Histórias Soltas Presas Dentro de Mim

Ginzburg, Natalia (2021). As Pequenas Virtudes. Lisboa: relógio D’Água.


Tradução: Miguel Serras Pereira

Nº de páginas: 152

Início da leitura: 26/04/2022

Fim da leitura: 27/04/2022

**SINOPSE**

Entre 1944 e 1962, Natalia Ginzburg escreveu um conjunto de onze ensaios de pendor autobiográfico. São textos essenciais, o legado de uma das mais importantes escritoras do século XX, que viveu retirada no campo com o marido durante o governo de Mussolini e nos anos 60 se deslocou para Londres. Por eles, passam as suas impressões sobre a juventude e a idade adulta, as consequências da guerra, o medo, a pobreza e a solidão, as recordações de Cesare Pavese e a experiência de ser mãe e mulher quando se é escritora.

São páginas de uma perturbadora beleza, lúcidas, plenas de sabedoria, testemunho de uma escrita capaz de transformar objectos e experiências quotidianos em assuntos de grande significado sobre os quais o tempo parece não passar.

A Introdução é de Rachel Cusk.

Adorei este livro! Apreciei cada capítulo, cada pequena virtude. A salientar alguma, salientaria "As relações humanas", capítulo no qual a autora reflete sobre as relações humanas ao longo da nossa vida, abordando, por exemplo, a questão das relações familiares, que acabam por influenciar a relação das crianças com o mundo. Na infância, confrontamo-nos sempre com o outro como um ser superior que não conseguimos igualar, o que tende a aumentar a sensação de sofrimento, agravada especialmente na adolescência, porque os adolescentes consideram-se sempre, a dada altura, desprezados pelos colegas da escola, veem-se como seres inferiores, têm uma fase em que a falta de autoestima se torna enorme e os conduz a uma solidão envolta em névoas de dúvidas. Depois, esses jovens tornam-se eles, mais tarde, pais e percebem que, quando os filhos nascem, cresce, nos adultos, o medo, "medos infinitos crescem em nós, de qualquer perigo possível ou sofrimento que possa atingir os nossos filhos", "Amamos os nossos filhos de um modo tão doloroso, tão assustado..." que nos esquecemos de que eles são do mundo e não nossos. E tudo passa tão depressa, tudo é tão efémero que, quando nos damos conta, nós, ex-crianças, ex-adolescentes, a vida passou por nós e o espelho devolve-nos um "rosto sulcado, escavado", até que perdemos os nossos medos e o próprio medo da morte.

Este capítulo resume, de uma forma dura, mas tão bem escrita e intensa o nosso humano percurso enquanto seres de passagem, com as suas coisas e memórias, mas eternamente tímidos. Deste capítulo, salientaria ainda a frase "As relações humanas devem ser redescobertas e reinventadas todos os dias".

O livro termina com outro capítulo belíssimo, que dá título ao livro, “As pequenas virtudes”, onde a autora reflete sobre a educação dos filhos, distinguindo as pequenas virtudes: a poupança, a indiferença, a prudência, a astúcia, a diplomacia e o desejo do sucesso das grandes virtudes: a generosidade, a coragem, a franqueza e o amor à verdade, o amor ao próximo e a abnegação e o desejo de ser e de saber. Preocupados que estamos em transmitir pequenas virtudes, esquecemo-nos, muitas vezes, de transmitir as grandes virtudes.

Serão os filhos felizes com o que é mais cómodo para eles e para nós? Não será importante que os filhos percebam que os próprios pais são imperfeitos? Será que ao darmos um mealheiro ao nosso filho não poderá torná-los demasiado ligados ao dinheiro, dedicando pensamentos para com o dinheiro que poderiam estar focados em coisas deveras mais importantes?

Muitas as reflexões sobre virtudes em que, na maior parte das vezes, não refletimos.

Korn, Carmen (2021). Filhas de Uma Nova Era. Lisboa: Editorial Planeta.

