Histórias Soltas Presas Dentro de Mim

Piedade, Susana (2016). As Histórias Que Não Se Contam. Alfragide: Oficina do Livro.
Páginas: 344
Leitura iniciada em 26-05-2020
Leitura terminada em 29-05-2020


    As Histórias Que Não Se Contam é um romance de Susana Piedade, finalista do Prémio LeYa.
    Com constantes diálogos e monólogos, as personagens irrompem pela história, dominando-a com a sua força e personalidade. Imparável, até mesmo quando refletem sobre as suas próprias vidas. O ideal é lê-lo de seguida, ou corremos o risco de nos perder e de termos de voltar atrás para nos voltarmos a situar.

    Três mulheres. Cada uma com o seu problema/dilema de vida.
    Ana perdeu o companheiro para uma doença que o levou demasiado cedo e de forma inesperada. Está afundada no seu luto e na sua tristeza.
    Isabel perdeu o filho, atropelado à saída do infantário, num dia de chuva. Mergulha numa depressão profunda e culpabiliza-se por ter chegado atrasada ao infantário.
    Marta é vítima de violência doméstica. Passa anos a ser a “Jerry” numa relação com “Tom”, que lhe absorve a vida. Sempre a ter de medir gestos, palavras, horários. Sem poder ter vida própria, amigas. Controlada ao máximo. E, ainda assim, espancada diariamente. Sempre a dar mais uma hipótese a quem julga ainda amar, mesmo quando descobre a arma que ele guarda numa caixa. Ou um ou outro, não é o que sempre acontece nestas situações?
    Há um momento em que as vidas destas três vítimas se cruzam e os problemas unem-nas e tornam-nas mais fortes. E mais não digo, porque são histórias que não se contam, mas que surpreendem!
                                                                                            Célia Gil


Schmitt, Eric-Emmanuel (2013). Óscar e a Senhora Cor-de-Rosa. Barcarena: Marcador.
Páginas: 104
Leitura iniciada em 25-05-2020
Leitura terminada em 25-05-2020

Óscar e a Senhora Cor-de-Rosa é um livro escrito por Eric-Emmanuel Schmitt, traduzido por Ivone de Moura e Lídia Franco. É um livro enternecedor, que nos comove e, ao mesmo tempo, transmite uma mensagem dura de uma forma tão suave que a dor é amenizada e, muitas vezes, damos por nós a sorrir.
Óscar é um menino de dez anos, que sofre de uma doença terminal oncológica e a cuja vida, uma senhora de idade, de bata-cor-de-rosa, que faz voluntariado na ala pediátrica, enriquece, dando-lhe mais sentido e amenizando-a. São muito interessantes as conversas entre eles.
Óscar reage mal com os pais, porque não lhe falam do problema dele, optando por lhe levar presentes e entreterem-se com eles, em vez de conversarem sobre as suas dores e dúvidas. Revolta-se mesmo com eles, não entende que a dor deles não lhes permite falar sobre o assunto. A Senhora Cor-de-Rosa, a quem chama de vovó, é a única que o ouve, que lhe faz propostas boas que lhe permitem viver o melhor possível o tempo que ainda tem de vida. Explica-lhe muitas coisas. Conta-lhe histórias dos tempos em que seria lutadora de Wrestling. Aconselha-o a escrever a Deus, o que ele inicialmente recusa, acabando por aceitar. São estas cartas a Deus, nas quais pode fazer um pedido por dia, que nada tem de material, mas de interior, que temos a oportunidade de ler, de saber tudo o que lhe vai na alma.
E quando Óscar pensa que gostaria de fazer algo, mas que não deve, não pode, a Senhora Cor-de-Rosa lá está para desmistificar tudo e desmistificar até a sua própria idade. A idade que temos pode ser a correspondente à que vivemos e não à que realmente temos e que a vida deve ser encarada como um presente. Uma lição de vida que convido todos a lerem e a aprenderem com ela. Como eu gostaria de ter uma Senhora Cor-de-Rosa na minha vida!
                                                                                                              Célia Gil

Pérez-Reverte, Arturo (2018). Eva. Alfragide: Edições ASA.
368 páginas
Início da leitura: 22/05/2020
Fim da leitura: 25/05/2020


