Histórias Soltas Presas Dentro de Mim

Kelly, Julia (2021). A Luz sobre Londres. Amadora: TopSeller.

Nº de páginas: 336

Início da leitura: 26/06/2021

Fim da leitura: 28/06/2021

A Luz sobre Londres é um romance de ficção histórica de Julia Kelly, traduzido por Rita Carvalho e Guerra.

Inspirada num livro que leu sobre as artilheiras da Segunda Guerra Mundial, a autora deste livro, parte deste momento histórico e destas mulheres do Exército, Serviço Territorial Auxiliar, que trabalhavam no Comando Antiaéreo defendendo os céus de Londres, recrutadas pelas suas aptidões, para nos contar duas histórias que se entrecruzam, e que misturam, na perfeição, ficção e realidade.

Cara, recém-divorciada, discreta e extremamente curiosa e perspicaz, quando incumbida de analisar e avaliar os bens de uma propriedade antiga, descobre, numa das caixas que verifica, um diário que data da II Guerra Mundial. Fica irremediavelmente presa a este e aos protagonistas do mesmo, principalmente à sua autora, Louise Keene, de quem encontra uma foto na qual reconhece um uniforme também usado pela sua avó. Acaba por se envolver na leitura do diário e por tentar encontrar a sua autora. A partir daqui, temos as duas narrativas a surgirem num processo de alternância e que, de alguma maneira, têm ligações que cruzam segredos de duas famílias.

Louise vivia numa pequena aldeia na Cornualha e, aos 19 anos, era completamente submissa aos pais. Considera-se uma rapariga tímida e apagada, deixando que seja a prima, Kate, totalmente diferente dela e que prendia todas as atenções sobre si, a brilhar onde quer que fossem, se bem que não era muito dada a saídas. Tinha já o seu futuro delineado pelos pais, inclusive o futuro noivo, que havia partido para a guerra, por quem deveria esperar para se casar e formar família. Foi quando a prima a convenceu a sair um dia, à noite, que se faria luz sobre os seus próprios objetivos de vida. Nessa noite conheceu Paul, um piloto da Força Aérea Britânica que a faria repensar a sua vida, os seus sonhos e o seu destino. Quando ele partiu, decidiu alistar-se no Exército e foi então que integrou a unidade de baterias antiaéreas e se tornou artilheira.

Que destino estaria reservado a Louise? Conseguiria ela sair incólume de uma guerra tão cruel, numa função que colocava a sua vida constantemente em risco?

E relativamente a Cara, onde a conduzirá a leitura do diário de Louise?

Fica o convite para mergulhar com Cara na leitura deste Diário e seguir a vida destas mulheres-coragem, as artilheiras, e perceber de que forma a vida das duas mulheres se interliga.

Bem escrito para o género, a autora consegue cativar-nos e prender-nos à história.

Mola, Carmen (2021). A Noiva Cigana. Lisboa: Suma das Letras.

 


Nº de páginas: 368

Início da leitura: 24/06/2021

A Noiva Cigana é um thriller escrito por Carmen Mola e traduzido por Raquel Nobre Guerra.

Um livro que nos prende desde o início e só conseguimos pousar quando terminado. Com uma premissa interessante, criativa, descrições sádicas, a par de uma alternância entre duas histórias que se interligam na perfeição, este é, atrever-me-ia a dizer, um dos melhores thrillers do ano.

Tudo começa com a morte de Susana Macaya, filha de pais ciganos, mas emancipada, a viver sozinha e com um estilo de vida em nada convencional. Desaparece durante a sua despedida de solteira, sendo encontrado o corpo dois dias depois, vítima de uma tortura macabra com larvas, tal como tinha acontecido com a irmã, Lara, que também fora morta em idênticas circunstâncias. Tudo leva a crer que o assassino é o mesmo. Mas como poderá ser o mesmo, se este se encontra preso? Não é assim tão linear e, a certa altura, estamos tão envolvidos no misterioso crime, que facilmente seguimos todos os passos da investigação levada a cabo pela equipa de Elena Blanco, uma detetive inteligente, de temperamento forte e enigmático, que gosta de Karaoke, de beber e tem uma obsessão com as imagens captadas por uma câmara de vídeo instalada na sua varanda e que lhe permite ver quem passa pelo parque. O que estará por trás dessa obsessão?

A não perder de vista pelos apreciadores deste género!

 Springora, Vanessa (2020). Consentimento. Lisboa: Alfaguara Portugal.