Tradução: Ana Maria Pinto da Silva

Nº de páginas: 488

Início da leitura: 24/04/2022

Fim da leitura: 26/04/2022

**SINOPSE**

A história emocionante de quatro mulheres que enfrentam juntas as suas próprias batalhas Hamburgo, 1919. A Primeira Guerra Mundial acabou e a cidade começa agora, finalmente, a despertar.

Henny e Käthe, amigas desde a infância, sonham tornar-se parteiras e acabam de iniciar a sua formação. Henny deseja deixar de viver na sombra da mãe, e a rebelde Käthe, convicta comunista, está apaixonada por um jovem poeta.

Outras duas mulheres se cruzarão nos seus caminhos: Ida, rica e mimada, filha de um importante empresário falido que pretende casá-la com um herdeiro rico; e Lina, uma jovem e humilde professora, que guarda um segredo do passado.

As quatro amigas tornam-se inseparáveis e, apesar das suas diferenças, crescem e enfrentam juntas os golpes e as alegrias do destino, a transformação do mundo, o fim das liberdades e a chegada da terrível ameaça nazi.

Grandes e pequenos feitos que ficarão para sempre ligados pelo elo da amizade.

Filhas de uma Nova Era é a primeira parte de uma emocionante saga sobre liberdade, amor e coragem que através de uma geração de mulheres que não se deixou arrastar pelas circunstâncias que lhes calharam em sorte, nos narra a fascinante história do século XX.

Não entrei imediatamente na história, preocupada que estava em perceber quem eram as tantas personagens que fazem parte da narrativa. Quanto a mim, em número excessivo. Retirar umas quantas e tornar a história, na parte inicial, menos desenvolvida, teria sido uma opção que poderia fazer-nos criar uma maior empatia com as personagens que, desta forma, não foi possível.

Da primeira parte, saliento a amizade entre Henny e Käthe, duas amigas desde os tempos de infância, que ambicionam ser parteiras. Destaco ainda a época em que a ação decorre, o pós Primeira Guerra Mundial. Mais à frente, surgem as outras duas amigas: Isa, uma rapariga da alta sociedade e muito mimada e Lina, uma professora algo enigmática. A história centra-se sobretudo na amizade destas 4 personagens, a forma peculiar como encaram a vida, os problemas que vão surgindo, as vidas e liberdades que lhes eram permitidas ou vedadas, o seu papel na sociedade e nas famílias. Em alguns aspetos, introduzem-se temas que, naquela altura, eram ainda mais tabu do que agora, como a questão da homossexualidade, os relacionamentos com pessoas de outras raças ou culturas, como judeus e chineses. Começou a interessar-me mais a história a partir do momento em que Hitler subiu ao poder e tudo o que de cruel trouxe o Nazismo, uma vez que a ação acelera e nos capta mais a atenção.

Porém, a leitura deste livro não é, de todo, linear. O livro divide-se em termos temporais, como um diário, focando-se cada capítulo sobre uma das personagens e todas as pessoas das suas relações. Esse facto, torna a leitura menos fluída, um pouco confusa e, muitas vezes, cansativa.

Tinha muitas expectativas em relação a este livro. A sinopse torna-a mais estimulante do que, na verdade, é.  Não é um livro excecional, mas sim um livro razoável para quem gosta de romance histórico.

McEwan, Ian (1989). A Criança no Tempo. Lisboa: Gradiva.

Tradução: Fernanda Pinto Rodrigues

Nº de páginas: 230

Início da leitura: 23/04

Fim da leitura: 24/04

**SINOPSE**

Stephen é um simpático autor de livros infantis que vê a sua vida ser subitamente destruída ao perder a filha de três anos numa fila de supermercado. Durante muito tempo, Stephen vai procurar o rosto da criança em todas as crianças que vê na rua, recapitulando todos os detalhes que antecederam a tragédia. Numa narrativa não-linear, Ian McEwan intercala momentos de forte tensão emocional com momentos de grande humor. E dá a verdadeira dimensão dos conflitos interiores de um homem que luta por esquecer e recordar, desistir e viver.

A ação decorre em Londres de 1970. Stephen e Julie levam uma vida tranquila com a sua filha, Kate, de 3 anos, até ao momento em que, numa ida de Stephen ao supermercado, Katie desaparece. Este acontecimento trágico vira as suas vidas do avesso.

