Histórias Soltas Presas Dentro de Mim

Ahern, Cecelia (2011). O Livro do Amanhã. Lisboa: Editorial Presença.



Nº de páginas: 280

Início da leitura: 28/08/2021

Fim da leitura: 29/08/2021

O Livro do Amanhã é um romance de Cecelia Ahern, traduzido por Isabel Andrade.

Sinopse:

“Com mais de um milhão de exemplares vendidos em quinze países, O Livro do Amanhã é o novo romance da autora de P. S. - Eu Amo-te.

Tamara Goodwin tem dezasseis anos e vive confortavelmente numa mansão moderna com seis quartos, habituada a ter tudo o que quer quando quer. Mas, quando o pai morre deixando inúmeras dívidas, Tamara e a mãe não têm outra alternativa senão vender tudo e ir viver com parentes para um lugar distante e isolado junto ao castelo de Kilsaney. Para Tamara o choque parece inultrapassável, até que um dia uma biblioteca itinerante chega à vila trazendo consigo um misterioso livro encadernado a couro e fechado com um cadeado dourado…”

Opinião:

Escolhi este livro, após uma leitura dramaticamente intensa, pensando que precisava de ler algo mais calmo.

Quando comecei a leitura, pensei, sinceramente, para comigo “não sei se vou ser capaz de ler este livro até ao fim!”, porque começa com uma família rica, sendo a narradora a filha, uma caprichosa adolescente completamente insuportável, que apetece abanar, encostar à parede e ter uma séria conversa com ela. Ora, como então suportar a história narrada por este ser intolerável?

Porém, eu sou muito teimosa, raramente abandono um livro. Desta vez, congratulo-me por não o ter feito. É quando o pai se suicida, depois de ter perdido finaceiramente tudo, que a história ganha interesse.

Tamara e a mãe acabam por ir viver para uma terriola que nem autocarro tem para os conduzir à pequena cidade, em tudo também diferente ao que estavam habituadas. A tia, que os acolhe, mostra-se, desde logo, demasiado solícita para com a mãe de Tamara, alimentando o sofrimento em que ela estava, fazendo-a permanecer na cama, onde lhe leva repastos que dariam para muito mais pessoas. Mas, Tamara acaba por se aperceber que a tia não é assim tão meiga com ela, não gosta muito que ela vá ver a mãe, dizendo-lhe que precisa de descansar e parece persegui-la e tentar impedi-la de fazer o que quer que deseje.

Entretanto, numa biblioteca itinerante, Tamara acaba por requisitar um livro no mínimo estranho, que precisa de chave para abrir. Este livro, que se apresenta em branco, vai sendo escrito por Tamara, sem que ela o faça e sempre com uma data futura. É o livro do amanhã, que dá título ao livro. A partir deste momento, sucedem-se episódios, surgem personagens também elas muito estranhas, mas que, de alguma forma, explicam o passado e ajudam a escrever o futuro. Desde o fantástico, ao crime, aos segredos guardados, que vão sendo revelados, o certo é que acabei por me envolver na história e gostar do livro.

Sem ser um livro de destaque em termos literários, é um drama familiar que se lê bem e que acaba por nos dar conta do crescimento mental (necessário) de uma adolescente que tudo tinha e, por isso mesmo, não era agradecida por nada, nunca pedia desculpas… E quantos adolescentes não se comportam hoje assim?

Donoghue, Emma (2021). A Dança das Estrelas. Porto: Porto Editora.

Nº de páginas: 304

Início da leitura: 27/08/2021

Fim da leitura: 28/08/2021

A Dança das Estrelas é um romance ficcional, baseado em factos históricos, escrito por Emma Donoghue e traduzido por Cláudia Ramos.

Sinopse:

“Dublin, 1918.

Numa Irlanda duplamente devastada pela guerra e doenças, a enfermeira Julia Power trabalha num hospital sobrelotado e com falta de pessoal, onde grávidas que contraíram uma gripe desconhecida são colocadas em quarentena. Neste contexto já bastante difícil de gerir, Julia terá ainda de lidar com duas mulheres enigmáticas: a Dra. Kathleen Lynn, procurada pela polícia por ser uma líder revolucionária do Sinn Féin, e uma jovem ajudante voluntária sem experiência de enfermagem, Bridie Sweeney.

É numa enfermaria minúscula, escura e sem condições, que estas mulheres vão lutar contra uma pandemia desconhecida, perder pacientes, mas também trazer novas vidas ao mundo. No meio da devastação, histórias de amor e humanidade no dia a dia de mães e cuidadoras que, de várias formas, acabam por cumprir missões quase impossíveis.”

Opinião:

Que livro! Impressionante.

Primeiro, os factos históricos, como a pandemia de influenza de 1918, que matou “mais pessoas do que a Primeira Guerra Mundial”, ou factos ocorridos em instituições residenciais irlandesas que tratavam tão cruelmente as crianças, ou, ainda, a Dra. Kathleen Lynn, que teve um papel preponderante no combate à pandemia numa clínica gratuita, são factos que tornam os acontecimentos narrados verosímeis e até dolorosos.

Não foi um livro fácil de ler em termos de carga emocional que envolve, mas foi um livro que li rapidamente, pois foi sempre a custo que o fui pousando. É daqueles livros que nem nos apercebemos de que estamos a ler há horas.

Muito duro, emocional e bem escrito.

É de louvar o facto de numa unidade de espaço, como o hospital que servia de maternidade para grávidas vítimas da influenza, nos tenha absorvido de tal maneira, que não saturou. Apenas senti o adensar de uma nostalgia neste espaço que se torna num espaço mais do que físico, num espaço psicológico de grande tensão, quer para as personagens, quer para o leitor.

A narrativa é de tal forma envolvente, que nos sentimos a correr pelo espaço, pela exígua enfermaria, atrás da enfermeira e da sua ajudante Bridie, mas com uma sensação tal de impotência, que nos sentimos desfalecer com as estrelas que vão ganhando um novo espaço no céu, como numa rodopiante dança de morte. Sentimos vontade de pegar na caneta e mudar o rumo à história. Mas, é por ser tão realista, tão intensa, que nos cativa, nos exaspera, nos comove e nos dilacera.

Aconselho vivamente a leitura a quem gosta deste tipo de romance. Contudo, alerto os mais sensíveis para uma narrativa que pode, de facto, chocar.

