Histórias Soltas Presas Dentro de Mim

Miller, Derek B. (2014). Um Estranho Lugar para Morrer. Alfragide: Edições ASA.

Tradução: Tânia Ganho

Nº de páginas: 304

Início da leitura: 28/03/2022

Fim da leitura: 31/03/2022

**SINOPSE**

Sheldon, um judeu americano, parece ter chegado ao fim da linha. É viúvo, tem 80 anos, e revela sinais de demência. A filha, preocupada, decide levá-lo para Oslo, onde vive com o marido. Um dia, quando o deixa sozinho no apartamento, Sheldon ouve ruídos na escada. Percebe que é uma vizinha a ser perseguida, a tentar proteger desesperadamente um filho pequeno. A mulher acaba por ser morta selvaticamente. Mas o octogenário consegue, in extremis, esconder a criança dos perseguidores. É o ponto de partida de um romance onde tudo nos surpreende. Aos poucos, juntamos as peças do puzzle. Sheldon é afinal um ex-veterano da Guerra da Coreia, que há décadas vive num secreto inferno, a tentar expiar um crime involuntário. Num último esforço para se redimir, assume como missão salvar o filho da vizinha. Numa terra desconhecida para ambos, começa uma fuga épica, que os levará aos confins da Noruega - e uma perseguição implacável, movida por um gangue kosovar.

Um estranho lugar para morrer, considerado o melhor romance do ano por uma série de publicações, desafia qualquer definição. O ritmo e a tensão absolutamente sufocantes remetem para o thriller moderno, do mais fino recorte escandinavo. Mas o autor, um ativista do desarmamento e dos direitos humanos, usa a dramática epopeia de Sheldon para pôr a nu a violência latente na cultura ocidental.

**OPINIÃO**

Este livro deve ser lido com alguma atenção, uma vez que alterna entre vários momentos da vida do protagonista, o que acaba por ir ao encontro da sua possível demência. Sheldon vive entre o presente, com 80 anos, em Oslo, com a neta e o marido desta e vários momentos dispersos do passado, dos quais destaco a morte do filho, a altura do romance com a mulher, antes do nascimento do filho, a sua história na guerra da Coreia, o momento em que a mulher engravida e o nascimento do filho. Fantasmas do passado dispersos que vão surgindo de forma igualmente dispersa na mente de Sheldon.

Mas é no presente que Sheldon assiste ao homicídio de uma vizinha e decide esconder o filho dela, uma criança pequena, para o proteger. É neste momento que começa a aventura que leva Sheldon a empreender uma fuga muito improvável com a criança, que o catapulta para o passado, para o filho que perdeu, para uma culpa que o persegue. Não quer que aconteça o mesmo a esta criança, quase como uma expiação da sua culpa.

Não classificaria este livro como thriller e muito menos estabeleceria comparações entre o autor e Stieg Larsson ou Jo Nesbo. Diria antes que é um drama familiar, com alguma aventura.

É um livro bem escrito, que se torna leve, malgrado a temática abordada.

Couto, Mia (2009). Jesusalém.  Alfragide: Editorial Caminho.

Nº de páginas: 296

Início da leitura: 23/03/2022

Fim da leitura: 27/03/2022

**SINOPSE**

Jesusalém é seguramente a mais madura e mais conseguida obra de um escritor em plena posse das suas capacidades criativas. Aliando uma narrativa a um tempo complexa e aliciante ao seu estilo poético tão pessoal, Mia Couto confirma o lugar cimeiro de que goza nas literaturas de língua portuguesa. A vida é demasiado preciosa para ser esbanjada num mundo desencantado, diz um dos protagonistas deste romance. A prosa mágica do escritor moçambicano ajuda, certamente, a reencantar este nosso mundo.

                                                                                                                        António-Pedro Vasconcelos

 **OPINIÃO**

É através de uma linguagem poética, muito pessoal, muito sua, que Mia Couto nos conduz a esta ficção encantadora.

Silvestre Vitalício, após a morte da esposa, resolve ir para o mato com os seus dois filhos, Ntunzi e Mwanito. Poderia ser uma procura por si mesmo, mas é mais uma morte para o mundo. A este seu novo mundo, que escolheu para se esconder da vida, dá o nome de Jesusalém, um lugar esquecido, fora do mundo.

