violentada e encontrada em estado grave numa floresta da Suécia.

Em A QUINTA ESTAÇÃO, em que inverno, verão, outono e primavera se fundem, Malin Fors leva por fim a sua obsessão sobre Maria Murval às últimas consequências para desvendar um caso que há muito a intrigava."
Li o primeiro romance policial desta série (de cinco livros) e, agora, este. Gosto muito da forma como Mons escreve, como nos capta a atenção e nos mantém embrenhados na história a acompanhar a inspetora Malin Fors na resolução deste caso tão macabro centrado na jovem Maria Murval, que fora brutalmente violada e agredida. É possível sentir marcas de subjetividade por parte do narrador, no seu quase apelo para que todos os homens que violam as mulheres tenham o merecido castigo, na utilização que faz da voz de mulheres mortas a incitar a resolução do caso. É com angústia e com o mesmo desejo, que lemos este livro e sentimos a necessidade imperiosa de pôr termo a todas as situações vivenciadas pelas personagens femininas. 

A par do crime, temos a história pessoal da inspetora, que vamos conhecendo melhor - o divórcio, a filha adolescente com a qual não se consegue relacionar, o alcoolismo, a nova relação, o desejo do companheiro de terem um filho...
Se bem que, em alguns momentos, me pareça que se prolongou a investigação, tornando-se algo repetitivo, gostei e lê-se muito bem!

Fleming, Jacky (2020). Qual o Problema das Mulheres? Porto Alegre: Editora Pallotti.

Tradução: Lavínia Fávero
Nº de páginas: 143
Início da leitura: 08/10/2023
Fim da leitura: 10/10/2023

**SINOPSE**

Este é o problema das mulheres: sempre levam tudo longe demais

"Sobre quais mulheres importantes você aprendeu na escola? Marie Curie e... a lista termina aí. Por quê? Ora, este livro explica por quê. Primeiro, porque não havia mulheres, e as poucas que existiam tinham a cabeça muito pequena, que logo se enchia depois que aprendiam alguns pontos de bordado. De resto, viviam na Esfera Doméstica, onde realizavam tarefas leves, como criar filhos, limpar o chão, lavar roupa, costurar...

Mulheres que se atreviam a estudar ou segurar uma caneta ficavam masculinizadas e deformadas, o que arruinava suas chances de casamento. Mas tudo bem, pois as mulheres têm um dom natural para elogiar e aplaudir (os homens, é claro); é o que parecem pensar Charles Darwin, Arthur Schopenhauer, Picasso, Kant e Rousseau, alguns dos gênios cujas opiniões misóginas são satirizadas neste livro.

Num humor ferino inimitável, Jacky Fleming, célebre cartunista feminista britânica, nos faz rir e por vezes quase chorar ao refletir sobre as razões pelas quais as mulheres são praticamente ausentes dos livros de     história. Em seguida, nos apresenta em textos e desenhos impagáveis – sempre levando a ironia às últimas consequências – a algumas mulheres que desafiaram os costumes e as restrições do seu tempo e realizaram fatos notáveis. As quais acabaram, curiosamente, na Lata de Lixo da História. Um livro imperdível, para muito além do seu humor hilário.

 

“Cartuns feministas, deliciosos e engraçados... um olhar hilário sobre como as mulheres aparecem (ou não) na história.” – The Guardian

“O presente perfeito para todos os gêneros, idades e tendências políticas, infelizmente confinado à seção de humor em vez do lugar onde realmente deveria estar: o currículo escolar.” – The Independent

“Qual o problema das mulheres? é o livro perfeito para o banheiro, o que é um elogio, pois livros de banheiro recebem o maior número de leitores, e não há um homem, uma mulher ou uma criança que não se beneficiaria ao passar tempo com este aqui.” – The Times"

Este livro, que penso não estar traduzido em português de Portugal, tem esta versão em português do Brasil, mas lê-se muito bem e devo dizer que é um livro com um sentido de humor incrível. Os cartoons reunidos, falam-nos ironicamente da forma como as mulheres eram vistas há muitos anos (não será ainda, às vezes, assim?), com um cérebro mais pequeno do que os homens, como não podendo sair da esfera do lar, ou estudar (eram fracas e, se estudassem, cai-lhes o cabelo), não podiam ter cabelos de génio, mas sim crinas de cavalo, deviam permanecer virgens depois do parto... entre muitas situações deveras hilariantes. Termina com um pequeno apontamento de muitas mulheres que contrariaram esta visão do mundo feminino e mostraram o que realmente valiam. Recomendo vivamente! Preparem-se para soltar algumas gargalhadas! É um livro que podem ler em inglês, em espanhol, em francês e em português dos Brasil.