North, Alex (2019). O Homem dos Sussurros. Amadora: TopSeller.



Nº de páginas: 384

Início da leitura: 25/08/2021

Fim da leitura: 26/08/2021

O Homem dos Sussurros é um thriller escrito por um autor inglês sob o pseudónimo de Alex North e traduzido por Marta Mendonça.

Sinopse:

“«Ao longo dos anos, disse-te inúmeras vezes que não deverias ter medo de nada. Que os monstros não existiam. Desculpa ter-te mentido.»

Após a morte da mulher, Tom Kennedy muda-se com o seu filho, Jake, de 7 anos, para uma pacata povoação chamada Featherbank em busca de um recomeço de vida. Mas Featherbank tem um passado sombrio.

Há 20 anos, Frank Carter, um perverso assassino em série, raptou e assassinou cinco rapazes. Ficou conhecido como o Homem dos Sussurros, pois atraía as suas vítimas à noite sussurrando-lhes da janela. Logo após o seu quinto homicídio, Frank acabou por ser detido.

Estando o assassino atrás de grades, Tom e Jake não deveriam ter motivos de preocupação. Só que agora um novo rapaz desapareceu, e as semelhanças entre este acontecimento e os crimes de há 20 anos são desconcertantes. É então que Jake começa a comportar-se de modo estranho…

Diz escutar sussurros vindos do lado de fora da janela do seu quarto…”

Opinião:

Este é um thriller, onde o policial surge a par de acontecimentos sobrenaturais e, ao mesmo tempo, está repleto de dramas familiares mal resolvidos. Apesar de juntar todos estes ingredientes, acaba por resultar bem.

Quando morre Rebecca, mulher de Tom, este, culpabilizando-se por não saber ser pai como a mãe sabia ser mãe, muda-se, com o filho de 7 anos, Jake, para uma pequena povoação, desconhecendo toda a carga dramática e investigação policial que decorria nesta terra.

Apesar de a casa parecer inicialmente aterradora para Tom, Jake gosta da casa e Tom acaba por acreditar que ali poderão mudar o rumo a uma relação supostamente inexistente entre pai e filho, pelo menos uma relação como o pai queria que fosse.

Mas, nem tudo se vai revelar fácil. Antes pelo contrário. Aqui os esperam os seus piores pesadelos. Desde as borboletas dos mortos, os homicídios e desaparecimento de crianças, o homem que sussurra aos ouvidos das crianças, o menino no chão, a menina com o vestido estranho, o Sr. Noite… Mas, algo está errado. Afinal, parece que esse “Homem dos Sussurros” está preso. Terá ele alguém a agir por si? Mas quem poderá ser assim tão cruel? Certo é que, ao longo dos anos, uma ladainha acompanha estas crianças que escutam: “Se deixares a porta entreaberta, ouvirás os sussurros na certa!...Se estiveres sozinho, triste e a chorar, o Homem dos Sussurros vir-te-á buscar.” Mas, então como saberia Jake esta ladainha se acabara de chegar ali àquela estranha localidade? Muitos são os segredos que vão sendo revelados e que poderão acompanhar na leitura deste livro.

Para quem está habituado a ler Stephen King, este livro será muito menos aterrador. Para quem receia este tipo de leitura, e faço minhas as palavras de Jake, ao lermos este livro “Estamos a ser corajosos!”

Isaac, Maria (2021). O que Dizer das Flores. Lisboa: Cultura Editora.


Nº de páginas: 224

Início da leitura: 24/08/2021

Fim da leitura: 25/08/2021

Sinopse:

“Bem-vindo a Mont-o-Ver!

Português que se ponha a caminho da montanha, no inverno, ou da praia, no verão, é certo passar por esta planície de canaviais; mais certo ainda, nem dar por ela. A velha linha férrea passa-lhe ao lado e os comboios já nem sequer abrandam por aqui. Em tanto espaço igual, esta é paisagem fácil de se perder.

Pois permitam que vos apresente os ilustres da vila.

O padre Elias Froes, o homem santo que tem por hábito gastar tempo a pensar no mundo, raramente em si próprio. Guarda segredos que mais ninguém sabe.

Catalina Barbosa, aventureira e contestatária. Menina bem-comportada apenas aos domingos, quando a avó a amordaça dentro de um vestido bonito para ir à missa.

Rosa Duque, a mulher que, em tempos, teve tudo para ser feliz. Foi vencida por um coração partido e resgatada por uma flor.

Zé Mau, o terror na vida das crianças. Os irmãos Mondego, os vilões nas histórias dos adultos.

Este vilarejo pode até ser pequeno e parado, mas está cheio de gente atrapalhada com muita vida para esconder.

Descubram comigo o que aconteceu, afinal, na noite do grande incêndio de há uma década e quem são os verdadeiros heróis desta nossa história pitoresca, temperada com os habituais mal-entendidos.

Bem-vindo a Mont-o-Ver!” 

Opinião:

Já tinha gostado do livro Onde Cantam os Grilos, mas este, quanto a mim, é ainda melhor. Resgata o Formiga do livro anterior, que agora, se dirige a estas localidades numa velha furgoneta, como uma biblioteca itinerante. Catalina, a criança rabina, que só se porta bem aos domingos, é a sua cliente mais assídua. Os livros são a forma de Catalina partir para mundos imaginários, tentar compreender, com um pouco de ficção, o mundo real. Talvez, por isso, acredite que o pai foi preso injustamente e há de voltar para a sua vida, explicar que tudo não passou de um equívoco.

A vida pode pregar muitas partidas e, com efeito, numa terra pequena, tudo pode acontecer.

Aproveito a metáfora da terra, utilizada pela autora, e passo a citar “A terra é como uma mulher vaidosa: só sorri aos homens se for cuidada…”, para refletir: com efeito, muitas vezes, sobretudo em terras mais pequenas, julgam-se as pessoas pelo poder e dinheiro que têm. Estará mais do que na altura de cuidar de todos e de dar oportunidade a todos os habitantes da terra de serem cuidados, ouvidos e não postos de parte, julgados e condenados. E é preciso cuidar destas terras cujas autoestradas vieram remeter a pó e esquecimento, fechar lojas, desertificar e abandonar. É necessário cuidar destas pessoas, também elas votadas ao abandono.