O tempo da história vai surgindo numa mescla de tempos, o tempo do desaparecimento de Kate, a partida de Julie, o tempo dos pais de Stephen, o tempo dos dois grandes amigos do casal, Charles e Thelma Darke. Thelma é uma física e Charles era dono de uma editora (que publica o primeiro livro de Stephen). Os acontecimentos presentes misturam-se com lembranças, o que torna a leitura mais lenta, exigindo atenção por parte do leitor.

Mais do que um intenso drama sobre a procura de uma criança desaparecida, é um livro que se foca nos sentimentos e fragilidades humanas.

Vários foram os temas que me prenderam a atenção neste livro: a perda de um filho, a forma como cada progenitor vive essa dor, enfrentando-a ou isolando-se, fugindo dela; a culpa; a destruição das vidas pessoais e profissionais; a demência, a bipolaridade, o realismo com que a ciência encara as maiores tragédias, o tempo sonhado, o tempo real…

Depois de um drama destes, será possível voltar a ser-se feliz?

Aconselho a leitura!

Jacobs, Anne (2022). A Vila dos Tecidos. Lisboa: Planeta dos Livros.


Tradução: Ana Maria Pinto da Silva

Nº de páginas: 584

Início da leitura:18/04/2022

Fim da leitura: 23/04/2022

**SINOPSE**

Augsburgo, 1913. A jovem Marie começa a trabalhar na cozinha da impressionante mansão dos Melzer, uma família rica, dona da indústria têxtil da região.

Enquanto Marie, uma rapariga pobre, acabada de sair do orfanato onde cresceu, luta, entre intrigas e disputas, por um lugar entre os criados que a olham com desconfiança; os Melzer aguardam com ansiedade o começo da nova temporada dos bailes de inverno, altura em que a bela Katharina, a filha mais nova, será apresentada à sociedade. Apenas Paul, o herdeiro do império Melzer, parece alheio à azáfama, preferindo a sua vida de estudante em Munique. Até que conhece Marie…

A Vila dos Tecidos é o primeiro volume de uma apaixonante saga familiar, que já conquistou mais de dois milhões e meio de leitores.

A ação decorre em Augsburgo, no outono de 1913. Marie é a protagonista e vive no Orfanato das Sete Mártires, onde passa fome e é vítima de violência física, como todas as restantes crianças. Era ainda muito jovem, quando foi trabalhar como ajudante de cozinha em casa dos Melzer, donos de uma fábrica de tecidos. Inicialmente recebida com desconfiança, rapidamente Marie se adapta a todas as tarefas de que é incumbida, porque não quer mesmo regressar ao orfanato. E é assim que, aos poucos, vai conquistando a confiança dos criados e dos patrões, tornando-se criada pessoal de uma das filhas do patrão, Katharina, a mais irreverente das irmãs.

Quando a patroa lhe pede para ir à cidade entregar os presentes que habitualmente dava aos mais desfavorecidos, Marie conhece uma idosa que é conhecedora do passado de Marie.  A partir deste momento, Marie começa a tentar descobrir o seu passado, quem era a sua mãe e pai, o que lhes tinha acontecido.

Penso que a autora poderia ter tirado muito mais partido destes segredos de Marie, ter-se focado mais na ligação entre estes segredos e a fábrica de tecidos (que pouco é referida).

Não foi de todo um livro surpreendente, tornando-se um pouco aborrecido e demasiado “lamechas” nas relações amorosas. Não foi um livro que me tenha encantado.

Marchant, Clare (2022). Os Segredos de Saffron Hall. Madrid: HarperCollins.

Tradução: Mariana Mata

Nº de páginas: 352

Início da leitura: 13/04/2022

Fim da leitura: 20/04/2022

**SINOPSE**

Duas mulheres.

Cinco séculos de distância.

Um segredo que mudará uma vida inteira prestes a ser descoberto...

1538

A nova noiva Eleanor impressiona o marido cultivando açafrão, uma especiaria mais valiosa do que ouro.