“E assim, vagamente, meu pai derivava sobre a extinção do cosmos.”

Conduzidos pela voz de Mwanito, o jovem narrador, entramos na vida destas personagens para tentar perceber o que motiva um pai a sacrificar os filhos, a impedi-los de ter uma vida como as outras crianças, os segredos que esconde e que o tornaram num ser tão duro. Mwanito é uma criança adorável, inocente, inteligente e com muita vontade de aprender e conhecer o outro lado, apesar de não gostar de desobedecer às ordens do pai. Aprende a ler praticamente sozinho, com a ajuda do irmão, sempre às escondidas, sabendo de antemão que, se o pai soubesse, o castigaria. O irmão, Ntunzi, vive contrariado, conheceu o outro lado, pois era mais velho quando foram para Jesusalém. Sabe de coisas que, raramente, conta ao irmão e também sonha sair dali para sempre.

“Não chegamos realmente a viver durante a maior parte da nossa vida. Desperdiçamo-nos numa espraiada letargia a que, para nosso próprio engano e consolo, chamamos existência. No resto, vamos vagalumeando…”

Mas, por vezes, a vida vê-se virada do avesso. Foi o que aconteceu quando os irmãos encontraram “na casa grande” uma mulher. Mwanito nunca vira uma mulher e sentia muito a falta de uma mãe, Dordalma, de quem não se lembrava, mantendo-se atento a todos os comentários que surgissem sobre ela.

Esta mulher, Marta, teria vindo para África à procura do marido, que viajara para lá, segundo ele, para se encontrar a ele próprio.

Mwanito, sempre que ela sai, aproveita para remexer nos seus pertences, curioso com umas cartas que encontra, a troca de correspondência de Marta com o marido e vai conhecendo a sua vida, os seus segredos (“Ela escrevia lembranças, eu afinava silêncios”). Se ele sentia uma cumplicidade em relação a esta mulher, quase uma mãe ou a melhor referência que tinha para uma mãe, o irmão fica irremediavelmente atraído por ela, o que leva Mwanito a dizer-lhe “Essa moça subiu-lhe para a ponta dos olhos”. Quando o pai sabe da existência desta mulher, decide que o melhor é expulsá-la. Mas mais não conto, pois não quero retirar o prazer de lerem este livro maravilhoso!

Adichie, Chimamanda Ngozi (2006). Meio Sol Amarelo. Alfragide: Publicações Dom Quixote.

Tradução: Tânia Ganho

Nº de páginas: 544

Início da leitura: 22/03/2022

Fim da leitura: 26/03/2022


**SINOPSE**

Com uma elegância apenas ao alcance dos grandes escritores, Chimamanda Ngozi Adichie entrelaça as vidas de cinco personagens inesquecíveis: Ugwu, um humilde criado de treze anos a quem o mundo se desvendará pela mão do seu senhor, Odenigbo, que, na intimidade da sua casa, planeia uma revolução. Este jovem professor universitário mantém uma relação apaixonada e sensual com a bela e mágica Olanna, cuja irmã gémea, Kainene, é alvo do amor desesperado de Richard, um jovem inglês a braços com o seu papel de homem branco em África.

Todos eles vão ser forçados a tomar decisões definitivas sobre amor e responsabilidade, passado e presente, nação e família, lealdade e traição. Todos eles vão assistir ao desmoronar da realidade tal como a conheciam devido a uma guerra que tudo transformará irremediavelmente.

**OPINIÃO**

Que livro! Adichie é, com efeito, uma contadora de histórias maravilhosa, que nos conduz, através da força das suas palavras, aos espaços onde decorre a ação. É fácil sentir tudo o que nos é contado. É fácil criar empatia por personagens como Ugwu, um criado que vai servir para casa de um professor, Odenigbou; Olanna, esposa de Odenigbou e Kainene, irmã gémea de Olanna, que ficarão na memória, com toda a certeza. 