Eva é um livro escrito por Arturo Pérez-Reverte, traduzido por Cristina Rodriguez e Artur Guerra. É um policial, repleto de ação.
Tudo se inicia em Lisboa, com a frase de Falcó, e passo a citar “Não quero que me mate esta noite, pensou Lorenzo Falcó. Desta maneira não.” O leitor fica irremediavelmente preso e tem todo o interesse em saber quem persegue Falcó e porque o pretende matar. Tudo acontece num ritmo rápido, estilo cinematográfico. Atrás de si, passos soavam cada vez mais próximos e, ainda antes de conhecermos a personagem, já sofremos com ela. O coração pulsa mais rápido, à medida que se aproximam. Todo o itinerário decorre em Lisboa, desde o café Martinho da Arcada, o teatro Éden, ao restaurante do Hotel Avenida Palace, entre tantos outros espaços que vamos reconhecendo.
Não é, no entanto, um romance histórico, Pérez descreve-o como “um romance policial negro de espiões situado nos anos 1930-40 e com uma abordagem nova.”
Falcó é o ex traficante de armas, agente secreto ao serviço do franquismo, sedutor, bonito, elegante, bem-educado, cínico, machista, violento e cruel, com um grande sentido de humor e despudor. É o estilo lobo manhoso e inteligente, o que lhe permite sobreviver num meio hostil. Um vilão honrado, que nos vai surpreendendo à medida que a intriga avança, que ama a aventura pela aventura, as mulheres pelas mulheres, o risco pelo risco.
Eva é uma mulher fatal, espia soviética, comunista, obediente a Estaline.
Estamos em 1937 e Falcó tem de se apoderar de 30 toneladas de barras de ouro do banco de Espanha, guardadas num navio com destino à Rússia.
Falcó e Eva parecem viver uma relação escaldante, um franquista e uma espiã soviética, que não se encaixa no seu perfil de relacionamento com mulheres, mas a única a quem é leal e ama. São eles os sobreviventes que regressam a Salamanca.
E mais não digo. Terão de descobrir todos este tramas e vigarices com a leitura de Eva de Arturo Pérez-Reverte.
                                                                                                                     Célia Gil
Chamberlain, Diane (2015). O Segredo da Minha Irmã. Braga: TopSeller.
384 páginas
Início da leitura: 18/05/2020
Fim da leitura: 21/05/2020


O Segredo da Minha Irmã é um livro com uma capa belíssima, escrito por Diane Chamberlain, traduzido por Maria do Carmo Figueira. É um livro que nos prende desde a primeira página, em que a ação decorre, com efeito, a um ritmo surpreendente, sem momentos mortos e, por isso mesmo, foi possível, em 4 dias, ao deitar, ler as suas 384 páginas.  
Riley, após a morte do pai, regressa a casa dos pais, para organizar, dividir e vender os bens. Depois da leitura do testamento, apercebe-se que o pai tem outros herdeiros. Começa então a descobrir que nada sabia sobre a sua família. Desconhecia que o pai vivia com a suposta melhor amiga da mãe, desconhecia as circunstâncias do suicídio da irmã, quando ela tinha ainda dois anos, ou até mesmo se se tinha suicidado, desconhecia que era adotada. Tantas vão sendo as revelações ao longo da história, que vai ser impossível não pensar sempre “vou ler só mais um capítulo!”.
Até personagens como a amiga da mãe, Jeannie, nos vai surpreendendo e prendendo ao longo da história. No início, é difícil simpatizar com ela, porque Riley também não gosta dela e ela surge de rompante na sua vida, intrometendo-se e invadindo a casa, como se fosse dela (ainda). Acontece que Riley desconhece o que está por trás das atitudes de Jeannie, o que esconde, porque tem determinadas atitudes que ela não compreende e não gosta. Outras personagens, com quem Riley simpatiza inicialmente, tal como Verniece Kyle, esposa de Tom, acabam por surpreender pela negativa, o que nos mostra que “quem vê caras não vê corações”. 
A partir da segunda parte do livro, capítulo 17, vão sendo narradas quase alternadamente as histórias de Riley e do irmão Danny e a de Lisa, agora Jade, o que torna ainda mais estimulante a leitura, pois, quando queremos saber como acaba um determinado episódio, surge a outra personagem, também ela com uma história que nos prende e, só no fim de cada história, é retomada a outra. É, portanto, impossível não ficar preso ao livro.
Aconselho vivamente a descobrir O Segredo da Minha Irmã de Diane Chamberlain com a leitura deste livro magnífico.

Tamaro, Susana (2019). O Teu Olhar Ilumina o Mundo. Barcarena: Editorial Presença
Nº de páginas: 136
Início da leitura: 10 de maio de 2020.
Fim da leitura: 17 de maio de 2020.