A sua reputação na corte de Henry VIII sobe drasticamente, mas a fama e a fortuna têm um preço, pois as boas graças do rei não duram para sempre.

2019

Quando Amber descobre um livro antigo na casa do avô, em Saffron Hall, o conteúdo revela um segredo obscuro do passado. À medida que investiga, desvenda uma história trágica esquecida e uma verdade que está muito mais próxima da casa do que poderia ter imaginado...

Um romance histórico encantador sobre o amor e a esperança em tempos perigosos, perfeito para os fãs de Lucinda Riley e Kathryn Hughes.

 

As duas histórias, que surgem alternadas, são realmente interessantes e prendem desde o início à leitura. Os capítulos breves deixam-nos na expetativa relativamente a cada história, o que nos leva a não sentir vontade de pousar o livro, sendo a curiosidade aguçada a cada novo capítulo.

A escrita é simples e elegante, permitindo uma leitura fluída. A premissa é boa, cheia de intrigas, com uma tragédia comum às duas protagonistas. Eleanor, no passado; Amber, no presente. Mas, de que forma estará a tragédia de uma ligada à tragédia de outra, se passou quase meio século? O que mais terão de comum, para além da tragédia e de Saffron Hall? O que conterá o livro de orações/diário de Eleanor, que Amber encontrou passados tantos anos? É para desvendarem este e outros tantos mistérios que o livro nos oferece, que aconselho a sua leitura.

Jonas. Charlie (2022). Café de Gatos. Alfragide: Edições ASA II.

Tradução: Helena Araújo

Nº de páginas: 304

Início da leitura: 17/04/2022

Fim da leitura: 17/04/2022

**SINOPSE**

Susann está prestes a partir para Itália numas férias que poderão ser as últimas. Quando regressar, vai submeter-se a uma cirurgia que a impedirá de viajar durante muito tempo. É agora ou (provavelmente) nunca. Mas a ideia de deixar a sua querida gata Mimi com estranhos deixa-a desconsolada. É então que se lembra de Leonie, a vizinha com quem se dá tão bem. Estará a jovem professora disposta a aceitar o seu pedido? Com certeza que sim, afinal, a Mimi é um amor…

Leonie está familiarizada com as excentricidades das outras pessoas (principalmente se forem homens franceses), não com as de pequenos animais de estimação. Mas quando Susann lhe expõe o seu plano, ela não consegue recusar, pois tem a sensação de que a felicidade da vizinha depende demasiado daquela viagem.

Mas Leonie rapidamente percebe que ela e Mimi não fazem uma boa dupla: a gata parece fazer de propósito para tornar a sua vida num inferno, desde personalizar o sofá a destruir os frascos de verniz Chanel. E quando Susann decide prolongar as férias, Leonie entra em pânico e recorre a Maxie, a sua melhor amiga, que acaba de abrir um café. Pois Maxie também não consegue recusar um pedido de ajuda e aceita ficar com a gata. E é assim que Mimi e os seus bebés (sim, Susann vai ter uma surpresa…) tomam o café de assalto.

A vida destas três mulheres (e do café) não voltará a ser a mesma.

Porque a Mimi sabe o que nós humanos apenas intuímos: um gato muda tudo - para melhor, obviamente.

A premissa inicial deste livro prometia mais: Susann Siebenschön, uma mulher de 73 anos, de Colónia, na iminência de ser operada à anca, decide, antes da operação, empreender uma última viagem, uma viagem a Ísquia, que costumava fazer com o marido, falecido há 5 anos. Mas, para isso, tem de encontrar alguém a quem deixar a sua gatinha branca, a Mimi. Depois de muito ponderar, decide que a meiga professora Leonie Beaumarchais será a pessoa indicada. Leonie, incapaz de dizer que não, habituada à sua casa arrumadinha, às suas rotinas, não estava preparada para tratar de uma gata que, em breve, lhe reviraria a sua vida do avesso. Era mesmo uma boa premissa ver até que ponto uma pessoa como Leonie poderia ser seduzida por uma gata e mudar algumas coisas na sua vida.