Ugwu é um jovem maravilhoso, dedicado, sempre a querer agradar ao "senhor”, dedicado também aos estudos, interessado. Mas, acima de tudo, é uma personagem muito humana, tão humana que acaba por também cometer erros dos quais, mais tarde, se arrepende.

Olanna é uma mulher apaixonada, moderna e compreensiva, que acaba por adotar a filha de uma relação do marido com outra mulher (também ela vítima de bruxaria por parte da sogra de Olanna).

Kainene vai crescendo à medida que a ação avança, tornando-se numa pessoa imprescindível na ajuda aos sobreviventes, fazendo tudo para ajudar, não baixando os braços ou desistindo, mesmo com as mortes diárias e as crianças a quem cai o cabelo e cresce a barriga, pela falta de alimentos.

E é num cenário de guerra que nos são contadas histórias de amor, traição, vingança, crenças e tradições. O meio sol amarelo, da bandeira de Biafra, é, ao longo da história, um símbolo muito importante de um futuro que se queria glorioso.

O facto de a autora ter partido de um acontecimento real, a guerra entre a Nigéria e o Biafra, torna a história mais credível e emocionante. Apesar de ficcionais, as personagens foram criadas a partir de pessoas reais, tendo a autora, como nos diz na sua nota final, efetuado várias pesquisas para fundamentar os relatos que vai criando.

É incrível como se ignora ou se tenta ignorar a guerra e o facto de nos poder atingir. E nunca, nunca se está verdadeiramente preparado.

Uma leitura que recomendo sem reservas!

 Smith, Ali (2017). Outono. Vialonga: Edição Elsinore.

Tradução: Manuel Alberto Vieira

Nº de páginas: 224

Início da leitura: 18/03/2022

Fim da leitura: 21/03/2022

**SINOPSE**

«Ela percebe-lhe um terrível abatimento nos olhos. Ele percebe que ela o percebe. Ele põe-se ainda mais severo. Abre uma gaveta, dela retira uma chapa laminada e coloca-a no balcão. Balcão Fechado. Isto não é ficção, diz o homem. Isto é a estação dos correios.»

Daniel tem a idade de um século. Elisabeth, nascida em 1984, está de olho no futuro. O Reino Unido e a Europa estão despedaçados, divididos por um verão histórico. Ganha-se amor, perde-se amor. A esperança caminha de mãos dadas com o desespero. As estações sucedem-se, como sempre, assim como as perguntas: Qual é o nosso valor? Quem somos? De que matéria somos feitos?

Eis o lugar em que vivemos. Eis o tempo na sua forma mais contemporânea e naquilo que tem de mais cíclico.

Eis uma história sobre o envelhecer e o tempo e o amor e as próprias histórias. Este é o primeiro livro do quarteto.

Da imaginação única de Ali Smith nasce uma tetralogia feita a partir da ideia de transição, abrangente na sua escala temporal e marcada por um caminhar leve através das suas narrativas.

Eis o Outono.

**OPINIÃO**

Este não é um livro para todos. Não é um livro fácil. Não é um livro de leitura rápida, mas é um livro de uma leitura assídua. Não se pode parar a leitura, porque se corre o risco de nos perdermos. Requer uma predisposição para ler nas entrelinhas. Diria mesmo que tem muito de prosa poética, muito de divagações, de vago, de mistério, de mensagens subliminares. A alternância entre o passado e o presente faz-se sem uma ordem certa, o que acontece em alguns romances onde há alternância de tempos entre os capítulos. Aqui, podemos estar no passado e, quando nos apercebemos, já estamos no presente.

A ação começa no presente, com Daniel, num suposto sonho com a morte.

Elisabeth tem 32 anos e vê-se vê a braços com a instabilidade profissional de um contrato sem termo nem horário fixo, a morar no mesmo apartamento que arrendara ainda estudante. Na estação dos correios onde tenta atualizar o passaporte, aguarda horas intermináveis e depara-se com todas as dificuldades e burocracias que isso envolve. Implicam com tudo, até com a dimensão da fotografia. Elisabeth visita Daniel, um homem com mais de cem anos, num Lar Hospital.

Entretanto, ficamos a saber como Elisabeth conheceu Daniel, quando, aos 8 anos, pediu à mãe para visitarem o vizinho a pretexto de fazer uma entrevista para a escola.