 

Nº de páginas: 184

Início da leitura: 22/06

Fim da leitura: 23/06

Consentimento é um pequeno grande livro autobiográfico da escritora parisiense Vanessa Springora.

De imediato, a leitura deste livro me deixou num tremendo mal-estar. O ritmo alucinante da narrativa, fez-me lembrar um desabafo que queremos expulsar o mais rápido possível de nós, como se a rapidez com que se conta esta história, pudesse torná-la menos penosa para quem a vivenciou, uma espécie de expurgação, como se algo que estivesse atravessado entre a alma e a escrita, pudesse sair como um vómito de tudo quanto a autora viveu, um vómito, onde possa, de uma vez por todas, libertar-se de um passado que ninguém se consegue imaginar a viver. É, por isso, um grande “murro no estômago” do leitor, que fica imediatamente preso à narradora, que entende que, apesar de muitas das situações descritas poderem ter sido evitadas, nem sempre tudo acontece como queremos e, muitas vezes, se consente no que é e deve ser inconsentido.

Afinal, o que pode estar por detrás de um consentimento? Será apenas vontade própria? Imaturidade? Vivências anteriores e desprendimento de que sempre se foi alvo? Consentimento por parte de um familiar?

Um grito de alerta para tantos e tantos consentimentos que há por aí, que, reprimidos, podem destruir uma pessoa. Um livro que mexe connosco e que aponta diretamente o dedo a um escritor francês conceituado, a cujas condutas reprováveis a sociedade foi sempre fechando os olhos. Quantas e quantas vítimas não continuam a ser ignoradas?

A quem ler: prepare-se para suster a respiração do início ao fim do livro, que vai, com certeza, ler de uma assentada!

North, Alex (2021). O Amigo das Sombras. Amadora: Topseller.

Número de páginas: 320

Início da leitura: 19/06

Fim da leitura: 20/06


O Amigo das Sombras é um thriller escrito por um autor inglês sob o pseudónimo de Alex North e traduzido por Pedro Póvoa.

Intercalando o passado e o presente, há ainda, passados 25 anos, um mistério que nasce das sombras do bosque e ensombra as personagens por meio de “sonhos lúcidos”. Quando um crime do passado se volta a repetir no presente, pela projeção que teve entre os jovens, nos esconsos mais sombrios da Internet, tudo é questionado e as dúvidas permanecem no ar, as sombras vão tratando de ocultar os verdadeiros acontecimentos, desvendados apenas no final da história.

Charlie Crabtree era um jovem sinistro, de sorriso sombrio e que terá cometido um crime que chocou toda a comunidade. Paul Adams está de volta, passados todos estes anos, à sua terra natal, para se despedir da mãe, bastante doente, a viver numa casa de repouso. Ainda assim, em breves momentos de lucidez, a mãe alerta-o e pede-lhe que não volte a casa. O que se esconderá, passados todos estes anos, em casa de Paul? Terá ainda Charlie, que desaparecera misteriosamente há 25 anos, alguma coisa a ver com os novos crimes? É o que vos convido a descobrir, acompanhando a inspetora Amanda Beck nas investigações.

Este é um livro que se lê num ápice, apresentando uma linguagem simples, mas bem estruturada. É uma história bem construída e cativante, muito na linha de Stephen King (não fossem os protagonistas apreciadores e leitores compulsivos de King).

Aconselho a leitura!

Frank, Anita (2021). Os Desaparecidos. Lisboa: TopSeller

Nº de páginas: 416

Início da Leitura: 14/06/2021

Fim da Leitura: 18/06/2021

Os Desaparecidos é um livro que se insere no género literatura fantástica com laivos de gótico, escrito por Anita Frank e traduzido por Leonor Bizarro Marques.

Stella Marcham acabara de perder o noivo, Gerald, que a guerra ceifou demasiado cedo. A esta irremediável perda, juntam-se as recordações que teve enquanto enfermeira que vivenciou a guerra na frente de combate. Esta tragédia, acaba por fazê-la fechar-se em si própria e, apesar de os pais acharem que ela estava doente, Stella ripostava afirmando que apenas se sentia de luto.

Entretanto, é-lhe proposto pelo cunhado, Hector, que ela vá com ele para sua casa, uma vez que a irmã, Madeleine, precisa dela e poderia ser bom para ambas. Madeleine estava grávida e teria perdido um bebé antes do regresso de Stella. Stella decidiu levar com ela a criada, Annie Burrows, uma rapariga enigmática, que, apesar de a deixar desconfortável, é a única disponível para a acompanhar.