O Teu Olhar ilumina o Mundo é o mais recente livro de Susana Tamaro, traduzido por Maria Mercês Peixoto. É um livro que surge da promessa que fez com o poeta Pierluigi Cappello, antes da morte deste, de escreverem um livro em conjunto.
Neste livro, Susana Tamaro relembra os momentos passados com Pierluigi, a amizade que existiu sempre e que serviu de amparo nos momentos menos bons. Ambos incapacitados, Pierluigi fisicamente, desde um acidente que o deixara confinado a uma cadeira de rodas e Susana, cujo distúrbio neurológico, a síndrome de Bordeline, lhe criou uma invalidez mental e social, com a qual teve de se habituar a viver, a sua “cadeira de rodas invisível”, como ela lhe chama. É um livro que fala do direito à diferença, dos mistérios do amor, da vida e da morte e da escrita, elo de ligação entre os dois escritores.
É impossível, ao ler este livro, fazê-lo a um ritmo apressado. Sente-se a necessidade de saborear as palavras e a mensagem transmitida, pois cada frase nos faz pensar e partilhar com a autora desta dor que pautou principalmente a sua infância e adolescência. É assim que temos conhecimento das suas vivências terríveis com a mãe, que a ignorava e com o padrasto cruel e passo a citar um exemplo “Vivia na violência, no ódio, ninguém se importava comigo”. Estas partilhas em jeito de confissão, vão sendo intercaladas com poemas de Pierluigi, numa linguagem delicada, sincera e despojada. Se já antes admirava a escritora e a sua capacidade de exprimir sentimentos, emoções, de nos remeter para os espaços referidos através de descrições belíssimas, fiquei, sem dúvida, a admirá-la ainda mais. E esta caixinha de surpresas é equiparável à casinha de madeira mágica onde escreve, no bosque.
Não posso deixar de mencionar um excerto com que me identifico particularmente, em que a autora explica como foi recebido um dos seus livros de referência, que eu adorei, e passo a citar: “Quando saiu Vai Aonde Leva o Coração, a coisa que mais me impressionou foram as reações pálidas que suscitava nas elites culturais a palavra «coração». O livro era considerado lixo cultural, coisa para pessoas ignorantes fáceis de enganar, trivialidades… Agora já não me surpreendo. A remoção da alma e a remoção do coração são a mesma coisa. A nossa identidade deve estar toda concentrada na cabeça e nos genitais; no meio não deve haver nada.” (pág. 57).
                                                                                             Célia Gil




Leunens, Christine (2020). O Céu Numa Gaiola.  Barcarena: Editorial Presença.
Nº de páginas: 272
Leitura iniciada no dia 10/05
Leitura Terminada no dia 14/05

O Céu numa Gaiola é um livro de Christine Leunens, traduzido por Manuela Madureira. É um livro que se lê muito bem, mas que nos faz sentir uma crescente raiva pelo desprezível protagonista, um jovem austríaco fanático da Juventude Hitleriana.
O livro começa por abordar a temática da lavagem cerebral que a escola fazia às crianças e jovens, antes da II Guerra. Cedo estes jovens proclamavam a ideologia nazi de forma absolutamente fanática, ignorando os valores humanos que deviam ser os pilares da sua formação enquanto cidadãos.
O narrador é um destes jovens, Johannes, que, ferido num ataque aéreo, se vê obrigado a confinar-se em casa dos pais, em Viena. Aqui, acaba por descobrir que os pais escondem ilegalmente, no sótão, atrás de uma falsa parede, uma mulher judia. Na forma como fora educado para os ideais nazis, Johannes sente imediatamente uma repulsa por esta mulher. Acaba por se lembrar que ela era Elsa, a professora de violino da irmã, que frequentava a casa. Sentiu-se traído pelos pais, pelo facto de esconderem uma judia. Mas, com o passar do tempo, vai começando a sentir-se obcecado por ela.
Os pais desaparecem sem ele saber para onde e ele fica com a avó e encarrega-se de cuidar de Elsa.
Esperava eu, aqui, que Johannes mudasse, porque o amor é capaz das mais incríveis mudanças no ser humano. Mas não foi o que aconteceu. Este protagonista narrador é um rapaz frio e cruel, egoísta e maquiavélico.
Quando a guerra termina cá fora, continua uma guerra lá dentro, pois Johannes apossa-se de Elsa, tornando-se dominador, absurdamente ciumento, como se ela fosse um objeto que lhe pertencesse e que ele estimava de forma obsessiva, impedindo-a inclusive de exercer o direito à sua liberdade. Vários foram os momentos em que ele poderia ter-se redimido. Mas, sempre que ela lhe pedia para fugir, ele impedia-a, mantendo-a enclausurada.
                                                                                                                    Célia Gil