Este é um livro que nos prende pelo suspense criado logo a partir das primeiras páginas. As personagens são tão reais que nos fundimos com elas, na praça da aldeia, para assistir ao debate político. Contudo, gostaria de ter sabido um pouco mais sobre cada uma destas pessoas que acompanhei durante a leitura do livro, perceber certas atitudes, certas decisões. Mas, se calhar, não era essa a intenção da autora e respeito-a.

Aconselho a ler, mas depois de Onde Cantam os Grilos.

Considero que Maria Isaac ainda nos vai surpreender muito neste universo literário! Não escreve sobre banalidades e revela uma escrita literária bonita, com recursos estilísticos q.b. para a embelezar e encantar.

Rodrigues, Maria Cláudia (2020). A Espera de Fernanda. Lisboa: Suma das Letras.

Nº de Páginas: 200

Início da leitura: 24/08/2021

Fim da leitura: 24/08/2021

A Espera de Fernanda é um romance policial escrito pela jornalista Cláudia Rodrigues.

Sinopse:

Manhã do dia 6 de Junho de 2001. Fernando da Cruz, 24 anos, despede-se dos pais e mete-se no carro com destino ao local de trabalho, localizado a menos de uma hora de distância de casa. Quando tornam a ver o filho, quatro dias depois, já ele está a ser preparado para o funeral. Suicídio, aprontam-se a dizer as autoridades, mas Fernanda, a mãe, não aceita a conclusão e, rapidamente, enceta uma investigação por contra própria para apurar a verdade por detrás da morte do único filho. Contra a lentidão da Justiça, Fernanda espera, luta e resiste a uma inesperada e assustadora conspiração arquitetada por funcionários do Estado.

Este é o primeiro livro da jornalista Cláudia Rodrigues.

Baseado em factos e personagens reais.

Opinião:

Como nos é dito na sinopse, este é um romance policial baseado em factos reais. Só esse facto, desperta logo em nós o interesse. Depois, é um livro pequeno, de capítulos breves, quanto a mim bem estruturado, captando o interesse do início ao fim, pelo que se lê em poucas horas.

Torna-se fácil gostar de Fernanda e até das restantes personagens, se bem que seja Fernanda a que se destaca pelo seu inconformismo, força, persistência e luta por justiça. É uma verdadeira mãe, no sentido humano da palavra.

Percorrem-se as páginas deste livro com ansiedade, deceção, nostalgia e não se está preparado para o final, que não revelo.

Aconselho vivamente a leitura!

Slimani, Leïla (2021). O País dos Outros. Lisboa: Alfaguara Portugal.

Nº de páginas: 344

Início da leitura: 22/08/2021

Fim da leitura: 23/08/2021

O País dos Outros é um romance escrito por Leïla Slimani e traduzido por Tânia Ganho.

Sinopse:

“Da aclamada autora franco marroquina Leïla Slimani, uma atmosférica e inquietante saga familiar que põe em relevo uma mulher enredada entre duas culturas, dividida entre a dedicação à família e o amor à liberdade com que cresceu.

Em 1944, Mathilde, uma jovem alsaciana, apaixona-se por Amine, um oficial marroquino que combate no exército francês durante a Segunda Guerra Mundial. Terminada a guerra, o casal muda-se para Marrocos e instala-se perto de Meknés. Amine dedica-se a recuperar a quinta herdada do pai, tentando arrancar frutos de uma terra pedregosa e estéril.

Enquanto isso, Mathilde começa a sentir o jugo dos costumes conservadores do novo país, tão sufocante quanto o seu clima. Nem a maternidade apaga a solidão que sente no campo, longe de tudo, num lugar que não é o seu e a verá sempre como estrangeira.”

Opinião:

Mais uma excelente obra, numa narrativa crua e dura, a que a autora já nos habituou.

Este seu novo romance inspira-se na vida da sua avó francesa, conta o casamento de Mathilde com um soldado marroquino, Amine, que lutou ao lado das tropas gaulesas durante a Segunda Guerra Mundial.

A vida não é um conto de fadas e Mathilde, uma jovem alsaciana, terá a oportunidade de o constatar, quando viaja com Amine, para a quinta que este herdou do pai. Mas nada é fácil:

- a quinta está degradada;

- a rocha e aridez da terra, é um obstáculo ao cultivo da terra;

- a população mostra-se racista, desconfiada e pouco recetiva, considerando Mathilde como a “estrangeira”;

- a dada altura, Amine trata-a como os outros homens tratam as mulheres, saindo com os amigos e mostrando-se pouco carinhoso, o típico patriarca que espera a total submissão da mulher, chegando a revelar-se violento com ela, apesar de considerar que toda a sua luta é pela família e porque ama Mathilde. Há um choque evidente de culturas.

Mathilde, apesar de amar os filhos, Aïcha e Selim, nunca se sente em casa e chega a ponderar abandonar tudo e regressar a casa, mas o amor aos filhos é mais forte que o seu próprio sofrimento e infelicidade.

Apesar de tudo e da vida difícil desta família, Mathilde revela-se trabalhadora, coopera como pode, costura as roupas para os filhos e preocupa-se com os mais pobres.

Também a filha, Aïcha, é cativante e inteligente.

A linguagem é fluída, viciante e as descrições tão reais que as sentimos e vivenciamos.

Este é o primeiro livro de uma trilogia, cujos próximos volumes aguardo ansiosamente.

Aconselho a leitura!

Hayder, Mo (2000). Os Pássaros da Morte. Navarra: Círculo de Leitores.

Nº de páginas: 354

Início da Leitura: 21/08/2021

Fim da leitura: 22/08/2021

Os Pássaros da Morte é um thriller da romancista britânica Mo Hayder (recentemente falecida, a 27 de junho deste ano), traduzido por João Brito.

Sinopse do livro:

“Greenwish. Sudeste de Londres.

A melhor equipa de homicídios da Polícia Metropolitana, o Grupo de Investigação Principal, é chamado para um cenário macabro pelos detetives do Departamento de Investigação Criminal.

Cinco cadáveres de mulheres jovens, todos assassinados e sepultados num terreno próximo da Cúpula do Milénio. Quando a autópsia revela um elemento singular e horrendo que liga as vítimas, os agentes percebem que estão na pista de um criminoso perigoso: um assassino em série que mata por sexo.

