Histórias Soltas Presas Dentro de Mim

Rio, Pilar Del (2022). A Intuição da Ilha. Os Dias de José Saramago em Lanzarote. Porto: Porto Editora.

Tradução: Sérgio Machado Letria
Nº de páginas: 376
Início da leitura: 27/05/2023
Fim da leitura: 31/05/2023

**SINOPSE**

«Pilar del Río dá forma cintilante à épica quotidiana de Saramago em Lanzarote, enquanto compõe um hino à cultura da hospitalidade praticada em sua casa, onde o partilhar se cinzelou com os carateres de uma lei.»

Fernando Gómez Aguilera

 

Em A Intuição da Ilha. Os dias de José Saramago em Lanzarote, Pilar del Río constrói um mosaico de emoções, momentos passados e livros escritos sob a luz da ilha escolhida pelo escritor para viver. Uma forma de partilhar com os leitores acontecimentos singulares vividos n’A Casa e de contar como era a vida de José Saramago enquanto escrevia as suas obras: os passeios por Lanzarote; as ideias que davam origem aos romances; a convivência com os seus cães; os encontros na ilha com amigos como Carlos Fuentes, Ernesto Sábato, Susan Sontag ou Bertolucci; as experiências que trazia das viagens realizadas e as amizades entretanto nascidas. Um livro que procura dar a conhecer o ambiente d’A Casa e partilhá-la com os leitores.

Gostei tanto de ler este livro! Primeiro, é de uma doçura que deixa transparecer o amor de Pilar por Saramago. Depois, sem ser um livro maçador, de estudo, permite-nos conhecer melhor o nosso Nobel, o que esteve por detrás da escrita dos seus livros, como era A Casa e a biblioteca d'A Casa em Lanzarote, as pessoas que recebiam (escritores, políticos...),  passagens dos seus livros de referência, viagens realizadas, amizades, conversas, solidariedade, situações do dia a dia de Saramago na ilha, as suas rotinas nos últimos 17 anos de vida...
O livro apresenta ilustrações que Juan José Cuadrado fez para esta edição e inclui também fotografias. Já no final, transcreve-se a "Carta Universal de Deveres e Obrigações dos Seres Humanos", elaborada por diversos especialistas, após o discurso proferido por Saramago aquando da receção do Prémio Nobel da Literatura, em 1998, em Estocolmo.
Um livro em jeito de conversa e cuja leitura se tornou muito agradável. Recomendo.

 Maia, Jeannine Johnson (2023). O Rapaz do Douro. Barcarena: Editorial Presença.

Tradução: Mário Dias Correia
Nº de páginas: 296
Início da leitura: 26/05/2023
Fim da leitura: 27/05/2023

**SINOPSE**
"Portugal, outono de 1877.
Enquanto o Porto se prepara para inaugurar uma magnífica ponte de ferro de Gustave Eiffel sobre o rio Douro, Henrique, de 17 anos, foge das duras condições de vida rio acima, pelas vinhas de uma propriedade onde se produz vinho do Porto. Para trás fica uma traição que ele quer esquecer. À sua frente, a oportunidade única de trabalhar numa ourivesaria."
Gostei muito deste livro, que me despertou a atenção pela história narrada, as personagens que tão bem representam as classes socioculturais da cidade do Porto de 1877. Reconheci alguns dos espaços mencionados e gostei de conhecer um pouco mais da História desta minha cidade de coração. 
É uma história bem escrita, que nos prende pelas sequências narrativas e descrições.
Henrique, o protagonista, vai de Mesão Frio para o Porto trabalhar. Foge de uma terra onde a vida não abre oportunidades para fugir à pobreza (e quantas pessoas, no Norte, não foram para o Porto à procura de uma vida melhor ou, simplesmente, servir em alguma casa para fugir à pobreza?), para fugir também a uma má reputação ganha, devido à traição de um "suposto" amigo e para seguir os seus sonhos. A viagem de Mesão para o Porto deixou-me imediatamente presa à narrativa. Não imaginava eu os perigos que representavam estas viagens que transportavam os barris de vinho pela encosta do Douro. 
Mas o que esperava Henrique no Porto? Estaria a salvo de traições? A resposta a estas e outras perguntas, encontrá-las-á através da leitura deste livro tão prazeroso, que aconselho vivamente!