Kidd, Sue Monk (2005). A Vida Secreta das Abelhas. Porto: Asa Editores, S.A.
288 páginas
Leitura iniciada em: 05/05/2020
Leitura terminada em: 09/05/2020



A Vida Secreta das Abelhas é um romance escrito pela americana Sue Monk Kidd e traduzido por Teresa Curvelo.
É um livro que nos faz pensar, nos comove, que se pode considerar um louvor à vida, à amizade, à família (ainda que esta possa não ser a de sangue) e a Deus (este visto numa faceta feminina). Muito bem escrito, com força e vitalidade que nos prendem à narrativa desde o início.
Neste livro, a protagonista é Lily, que, com 14 anos, vive com o pai, a quem chama T. Ray, uma pessoa violenta e autoritária que, à mínima desobediência dela, a castiga, fazendo-a estar ajoelhada, pelo menos durante duas horas, sobre milho, até não poder suportar a dor e ficar com marcas terríveis. Lily tem consciência de que ele a odeia e sente sempre o peso da culpa a impedi-la de ser feliz. Um episódio tê-la-á marcado para sempre: tinha 2 anos quando viu a mãe sair do roupeiro, onde estava a tirar roupa para colocar numa mala, com uma arma na mão a ameaçar o pai. Este fez com que ela largasse a arma e foi Lily que lhe pegou e, sem querer, disparou e matou a mãe. Esse incidente deveria estar na origem daquele ódio que o pai nutria por ela. Lily tem apenas uma amiga, a Rosaleen, uma criada negra, de semblante duro, mas coração de manteiga. Tudo se passa na década de 60. E quando Rosaleen vai tentar exercer o seu recém-ganho direito de voto, é presa e espancada. Lily, que vive atemorizada pelo pai, resolve fugir para Tiburon, C.S., local que a mãe registara no verso de uma fotografia da Virgem Negra. Acaba por ir dar a uma casa cor-de-rosa, onde vivem três irmãs negras que a acolhem e que lhe ensinam a cuidar de abelhas. São devotas da Mãe Negra e organizam festas em sua honra. É no seio desta família que Lily vai tentar recuperar o seu equilíbrio interior, encontrar o amor que não teve até àquela data, até se sentir realmente em família e amada.
Mas Lily sabe que é inevitável, mais cedo ou mais tarde, contar tudo a August, a dona da casa. Tem a esperança de August ter conhecido a sua mãe e precisava de saber se a mãe a tinha amado ou se devia acreditar no que não queria e que o pai lhe dissera: a sua mãe tinha-os abandonado. Estas e muitas outras questões, os rituais religiosos em torno da Mãe Negra, a história da chegada ali desta Mãe Negra, a morte de duas das irmãs de August, a relação entre a vida das abelhas e a de Lily, são acontecimentos que poderá acompanhar e compreender ao ler este livro maravilhoso.
                                                                                           Célia Gil