O jovem destemido inspetor-detetive Jack Caffery vê-se a braços com a hostilidade de alguns colegas e com os ecos do passado no seu primeiro caso como membro do Grupo de Investigação Criminal. Vive atormentado por uma morte que podia ter evitado há muito. Agora, servindo-se de todas as armas que a ciência forense põe ao seu dispor, sabe que tem pouco tempo para agir até o sádico assassino voltar a atacar.”

Opinião:

Ao iniciar a leitura deste thriller, nunca imaginei que fosse tão duro, tão sádico, tão masoquista. Porém, desde o início, está criado o suspense necessário para se querer saber sempre mais e partir com Caffery no encalço do criminoso.

Uma história bem urdida, criativa, tecnicamente com base em muita pesquisa, é um livro que nos faz arrepiar, que nos deixa indispostos, que nos deixa revoltados com algumas personagens, que nos provoca um frio na coluna, de tão intensas e realistas as descrições.

É um livro que recomendo apenas para apreciadores de thrillers bem violentos, mas empolgantes em igual dose.

Tenório, Jeferson (2021). O Avesso da Pele. Lisboa: Companhia das Letras.


 

Nº de páginas: 200

Início da leitura: 20/08/2021

Fim da leitura: 20/08/2021

O Avesso da Pele é um romance escrito por Jeferson Tenório, nascido no Rio de Janeiro e residente em Porto Alegre.

Sinopse:

“Agora que o pai morreu, inesperada e precocemente, Pedro tem pouco mais a que se agarrar senão aos ensinamentos e às memórias deixadas pelo pai, professor de Literatura na rede de ensino público. E homem negro, num país que julga os homens e as mulheres pela cor da pele. Esvaziado pela ausência, Pedro retraça os passos de Henrique nas ruas, procura vestígios seus nos pertences deixados no apartamento. Reduzido por vontade da mãe a uma relação intermitente com o pai, resta a Pedro a possibilidade de reconstruir ou imaginar o passado de Henrique enquanto homem, enquanto pai para, pelo caminho, procurar o entendimento de si próprio. Nesta rota íntima de Pedro, Jeferson Tenório faz uma delicada investigação das relações entre pais e filhos, ao mesmo tempo que esboça um retrato poderoso de um país sulcado pela segregação e pela pobreza, em que muitos não podem mostrar por vezes, nem sentir o seu avesso, esse espaço onde "entre músculos, órgãos e veias existe um lugar só seu, isolado e único".

Opinião:

Mais do que um romance escrito para abordar a temática do racismo, este romance, de forma mais ampla, aborda várias questões familiares, encontros, desencontros, paixões, submissões, inconformismos, desistência, abandono, relações inter-raciais, o genocídio da população brasileira…

Pedro é o narrador da história do pai e da mãe, Martha e Henrique, ambos negros. Depois do assassinato do pai, Pedro procura conhecer o passado da família, para se entender a si próprio.

A narrativa é dura, direta e choca pela crueldade e violência vivida logo a partir da infância. Bem escrito, bem estruturado e, com toda a certeza, um marco na literatura brasileira contemporânea.

Destaco uma passagem, em que Henrique fala com o filho, que me marcou particularmente e que explica o título da obra:

“É necessário preservar o avesso, você me disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo de estar no mundo. E por mais que a sua vida seja medida pela cor, por mais que suas atitudes e modos de viver estejam sob esse domínio, você, de alguma forma, tem de preservar algo que não se encaixa nisso, entende? Pois entre músculos, órgãos e veias, existe um lugar só seu, isolado e único. É nesse lugar que estão os afetos. E são esses afetos que nos mantêm vivos.”

Prescott, Lara (2020). Isto Nunca Aconteceu. Porto Salvo: Edições Saída de Emergência.

Nº de páginas: 352

Início da leitura: 19/08/2021

Fim da leitura: 20/08/2021

Isto Nunca Aconteceu é um romance histórico escrito por Lara Prescott e traduzido por Maria João Trindade.

Sinopse:

1956. Boris Pasternak está a escrever Doutor Jivago, um livro controverso capaz de provocar dissensão na União Soviética. Com medo do seu poder subversivo, os soviéticos censuram-no e proíbem a sua publicação. Mas isso não impede que no resto do mundo a obra se transforme num bestseller… e numa possível sentença de morte para o autor. A CIA está atenta aos acontecimentos e planeia utilizar o livro para influenciar a Guerra Fria a seu favor. Contudo, os agentes destinados a esta missão não são os espiões tradicionais. Duas secretárias - a charmosa e experiente Sally e a talentosa e novata Irina - são encarregadas da missão das suas vidas: devolver clandestinamente Doutor Jivago à URSS e utilizá-lo como arma de propaganda.

No entanto, esta não será uma missão fácil. Há pessoas dispostas a morrer por este livro - e agentes prontos a matar por ele. De Moscovo a Washington, de Paris a Milão, Isto Nunca Aconteceu retrata um momento único na história da literatura - contado com emoção e detalhes históricos cativantes. E no coração deste romance inesquecível está a poderosa convicção de que o poder da palavra escrita pode transformar o mundo.

Opinião:

Este é um livro onde a ficção se mescla com a realidade e que nos cativa, porque queremos, desde logo, saber os segredos destas dactilógrafas, as “andorinhas”, durante a Guerra Fria.

O próprio facto de ser um livro onde se fala de muitos livros, torna-o interessante. Ainda não li Doutor Jivago de Boris Pasternak, mas fiquei extremamente curiosa em relação a este livro, um clássico enigmático, proibido, considerado como “arma literária de destruição em massa” e que foi o mote para a escrita deste livro. Um livro bem conseguido. Desconhecia o que estava por detrás da obra em causa e fiquei rendida a tudo o que envolveu este livro que transformou a História. É sempre tão bom quando aprendemos algo com um livro!

Gostei particularmente das espiãs Sally e Irina, diferentes, mas cativantes e complementares. Duas personagens que acompanhamos com interesse e expetativa pelo suspense vivido constantemente, não fossem elas espiãs.

A autora utilizou também citações, descrições diretas, excertos de conversas, autobiografias, memórias, e outras obras com o intuito de nos fazer imaginar como teria sido viver durante muitos dos acontecimentos descritos no romance.

Aconselho a leitura.

Sinha, Umi (2016). Lila e o Jogo de Deus. Alfragide: Edições ASA.