Picoult, Jodi (2015). A Contadora de Histórias. Lisboa: Bertrand Editora.

Tradução: Maria da Graça Pinhão e José Vala Roberto
Nº de páginas: 520
Início da leitura: 22/05
Fim da leitura: 26/05

**SINOPSE**
"Sage Singer é padeira de profissão. Trabalha de noite, a preparar o pão e os bolos para o dia seguinte, tentando fugir a uma realidade de solidão, a más memórias e à sombra da morte da mãe. Quando Josef Weber, um velhote que faz parte do grupo de apoio de Sage, começa a passar pela padaria, os dois forjam uma amizade improvável. Apesar das diferenças, veem um no outro as cicatrizes que mais ninguém consegue ver.
Tudo muda no dia em que Josef confessa um segredo vergonhoso há muito escondido e pede a Sage um favor extraordinário. Se ela disser que sim, irá enfrentar não só as repercussões morais do seu ato, como também potenciais repercussões legais. Agora que a integridade do amigo mais chegado que alguma vez teve está envolta numa névoa, Sage começa a questionar os seus pressupostos e as expectativas em torno da sua vida e da sua família. Um romance profundamente honesto, em que Jodi Picoult explora graciosamente até onde podemos ir para impedir que o passado dite o nosso futuro."
Devo confessar que a parte inicial deste livro quase me levou a desistir da sua leitura. Muitos pormenores irrelevantes, um ritmo narrativo lento e que não me estava a prender à história. 
Só quando se começou a falar da história da avó da protagonista (que, quanto a mim, é a personagem mais interessante) é que me entusiasmei com a leitura. Uma história com História que, apesar de ficcional, está bem construída (com base em muitos documentos consultados pela autora). Aqui, como em qualquer livro, real ou ficcional, que fale sobre a Segunda Guerra, é uma narrativa dura e cruel (que, aliás, é a intenção destes livros, abrir os olhos, alertar). Gostei de Minka, a avó, da sua história de vida e sobrevivência. O fim também surpreendeu pela positiva. Posto isto, gostei do livro a partir da 2ª parte e recomendo a sua leitura.

 Stendhal. O Vermelho e o Negro. Lisboa: RBA Editores, 1994.

Tradução: Maria Manuel e Branquinho da Fonseca
Nº de páginas: 464
Início da leitura: 19/05/2023
Fim da leitura: 21/05/2023

**SINOPSE**
Um romance histórico psicológico em dois volumes do escritor francês Stendhal, publicado em 1830. É frequentemente citado como o primeiro romance realista. Definido no período entre o final de setembro de 1826 até o final de julho de 1831, trata das tentativas de um jovem de subir na vida, apesar do seu nascimento plebeu, através de uma combinação de talento, trabalho duro, engano e hipocrisia, apenas para se encontrar traído pelas suas próprias paixões.
Há muito que andava para ler este grande livro, mas senti sempre que não era o momento ideal. Mas por quê esperar? Foi desta!
Este é um romance histórico e psicológico, em que assistimos ao amadurecimento de Julien Sorel, um jovem plebeu, que, pouco compreendido pelo pai, acaba por se aproximar do cura Chélan, que lhe ensina o latim, o que lhe permitiria arranjar emprego como preceptor de crianças de uma família muito rica e conceituada. 
Mas Julien é um jovem excessivamente ambicioso, o que o leva a aproximar-se  de Madame  Rênal, mãe das crianças que ensinava. Porém, a ambição não deixa que Julien permaneça muito tempo com esta família e parte para Paris, onde começará a trabalhar para os De La Mole. Envolve-se em intrigas amorosas, políticas e sociais. E mais não conto.
Gostei muito da escrita de Stendhal. Ainda que, em alguns momentos, tenha sentido que há muitos momentos descritivos e um pouco repetitivos, entendo o propósito e considero que o protagonista foi uma personagem muito bem conseguida e construída, ainda que detestável. Julien torna-se um mestre na arte da manipulação para subir na escala social e económica da época (séc. XIX). E é curioso conhecermos tão bem os pensamentos de Julien, os seus receios, as suas decisões, as suas angústias e "arrependimentos". 
Também é curioso o facto de este livro ter sido inspirado em factos reais - o caso de Antoine Berthet.
Aconselho a leitura a quem ainda não o fez ou até uma releitura.

