Histórias Soltas Presas Dentro de Mim


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A noite cai
qual manto negro
no rio que me corre
dentro do peito.
Sinto melodias presas
em grades cinzeladas
no coração.
E já nada flui.
Apagaram-se as lanternas
que faziam brilhar-me os olhos.
O desenho dos meus lábios
abertos num sorriso
perdeu os contornos,
é hoje algo indistinto.
O calor dos meus braços
já não abraça ninguém.
Os afetos ficaram aprisionados
no manto negro
do rio que me corre
dentro do peito.
                             Célia Gil




(Dedicado ao meu mais que tudo, o meu marido)

Hoje eu aproveitei
para pedir um desejo
um singelo e puro desejo
que apenas imaginei.

Hoje eu pensei
em seguir as pegadas do vento
um doce e suave vento
e então descompliquei.

Hoje eu sonhei
que o mundo era todo emoção
uma simples e ingénua emoção
com a qual me emocionei.

Hoje eu percebi
que o vento me sussurrou
o desejo na emoção que se instalou
e que sentirei sempre por ti
                                  só por ti!
                                             Célia Gil


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Enquanto a minha mão não me doer
Erigirei de palavras castelos
Fortes e de sentimentos bem belos
Para minh’alma se fortalecer.

Solidificarei bons sentimentos
De raízes sempre presas ao chão,
Que não quero subir sem direção
E cair do alto dos pensamentos.

Quero asas imbatíveis de um falcão
Para empreender meus sonhos seguros,
Asas que conheçam a direção,

Que sigam os meus instintos mais puros,
Conciliem emoção e razão
E tornem os percursos menos duros.
                                        Célia Gil

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(imagem do google)




O mundo está às avessas!
O pesponto das costuras
revela fragilidades
que outrora se escondiam
sob uma elegante aparência.

Mas hoje o mundo
deixou de conseguir esconder
o que temia revelar.
Hoje o mundo
tem orgulho em ser vagabundo
sem saber vagabundear
e sem já nada ocultar.

A revolta traz desaforamento
encolhe a vergonha
e aviva o despudor.
E o que antes era cimento
e fé no firmamento
é hoje falsidade, é peçonha,
é crítica, é ronha.
Esmorecem o amor
amofinando-o,
estrangulando-o
ao sabor do dissabor
do desamor e do rancor.
                                    Célia Gil



(imagem do google)


Uma tarde cálida, um jardim de primavera…
Passeiam-se mães empunhando carrinhos,
rindo e brincando com os seus rebentinhos,
uma tarde cálida, um jardim de primavera…

Sozinha, mais à frente, olhando de soslaio,
uma mulher com ar de vocação para mãe
olha, triste, os rebentos que não tem,
sozinha, mais à frente, olhando de soslaio.

Ali, naquele banco, uma mente estéril
esbofeteia um filho que não merecia,
mãe por acidente que o filho negligencia,
ali, naquele banco, uma mente estéril.

Eu, na plateia deste jardim da vida,
entristeço-me com estas duas situações,
vidas trocadas sem que haja razões,
eu, na plateia, deste jardim da vida.
                                                       Célia Gil



(imagem do google)

Portugal, que hoje és,
já o dizia Pessoa, “nevoeiro”,
esqueceste que foste o primeiro
a percorrer o mundo de lés a lés?

Foste o que ousou primeiro
sonhar o que nunca fora sonhado,
encontrar o que nunca fora encontrado,
louco, corajoso, aventureiro!

Onde jazem as cinzas da época de ouro?
Onde te esqueceste do teu berço?
Deixaste cair em terra o teu terço
e, com ele, a fé, teu maior tesouro.

Por mais que o rio agora corra,
se esforce por chegar ao mar,
já nada, povo, te faz vibrar…
Não deixes que a coragem te morra!

Se das cinzas nasce a esperança,
acredita, do nevoeiro regressará a fé
para acreditar de novo e até
para fazer renascer a confiança!
                                                Célia Gil

  
Hoje não venho postar nada meu, mas sim falar, com orgulho, da publicação do livro do meu filho mais velho, o Fernando, de 16 anos. De hoje a oito dias será a apresentação, na Biblioteca Municipal do Fundão.


E aqui vos deixo dois poemas que integram o livro "Aqui entre nós":


Serei o mestre e o aprendiz

Quem sou eu?
Neste mundo oprimido e narcisista,
Sem liberdade de opinião,
Sem lugar para um artista.
Onde desenharei eu minhas palavras?
Onde poderei eu libertar meus pensamentos?
Preciso de partir,
Encontrar o meu lugar,
Descobrir o meu próprio canto,
Descobrir o meu encanto.
Aí sim entoarei bem alto,
Minhas ambições e desilusões,
Factos e constactações.
Aí sim serei livre,
E farei o que quiser.
Aí voltarei a ser feliz,
Farei o que nunca fiz,
Serei o mestre e o aprendiz.


Fernando Teixeira



Pinóquios engravatados


Reza a história,
Que o pobre,
Pouco ou nada come.
E aceita-se esta realidade,
O assunto cai no esquecimento.
Até que alguém morre,
Na imprensa tinta corre,
Faz-se um drama mundial.
E aqueles que culpados são,
Ficam pasmados e espantados,
Desconhecendo a razão,
Para tal situação.
Fingem bem esses pinóquios,
Licenciados e engravatados,
Que com faro para o dinheiro,
Governam o nosso Estado.
É preciso alguém bater com a porta,
É preciso alguém dizer BASTA.
Chegou a altura de ajudar,
Pois não falta quem apoiar.
Está na hora de mudar,
Pensamentos e mentalidades.
Está na hora de acabar,
Com as mentiras e as falsidades.
Esses espantalhos que assumam,
As mortes que causaram.
Esses espantalhos que declarem,
A fome que provocaram.
Só espero que não seja tarde demais,
E que ainda se vá a tempo de solucionar,
Este problema que teima em alastrar,
E que parece nunca mais acabar.



Fernando Teixeira





(imagem do google)

De mim ando perdida,
temo não me reencontrar,
ficar esquecida neste deserto
que é a vida.

Fragmentei-me,
perdi cada pedaço de mim,
deixei-os cair sem que desse conta
pelos trilhos dos caminhos,
pelos labirintos por que passei.

Não reencontro as peças soltas
alguém as apanhou, colecionou,
e nada me deixou.

E o que ficou de mim
é tão pouco!
Não me deixa usufruir,
não me permite sentir,
não me deixa ser,
enfrentar e vencer.

Colecionador da minha alma,
devolve-me os sentimentos,
a fé, a confiança, a crença!

Colecionador da minha alma,
deixa-me recolher os pedaços
que perdi por aí…

Quero voltar a encontrar
a minha essência perdida!

Colecionador da minha alma,
deixa-me voltar a sonhar!
                                     Célia Gil



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(imagem do google)
Mergulho em águas cálidas
envolvo-me na água pura e cristalina,
que me abraça com a sua imensidão
estendendo braços doces,
abraçando-me como uma carícia breve.

Mergulho neste rio imenso
e sinto-me dona do Universo.
Aspiro o doce aroma do rio,
dos salgueiros, das giestas,
e estamos a sós
eu e tu, mãe natureza!
Quão grandioso é o teu esplendor,
Quantos tons de vida tem o teu silêncio!

Como pode o Homem ferir-te
em toda a tua beleza e harmonia?
Como pode o Homem destruir-te
se te dás, assim, sem nada pedir,
num acto de entrega total,
numa dádiva divina,
mãe natureza?
                               Célia Gil
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Sobre mim

Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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