A partir daí, surge uma amizade muito especial. Uma das primeiras perguntas que Daniel lhe fez foi sobre o que estava ela a ler. Quando lhe respondeu que nada, ele referiu "devemos estar sempre a ler alguma coisa. (...) Mesmo que não estejamos a ler fisicamente. Caso contrário, como seremos nós capazes de ler o mundo? Imagina o processo como uma constante". E é Daniel que vai despertar em Elisabeth o gosto pelos livros, pela arte, pela vida, pelo poder da mente e do sonho, a capacidade de recriar a vida, de a movimentar como um fantoche.

Apesar de reconhecer que a escritora escreve realmente bem, não foi um livro que me prendeu a uma leitura compulsiva.

Novo, Isabel Rio (2022). Madalena. Alfragide: Publicações Dom Quixote.

Nº de páginas: 200

Início da leitura: 16/03/2022

Fim da leitura: 17/03/2022

**SINOPSE**

Enquanto se submete a tratamentos para um tumor, uma jovem professora ocupa os longos dias a examinar papéis, retratos e cartas dos bisavós que encontrou num velho armário de livros que outrora lhes pertenceu. É assim que vai desvelando a história dos dois, envolta em mistério, na qual a traição, o ciúme e a tragédia são os ingredientes principais.

Álvaro Amândio, o bisavô culto e ensimesmado, mas sobretudo Madalena Brízida, a bisavó sedutora, enigmática e talvez cruel, vão ganhando contornos diante da jovem mulher, à medida que ela própria se vai descobrindo, nos seus amores do passado, nos seus sofrimentos recalcados, talvez até nas razões para ser como é.

Muito mais do que uma narrativa sobre a doença ou os seus efeitos sobre o indivíduo, Madalena - obra vencedora do Prémio Literário João Gaspar Simões - é um romance notável sobre a família e sobre o que, em cada um de nós, é construído pelos que vieram antes, assinado por uma das grandes vozes da ficção portuguesa contemporânea.

 

**OPINIÃO**

Gosto muito da escrita de Isabel Rio Novo, da elegância e sensibilidade conjugada com a força das palavras, do ritmo que prende, da reflexão que estimula. Do ar que faz conter no peito e da emoção que passa.

Este livro não foi exceção, se bem que seja um tema que mexe muito comigo. A protagonista, uma jovem professora, debate-se com um cancro de mama, em estágio avançado. As dúvidas, os tratamentos, a forma como vê e é vista pelos outros, o novo conceito de tempo, as adaptações a cada estágio da doença, e as muitas questões que já me passaram tantas vezes pela cabeça, foram, em muitos momentos, de cortar a respiração! A par deste processo de tratamentos, vai desvelando, por meio de pertences que encontrou, a história dos seus bisavós. Acabam por se entrelaçar a sua vida até ali, quando se via na foto tirada na praia, onde as sombras ainda não pairavam sobre os seus pensamentos e os seus dias, a memórias de tudo quanto viveu e deixou por viver, a história dos bisavós e o presente. Nunca ninguém prevê o que o futuro nos reserva, nunca ninguém sabe como vai encarar os “murros no estômago” que a vida nos pode dar. E nunca ninguém sabe o que se passa na cabeça de quem vive situações como esta. Certo é que a jovem que ela vê na fotografia é cada vez menos ela, está cada vez mais distante, como fazendo parte de uma outra vida. E é nas cartas, nas fotos dos bisavós que se vai encontrar a si própria, identificando-se com a bisavó Madalena.

Aconselho vivamente a leitura deste livro!

Moriarty, Liane (2019). Nove Perfeitos Desconhecidos. Alfragide: Edições ASA.

Tradução: Elsa T.S. Vieira

Nº de páginas: 496

Início da leitura: 12/03/2022

Fim da leitura: 15/03/2022

**SINOPSE**

Se alguém lhe garantisse uma transformação total em apenas 10 dias, você aceitava?

Nove pessoas aceitam. Os seus motivos são diferentes, mas todas embarcam num retiro de luxo. Esperam massagens, meditação e dieta detox. Estão longe de imaginar o desafio que têm pela frente.

