Toni
Morrison foi a primeira escritora negra a ser distinguida, em 1993, com o
Prémio Nobel da Literatura. Foi esse facto que me levou a ler A Dádiva.
Um livro pequeno, mas que deve ser lido
com calma, com a devida atenção, para saborear as palavras da escritora, que
cativam logo desde as primeiras linhas e também porque a história nos é contada
em momentos diferentes e temos de nos situar, de perceber quando surgem as analepses
para podermos desfrutar ao máximo da obra.
É um romance extraordinário que se passa
na América do Norte de finais do século XVII, uma época marcada pela
escravatura, grandes divisões sociais e religiosas, tirania, preconceito e ódio
racial.
É neste contexto que Jacob Vaark, um
comerciante anglo-holandês, que, apesar de inicialmente se manter distante do
negócio dos escravos, acaba por aceitar, como pagamento de uma dívida de um
fazendeiro de Maryland, uma menina negra, Florens. É numa conjuntura de
submissão que Florens conhece a paixão, mas é também nesse contexto que descobre
o quanto a ausência de liberdade pode ser prejudicial para a alma.
Célia Gil
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