Já em Greyswick, a mansão rural da família de Hector, acaba por perceber que a irmã não está bem. Esta revela-se muito ansiosa e confidencia-lhe que ouve uma criança chorar e que não se sente segura ali. Também Stella começa a aperceber-se de situações estranhas, como o bebé que chora no quarto das crianças e os soldadinhos de chumbo que vão sendo colocados de forma a que ela os descubra e se amedronte.

Quando o cunhado regressa, traz consigo o Sr. Sheers, que lhe garantira que conseguiria provar que não existiam ali fantasmas, que era tudo fruto da imaginação das irmãs Marcham. Também o cunhado acredita que é tudo fruto da imaginação delas, não dando crédito aos acontecimentos que Madeleine lhe conta. Porém, quando vivencia uma situação em que, na sala onde se encontravam todos, sucedem acontecimentos muito estranhos, acaba por levar Madeleine consigo. Stella fica e tenta perceber o que se passa na mansão. Entretanto, descobrira que Annie tinha o poder, tal como tivera o pai dela, de comunicar com os mortos, que iam deixando pistas para ela ler. Mas serão mesmo entes mortos que pairam na mansão? Não será, como Sr. Sheers afiançava, fruto da imaginação das irmãs? Ou haveria alguém por detrás de todos os acontecimentos insólitos que decorrem na mansão?

Esta é uma história que, apesar de não avançar rapidamente, de ter alguns momentos um pouco lentos, vai-nos prendendo até ao fim.

Apesar de não ser uma apreciadora de fantasia, gostei deste livro. Mantém-nos presos à narrativa, com o suspense necessário para o leitor viver o adensar do mistério, se questionar e sentir curiosidade na resolução dos mistérios. As próprias descrições contribuem para criar esse clima místico e enigmático. A linguagem é fluente e ajuda na recriação de um ambiente de início do século XX.

Recomendo a leitura!

Novo, Isabel Rio (2018). A Febre das Almas Sensíveis. Lisboa: Dom Quixote.

Nº de páginas: 200

Início da leitura: 12/06/2021

Fim da leitura: 13/06/2021

A Febre das Almas Sensíveis, escrito pela portuense Isabel Rio Novo lê-se num ápice. É absolutamente viciante!

Ousaria começar com uma passagem da obra: “A quase todos nós, filhos do tempo, a eternidade inspira uma angústia involuntária, e o infinito, um medo misterioso. Talvez por isso gostemos das histórias de assombrações, que escutamos com um misto de arrepio e espanto.”

Foi com este misto de “arrepio e espanto” que adentrei nesta leitura.

Intercalando uma narrativa de primeira pessoa com uma de terceira, surgem-nos personagens distintas e uma teia de histórias que se cruzam e se fundam na própria História, em que a tuberculose, doença das multidões operárias das cidades, mal alimentadas e consumidas pelo excesso de trabalho, dos sobreviventes das guerras, dos estropiados, dos desnutridos, dos miseráveis. Essas eram, na verdade, as almas sensíveis.

Assim, é-nos contada a história de um “estranho” agregado familiar das Fontainhas, a par da visita a um sanatório em ruínas por uma jovem, que aí descobre umas páginas escritas e outros objetos, que funcionam como uma espécie de apontamentos que vai recolhendo, e ainda um outro narrador de terceira pessoa, que vai recordando vários tuberculosos famosos que foram vítimas desta doença, de entre médicos, professores e, essencialmente, poetas. E, essencialmente poetas, pela sua condição de almas sensíveis e frágeis, de quem mais facilmente a doença se poderia apropriar. De entre estes escritores, são referidos Walt Whitman, as irmãs Brontë, Anton Tchekov, Balzac e, entre nós, Cesário Verde, António Nobre, Júlio Diniz, Soares de Passos, Sebastião da Gama, José Duro, entre outros.

Uma narrativa engenhosa, extremamente bem escrita e cativante.

A história que mencionei no início é a da família de Alice e Manuel, cujos filhos foram nascendo em diferentes localidades de Portugal: Figueiró dos Vinhos, Peniche, Buarcos, tendo vivido ainda em Vila da Barca, Figueira da Foz, Coimbra, uma vez que Alice era professora e não tinha colocação efetiva. O pai dividia-se entre “vários sonhos e a frustração de nunca os ver concretizados”. Certo era, que não havia grande amor naquela casa, com uma mãe ausente e um pai que “oscilava entre a ternura e a severidade”. Eduardo assumia perante os irmãos, Gilberto e Armando, as responsabilidades dos pais ausentes. No meio desta desestruturação toda, Alice começa a trair o marido com outro homem.