A partir daqui, há uma reviravolta, surge uma nova personagem, também ela interessante e que rapidamente ganha um protagonismo que supera o da protagonista, sendo muito mais fácil gostar dela do que de Leonie, Maxie. A história de Maxie, da tia Paula e do café com livros e gatos que decide abrir, é, quanto a mim, o ponto alto do livro, que acaba por fugir completamente à premissa inicial.

Também a vida de Susann sofre uma reviravolta, mas isso deixarei para descobrirem quando lerem.

Um livro leve, de amor e gatos, bom para ler entre leituras mais duras e intensas, num bom dia de verão.

Ruiz Zafón, Carlos (2012). O Prisioneiro do Céu. Lisboa: Planeta.

Tradução: Sérgio Coelho

Nº de páginas: 400

Início da leitura: 15/04/2022

Fim da leitura: 16/04/2022

**SINOPSE**

Barcelona, 1957. Daniel Sempere e o amigo Fermín, os heróis de A Sombra do Vento, regressam à aventura, para enfrentar o maior desafio das suas vidas. Quando tudo lhes começava a sorrir, uma inquietante personagem visita a livraria de Sempere e ameaça revelar um terrível segredo, enterrado há duas décadas na obscura memória da cidade. Ao conhecer a verdade, Daniel vai concluir que o seu destino o arrasta inexoravelmente a confrontar-se com a maior das sombras: a que está a crescer dentro de si.

Transbordante de intriga e de emoção, O Prisioneiro do Céu é um romance magistral, que o vai emocionar como da primeira vez, onde os fios de A Sombra do Vento e de O Jogo do Anjo convergem através do feitiço da literatura e nos conduzem ao enigma que se esconde no coração de o Cemitério dos Livros Esquecidos.

Que bom que é voltar a Zafón e continuar a acompanhar Daniel Sempere e o Fermín, nesta tetratolgia de O Cemitério das Livros Esquecidos. Fica-me a faltar o último, mas não tenho pressa, pois adoro Zafón e já li todos os restantes livros do autor. Pena tenho que Zafón nos tenha deixado tão cedo, quando ainda tinha tanto o que escrever.

Embarcar na leitura de um livro de Zafón, é embarcar numa grande aventura. A escrita de Zafón transporta-nos para a Barcelona dos anos 50, num estilo tão único e elegante, que é impossível não gostar. Duro, quando o deve ser, com sentido de humor q.b., é sempre um prazer ler Zafón.

Estas personagens carismáticas ficarão comigo para sempre.

Este livro centra-se na vida de Fermín, que já nos tinha sido dado a conhecer em A Sombra do Vento. Neste livro, conhecemos o passado da personagem, desde o momento em que consegue fugir da prisão e é dado como morto.

Não vou contar mais, pois quero que, quem ainda não leu, se prenda, como aconteceu comigo, à história e desfrute plenamente da leitura deste livro de que recomendo a leitura sem reservas.

Keane, Mary Beth (2021). Direi Sempre Que Sim. Alfragide: Edições ASA II.

Tradução: Elsa T.S. Vieira

Nº de páginas: 432

Início da leitura: 13/04/2022

Fim da leitura: 15/04/2022

**SINOPSE**

Francis Gleeson e Brian Stanhope são agentes da polícia de Nova Iorque e vizinhos num subúrbio da cidade. Não são amigos sequer, apenas colegas. Mas o que acontece na intimidade das suas casas - a solidão de Lena, a mulher de Francis; e a instabilidade de Anne, a mulher de Brian - vai ultrapassar as respetivas esferas familiares e marcar as vidas de todos durante décadas.

Pois embora os dois casais mantenham entre si uma relação tensa, os filhos, Kate Gleeson e Peter Stanhope, são os melhores amigos. Na verdade, amam-se desde que se conhecem. Há algo, porém, que os distingue profundamente. Enquanto Kate tem uma vida fácil e um lar acolhedor, Peter carrega o peso do mundo nos ombros, um peso que nenhuma criança deveria carregar.