 Rossetti, Carol (2016). Mulheres Retratos de Respeito, Amor-próprio, Direitos e Dignidade. S. Pedro do Estoril: Chá das Cinco.


Nº de páginas: 160
Início da leitura: 06/10/2023
Fim da leitura: 08/10/2023

**SINOPSE**
"Existem mulheres negras, brancas, morenas, latinas, asiáticas, indianas, indígenas. Existem engenheiras, donas de casa, prostitutas, ministras, artistas, executivas, atrizes. Há mulheres cegas, surdas, mudas. Mulheres bipolares, deprimidas, ansiosas. Existem heterossexuais, lésbicas, bissexuais, arromânticas, pansexuais, assexuais. Mulheres cristãs, ateias, budistas, muçulmanas. Há mulheres que não são ativistas, que nunca ouviram falar em feminismo, que nunca discutiram racismo. Mulheres que lutam de formas diferentes, a partir de ideias que não conhecemos.

Existem mulheres que têm vergonha de partilhar as suas escolhas por medo de serem julgadas. E existem mulheres que discordam de tudo o que eu disse até aqui. Cada Mulher tem a sua própria história, e acredito que todas merecem ser ouvidas e representadas. A minha abordagem será abrangente, convidando todos os que partilhem comigo essa ideia de liberdade a celebrar a diversidade do ser humano. Pode entrar, sente-se onde quiser, tome um café. Estão todos convidados. - Carol Rossetti."

Agradeço, desde já, à amiga que me emprestou este livro, que está esgotado, pela oportunidade que me deu de o ler. É um livro repleto de ilustrações lindíssimas de mulheres, seguindo esta ordem: corpo, moda, identidade, escolhas, amores e valentes. Algumas inspiradas em mulheres reais, outras inspiradas em muitas mulheres que, na realidade, sofrem com os estigmas que a sociedade teima em manter. São acompanhadas pela descrição que a sociedade faz delas e por uma mensagem de incentivo para se libertarem dessas amarras e serem livres de fazerem o que bem entendem com o corpo e com a mente. Este é um pequeno livro com mensagens com que as mulheres, em alguma situação, se identificam, com os julgamentos públicos a que foram e continuam sujeitas. Recomendo!

 Backman, Fredrik (2023). Nós Contra os Outros. Lisboa: Porto Editora.

Tradução: Elsa T. S. Vieira
Nº de páginas: 472
Início da leitura: 02/10/2023
Fim da leitura: 05/10/2023

**SINOPSE**
"Björnstad, uma pequena comunidade no meio da floresta, é o lar de pessoas fortes e trabalhadoras, que não esperam que a vida seja fácil ou justa. Sempre de cabeça erguida, os seus habitantes orgulham-se de enfrentarem todas as dificuldades com a convicção de que a verdade está do seu lado. Até que um terrível acontecimento quase faz tombar a cidade.
Esta é a história do que aconteceu depois.
Após o sucedido na primavera anterior, Björnstad recebe mais um duro golpe: em breve, a sua bem-amada equipa de hóquei deixará de existir, perante a óbvia satisfação dos antigos jogadores, que se mudaram em força para o clube adversário, em Hed. Mas os ursos de Björnstad recusam-se a sair derrotados. No meio da crescente atmosfera de rivalidade, um político começa a manobrar nos bastidores, e uma pessoa de fora é surpreendentemente escolhida para treinar o renovado clube de hóquei. De imediato, uma nova equipa começa a formar-se, mas conseguir que veteranos e novatos trabalhem em conjunto demonstra ser um desafio hercúleo, à medida que a inimizade com Hed se torna cada vez mais violenta.
Quando o último jogo do campeonato for por fim disputado, mais do que um habitante de Björnstad terá morrido e, em ambas as localidades, as pessoas serão forçadas a questionar-se se, depois de tudo, o jogo que tanto amam pode voltar a ser algo simples.