Quando Armando apresenta a futura esposa à mãe, esta rege mal e, perante a afronta que sente quando Manuel se coloca do lado do filho, Alice decide que, a partir daquele dia, deixaria de ser mãe deles e nunca mais queria vê-los sequer. Gilberto foi o único que ficou com a mãe. Quando a mãe diz a Eduardo que nunca conseguirá concretizar o seu sonho de ser médico, este promete a si mesmo que o há de conseguir.

Armando acaba por casar com Natália e têm uma menina, a Laura. A criança é a primeira a morrer vítima de tuberculose. Armando acaba por ser internado num sanatório, no Caramulo.

É incrível a descrição minuciosa que é feita da vida de Armando no Sanatório, os amigos que faz, o que observa, a solidão que enfrenta, a morte a que assiste. É tudo de um realismo e, ao mesmo tempo, de uma poeticidade (um decadentismo romântico) que nos enternecem a alma.

Impressionante também é conseguir encontrar-se um ideal de beleza feminina nas feições marcadas por esta febre que tanta gente matou: “A palidez dos olhos húmidos, as faces enrubescidas e a rouquidão da voz sublinhavam a languidez dos corpos, a alvura dos dentes e a tonalidade dos cabelos, tornando os anjos tísicos modelos da estética feminina cultuada pelos românticos”.

Ter-se-á Armando curado e regressado a casa, para junto de Natália? E Eduardo, conseguiu ele formar-se? E Alice, conseguiu ela cumprir a sua promessa de nunca mais querer ver os filhos?

Certo é que é de forma febril que se lê este livro, absolutamente intenso e brilhante!

Carvalho, Cristina (2011). A Casa das Auroras. Lisboa: Planeta.

Nº de páginas:192

Início da leitura: 12/06/2021

Fim da leitura: 12/06/2021

A Casa das Auroras é um romance de Cristina Carvalho. A sinopse despertou-me logo a atenção. Quando comecei a ler, percebi que é daqueles livros que requer uma certa introspeção, um silêncio, para se poder entrar nesta casa e sentarmo-nos com as personagens a beber um chá redentor.

Esta é uma casa com pelo menos 300 anos e de mulheres, que a visitam. Porém, ninguém sabe quem são, nem por que se encontram ali todas as noites, nem quantas são. Consta ainda que nunca morrerão.

A narradora, de primeira pessoa, afirma que terá sido o mistério que envolve esta casa, as situações insólitas que por lá se passam, “inusitadas, estranhas, fantasmagóricas”, que a terão levado ali. É uma repórter e terá chegado ali com o intuito de escrever sobre uma morte ocorrida em condições estranhas. E nunca mais saiu dali. Sem conseguir desvendar o mistério, a Casa das Auroras constitui a mola que a faz viver, porque, ao mesmo tempo que a assusta, encanta e prende cada vez mais.

E onde fica esta casa? Supostamente situa-se num local ficcional, Quintas, uma pequena aldeia em Portugal. Pela descrição, chega-se lá por um desvio da praia da Calada.

Tiágostinho, o homem mais velho da aldeia, era pai de Bela, a rapariga desaparecida. Quando a narradora lhe pergunta pela filha e pela amiga, Alex, ele refere-lhe que elas continuam a aparecer na Casa, mas que ninguém as vê.

Quando a repórter visita a Casa das Auroras, fica numa espécie de letargia, um estado anestesiado, que a faz ver 6 mulheres sentadas à volta de uma mesa, a beber chá. Não se conheciam umas às outras e, todos os dias, eram mulheres diferentes. Eram as Auroras. Em torno da mesa, propõe-se contar os seus relatos, os seus segredos, as histórias que envolveram as suas mortes, os que as rodeavam, faziam parte das suas vidas, como se comportavam…

De entre essas histórias, temos, por exemplo:

-  A mais velha, de 91 anos, que conta a história da mulher-lobo, do padre que cai em tentações da carne e do filho que nasceu dessas circunstâncias;

- A mais nova, que sempre desejou flutuar, levitar no espaço, cuja professora de Moral implicava com ela por querer conhecer a Lua tal como Neil Armstrong ou Edwin Aldrin. Implicava também por ela usar calças (coisas de homem), estando, no entender da professora, possuída pelo demónio.

- A jovem de 20 anos, muito apaixonada, que viu desmoronar o seu sonho de amor durante um tremor de terra, na década de 60.

…

E outras tantas histórias, que aqui não conto, mas que poderão conhecer quando lerem o livro.

Numa escrita rica, a autora vai pintando uma série de quadros improváveis, mas com uma mestria que cativa o leitor.