 Graham, Lily (2023). A Fuga da Rapariga Alemã. Lisboa: Topseller.

Tradução: José João Leiria

Nº de páginas: 256

Início da leitura: 18/05/2023

Fim da leitura: 19/05/2023


**SINOPSE**

"Da autora de O Bebé de Auschwitz e O Segredo da Livraria de Paris chega-nos a história comovente e inesquecível da coragem de dois irmãos no mais perigoso dos tempos.

Hamburgo, 1938. O ambiente na cidade é tenso: sinagogas destruídas, ruas estranhamente silenciosas. Saídos da escola, Asta, de 15 anos, e o irmão gémeo, Jurgen, regressam a casa, mas são subitamente parados por uma amiga da família, que lhes conta o impensável: os pais foram levados de casa por soldados nazis apenas por serem judeus e, se eles regressarem agora, também serão capturados.

Ainda que devastada com a perda dos pais, Asta sabe imediatamente que têm de fugir até à Dinamarca, onde vive a sua única familiar, Trine, uma tia que mal conhecem. Mesmo que para isso tenham de arriscar viajar por uma Alemanha que está agora contra eles.

Escondidos num camião sobrelotado com outros refugiados, Asta e Jurgen nada mais podem fazer do que rezar por um milagre que os ajude a atravessar a fronteira, um crime punível com a morte. Contudo, já na floresta que separa os dois países, são apanhados por soldados nazis. Asta consegue fugir, mas Jurgen é capturado.

A Asta resta agora a esperança de, um dia, voltar a encontrar o irmão, a outra metade de si mesma. E tudo fará para que isso aconteça. Seja qual for o preço a pagar."
Um livro que adorei, pela forma como é narrado, intercalando tempos narrativos, pela ternura com que nos são narrados os acontecimentos, mesmo os mais cruéis. Como refere a própria autora na nota final, "A história de Trine e Asta foi inspirada nas ações extraordinárias do Clube de Costura de Elsinore, o nome de código de um grupo de pessoas que salvaram a vida" de muitos judeus dinamarqueses, auxiliando-os na sua fuga para a Suécia. 
Apesar de ser uma história ficcional, tem como pano de fundo histórico a Segunda Guerra Mundial, sendo protagonizada por uma família de judeus, pai, mãe e dois filhos gémeos. Os pais, sempre otimistas, nunca pensaram que poderiam ser capturados e são-no, quando o pai se recusa a entregar os seus passaportes para serem carimbados e se evitar a sua fuga. O pior é que as crianças estariam a chegar, era preciso que elas fugissem para não serem, também elas, deportadas para campos de concentração. Conseguirão os gémeos fugir? Será assim tão fácil? Para conhecerem esta história tão bem contada, têm mesmo de ler este livro, que aconselho!

 Michaelides, Alex (2022). As Musas. Lisboa: Editorial Presença.

Tradução: P. Vieira
Nº de páginas: 360
Início da leitura: 17/05/2023
Fim da leitura: 18/05/2023

**SINOPSE**
"Se Edward Fosca é um assassino? Disso, Mariana tem a certeza. Mas Fosca é intocável. O belo e carismático professor de Tragédia Grega na Universidade de Cambridge é adorado por funcionários e alunos? Principalmente pelas alunas que fazem parte das Musas, uma sociedade secreta. Mariana é uma terapeuta de grupo extraordinária, mas as suas tragédias pessoais perseguem-na. Quando Tara, membro das Musas, é encontrada esfaqueada e sem vida, Mariana fica obcecada com o caso. Como antiga aluna de Cambridge, suspeita imediatamente de que, por detrás da beleza do edifício medieval que abriga a instituição secular e as suas antigas tradições, se esconde algo sinistro.