Com compaixão e perspicácia, Fredrik Backman revela-nos como a lealdade, a amizade e o amor sustentam uma comunidade nos seus dias mais desafiantes."
Backman é um autor muito especial, um contador de histórias. Este livro dá continuidade a outro, que li quando foi publicado: Beartown, A cidade dos grandes sonhos, se bem que possa ser lido e entendido mesmo sem ler o outro. É incrível a forma como narra, onde os próprios diálogos entre as personagens nos são contados pelo narrador, sem se tornar entediante, até porque o autor escreve muito bem e a história capta-nos a atenção desde o primeiro segundo. A forma como nos apresenta as personagens, os habitantes de Björnstad, é de tal forma bem feita, que nos vemos irremediavelmente presos às suas vidas, a compreender os seus comportamentos bons ou maus, a união mesmo na discórdia, porque, como diz o próprio narrador, todos temos "momentos maus".
Muito poderia destacar, mas a sinopse diz tudo e não me vou repetir. Apenas vou registar uma passagem que revela a sensibilidade do autor e que, no momento que estou a viver, me tocou particularmente:
"O sofrimento é um animal selvagem que nos arrasta até às profundezas, numa tal escuridão que não conseguimos imaginar como regressaremos alguma vez a casa. Como conseguiremos voltar a rir. Dói tanto que nunca chegamos a perceber se a dor na realidade passa ou se apenas nos habituamos a ela"
Não deixem mesmo de ler este livro fantástico!

Hart Emilia (2023). Weyward. Porto: Porto Editora.
Tradução: Célia Correia Loureiro

Nº de páginas: 344

Início da leitura: 27/09/2023

Fim da leitura: 01/10/2023

**SINOPSE**

«Tentaram domar-nos. mas uma mulher Weyward pertence à Natureza. Não pode ser domada.»

"Em 2019, Kate foge de uma relação abusiva e refugia-se em Crows Beck, uma aldeia remota na Cúmbria. O seu destino é a Casa Weyward, herança da sua tia-avó Violet, uma entomologista excêntrica.
Enquanto lida com o trauma do seu passado, Kate descobre um segredo sobre as mulheres da sua família. Uma história que remonta a 1619, quando Altha Weyward foi julgada por feitiçaria…
Tecendo as vidas de três mulheres extraordinárias, Weyward é um romance absolutamente maravilhoso sobre o empoderamento feminino, a esteira de violência masculina ao longo de séculos e o poder libertador da Natureza."
Neste livro, acompanhamos a história de três mulheres que, de alguma forma, se entrelaçam.
Em 2019, Kate foge de um relacionamento abusivo em Londres e refugia-se em Weyward Cottage, uma propriedade herdada de uma tia-avó que ela mal conheceu. Enquanto explora a casa e os pertences da tia, Kate começa a suspeitar de que sua tia-avó guardava um segredo relacionado com o tempo da caça às bruxas no século XVII.

No ano de 1619, conhecemos Altha, uma jovem que aguarda julgamento pelo assassinato de um fazendeiro local. Esta aprendeu com a sua mãe uma forma especial de magia, não baseada em feitiços, mas sim num profundo conhecimento do mundo natural. Porém, ser uma mulher com habilidades incomuns sempre foi perigoso, e Altha acaba por precisar de provar sua inocência face a acusações de bruxaria.

Em 1942, durante o auge da Segunda Guerra Mundial, seguimos a vida de Violet, que se sente aprisionada na propriedade da família. Confinada pelas convenções sociais, proibida pelo pai de sair, de se relacionar com as pessoas, Violet sente-se presa e procura saber os pormenores que envolveram a morte da mãe, que dizem ter enlouquecido antes de morrer. Resta-lhe, da mãe, uma medalha com a inicial "W" e a palavra "Weyward" escrita no rodapé do seu quarto.

Afinal, o que ligará estas histórias. Um romance sombrio, muito bem construído, que nos prende à narrativa e cujas personagens ficarão na memória. Aconselho!
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Sobre mim

Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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