Recomendo.

Gonçalves, Hugo (2019). Filho da Mãe. Lisboa: Companhia das Letras.

Nº de páginas: 240

Início da Leitura: 09/06/2021

Fim da Leitura: 11/06/2021

 


Filho da Mãe é um romance biográfico de Hugo Gonçalves, no qual o autor faz uma incursão ao passado, na tentativa de recordar a mãe, o impacto que a sua doença e morte tiveram nele.

Não foi um tema fácil para mim, uma vez que me revejo sobretudo no que concerne à doença, de que foram vítimas os meus pais, com 49 e 55 anos.

Num relato pessoal e introspetivo, começa por nos contar sobre o momento em que perdeu a mãe, em 1985, tinha ela apenas 32 anos e ele 8. Vai intercalando vários momentos da sua vida, numa busca pelo passado, por tudo o que ficou esquecido nas brumas da memória e a procura que fez, ouvindo familiares e amigos que, de alguma forma, conheceram a mãe.

Em 2015, a avó entrega-lhe um saco de plástico com o testamento do avô, que ele só abrirá um ano depois.

Sobre a doença da mãe pouco sabia e pouco ficou a saber pelo pai que se fechou “à beira do precipício de uma depressão”.

Recorda que, quando tinha 8 anos, sabendo que a mãe estava doente, embora não se falasse nisso, achava que “se andasse pela casa de joelhos, esfolando a pele”, as suas feridas poderiam, de alguma maneira, substituir as da sua mãe. Nesta altura, combatia o mistério da doença, refugiando-se no sobrenatural e na ficção. Estas são breves recordações. Muitas são as perguntas que se coloca, uma vez que grande parte das suas vidas “em comum foi apagada”. Sabia apenas que “A doença era uma criatura incorpórea, capaz de atravessar paredes” e “O cancro: um apaixonado pacto suicida unilateral”.

Em breves conversas com o pai, anos depois, fica a saber que ele e a mãe tinham uma forte ligação.

Quando a mãe morreu, “…sentia a brutalidade da sua ausência – inarredável, sem solução, o silêncio soprado nas veias como no interior das paredes de uma casa devoluta.”

No momento em que o pai refez a sua vida com Rita, ele passou a andar com uma foto dela para não lidar “mais com o constrangimento de dizer aos novos colegas” que a mãe tinha morrido.

Aos 17 anos, entregou-se aos vícios - sexo, drogas e álcool – formas de “escapismo, um recurso simples para algo profundo”, porque “por vezes, revolta e autodestruição são a mesma coisa”.

Com quase 40 anos, assume, pela primeira vez, que a perda exige o luto. Foi então que abriu o testamento do avô.

Termino com mais uma frase do autor, que, quanto a mim, resume bem esta obra: “de todos os eventos biográficos da família, nenhum foi tão decisivo e irrevogável. A ausência da minha mãe é aquilo que sou”, sendo que a sua maior mágoa foi nunca se ter despedido da mãe.

Este foi um livro que li de forma íntima, revendo-me na dor sentida, nas perguntas que o autor ia colocando (“Como era a voz dela? Como era a voz do seu cansaço ou entrecortada por um soluço?... Qual o tom do seu riso? Cantava ao estender a roupa? Como dizia o meu nome?").

É impossível ficar indiferente, por exemplo, quando, ao falar do pai, refere: “Um homem que teve de a deixar no hospital, entregue a estranhos, que pegariam no corpo e o levariam para a morgue…O meu pai esperou na sala de embarque e entrou no avião sabendo que, nas duas horas e meia que se seguiam, a sua mulher morta estaria no porão, debaixo dos seus pés, viajando a três quilómetros da face da terra onde seria enterrada”.

Um livro que se lê com um aperto no peito, uma amálgama de memórias que nos contraem os músculos e nos fazem, inevitavelmente, deixar escapar umas lágrimas teimosas.

Silva, Rui da Conceição (2015). Quando o Sol Brilha. Barcarena: Marcador.

Nº de páginas: 304

Início da leitura: 08/06/2021

Fim da leitura: 09/06/2021

Quando o Sol Brilha é um romance escrito por Rui Conceição Silva, um escritor português, nascido em 1963 em Figueiró dos Vinhos.

A ação decorre na Quinta dos jardins, em Granja dos Pardais, onde vive o narrador, Edmundo, a família, onde se inclui o pai de Edmundo, Felismino, também conhecido por Jardins, que deixou de reconhecer o próprio filho, a quem trata por vizinho e que passa os dias sentado numa cadeira à beira de uma janela, através da qual vê passar cavalos imaginários. Ficara assim desde que encontrou a mulher, Alice, morta na horta.