Frances Welty é uma escritora bestseller em plena crise de inspiração (entre outras). Quer recuperar a alegria de viver.

Ben e Jessica ganharam 22 milhões de dólares na lotaria. Já não lutam para esticar o dinheiro até ao fim do mês, mas passaram a lutar um com o outro. Querem salvar a sua relação.

Napoleon, Heather e Zoe sofreram uma tragédia familiar. Querem perdoar-se a si mesmos e reencontrar a paz (possível).

Tony é um ex-jogador de futebol que perdeu aquilo que mais amava.

Carmel é uma mãe (exausta) de quatro filhos que foi trocada por uma mulher mais nova.

Lars é um advogado gay que se debate com um dilema impossível…

Será que estas nove pessoas vão encontrar a solução para os seus problemas?

Ou será melhor fugirem enquanto podem?

É que Masha, a diretora do retiro, tem para os seus clientes um plano que nenhum deles conhece…

**OPINIÃO**

Este é um daqueles livros de leitura fácil. Do que menos gostei foi mesmo do fim, penso que a autora poderia ter pensado num final diferente. Ainda assim, é um livro que entretém, está bem escrito, tem uma excelente premissa, personagens bem construídas, o que desculpa o final “menos feliz”.

Quem não ficaria seduzido em passar umas férias num retiro de luxo, para recuperar energias, perder peso, relaxar num spa, fazer umas massagens e salvar relações?

As personagens são muito bem construídas, desde a escritora de meia idade, abandonada pelo marido, que não consegue lidar com as críticas aos romances que escreve e que acabara de ser enganada por um homem que conhecera na Internet e lhe extorquira muito dinheiro. Um jovem casal, que ganhou a lotaria e pensa encontrar neste retiro uma razão para salvar um casamento em declínio.  Ela, desfigurada por várias cirurgias estéticas. Ele, que não reconhece nesta “boneca insuflada” a mulher por quem se apaixonou. O casal, com a filha, que acredita que este retiro possa ser a forma de expiar os seus fantasmas, a dor da perda de um filho, que se suicidou e que todos consideram ter uma quota parte de culpa. O ex-jogador de futebol que caiu numa vida rotineira, em que se limitou a parar e engordar. Uma mulher cujo marido trocou por uma mulher mais nova e está convencida de que, se perder peso, talvez ele se arrependa. Um advogado gay que adora retiros deste género. São os nove perfeitos desconhecidos.

Não conto o que se passou neste retiro de luxo, apenas menciono que nada é o que parece.

Com sentido de humor, a autora conduz-nos a uma estadia à mente de cada uma das personagens tão reais, tão características do que é, hoje em dia, a nossa sociedade. Alguns dos pensamentos, ações, medos e angústias são tão comuns, que nos levam a pensar que poderia ser qualquer um de nós. E, apesar de nem tudo ser o que parece, penso que em todos se operam mudanças.

Depois, penso em como o ser humano é tão suscetível, tão problemático, pois cria problemas onde não existem. Os problemas estão na cabeça de cada um.

Nestes tempos conturbados, este é um bom livro para entreter, soltar umas gargalhadas, rirmos desta nossa condição humana que nos torna, por força das circunstâncias da vida e da mente de cada um, tão comezinhos, tão fúteis! Acaba por dar para rir e refletir!

Joshi, Alka (2022). A Tatuadora de Jaipur. Alfragide: Edições ASA.

Tradução: Raquel Dutra Lopes

Nº de páginas: 384

Início da leitura: 07/03/2022

Fim da leitura: 12/03/2022

**SINOPSE**

Aos dezassete anos, Lakshmi foge de um casamento arranjado e ruma a Jaipur, a vibrante metrópole cor-de-rosa. É lá que se reinventa como artista, conseguindo tornar-se tatuadora de hena das mulheres mais ricas da cidade, que a buscam atraídas pelo talento, mas também pelos seus poderes de curandeira e pela sua discrição como confidente. Mas embora muitos segredos lhe sejam revelados, os dela têm de permanecer guardados a sete chaves.