Nº de páginas: 384

Início da leitura: 18/08/2021

Fim da leitura: 19/08/2021

Lila e o Jogo de Deus é um romance escrito por Umi Sinha, filha de mãe inglesa e pai indiano, e traduzido por Ana Saldanha.

Sinopse do livro:

“Lila Langdon tem apenas doze quando testemunha uma tragédia. O dia era de festa, o pai celebrava cinquenta anos. A mãe preparara um presente de aniversário especial: uma toalha de mesa delicadamente bordada.

A surpresa, revelada durante um elegante jantar, tem um efeito demolidor. Horrorizados, os convidados partem rapidamente em estado de choque. O pai retira-se para o seu escritório e dá um tiro na cabeça. Lila, que observa às escondidas, não percebe o que se passa mas sabe de imediato que a sua infância acabou de chegar ao fim.
Arrancada aos aromas e cores da Índia que a viu nascer, é levada para a cinzenta Inglaterra. Será em casa da tia-avó Wilhelmina que Lila descobre, através de cartas e diários, os segredos, frustrações e confissões dos seus antepassados, desde os tempos da avó na Índia, à estranha infância do pai e o seu turbulento casamento com a enigmática Rebecca.

Muitos anos passaram, mas estará Lila realmente preparada para desvendar o mistério daquela noite fatídica?”

Opinião:

Que livro maravilhoso, empolgante, comovente, duro e dolorosamente belo!

Logo no início do livro, é-nos apresentada uma árvore genealógica das personagens que, em algum momento da história, têm um papel preponderante. Dei comigo a consultá-la durante a leitura da obra, uma vez que nos é apresentada a história de várias gerações para que, mais facilmente, possamos compreender a de Lila.

Este livro parte de dados históricos reais, incidentes, partes de diálogos, descrições, espaços e momentos que existiram, de facto, onde se movem personagens que poderiam muito bem ter existido, mas que, como a própria autora nos revela, são pura ficção. Porém, conferem maior verosimilhança à história narrada. De entre as fontes utilizadas pela autora, temos algumas que se referem ao Amotinamento Indiano, aos acontecimentos em Cawnpore, ao movimento sufragista feminino, à I Guerra Mundial relativamente ao Exército Indiano, ao Hospital Indiano em Brighton, entre outros.

A narração destes episódios é bastante crua e dura. Por mais que tenhamos lido sobre a temática, nunca imaginamos a guerra como ela realmente foi e este relato de acontecimentos extremamente violentos neste livro ainda tem o poder de nos arrepiar e surpreender.

A história desta família surge de forma alternada, o que nos permite compreender o presente, com recurso aos acontecimentos passados narrados.

Como é percetível na leitura da sinopse, Lila é confrontada com o suicídio do pai, num dia de festa, depois de ter visto a toalha que a mulher bordara para lhe oferecer. Mas o que teria esta toalha que causou horror entre todos os presentes, que se esgueiraram da festa o mais rápido que puderam? É o que, mais tarde, será revelado a NLila e, aí, somos nós que ficamos horrorizados! Como sempre, não posso revelar.

Para descobrir este e muitos outros segredos que esta família oculta ao longo dos anos, terá de ler o livro e garanto que não se arrependerá!

Audrain, Ashley (2021). Instinto. Lisboa: Suma das Letras.

Nº de páginas: 344

Início da leitura: 16/08/2021

Fim da leitura: 17/08/2021

Instinto é um thriller de Ashley Audrain, traduzido por Gonçalo Neves.

Sinopse:

“Blythe Connor está determinada a ser a mãe afetuosa e solidária que nunca teve. No entanto, no auge dos esgotantes primeiros dias de maternidade, Blythe convence-se de que alguma coisa não está bem com Violet.

Com o passar do tempo, a sensação agrava-se: a filha é distante, rejeita o afeto e revela-se cada vez mais perturbadora. Ou estará tudo apenas na cabeça de Blythe?

O marido diz que ela está a imaginar coisas. Quanto mais Fox ignora os seus receios, mais ela se questiona sobre a sua própria sanidade mental.

Quando nasce o filho mais novo, tudo parece melhorar: Blythe sente com Sam a ligação que sempre imaginou; Violet acalma e parece adorar o irmão mais novo.

Mas, de repente, tudo muda e Blythe não poderá mais ignorar a verdade sobre o seu passado e sobre a sua filha. Onde está a verdade quando tudo tem duas caras?”

Opinião:

Este é um livro que se lê num ápice e com o coração nas mãos. Pode não ser excecional, mas tem um ritmo fluído e intenso, conseguido até pelos capítulos breves, as ações alternadas (momento atual e o passado da protagonista), e é criado suspense no fim de cada capítulo.

É um livro que envolve medos, mentiras, traições, angústias. De forma crua, abordam-se questões reais sobre a maternidade. Não consigo compreender o desprendimento desta mãe pela filha, quando ela nasceu. Porém, tendo em conta o seu passado, poderia haver uma disfunção que a levasse a agir assim. Será que os problemas comportamentais dos adultos, acabam por se reproduzir nas gerações seguintes? Ser mãe implica necessariamente um amor à primeira vista, o tal “sentimento maternal” quando o bebé nasce? É a mãe que condiciona esses sentimentos ou poderá haver bebés pelos quais é difícil nutrir esse amor maternal? Não poderá uma mãe, ao quebrar-se a ideia de uma maternidade perfeita, ao constatar o quão difícil é ser mãe, desistir de o ser na sua plenitude? Tem direito a isso?

Poderá uma criança nascer má? Ou, pura e simplesmente, os seus comportamentos são influenciados pela falta de afeto ou por não ser amada pela mãe?

Não é fácil explicar sem julgar. Mas, também não quero julgar.

Apesar de considerar que se poderia ter tornado a história ainda mais densa e obscura, posso dizer que gostei.

Aconselho a leitura deste thriller.

Towles, Amor (2017). Um Gentleman em Moscovo. Alfragide: Dom Quixote.

Nº de páginas: 544

Início da Leitura: 15/08/2021

Fim da Leitura: 16/08/2021

Um Gentleman em Moscovo é uma obra de ficção escrita por Amor Towles e traduzida por Tânia Ganho.

Sinopse:

Por causa de um poema, um tribunal bolchevique condena o conde Aleksandr Rostov a prisão domiciliária. Ficará retido, por tempo indeterminado, no sumptuoso Hotel Metropol. A prisão pode ser dourada. Mas é uma prisão.