Numa linguagem metafórica e doce, onde perpassa a nostalgia de um passado perdido nas brumas da memória, o narrador relembra e conta-nos a sua vida. Os bons momentos da infância, da sua íntima relação com a natureza. Tornou-se uma pessoa triste, “refém da sua melancolia” quando, no fim da infância, aprendeu a “ler os rostos das pessoas”. Estudou apenas até aos dez anos, altura em que o pai o mandou pastar as ovelhas. Tinha um grande amor pelos livros e fazia-se acompanhar nos montes por livros que requisitava na biblioteca. A partir dos catorze anos, o pai arranjou-lhe emprego numa fábrica de fundição de vila velha. Casou com Evangelina e teve três filhos. 

O narrador alterna histórias das pessoas da aldeia e a sua própria história pessoal, utilizando uma linguagem coloquial típica da região que retrata. É uma pessoa feliz.

Mas há um acontecimento na vida do protagonista que lhe vai roubar os sonhos e que o faz ver, pela primeira vez, os mesmos cavalos que o pai via e aos quais chamava de “os filhos do vento”. Este incidente despoleta incidentes tristes que vêm transtornar e transformar Edmundo, trazendo-lhe um sofrimento tão intenso que “todos os olhos morreram de lágrimas”.

Enternecedora e comovente. Nesta obra perpassa a dor, a angústia, a revolta que vem como um gélido silêncio, que não se evita, não se contorna, apenas para ser mais bonito.

Até que ponto este sofrimento pode arrastar o protagonista para o limbo ao ponto de deixarem de se reconhecer? Será que, após mergulhar neste sofrimento absoluto, é possível livrar-se da noite que lhe morava na alma? É possível que o sol volte a brilhar?

Esta é uma história que nos dói, porque, apesar de ficcional, a reconhecemos de histórias que presenciámos, pessoas que conhecemos, histórias que ouvimos contar e, por isso mesmo, com uma verosimilhança que a torna avassaladora. 

Aconselho a leitura!

 

 

Cruz, Afonso (2021). O Vício dos Livros. Lisboa: Companhia das Letras.

Nº de páginas: 128

Início da leitura: 08/06/2021

Fim da leitura: 08/06/2021

Quando se chega ao fim de um livro e se diz “já?”, “Não pode acabar agora!”, é porque nos tocou. Era previsível. Primeiro, o título foi logo um braço estendido a pedir-me “Lê-me!”, não fosse também meu “O Vício dos Livros”. Depois, Afonso Cruz é Afonso Cruz.

O Vício dos Livros de Afonso Cruz é um livro tão bom que sabe a pouco! Para além de nos conduzir, através das suas reflexões pessoais, curiosidades e memórias, ao âmago de um “amor maior”, fala-nos de livros e de autores que, de alguma forma, o marcaram no seu percurso de leitor. E fá-lo de uma forma simples, com sentido de humor, de forma poética que cativa e deixa o leitor rendido e sem vontade de pousar o livro.

Falar deste livro é citar Afonso Cruz, pois é quase impossível contar o que é incontável se não pelo autor. Desde a ternura com que fala da avó que se esquecia do avançado da idade ao contar as suas histórias, que o faz pensar na “luz por dentro” (de que falava Mário Quintana) que embeleza as “histórias dos velhos”. Ou quando nos conta como os livros podem influenciar até uma relação amorosa. Ou quando nos diz que, como “a morte também é leitora”, devemos andar “sempre com um livro na mão” para a distrair. Ou quando nos conta a história de uma escritora árabe que se divorciou porque, nas palavras que o autor cita da mesma “Comecei a ler e libertei-me”. Ou quando explica que o que afasta as pessoas da leitura são argumentos falaciosos e, citando António Basanta, refere que “não é a falta de tempo que impede a leitura: é a falta de desejo”. Argumentos como “gostaria muito, mas não tenho tempo para ler”, “adoro ler, mas o trabalho não deixa”, “costumava ler, mas as responsabilidades agora são muitas” não passam de desculpas, porque se pode ler até “entre trabalhos e tarefas” “nos transportes”, “enquanto almoça”, “na casa de banho”, “antes de dormir”. Adorei a passagem sobre “O poeta que foi assassinado pelos próprios livros e não pude deixar de rir com os exemplos, de que cito apenas um: “o pianista e compositor Charles-Valentin Alkan morreu a 30 de março de 1888 esmagado pela sua biblioteca”. Literalmente, sentiu “o peso esmagador do que leu”.  Depois, a forma como cada um organiza a sua biblioteca e a surpresa que pode ter ao colocar um livro meio ao acaso e com o qual tem “encontros inesperados”.