À medida que a popularidade de Lakshmi aumenta, também os seus esforços para proteger a reputação e a carreira se intensificam. A ameaça, porém, não tarda a bater-lhe à porta: o marido encontrou-a, tem um plano, e não está sozinho, vem acompanhado de uma menina de treze anos, Radha, a irmã que a Lakshmi não sabia ter.

Radha é curiosa e rebelde, uma combinação perigosa que preocupa Lakshmi. Agora que as vidas de ambas estão intrinsecamente ligadas, será ela capaz de manter a liberdade que conquistou a pulso e, ainda assim, proteger a irmã?

Exótico e envolvente, A Tatuadora de Jaipur é um retrato fulgurante de um país e de uma mulher. Há algo de mítico (e místico) na sabedoria ancestral de Lakshmi e na sua ânsia por liberdade numa sociedade que oscila ainda entre as velhas tradições e a modernidade, um mundo que é simultaneamente sumptuoso e fascinante, austero e cruel.

Esta é uma história de amor-próprio e perseverança, de vingança… e perdão.

**OPINIÃO**

A escritora inspirou-se na vida da sua mãe para criar a personagem Lakhsmi, a artista de hena, o que a torna mais credível. Gostei do contacto com estas tradições indianas, com mezinhas que embelezavam, serviam de contracetivo, rituais para engravidar, para que a criança viesse saudável, para curar infeções, entre muitas outras finalidades que substituíam e até surpreendiam a medicina convencional.

Gostei da premissa, da protagonista, que é, num meio tão convencional e arreigado de tradições, uma jovem independente, que abandona o marido que a maltrata para ir em busca de uma vida melhor. É uma personagem que se entrega ao que faz, com paixão, que trabalha para conquistar a sua independência, construir a sua casa, o que não era uma atitude comum e que, inclusive, chega a fazer com que pusessem em causa a sua reputação, uma vez que não sabiam como teria ela conseguido o dinheiro para construir uma casa. O contacto com as pessoas certas, o bom trabalho que executava, estariam na origem dessa conquista. Muitas das moças que tentavam, desta forma, a sua sorte, não tinham o fim de Lakshmi, pois acabavam, para sobreviver, por cair na prostituição. Este facto endurece-a e, quando se vê a braços com a educação da irmã, revela-se, muitas vezes intransigente e dura. Era a sua forma de cuidar da irmã, porque se preocupava com ela.

O glossário, que surge no fim do livro, permite-nos ir vendo e conhecendo um pouco mais das tradições indianas. Por fim, também considerei extremamente interessante, termos acesso à receita da hena e outras receitas de alimentos que vão sendo mencionados ao longo do livro.

Gostei, de um modo geral, deste livro. Tem uma escrita simples e leve, que sabe bem ler entre leituras mais duras. Recomendo a quem gosta de viajar pelas tradições do mundo. E que bela viagem!

Alcoot, Louisa May. Mulherzinhas. Lisboa: Guerra e Paz. 2022.


Tradução: Rita Carvalho e Guerra.

Nº de páginas: 392

Início da leitura: 05/03

Fim da leitura: 11/03

**SINOPSE**

As irmãs Meg, Jo, Beth e Amy conhecem algumas dificuldades depois da partida do seu pai para a guerra e dos problemas económicos que a família enfrenta. Mas o espírito lutador e de união que reinam naquele lar ajudam-nas a seguir em frente.

Quer em casa quer nas relações com os amigos e vizinhos, elas conseguem surpreender e continuar e ser fiéis aos seus sonhos, vivendo cada dia com esperança e boa-disposição.

Uma história em que o amor e a coragem se revelam mais fortes do que todas as dificuldades que estas quatro raparigas, juntamente com a sua mãe, têm de enfrentar.

**OPINIÃO**

Regressar, após muitos anos, a este clássico da literatura (publicado, pela primeira vez, em 1868), foi uma verdadeira delícia. Adoro as personagens. Encanta-me a história, a forma despojada com que está escrita.

Este livro é um regresso à infância, aos sonhos, aos suspiros, ao que eram as preocupações quando não existiam ainda grandes preocupações.