E quando Kate tem treze anos e Peter catorze, as duas famílias envolvem-se num confronto devastador. Brutalmente separados, Kate e Peter não conseguem aceitar que terão de viver um sem o outro.

Com elegância e profundidade, Mary Beth Keane deixa-nos entrar na esfera íntima destas famílias para nos falar sobre um dos temas mais difíceis e desafiadores da ficção: a decência humana.

 

Este é daqueles livros que não se dá pelas horas a passar durante a leitura, nem pelas 432 páginas. Numa narrativa fluída, a narradora vai-nos dando conta da história de duas famílias, os Gleesons e os Stonhop,e que se cruzam no pior e no melhor, na tragédia e no amor. Peter é ainda uma criança quando a mãe, Anne, dá um tiro ao vizinho, Francis. É internada e o pai, Brian, deixa-o em casa de um irmão. Aos poucos vamos acompanhando a desestabilização de Anne até ao momento da tragédia que leva Francis a perder um olho. A partir do momento em que Francis se casa com Anne e a leva para viver num local desterrado, não conseguindo fazer amizades, começa a fechar-se no seu mundo, descuidando o próprio filho que, desde pequeno, vai tentando desculpabilizar a mãe, assumindo, em várias circunstâncias o comando da sua vida. A mãe fecha-se repetidamente no quarto e vai sendo dominada por uma doença mental. Para além desta temática tão pertinente e que está na origem do próprio futuro trilhado pelo filho, é ainda abordada a temática do alcoolismo ao qual se entregará, apesar de ser polícia, casado com Kate, a filha dos ex-vizinhos, ter dois filhos. Quando a mãe decide que não quer voltar a ter as visitas dele no hospital, vai dando início um afogar de mágoas na bebida, chegando a um beco sem saída.

Poderá o amor ser a cura? Será que o sogro alguma vez desculpará a sua mãe pela tragédia que assolou estas famílias? Poderão, algum dia, recuperar o sentido da vida e o desejo de seguir em frente?

Um livro que recomendo sem reservas.

Pitliuk, Marcio (2021). A Alpinista. Lisboa: Gradiva.

Nº de páginas: 320

Início da leitura: 11/04/2022

Fim da leitura: 11/04/2022

**SINOPSE**

Desde muito jovem Hannelore Schultz sabia bem o que não queria: o desconforto, a pobreza e os modos rudes do ambiente onde crescera. Mas também sabia o que queria: luxo, riqueza, poder. Nada disso combinava com o vilarejo da sua infância e juventude. Logo que surgisse a oportunidade pretendia sair dali e a porta abriu-se com o início da perseguição aos judeus. Berlim parecia-lhe ser a resposta para as suas ambições. Estava certa.

Quanto a armas, usaria as que tinham nascido consigo e aprimorá-las-ia ao longo do tempo: rara beleza, elevada capacidade de sedução, inteligência, foco. Para Hannelore nada mais contava do que a sua vida, os seus planos, a sua ambição. o mundo estava lá para servir o seu objetivo de ascensão social, degrau a degrau. Ambição, sexo, traição tudo isto se revela neste romance que tem como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial, a Berlim que se julga dona de tudo, os campos de extermínio nazistas na Polónia.

A vida das personagens cruza-se com a política imperialista e aterradora de Hitler, e boa parte delas usam-na a seu favor. O remorso, esse, parece ser uma palavra desconhecida. No fim do caminho haverá espaço para a justiça?

Uma obra que se lê sem paragens.

Este é dos poucos livros em que consegui manter para com a protagonista uma aversão intensa do início ao fim do livro. Como é que uma mulher com uma aparência exterior tão cativante consegue ser tão frívola, tão vazia, tão displicente, malévola, maquiavélica e narcisista?