Ainda tem o poder de dizer o que penso, o que me faz pensar realmente, quando refere, com alguma mágoa, das histórias que poderia ter ouvido e, pura e simplesmente ignorou numa dada altura da sua vida. Refere que “a maior viagem possível é ouvir” e dá conta de uma frase de um livro de Antonio Basanta, que diz “A primeira biblioteca que conheci na minha vida foi a minha mãe (…) Cada noite, antes de dormir, visitávamos as estantes da sua memória”.

Termino com uma passagem que não poderia mesmo deixar de citar, por me identificar tanto com ela: “Por vezes, os livros que não são lidos podem assumir um ar acusador. Muitos leitores sentem alguma culpa quando olham para pilhas de livros por ler. No meu caso, considero estes livros uma possibilidade de ser livre: não tenho apenas um livro para ler, tenho muitos, e isso permite-me escolher o próximo”.

Peixoto, José Luís (2021). Almoço de Domingo. Lisboa: Quetzal Editores.


Nº de páginas: 264

Início da leitura: 05/06/2021

Fim da leitura: 05/06/2021 

Almoço de Domingo é um romance biográfico do comendador Rui Nabeiro. O próprio facto de o narrador ser, na maioria da obra, de primeira pessoa, na pessoa do próprio Rui, confere-lhe esse caráter ficcional. As memórias apresentadas são as de um homem de 90 anos. Talvez por esse facto, surjam, na maior parte das vezes, alternadas, diria mesmo quase fundidas, mescladas. Porém, sem nunca perder a lucidez que ainda o caracteriza e que é por demais evidente nas mesmas memórias. É de louvar esta lucidez, a forma como recorda lugares, gentes, acontecimentos, cheiros, sabores, regressos a casa.

Se fosse, à letra, uma biografia, haveria com certeza muito mais que dizer. Assim, nota-se que José Luís Peixoto escolheu os episódios que considerou mais marcantes e mais ligados à vida pessoal deste homem.

Rui Nabeiro é-nos apresentado com toda a humildade, convicções e espírito de sacrifício que o tornaram no empresário de sucesso e de renome como há poucos.

Quando, em 1961, cria a marca Delta, poderia pensar-se num empresário como tantos outros. Mas Rui era diferente. Fazia questão de se fazer presente. Nas fábricas, junto dos comerciantes e donos de cafés e restaurantes que lhe comprariam o café, no estrangeiro… A sua presença não era, contrariamente à de tantos empresários, uma presença distante. Ele falava com todos, sorria a todos, sempre pouco preocupado com, por exemplo, o “fato de treino fora de moda” que envergava. Eram esta simplicidade e humildade que cativavam.

Muitos são os acontecimentos que recorda, desde os pais, os irmãos, a irmã mais nova doente e que morre demasiado nova; quando é chamado à inspeção; os tempos de escola; o pão que ajudava a migar, na infância, para as sopas de pão; o tio Joaquim e os jantares com ele; o olhar de Marcelo Caetano; o jogo que foi ver, onde estava também Jorge Sampaio; o rapaz de quem o pai tomava conta; a morte do “amigo sincero”; o almoço com Mário Soares e Felipe Gonzalez nas mesas improvisadas da Cooperativa Progresso Campomaiorense, entre muitos muitos outros acontecimentos em que nos envolvemos e nos cativam.

Porém, de todos os acontecimentos, o que mais me emocionou foi, sem dúvida, a sua relação com a esposa, Alice. Não imagina “que vida teria tido sem ela”. Recorda o dia do casamento, um casamento simples, no qual “havia demasiada igreja para um ajuntamento tão modesto”. Casou aos 22 anos. Alice tinha 20 e trabalhava na costura. São setenta e sete anos que recorda com carinho. Relembra, com especial ternura, as manhãs de sábado com Alice, mesmo quando já tem de a ajudar a levantar-se, quando ela lhe pede que abra algumas persianas para entrar “mais sábado sobre os tapetes”. Relembra a voz dela “a ganhar primaveras no momento em que dizia o nome dos filhos, netos e bisnetos”, nestes sábados “que acrescentavam mais sabor à comida”. E que bonita a passagem em que nos fala do amadurecimento da sua relação: “…havia uma delicadeza especial, uma espécie de segredo, um encanto a que apenas se chega depois de muitos anos. Alice, esse nome atravessava o tempo, e o tempo era a vida”.