Apesar de Edward Fosca ter um álibi, para Mariana ele é o responsável por aquela morte. Mas o que faria o professor atacar assim uma das alunas? E por que razão não para de falar dos ritos de Perséfone e da sua viagem ao Submundo?

Quando outro corpo é encontrado, Mariana fica descontrolada. Tem de conseguir provar a culpa de Fosca. Esta obsessão ameaça minar todas as relações que tem, mas ela está determinada e quer deter este assassino, ainda que isso lhe possa custar tudo… inclusive a própria vida."
Ainda que tenha gostado mais de A Paciente Silenciosa, este livro é também bastante bom, prendeu-me à narrativa, fazendo-me identificar suspeitos ao longo da história e que, no fim, surpreende, porque nenhuma das minhas suspeitas se confirmou. 
O autor utiliza uma linguagem bastante descritiva, que nos faz prestar atenção aos pormenores, e todos eles são, com efeito, importantes. Também imprime um grande visualismo às descrições, o que nos faz sentir ao lado das personagens a presenciar todos os acontecimentos. Não possui um ritmo alucinante, nem faz perder o fôlego, mas é uma história muito bem pensada e inteligente. As referências à arte e literatura gregas encaixam perfeitamente e até nos induzem em erro. Acabamos por perceber que, nesta história, não há apenas um crime, são vários e de ordem diversa. Uma boa história para entreter!
Se ainda não leram, é um bom livro para entreter num dia de praia ou piscina.

 Lo, Malinda (2022). Ontem à Noite no Telegraph Club.

Tradução: Elga Fontes

Nº de páginas: 392

Início da leitura: 14/05/2023

Fim da leitura: 17/05/2023

**SINOPSE**

«O livro. Era sobre duas mulheres apaixonadas uma pela outra. — E então, proferiu a pergunta que se enraizara nela e que agora desenrolava as suas folhas e exigia mostrar-se à luz do Sol: — Alguma vez ouviste falar de tal coisa?»

Lily Hu não se consegue recordar do momento exato em que a pergunta se enraizou na sua mente, mas a resposta surgiu, como se um candeeiro de rua se acendesse numa noite negra, quando ela e Kathleen Miller caminharam sob o letreiro néon de um bar lésbico chamado Telegraph Club.

Em 1954, Chinatown, nos Estados Unidos da América, não é um lugar seguro para duas raparigas se apaixonarem. A Ameaça Vermelha intimida a população, sobretudo pessoas sino americanas como a família de Lily. Com o risco de deportação a pairar sobre o seu pai, apesar da cidadania duramente conquistada, Lily e Kath arriscam tudo para que o seu amor possa sair da escuridão e ver a luz do dia."
Este livro, como o refere a autora na nota final, foi inspirado em dois livros: Rise Of The Rocket Girls The Women Who Propelled Us. From Missiles To The Moon To Mars, de Nathalia Holt e Wide-Open Town- A History Of Queer San Francisco To 1965, de Nan Alamilla Boyd, que lhe "deram um vislumbre da história da América Asiática".
Assim nasceu esta ficção histórica, que decorre nos anos de 1950, em San Francisco. Lily é uma jovem estudante, de 17 anos, que vive com a sua família no bairro de Chinatown e que não se identifica com os interesses das suas colegas, ambicionando especializar-se em Aeronáutica ou Engenharia, pois tinha o sonho de um dia poder ir a Marte ou à Lua. Ao mesmo tempo, nutre uma grande curiosidade em conhecer o Telegraph Club, um bar de lésbicas e sente uma admiração profunda por mulheres vestidas de calças, como um homem. Assistimos, neste livro, à procura, por parte desta adolescente, da sua essência, da sua sexualidade, o que, de certa forma, é despoletado por Kath, uma colega sua, que a convida para ir ao Telegraph Club.
Gostaria, em alguns momentos, de ver mais aprofundados outros interesses da protagonista, mas penso que acabou por se focar muito no seu relacionamento pessoal, deixando o resto um pouco aquém das minhas expetativas. É um romance que poderá ser especialmente apreciado por YA

Paixão, Bruno (2023). Os Segredos de Juvenal Papisco. Porto: Porto Editora.