Para estas irmãs, a pobreza e o facto de terem de trabalhar era, quanto a mim, uma benesse, pois tinham vidas preenchidas, contrariamente a muitas jovens da época, que nem sequer tinham de se preocupar com o que vestir no dia seguinte, de um vazio e futilidade típicos de quem não sabia o que era verdadeiramente a vida.

Estas Mulherzinhas são quatro irmãs, cada uma com uma personalidade que a torna única. Quando estão a entrar na adolescência, que todos sabemos não ser um momento fácil, veem as suas vidas viradas do avesso com a partida do pai para a guerra. Assim, para subsistirem, veem-se obrigadas a largar os estudos e a trabalhar. Cada uma reage a esta mudança de forma diferente, mas todas, cada uma à sua maneira, se vê obrigada a amadurecer mais cedo do que era previsto.

Sensibilizou-me a união entre elas, malgrado os desentendimentos comuns a todos os irmãos. Agradou-me a forma como usufruíam dos seus tempos livres, ou até de como trabalhavam com alegria, sem deixarem de lado os seus sonhos.

Por mais esgotante que fosse o trabalho, nada tinha a ver com o que agora nos consome todos os minutos. Também, as formas de diversão eram diferentes. Eu, que ainda passei, na infância, por esse contacto com a natureza, a paz da sombra de uma macieira, a leitura ao ar livre, não pude deixar de ler este livro com um enorme saudosismo, de sorrir, de sentir o vento a entrar-me pelas frestas das recordações e a ganhar ímpeto nas palavras do livro.

De todas as irmãs, a que mais me cativa é, sem dúvida, a Jo, pela irreverência, pelo ar arrapazado e até pelos distúrbios que causa. Agrada-me a espontaneidade, a modéstia, o gosto pelos livros e pela escrita, a maneira caricata de ser e de encarar os acontecimentos e as pessoas.

Este livro é uma lufada de ar fresco que aconselho, sobretudo quando a vida se está a tornar muito cinzenta.

Claro que já não concordamos com muitas das ideias que existiam, mas este livro tem de ser lido à luz da época em que foi escrito. E penso até, que para a época, era bastante “à frente”, sobretudo a Jo!

Adichie, Chimamanda Ngozi (2013). Americanah. Alfragide: Publicações Dom Quixote.

Tradução: Ana Saldanha

Nº de páginas:720

Início da leitura: 01/03/2022

Fim da leitura: 05/03/2022

**SINOPSE**

Ainda adolescentes, Ifemelu e Obinze apaixonam-se. A Nigéria vive dias sombrios sob o jugo de uma ditadura militar e quem pode abandonar o país fá-lo rapidamente.

Ifemelu, bela e ousada, vai estudar para os Estados Unidos. Para trás, deixa o país, a família e Obinze, a quem chama Teto, um nome que testemunha uma intimidade absoluta e irrepetível.

Obinze, introvertido e meigo, planeava juntar-se-lhe, mas a América do pós-11 de setembro fecha-lhe as portas. Sem nada a perder, ele arrisca uma vida como imigrante ilegal em Londres.

Anos mais tarde, na recém-formada democracia nigeriana, Obinze é um homem rico e poderoso. Nos Estados Unidos, Ifemelu também vingou: é autora de um blogue de culto. Mas há algo que nem a América nem o tempo conseguem apagar. E quando decide regressar à Nigéria, Ifemelu terá de reinventar uma linguagem comum com Obinze e encontrar o seu lugar num país muito diferente do que guardou na memória.

Nome maior da literatura contemporânea, Chimamanda Ngozi Adichie disseca conceitos fundamentais tais como identidade, nacionalidade, raça, diferença, solidão e amor. Americanah parte de uma história de amor para construir um romance de ideias tão universal quanto implacável. Uma incontestada obra-prima.

**OPINIÃO**

Gostei muito deste livro, vencedor do National Book Critics Circle Award. Magistralmente conduzidos por Adichie, entramos de rompante num romance que, desde logo, nos cativa. A protagonista Ifemelu vive um primeiro amor com Obinze, ambos nigerianos. Mas este idílico amor vê-se interrompido, a partir do momento em que Ifemelu emigra para os Estados Unidos à procura de alternativas às Universidades locais e Obinze parte para o Reino Unido, enfrentando uma série de problemas para se legalizar naquele país. A partir daqui, percebemos que Americanah é muito mais do que um livro sobre uma relação amorosa.