Estamos em Junho de 1922. Despejado da sua luxuosa suíte, o conde é confinado a um quarto no sótão, iluminado por uma janela do tamanho de um tabuleiro de xadrez. É a partir dali que observa a dramática transformação da Rússia. Vê com tristeza os magníficos salões do hotel, antes animados por bailes de gala, serem agora esmagados pelas pesadas botas dos camaradas proletários. E vê-se obrigado a negociar a sua sobrevivência, num ambiente subitamente hostil.

Aos poucos, porém, o aristocrata descobre aliados no hotel, com quem partilha o seu amor pelo belo - e a defesa de valores morais que nenhuma ideologia poderá vergar. Faz-se amigo do chef, dos porteiros, do barbeiro, do encarregado da garrafeira, e com eles conspira para devolver ao Metropol a sua antiga e majestosa glória. Ao mesmo tempo, toma sob a sua proteção uma menina desamparada, a quem provará que a vida não se resume à luta de classes.

Amor Towles oferece-nos um dos mais requintados (e melancólicos) romances dos últimos anos.

Uma obra épica, habitada por uma galeria de personagens inesquecíveis e servida por uma escrita de uma elegância cada vez mais rara nas letras contemporâneas.”

Opinião:

Um livro maravilhoso, numa belíssima edição cartonada, em preto e dourado, de que não me esquecerei, pela história tão bem narrada, tão rica, pelas personagens tão completas e ricas.

O Conde Aleksandr Ilitch Rostov é um verdadeiro gentleman, um homem de gostos requintados, no que concerne às refeições (que o torna capaz de distinguir os temperos mais nobres de outros), ao vinho que as acompanha, à forma como se relaciona com os outros, como fala e tenta resolver as situações que se lhe deparam. É um homem culto, com sentido de humor, de hábitos (como o pequeno almoço, as 15 flexões e agachamentos, que faz todos os dias de manhã). Parece sempre muito ponderado, se bem que aprecie os pequenos prazeres da vida, vive a vida calmamente, vai semanalmente ao barbeiro, vive despreocupadamente.

Gostei imenso de Nina e de Sofia. Esta última cativa de tal forma o conde, que passa a fazer parte integrante da sua vida, como sua filha.

Não posso contar mais sobre esta história fantástica, surpreendente até ao fim e que aconselho vivamente à leitura.

Colgan, Jenny (2021). A Livraria dos Finais Felizes. Porto Salvo: Chá das Cinco.

Nº de páginas: 320

Início da leitura: 13/08/2021

Fim da leitura: 14/08/2021

A Livraria dos Finais Felizes é um romance escrito pela escocesa Jenny Colgan e traduzido por Sónia Maia. A edição, capa, primeiras e últimas páginas são bastante apelativas, chamando desde logo a atenção.

Sinopse do livro:

“Nina Redmond é literalmente uma casamenteira. Encontrar o livro perfeito para cada leitor é a sua paixão... e também o seu trabalho. Ou pelo menos era, até a biblioteca pública onde trabalhava fechar as portas.

Determinada a encontrar um novo rumo, Nina muda-se para uma pacata vila na Escócia, onde compra uma carrinha e a transforma numa livraria itinerante, viajando pelas Terras Altas e transformando as vidas daqueles com quem se cruza com o poder da literatura.

 É então que descobre um mundo de aventura, magia e romance num lugar que aos poucos se vai tornando no seu lar… um lugar onde ela poderá escrever o seu final feliz para sempre.”

Opinião:

Este é um bom livro para se ler entre grandes dramas ou thrillers fortes, clássicos desarmantes, numa fase em que precisamos relaxar, desanuviar a cabeça. É um livro leve.

A autora poderia, contudo, aproveitar melhor a premissa da livraria e ter focalizado mais a história nesse sonho da protagonista Nina, nas dificuldades encontradas e sucessos alcançados. Não é que não pudesse ter um romance pelo meio, nada disso. Também tenho em atenção o facto de a ação se passar na Escócia rural. Porém, a determinada altura, só me fazia lembrar o “Quem quer casar com um agricultor?” Não sei se é assim que se chama o reality show, porque não vejo, mas, com efeito, dadas as histórias que ia ouvindo entre outros programas, soou-me um pouco ao mesmo. A pequena Nina, acaba por se hospedar em casa de um agricultor escocês e, a partir daqui, não penso que careça de dizer mais nada.

Gostei particularmente dos episódios relacionados com a livraria, do gosto e conhecimento demonstrados por Nina, da perseverança nos seus sonhos e da sagacidade com que pôs a ler pessoas que nunca haviam lido ou que nunca mais haviam lido desde que a biblioteca local encerrara, pelo que penso que esta questão poderia ter sido mais aprofundada.


Fortin, Sue (2018). Irmãs. Barcelona: HarperCollins.

Nº de páginas: 368

Início da leitura:12/08/2021

Fim da leitura:13/08/2021

Irmãs é um livro que eu classificaria entre o suspense, thriller, policial e drama, escrito pela autora Sue Fortin, nascida na Grã-Bretanha e traduzido por Ana Filipe Velosa.  

Sinopse do livro:

Uma perdeu-se.

A outra mentiu.

Alice: bonita, simpática, manipuladora, mentirosa.

Clare: inteligente, leal, paranoica, ciumenta.

Clare acha que Alice é uma mentirosa manipuladora que tenta roubar a sua vida.

Alice acha que Clare tem ciúmes do seu regresso, após um desaparecimento prolongado, e da sua nova situação familiar.

Uma das duas está a dizer a verdade. A outra é uma maníaca.

Duas irmãs, uma só verdade.”

Opinião:

Excelente thriller psicológico, que nos mexe com os nervos, que se lê num ápice, pois a história é narrada de forma muito rápida, sempre com pistas novas, deixando-nos angustiados e ansiosos por saber a verdade. O suspense criado é de tal ordem, que é muito difícil largar o livro até o terminar!

Confesso que, em vários momentos, me apeteceu abanar e até dar um valente sermão a algumas personagens, que me irritaram sobremaneira!

Clare vive com a mãe, o marido e as duas filhas. Vive com a mãe, porque esta terá ficado muito perturbada e a precisar do seu apoio, desde que o pai fugiu, na infância de Clare, com a sua irmã mais nova, para o que, inicialmente, seriam, apenas umas férias, e nunca mais reviram Alice, nem o pai.