Nº de páginas: 272
Início da leitura: 10/05/2023
Fim da leitura: 13/05/2023

**SINOPSE**
"Orão é um lugar de sangue quente, cheio de superstições, habitado por personagens memoráveis como a benzedeira Xêpa Alma, o corrupto alcaide Heitor Raimundo ou o diligente boticário Zaqueu Soeiro. Destaca-se, entre eles, Juvenal Papisco, um padre de temperamento espontâneo e cru que sucumbe sem pudor aos prazeres e às imperfeições e que não suporta as injustiças que se perpetuam em Orão, avivadas pelo predomínio dos senhores de sempre.
Quando o jornal clandestino A Trama acusa Ismael Macho de andar metido com a mulher de outro, todos temem uma desgraça, e Ismael acaba mesmo por morrer durante a procissão da Virgem Santíssima, em circunstâncias estranhas. Todos as suspeitas recaem sobre o marido enganado, mas este nem à força de porrada admite a autoria do crime, para desespero do coronel Moniz.
Os segredos de Juvenal Papisco é um romance de estreia memorável, que com uma fina ironia e um apurado sentido caricatural se apresenta como uma metáfora social, expondo a traição, a urdidura política, as fraquezas da justiça, o espaço conjugal como campo de sonhos e de utopias e as mezinhas respondendo ao que a medicina não pode."
Este livro surpreendeu-me pela positiva. Bruno Paixão escreve de forma bastante literária, uma história passada no séc. XIX, num lugar imaginado da América do Sul, um tributo ao realismo mágico.
O protagonista desta obra é Juvenal Papisco, que nos cativa e nos repudia em igual medida, porque tanto é capaz de manifestar o seu lado bom, justo e humano, como é capaz de atos de grande crueldade. Apesar de a história se passar num local imaginado pelo autor, sem ser Portugal, há determinados pormenores que somos todos (os mais velhos) capazes de reconhecer em aldeias portuguesas: as crendices, as mezinhas, o abafador (que me fez lembrar o "Alma Grande" de Miguel Torga), a benzedeira, o médico, o barbeiro, as questões de ordem política, as falcatruas...
Um romance envolvente, muito bem escrito, muito bem pensado e que recomendo vivamente. Não foi à toa que esta obra, romance de estreia do autor, venceu o Prémio Literário Luís Miguel Rocha 2019.

Zerán, Alia Trabucco (2023). Limpa. Lisboa: Elsinore.


Tradução: Isabel Pettermann

Nº de páginas: 248

Início da leitura: 08/05/2023

Fim da leitura: 09/05/2023


**SINOPSE**

"Vinda do campo para a capital do país, Estela García encontra trabalho junto do abastado casal Jansen como criada de quarto e ama da sua filha recém-nascida, Julia, a mesma que educará e verá crescer. Serão sete anos divididos entre tarefas domésticas invisíveis e repetitivas e a falsa intimidade que estas proporcionam. Entre solidão, afetos, conflitos e segredos, Estela encontrará o seu lugar no seio da família. Porém, quando a tragédia irrompe na vida dos Jansen e Julia aparece morta, os ódios de classe expressam-se sob a forma de preconceitos sociais enraizados.

Um romance fulgurante sobre os conflitos de classe e a intimidade do trabalho doméstico por uma das vozes mais promissoras da literatura sul-americana."

A escritora prende-nos imediatamente à narrativa, através de uma narradora que se vai dirigindo ao leitor e explicando que todos os pormenores da história são importantes. E, com efeito, todos os momentos, mesmo parecendo à partida insignificantes, têm interesse para a progressão da história.