E, por fim, o regresso a Campo Maior, agora tão diferente do que era antes, mas que continua a considerar como o seu “regresso a casa”. É um regresso a casa para um almoço de domingo, onde celebrará os seus 90 anos, com toda a família e amigos.

Para além de uma vida riquíssima, dos episódios eximiamente escolhido pelo autor, temos a linguagem e o estilo de José Luís Peixoto, que nos consegue cativar e prender à narrativa. As repetições utilizadas concedem intensidade à mensagem que se quer transmitir, como se se tornassem parte dos nossos pensamentos, ficando a “martelar”. E depois, depois o mais importante: a poeticidade da linguagem de Peixoto, que nos comove, que nos arrepia, e que, neste livro, me fez sentir este regresso a casa como meu, como se nesta memória de um almoço de domingo, fosse um dos presentes, a sentir este aconchego de família. E que aconchego nos dá este livro! Recomendo tanto!

 

Zusak, Markus (2019). Nada Menos que um Milagre. Lisboa: Editorial Presença.

Nº de páginas: 496

Início da leitura: 05/06/2021

Fim da leitura: 06/06/2021

Nada Menos que um Milagre é um livro do escritor australiano Markus Zusak, traduzido por Miguel Romeira.

Devo dizer que parti para a leitura deste livro com muitas expectativas, uma vez que tinha adorado o seu livro mais conhecido A Rapariga que Roubava Livros, uma obra emblemática que decorre na Segunda Guerra.

Porém, não se revelou tão fácil entrar nesta história, talvez pela própria estrutura do livro ou pelo facto de nos dar a conhecer um grande número de personagens logo no início da história. Fui gostando do livro, à medida que fui avançando na história, deixando-me enredar na trama, nas alegrias e sofrimentos das personagens, com as quais é fácil criar empatia, unidas por um laço forte de amizade, até, finalmente, ter gostado. Não tanto como do anterior, sou sincera, mas é uma boa história, bem escrita.

Temos como narrador o irmão mais velho, Matthew, que nos conta como, a certa altura da sua vida, ele e os seus quatro irmãos perderam a mãe e o pai abandonou a casa, deixando-os sozinhos, imersos no caos de uma vida sem adultos, mas, apesar de tudo, feliz.

Entretanto, o pai regressa com um desafio: gostaria de ter a ajuda de um dos filhos para construir uma ponte. Clay é o único filho que aceita o desafio do pai. Mas o que estará por detrás desta decisão? Que segredo esconde Clay? Não será a ponte uma metáfora da própria vida? Um elo de ligação com um novo rumo, um novo sentido, uma nova forma de acreditar, uma redenção, um milagre? Não será a ponte o caminho que todos os mortos têm de percorrer, transpor, para alcançar a salvação? Ou, tão simplesmente, uma forma de aceitar a morte e de nos reconciliarmos com a vida?

Sem dúvida, um livro a ler!

 

Carey, Peter (2011). O Japão É Um Lugar Estranho. Lisboa: Tinta-da-China

Nº de páginas: 176

Início da leitura: 05/06/2021

Fim da leitura: 05/06/2021

O Japão É Um Lugar Estranho é um livro do australiano, nascido em 1943, Peter Carey e traduzido por Carlos Vaz Marques. Neste livro, o autor conta-nos a viagem que o autor fez com o filho ao Japão, decisão que tomou quando o filho lhe disse “Quando for grande, vou viver para Tóquio”. Charley, o filho, tem apenas 12 anos quando se apaixona por mangas, a banda desenhada representativa do Japão, em particular Akira, que começou como manga, mas depressa se tornou no filme de animação, ou melhor, anima, que se caracteriza pela conjugação de realismo e exagero e uma enorme quantidade de temas abordados.

Esta viagem permitiria a Carey estreitar laços com o filho, abordar a cultura que está na origem de mangas e todo o exotismo deste país asiático.

Pai e filho estão decididos a visitar o que designam como o “verdadeiro Japão”, com o intuito de conhecerem escritores e produtores de mangas e anima.

Reconheço a mestria da escrita de Carey e as descrições pormenorizadas e bastante interessantes de Tóquio. Gostaria apenas de estar mais familiarizada com a banda desenhada japonesa para usufruir plenamente de toda a história. Ainda assim, considero que viajei pelos olhos deste exímio observador, apreciei as histórias que foram sendo contadas e aprendi mais sobre a cultura oriental. O Japão é, sem dúvida, “um lugar estranho”.

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Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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