Depois de infrutíferas buscas incessantes, acabaram por desistir. São felizes. Dão-se todos bem. Mas uma sombra de tristeza paira nas suas vidas, a falta de Alice, a quem a mãe compra presentes de aniversário e Natal e guarda, na esperança do seu regresso.

Passados mais de 30 anos, ficam espantadas, quando recebem uma carta de Alice. Esta acaba por decidir visitá-las. É a partir deste momento que a vida desta família começa a sofrer alterações. Alice vem disposta a roubar a vida da irmã? Porquê? Não posso responder.

Deixo o convite à leitura, que fará as delícias dos apreciadores de um bom thriller psicológico que, sem ser muito pesado, se revela viciante.

Ishiguro, Kazuo (2021). Klara e o Sol. Lisboa: Gradiva.


Nº de páginas: 360

Início da leitura: 10/08/2021

Fim da leitura: 12/08/2021

Klara e o Sol é o último livro do Nobel da Literatura Kazuo Ishiguro, traduzido por Maria de Fátima Carmo.

Sinopse:

Do local onde está exposta, Klara, uma Amiga Artificial com notável capacidade de observação, vê com atenção o comportamento dos que entram na loja para apreciar os artigos e dos que passam na rua e se detêm a olhar as montras.

Acalenta a esperança de que entre um cliente que a escolha, mas, quando surge a possibilidade de as suas circunstâncias se alterarem para sempre, Klara é aconselhada a não se fiar muito nas promessas dos seres humanos.

Através do olhar de uma narradora inesquecível, Kazuo Ishiguro contempla em Klara e o Sol o mundo moderno em rápida mudança para compreender uma questão fundamental: o que significa amar?”

Opinião:

Esta obra ficcional, em grande parte de ficção científica, não pretendia, penso eu, ser um depósito de chavões deste género literário, como também não se pretendia nenhum estudo científico. Antes pelo contrário. Apesar de se abordarem questões mais genéricas, como o domínio do mundo pelas máquinas, que o homem teme virem a substituí-lo em muitos domínios, não foi esse o aspeto preponderante que captei na história criada por Ishiguro. Nem penso que tivesse pretensões a sê-lo. A história é narrada na 1ª pessoa, tendo o autor escolhido para narradora Klara, uma Amiga Virtual. Esta escolha faz-nos perceber a perspetiva de Klara, que, naturalmente nos interessava mais, a quem pretende fruir da leitura, mas que poderia deixar insatisfeito quem esperava desta obra uma profunda abordagem da temática da inteligência artificial.

A história começa com Klara, numa montra de uma loja que vende AA (Amigas Artificiais), normalmente para acompanharem crianças e ajudarem a colmatar toda a solidão em que a sociedade atual as encerra, uma sociedade cada vez mais deteriorada, mais só, mais conflituosa, onde, como em várias distopias que li, se chega a um ponto em que se impõe uma necessária seleção. Muitas crianças acabam por morrer, se não houver, por parte dos pais, a decisão de os alterar, de alguma forma, em termos genéticos.

Klara é escolhida por Josie, uma criança que se encontra gravemente doente, supostamente por decisões dos pais (mais da mãe), que não nos são completamente clarificadas. E, apesar de haver modelos mais recentes, é Klara que capta a atenção da criança. Klara acaba por se revelar uma exímia cuidadora de Josie, preocupando-se com a sua saúde e bem-estar, mais do que a própria mãe, dividida entre a preocupação com a filha, o emprego e as sombras do passado que continuam a fazê-la sofrer e temer pelo futuro de Josie.

Não posso revelar mais. Apenas posso adiantar que muitos acontecimentos se desenrolam durante a estadia de Klara em casa de Josie. E, claro, com a preciosa ajuda do Sol, de que Klara vai sempre depender.

Gostei tanto da Klara, tão sensata, tão mais humana que alguns humanos, tão mais amiga, tão atenta a tudo o que a rodeia, tão curiosa e com vontade de aprender sempre mais com a observação dos humanos…

Um livro excelente para uma leitura de verão, em que o sol nos permitirá recarregarmos as nossas baterias para o próximo ano de trabalho, porque também precisamos de livros que nos deem sol!

Honeyman, Gail (2017). A Educação de Eleanor. Porto: Porto Editora.

Nº de páginas: 328

Início da leitura: 08/08/2021

Fim da leitura: 10/08/2021

A Educação de Eleanor é um romance escrito por Gail Honeyman e traduzido Elsa T. S. Vieira.

Sinopse:

“Costa Award para Primeiro Romance

Livro do Ano British Book Awards

Livro do Ano da Livraria W H Smith

Nomeado para Livro do Ano pela Goodreads

Eleanor Oliphant tem uma vida perfeitamente normal - ou assim quer acreditar. É uma mulher algo excêntrica e pouco dotada na arte da interação social, cuja vida solitária gira à volta de trabalho, vodca, refeições pré-cozinhadas e conversas telefónicas semanais com a mãe.

Porém, a rotina que tanto preza fica virada do avesso quando conhece Raymond - o técnico de informática do escritório onde trabalha, um homem trapalhão e com uma grande falta de maneiras - e ambos socorrem Sammy, um senhor de idade que perdeu os sentidos no meio da rua.

A amizade entre os três acaba por trazer mais pessoas à vida de Eleanor e alargar os seus horizontes. E, com a ajuda de Raymond, ela começa a enfrentar a verdade que manteve escondida de si própria, sobre a sua vida e o seu passado, num processo penoso mas que lhe permitirá, por fim, abrir o coração.”

 

Opinião:

Devo dizer que, inicialmente, não gostei da protagonista do livro. Eleanor Oliphant apresenta-se-nos como uma jovem de pouco mais de trinta anos, antissocial, demasiado crítica, tecendo juízos de valor sobre tudo e todos, com uma paixoneta de uma típica adolescente por um cantor, acreditando que poderá vir a ter um relacionamento sério com alguém que desconhece, preocupada (de repente) com o que poderia mudar em termos de imagem para impressionar o seu ídolo de sapatos engraxados.