Estela veio do sul, onde vivia num contexto de pobreza, para trabalhar como empregada de limpeza em casa de um casal de posses, de Santiago do Chile. Instalada num quarto contíguo à cozinha, Estela não passa da empregada, sendo apenas quem limpa e cuida da filha. Não existe enquanto ser humano. Refere que, quando começou a trabalhar, pensou que seria até arranjar algo melhor. Mas, ao cabo de sete anos, continua a trabalhar para o casal, como empregada de limpeza e ama da filha do casal, Julia. Esta é uma criança muito inteligente e os pais são extremamente exigentes com ela (uma vez que vivem de aparências), que tem de ser a melhor em tudo, nem que para isso, deixe de ter tempo para ser apenas criança. Penso que a alteração de uma " suposta paz" que reinava na família (digamos que uma família pouco convencional, com os seus desequilíbrios e um pai extremamente calculista e frio), vem com a descoberta de que Estela recebe nesta casa um cão, pelo qual começa a nutrir um grande afeto. 

Regista-se até ao fim um clima de grande tensão, o medo de Estela em fazer algo errado, o ressentimento, a crescente raiva, a injustiça, a desigualdade social... E quantas mulheres não vivem nesta situação? Sem que sintam a sua dedicação, sem que a sintam como fundamental,  como uma pessoa não descartável, como um ser humano e não um capacho...

Recomendo a leitura!


 Rufino, Lénia (2021). O Lugar das Árvores Tristes. Lisboa: Manuscrito Editora.

Nº de páginas: 224
Início da leitura: 07/05/2023
Fim da leitura: 08/05/2023

**SINOPSE**
"Isabel não tinha medo dos mortos. Gostava de passear por entre as campas do cemitério, a recuperar as histórias da morte daquelas pessoas. Quando a falta de alguma informação lhe acicatava a curiosidade, perguntava à mãe...
Quando esta se recusa a dar-lhe uma resposta sobre uma mulher chamada Eulália, Isabel inicia uma busca por esclarecimentos. Só que ninguém quer falar sobre o assunto e, inesperadamente, Isabel vê-se confrontada com uma teia de mentiras, maldade, enganos e crimes que a levam a compreender o passado misterioso da mãe e a forma quase anestesiada da sua existência.
Um romance de estreia profundamente sagaz e envolvente que faz um retrato do interior português preso na tradição religiosa da década de 1970."
Já há algum tempo que tinha este livro para ler. Não me voltem a dizer que não se escreve bem em português. Lénia fê-lo irrepreensivelmente. Uma história de famílias, que, apesar de ficcional, poderia bem ser real, pois é uma história de um tempo antigo, em que muitos crimes ficavam impunes, em que dominava o medo, a mulher não tinha voz e o pároco era a voz absoluta das aldeias.
Esta é a história de Lurdes, uma mulher, que, nos anos 60, numa aldeia alentejana, é ainda uma criança. Vê a sua infância roubada pelo abuso de um homem. O pároco assiste a tudo, sem nada fazer. Fica grávida. É-lhe retirado o filho e enviada para casa de uma tia, numa outra localidade. Conseguirá Lurdes vir a ser feliz e a esquecer toda a mágoa que ficou?
Mais tarde, com uma ordem narrativa invertida, conhecemos a filha de Lurdes, Isabel, que faz tudo para descobrir os segredos que suspeita a família guardar. Aconselho a leitura. 

 Montero, Rosa (2004). A Louca da Casa. Porto; ASA Editores.

Tradução: Helena Pitta
Nº de Páginas: 176
Início da leitura: 05/05/2023
Fim da leitura: 06/05/2023 

**SINOPSE**

"Um romance? Um ensaio? Uma autobiografia? A Louca da Casa é, em qualquer dos casos, a obra mais pessoal de Rosa Montero: uma viagem através do misterioso universo da fantasia, da criação artística e das recordações mais secretas da própria autora, que neste livro empreende uma viagem ao mais profundo do seu ser através de um jogo narrativo pleno de surpresas, onde literatura e vida se misturam num cocktail afrodisíaco de biografias alheias e de autobiografia romanceada. E assim descobrimos, por exemplo, que Goethe adulava os poderosos, que Tolstoi era um energúmeno, que Rosa, ela própria, em criança, se julgava anã, e que, com vinte e três anos, manteve um extravagante e arrebatador romance com um ator famoso. Todavia, não devemos fiar-nos por completo em tudo o que a autora conta sobre si mesma: as recordações não são sempre o que parecem."