Marques, João Pedro (2019). A Aluna Americana. Porto: Porto Editora


288 páginas
Leitura iniciada em 01-05-2020
Leitura terminada em 04-05-2020

A Aluna Americana é um livro de João Pedro Marques, autor de Uma Fazenda em África, a sua obra mais conhecida. Bem escrito, com um ritmo rápido e ações constantes que nem deixam respirar.
A história decorre em 1968, quando Isabel Botelho, uma estudante de românicas recém-chegada dos Estados Unidos da América, começa a assistir às aulas de um professor universitário de História, de meia idade, José Duarte de Sousa. Este fica encantado com esta aluna americana, que o questiona e o desperta da monotonia do seu dia-a-dia de docência, e que o terá levado a investir mais nas suas aulas, num maior cuidado na sua preparação, aulas que eram claramente dadas para ela. É assim que nasce uma relação fogosa entre ambos, despertando este professor para a existência, passando a preocupar-se com aspetos, mesmo em termos de aparência, a que antes não dava valor. Mas este não é um romance linear. Enquanto o professor se apaixona irremediavelmente por Isabel, esta, pássaro livre sem pousio, não se conforma com uma relação de posse, que tenderia, mais tarde ou mais cedo, por cair na rotina e tornar-se monótona. Ela quer viver. Mas, como lhe é dito mais tarde por Nara, uma intuitiva mulher de uma aldeia africana por onde viaja, “A sede de viver tem sempre homens no fundo do copo”. Isabel sempre teve essa sede de viver, conhecer o mundo, conhecer-se a si mesma e sempre esteve rodeada de muitos homens. Esta sua sede de viver chegava a ser, como mais tarde lhe dirá José Sousa, egocêntrica e egoísta.  Mas Isabel tinha algo que a tornava única, compadecia-se com os mais desfavorecidos, ajudava-os se pudesse, revoltava-se contra os opressores e marcava sempre a sua posição.
Este livro, porém, não se fica por aqui. Quando nos é contado o passado de Isabel, entramos no contexto histórico dos anos sessenta nos Estados Unidos, onde se viveu intensamente a liberalização dos costumes, o sexo, droga e rock n’roll, dos festivais de música, da libertação da mulher e da contestação dos valores tradicionais. Em Portugal, depositam-se esperanças no governo de Marcelo Caetano, mas as vivências de Isabel, a figura libertina que representava intensificam a admiração de José Sousa por ela.
Mas estaria José Sousa disposto a aceitá-la sempre nos seus regressos, depois de longos momentos de ausência, sempre acompanhada por outros homens? Até que ponto a ética e a moral dele, o desejo de estabilizar, casar com ela, aceitariam a sua maneira de ser e de viver?

Kelly, Martha Hall (2017). Mulheres Sem Nome.  Lisboa: Minotauro.
Nº de páginas: 483
Leitura iniciada no dia 25/04
Leitura Terminada no dia 01/05

Mulheres Sem Nome é um romance escrito por Martha Hall Kelly, traduzido por Marta Neves da Cruz, a que ninguém fica indiferente. Bem escrito, poderoso e com uma história feita de várias histórias que se cruzam na perfeição. Uma história verídica, tendo em conta que duas das personagens existiram na vida real e foram representadas pela escritora, neste livro, de forma justa e realista.
Não é fácil falar de um livro quando este nos arrebata e nos deixa completamente rendidos à história e às personagens. Quando irrompemos pelas vidas delas e elas pela nossa, para nos deixar mais ricos, mais conscientes, mais despertos e com a noção de que a força de alguns só existe quando exercida sobre os mais suscetíveis. Por isso mesmo, não é força, é tirania.
Esta é a história de mulheres diferentes, no que concerne à nacionalidade, idade, personalidade e vivência, cujos caminhos acabam por se entrelaçar a dada altura da sua vida.
Caroline Ferriday é uma ex atriz socialite de Nova Iorque, que trabalha como voluntária no Consulado de França e que se dedica ainda a causas nobres, como a ajuda voluntária de crianças órfãs e, mais tarde, à causa das “Coelhas”, vítimas do Holocausto.
Kasia Kuzmerick é uma jovem, que mora na Polónia, que é levada, com a mãe e irmã para um campo de concentração. Ela e a irmã Zuzanna acabam por ser operadas no campo de concentração, com outras 62 mulheres. Nessas operações, eram-lhes introduzidas bactérias, lenha, vidro, sílica moída e outros materiais. Eram cosidas e engessadas até desenvolverem gangrena. Em seguida, eram introduzidas sulfamidas. Estas operações afetavam irremediavelmente os ossos, os músculos, o sistema gástrico e, posteriormente, o cérebro. A mãe de Kásia e Zuzanna era uma das prisioneiras enfermeiras. No meio de todos estes acontecimentos e apesar dos traumas consequentes, Kásia foi sempre o pilar da família, a força que permitiu que ela e a irmã se mantivessem sempre juntas.
Herta Oberheuser era uma ambiciosa médica alemã, que aceitou o cargo de médica do Regime Nazi e, apesar de, inicialmente, parecer reprovar tudo o que se fazia no campo de concentração, acabou por se integrar, fazendo apenas o que lhe pudesse dar alguma projeção. Foi ela que operou as “Coelhas”. No fim de tudo, foi julgada, fugindo ao enforcamento, com uma pena de 20 anos, de que só cumpriu 5 anos, retomando a medicina na Alemanha como médica de família.
Mas estas mulheres acabam por se cruzar, o que marca uma reviravolta nas suas vidas. De que forma se conheceram, em que circunstâncias? Que influência teve esse facto nas suas vidas?
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Sobre mim

Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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