Aos poucos, à medida que Eleanor se dá a conhecer, vamos desconstruindo todas estas ideias iniciais. Há fortes motivos para Eleanor ser como é. É antissocial, porque rejeitada, porque se sentiu sempre inadaptada, porque não deixara de ser a menina de 10 anos que passou por uma terrível provação, porque a educação que lhe foi dada pela mãe a deixou repleta de ideias pré-concebidas, porque a mãe sempre a humilhou e sempre “gozou” com toda a gente. Talvez, por isso, Eleanor se tenha tornado demasiado crítica. Por outro lado, gosta de rotinas, que lhe conferem uma segurança que não sente. Vive na sua solidão, conversando com uma planta, a única forma de vida que tem há muito tempo. Refugia-se no seu espaço de sonho, que criou na sua imaginação. Penso que o cantor seria o prolongamento exterior desse lugar de sonho. Eleanor bebia, ao fim de semana, para a ajudar a esquecer os fantasmas e passar mais depressa o tempo em que estava sozinha, em casa.

À medida que a história avança, ficamos completamente rendidos a Eleanor. Confesso que me apeteceu abraçá-la para a reconfortar.

Da história em si, não vou falar, porque não quero adiantar muito, nem tirar o prazer da leitura a futuros leitores.

Só para terem uma noção do quanto gostei deste livro, apesar de ter terminado a sua leitura a altas horas da noite, só agora consegui falar sobre ele e, garantidamente, afeiçoei-me a esta forte jovem, que ficará comigo, no cantinho especial que tenho reservado, na minha mente, às personagens que me marcaram mais nos livros que leio.

 

 

Craven, M.W. (2021). Verão Negro. Amadora: Topseller.

Nº de páginas: 400

Início da Leitura: 06/08/2021

Fim da Leitura: 08/08/2021

Verão Negro é um thriller de M.W. Craven, traduzido por Pedro Póvoa.

Sinopse:

“Jared Keaton é o chef das estrelas. Encantador. Carismático. Psicopata… E está a cumprir pena de prisão perpétua pelo homicídio brutal da sua filha, Elizabeth. O corpo nunca foi encontrado, e Keaton foi condenado sobretudo com base no testemunho do inspetor Washington Poe.

Quando, seis anos depois, uma jovem entra a cambalear numa esquadra de polícia com provas irrefutáveis de que é Elizabeth Keaton, Poe dá por si no lado contrário de uma investigação que poderá custar-lhe muito mais do que a carreira.

Ajudado pela única pessoa em quem confia, a brilhante, mas socialmente desajeitada, Tilly Bradshaw, Poe esforça-se por responder à única pergunta que importa: como pode alguém estar vivo se morreu há seis anos?

E então Elizabeth torna a desaparecer… e todos os caminhos da investigação parecem levar novamente a Poe.”

Opinião:

Mais um thriller fascinante e com requintes macabros. Depois de ler Teatro de Fantoches, fico novamente surpreendida com a capacidade deste autor na escrita de thrillers. Uma história surpreendente, bem elaborada e articulada, de forma a manter o suspense ao longo de todo o livro, que nos deixa em alerta constante até ao final.

Esta dupla Poe e Tilly é cativante, acabando por, mais uma vez, se complementarem nas suas próprias discrepâncias. Imbatíveis! Considero que, neste livro em concreto, Poe acaba por ter um papel mais relevante, se bem que o trabalho de pesquisa que Tilly realiza na perfeição, se revele, com efeito, imprescindível.

Não posso adiantar muito mais do que o que está mencionado na sinopse. Apenas posso afiançar que é daqueles livros que facilmente nos mantém em vigília e, sem nos darmos conta, a noite passa e nem nos apercebemos.

Craven, M.W. (2020). Teatro de Fantoches. Amadora: 20/20 Topseller.

Nº de páginas: 352

Início da Leitura:04/08/2021

Fim da Leitura: 05/08/2021

Teatro de Fantoches é um thriller de M.W. Craven, traduzido por Pedro Póvoa.

Sinopse:

“Haverá algo pior do que ser queimado vivo?

Um assassino em série anda à solta. Ele raptou, mutilou e queimou homens nos círculos de pedra pré-históricos do condado de Cúmbria. Não deixou pistas, e a polícia está desorientada. Quando o nome do inspetor Washington Poe é encontrado gravado nos restos carbonizados da terceira vítima, ele é chamado a participar na investigação.

Poe não se quer envolver, mas o cruel assassino tem um plano e, por alguma razão, o inspetor faz parte dele. Acaba, então, por formar equipa com a brilhante, mas socialmente desajustada, analista de dados Tilly Bradshaw, e juntos irão identificar pistas que só Poe consegue seguir.

À medida que o número de corpos carbonizados aumenta, Poe percebe que há muito mais em jogo do que poderia imaginar. E, num final chocante que destrói tudo aquilo em que acreditava sobre si mesmo, o inspetor descobre que há coisas ainda piores do que ser queimado vivo…”

Opinião:

Gostei muito deste thriller. Começa com um ritmo mais lento, que nos permite conhecer melhor as personagens e compreender todo o enredo. Bem estruturado e bem escrito. As personagens têm carisma, foram muito bem pensadas e facilmente as recriamos na nossa mente, a partir das descrições. Quer pelo enredo, quer pela relação entre as personagens, certo é que me vi presa à história, de capítulos breves e a que são adicionadas constantemente novas pistas, e sem vontade de pousar o livro antes de o terminar.

A dupla Washington Poe e Tilly Bradshaw, além de ter feitios completamente opostos, acabam por se complementar, mostrando-se ambos imprescindíveis nos mistérios a deslindar.

Poe, afastado da polícia, acaba por ser integrado na equipa de investigação de cruéis crimes levado a cabo em Cúmbria, pela inspetora Flynn, a partir do momento em que o seu nome aparece gravado no peito da terceira vítima do “Imolador”. Apesar de todas as fragilidades demonstradas relativamente a traumas de infância, tornou-se num homem inflexível, perspicaz e impulsivo. Ficamos intrigados com a ligação entre o criminoso e Poe e queremos perceber a ligação entre os dois.

Tilly é uma personagem cativante, completamente diferente, antissocial, mas espontânea e retratada com um sentido de humor refinado. Acaba por dar uma nova dinâmica à investigação. Não são perfeitos, são reais e é isso que os torna mais especiais.

Gostei tanto, que vou partir já para a leitura do Verão Negro, para, assim, poder continuar a acompanhar esta dupla incrível!

Aconselho a leitura!


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Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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