Ao mesmo tempo em que Ifemelu vai revelando sucesso nos estudos, novas adversidades surgem, uma vez que vê ali postos em causa os seus sonhos e agravadas as dificuldades de ser mulher e de ser negra. Dominada pela frustração, decide, então, escrever um blog, cujas temáticas são preponderantemente a imigração ilegal, questões raciais, desigualdades de género, imperialismo, penteados, entre outros aspetos que Ifemelu observa no seu dia-a-dia.

No meu entender, o que faz de Ifemelu uma personagem cativante é o facto de, indo para os EUA, não se ter deixado americanizar. Também apreciei compreender os diferentes conceitos de racismo, visto pelos americanos e pelos nigerianos. Racismo, que é uma palavra quase proibida na América, e que, no entanto, não deixa de estar sempre presente, por mais que o tempo passe e que, para os nigerianos é uma palavra que existe e continuará a existir, sem que, na Nigéria, sintam o peso dessa palavra.

Quando, 13 anos depois, já com uma vida razoavelmente feita, regressa à Nigéria – Lagos, à procura se si mesma, da sua real identidade. Conseguirá Ifemelu reencontrar-se? Recuperará uma história de amor interrompida há 13 anos?

Nem tudo é cor-de-rosa, pois estas são personagens bastante verosímeis, com virtudes, sim, mas também tecidas de defeitos, que toda a gente os tem, não é verdade? E é mesmo esse facto que dá ainda mais credibilidade à história. Recomendo vivamente.

Deixo uma passagem:

“Compreender a América para o Negro Não Americano:

Tribalismo Americano

Na América, o tribalismo está vivo e de saúde. Há quatro tipos – de classe, de ideologia, de região e de raça. Em primeiro lugar, o de classe. É bastante fácil. Gente rica e gente pobre.

Em segundo lugar, o de ideologia. Liberais e conservadores. Não discordam meramente em questões políticas, cada um dos lados acredita que o outro é malévolo. O casamento entre tribos é desencorajado e nas raras ocasiões em que acontece é considerado digno de nota. Em terceiro lugar, a região. O Norte e o Sul. Os dois lados combateram numa guerra civil e persistem nódoas difíceis dessa guerra. O Norte despreza o Sul, enquanto o Sul sente ressentimento pelo Norte. Finalmente, a raça. Há uma escala de hierarquia racial na América. A raça branca está sempre no topo, especificamente os Brancos Anglo-Saxões Protestantes, também conhecidos pela sigla WASP, os Negros Americanos estão sempre no fundo da escala e o que fica entre os dois extremos depende do tempo e do lugar. (Ou, como dizem aqueles versos maravilhosos: If you’re white, you’re all right; if you’re brown, stick around; if you’re black, get back!) Os Americanos partem do princípio de que toda a gente compreende o seu tribalismo. Mas demora algum tempo a apreender tudo. Por isso, na faculdade tivemos a visita de um palestrante, e uma colega da turma segredou a outra: «Oh, meu Deus, ele parece tão judeu!» com um estremecimento, um estremecimento de facto. Como se ser judeu fosse uma coisa má. Não percebi. Tanto quanto eu via, o homem era branco, não muito diferente da própria colega da turma. Judeu, para mim, era algo vago, algo bíblico. Mas aprendi rapidamente. Sabem, na escala de raças da América, judeu é branco, mas também alguns degraus abaixo de branco. Um pouco confuso, porque eu conhecia uma rapariga com cabelo da cor da palha e sardas que dizia que era judia. Como é que os Americanos conseguem distinguir quem é judeu? Como é que a minha colega de turma soube que aquele tipo era judeu? Li algures que as universidades americanas costumavam perguntar aos candidatos o apelido da mãe, para se certificarem de que eles não eram judeus, porque não admitiam estudantes judeus. Então, talvez seja assim que se sabe? Com base no nome das pessoas? Quanto mais tempo se está cá, tanto mais se começa a compreender.

Se és branco, está tudo bem; se és castanho, fica por cá; se és negro, volta para a tua terra!”

 

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Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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