Não é fácil definir o género deste livro, certo é que nos fala essencialmente do processo de escrita, da forma como os livros são recebidos pelo leitor, dos escritores que, não tendo sido bestsellers, acabaram remetidos ao esquecimento, tendo as suas obras morrido, porque não foram republicadas. Fala dos sentimentos que dominam o escritor ao escrever um livro, de como cada escritor encara a sua obra, independentemente de ser boa ou má. "(...) nos momentos de graça da criação do livro, sentimo-nos tão impregnados pela vida daquelas criaturas imaginárias que o tempo, a decadência ou a nossa própria mortalidade deixam de existir. (...) Escreve-se sempre contra a morte." (pp. 9-10).
A propósito da escrita, a autora, vai dando a sua opinião sobre os bons escritores, os medianos e os maus escritores, se bem que esta linha nem sempre seja fácil de delinear. Confesso que registei algumas das propostas que ia sugerindo e de quem ainda não li nada. Noutras situações, entendi perfeitamente a sua opinião e, em vários momentos, partilho da sua crítica. Fala-nos da diferença entre os homens que escrevem e as mulheres que escrevem, exemplificando a época em que as mulheres escreviam como homens, para que as suas obras fossem aceites. A esse propósito fala de "feminismo", partilhando a sua opinião em relação ao seu conceito.
Para além de falar do processo de escrita, fala de amor, de amores infelizes, de amores adiados, de sonhos defraudados. Faz também o paralelismo entre o amor e o processo de escrita.
Explica-nos que "A Louca da Casa" é a imaginação, porque "Escrever, enfim, é ser habitado por um amontoado de fantasias, às vezes preguiçosas como lentos devaneios de uma sesta estival; às vezes agitadas e febris como o delírio de um louco." ou "Regressamos assim à imaginação. A essa louca às vezes fascinante e às vezes furiosa que mora no sótão. Ser romancista é conviver harmoniosamente com a louca de cima. (...) O romance é a autorização da esquizofrenia."
Para quem gosta de livros que falam de livros, de escrita, de amor e loucura, este é o livro indicado para ler nos próximos tempos, pois, tal como eu, vai adorar!

Venturini, Aurora (2023). As Primas. Lisboa: Alfaguara Portugal.

Tradução: Rita Custódio e Àlex Tarradellas
Nº de páginas: 208
Início da leitura: 04/05/2023
Fim da leitura: 05/05/2023

**SINOPSE**
"A obra-prima de uma escritora catapultada para a fama literária mundial aos 85 anos. A história de uma família em que as mulheres procuram fugir à norma, com ecos de Lucia Berlin, Shirley Jackson e Carson McCullers.

Na cidade argentina de La Plata, nos anos de 1940, conhecemos Yuna e Petra, duas primas que pertencem à mesma família disfuncional, precária e destinada à desgraça. Pela voz de Yuna, vemos um universo tortuoso de mulheres abandonadas à sua sorte, a braços com a pobreza, a deficiência, o delírio fantasmagórico e a pressão social.

Para se evadir do cerco das histórias de ameaças, violações e homicídios, Yuna recorre à sua imaginação artística: a cada episódio de violência, pinta uma nova tela. Vendo na arte uma fuga ao estropiamento familiar, Yuna lança sobre o seu mundo um olhar selvático — ora cândido e perspicaz, ora violento e ensimesmado — e protagoniza uma história que desafia todas as convenções literárias.

Aurora Venturini poderia ser uma das peculiares personagens dos seus romances, já que o seu percurso ficou marcado pelo fait-divers de ter vencido um concurso literário para novos talentos quando já tinha escrito dezenas de livros e se aproximava do fim da vida.

Entre o romance de formação, a delirante autobiografia, o divertimento literário e a radiografia de uma época, As Primas é uma obra que celebra, ao mesmo tempo, as dimensões universal e privada da literatura, revelando a desconcertante originalidade de uma autora que ousa colocar perguntas quase sempre cuidadosamente mantidas em silêncio."

Que livro! De louvar a lucidez com que a autora, de 85 anos, escreveu esta história fantástica.
A narradora, protagonista, Yuna, nasceu e vive no seio de uma família, toda ela marcada por várias deficiências graves, quer físicas e/ou mentais. De realçar que Yuna nos narra a sua história de vida, sempre alertando o leitor para possíveis problemas com a pontuação, especialmente os pontos finais, uma vez que, para adquirir algum vocabulário, ainda que restrito, precisou de consultar persistentemente o dicionário. Talvez seja essa forma quase oral e oralizante que me cativou, pois escreve como quem conta uma história. E fá-lo com tanta naturalidade e sem pejo, que torna a história feia, crua e dura numa narrativa que nos prende e surpreende. No seio desta família, que é tudo menos convencional, não apenas pelas deficiências, mas pelas formas de vida (o pai desapareceu, a mãe é como se não existisse, a irmã é a pessoa com maior deficiência e cuja descrição pode repugnar os mais sensíveis ou que nunca lidaram com estes problemas, a prima é prostituta...), Yuna tenta, apesar das suas limitações intelectuais, fugir ao estigma da família, faz tudo para conseguir estudar (estuda muito o dicionário para vencer algumas das suas limitações vocabulares) e entrega-se à pintura, tendo um jeito natural que lhe permite viver da venda das suas obras e tornar-se famosa e apreciada pela crítica.
Um livro duro, como já referi, mas imperdível!

Page, Sally (2023). A Guardiã de Histórias. Porto: Porto Editora.

Tradução: Ana Mendes Lopes
Nº de páginas: 372
Início da leitura: 01/05/2023
Fim da leitura: 03/05/2023

**SINOPSE**
"Todos temos uma história para contar.
Mas nem todos temos a coragem de a partilhar...

Janice, empregada de limpeza, sabe que é através das histórias que as pessoas nos contam que as conhecemos verdadeiramente.
Quando começa a trabalhar para a Sra. B – uma mulher astuta de 92 anos –, Janice encontra, finalmente, alguém que quer conhecê-la a sério.
Mas Janice não se deixa enganar: coleciona as histórias dos outros, mas não quer revelar a sua. Porque nela se esconde um segredo que não está preparada para partilhar.
Mas a Sra. B é muito perspicaz e sente que a mulher que lhe limpa a casa tem muito que se lhe diga.
Afinal, todos temos uma história para contar, certo?
Um romance comovente e um sucesso instantâneo de vendas em todo o mundo."

Se há um livro viciante, é este! Prendeu-me do início ao fim e, a cada página lida, ficava sempre o desejo de continuar. É um livro cativante, com personagens às quais nos afeiçoamos, outras que detestamos. Mas é a forma como está escrito que nos agarra. No fundo, é uma história, com muitas histórias dentro, uma vez que a protagonista, uma empregada de limpeza, é uma colecionadora de histórias. Adorei igualmente a Sra. B, uma das patroas de Janice (a protagonista) que, de certa forma, com mais de 90 anos, consegue desbravar caminhos insondáveis em relação à protagonista, fazendo-a repensar a sua vida, a sua culpa... ou não, a sua forma de viver e a capacidade de ser ou não feliz.
Depois, realço ainda o facto de a maior parte das narrativas terem partido de histórias reais, adornadas, depois, pela autora, pois, como disse Fernando Pessoa, "o poeta é um fingidor/Finge tão completamente/ Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente." Penso que o escritor é assim, esse fingidor, porque é um criador de ficção.
Um livro que aconselho vivamente!

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Sobre mim

Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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