Hannelore Schultz é uma verdadeira psicopata, oriunda de uma família humilde e pobre, de Lilienthal, uma pequena aldeia, de que ela ambiciona libertar-se para se tornar numa alpinista social. Nem que para isso tenha de magoar as pessoas, nunca mais voltar à terra ou querer saber dos pais, denunciar, abandonar… Para ela, não há limites. E a sua arma é a beleza com que nasceu e que vai aprimorando com toda a sensualidade que lhe proporcionará Berlim, para onde viaja com o marido, o professor Hans Schmidt. Para ela não há limites nem têm lugar sentimentalismos, tudo o que faz é sem olhar a meios ou ficar com remorsos. Não tem tempo para pensar no que a pode perturbar, preocupada que está em subir sempre mais um degrau na ascensão social. Tudo o que faz (não o que sente, pois não creio que sinta nada) é premeditado e ditado por uma ambição desmedida e imparável. Durante o Holocausto, acaba por se aproveitar da guerra para continuar a subir na vida, mostra uma indiferença perante os homicídios nos campos de concentração, preocupada que está consigo própria.

Acredito que tenham existido muitas Hannelores e muitas mulheres que colaboraram ou compactuaram com os maridos e com os crimes por estes cometidos durante a Segunda Guerra.

A última parte deste livro foi a que mais gostei, pois é o momento em que se aborda mais a temática da guerra. O final é também surpreendente em relação à personagem Hannelore, ainda que, em momento algum, ela tenha perdido o seu mau caráter, a sua arrogância e maldade. Uma mulher simplesmente detestável!

Backman, Fredrik (2022). Gente Ansiosa. Lisboa: Porto Editora.      

Tradução: Elsa T. S. Vieira

Nº de páginas: 368

Início da leitura: 08/04/2022

Fim da leitura: 10/04/2022

**SINOPSE**

Visitar um apartamento que está à venda não costuma redundar numa situação de perigo. A menos que seja antevéspera de Ano Novo, e um ladrão inexperiente tenha decidido assaltar um banco onde não há dinheiro. Quando assim é, torna-se inevitável que não haja sequer um plano de fuga, e se acabe com uma data de reféns acidentais.

Felizmente, podemos confiar na pronta intervenção das autoridades. A menos que os dois polícias responsáveis pelo caso não se entendam nem saibam o que fazer.

Ainda assim, acreditamos que tudo correrá bem, em particular se os reféns permanecerem calmos. A menos que sejam os reféns mais idiotas de todos os tempos: uma analista bancária com ideias suicidas, uma adorável velhinha com motivações pouco transparentes, um casal reformado com uma paixão enorme pelo IKEA, duas recém-casadas, prestes a serem mães, que andam sempre às turras, uma agente imobiliária com entusiasmo a mais e talento a menos, e uma pessoa vestida de coelho.

Com um sentido de humor excecional, que cativou milhões de leitores em todo o mundo, e personagens tão imperfeitas quanto tocantes, Fredrik Backman volta a surpreender com esta história sobre gente idiota e ansiosa e os laços invisíveis que (n)os unem.

Gosto tanto da escrita de Backman! Surpreende sempre, pelos momentos de reflexão, pelas considerações banais que nos perpassam a todos pela cabeça, pela forma original como escreve e pelo sentido de humor tão peculiar e único. Não deixa de abordar temas pertinentes, mas cria para a história personagens surpreendentes, que aligeiram o tema, sem o desprestigiar ou desvalorizar. O tema principal deste livro, por entre outros, é o do suicídio, que marca as pessoas que assistem, que ignoraram os avisos, para sempre. Deixa, inclusive, no fim, o número da linha SOS voz amiga de apoio emocional e de prevenção do suicídio.

Outra das características de Backman é prender-nos à história desde as primeiras linhas. É impossível ficar-se indiferente quando nos diz “Esta história é sobre muitas coisas, mas acima de tudo é sobre idiotas. Assim, é preciso dizer desde já que é sempre muito fácil declarar que os outros são idiotas, mas apenas se esquecermos como é difícil sermos humanos. (…) Porque, hoje em dia, é preciso lidar com uma quantidade inacreditável de coisas. Temos de ter um emprego, um sítio para viver e uma família, e temos de pagar impostos e ter roupa interior lavada e saber de cor o raio da password do wi-fi. Alguns de nós nunca conseguem controlar o caos por completo…” Este é o início de tudo, o desenlaçar de um dos muitos nós que, ficando soltos, tentamos, sem sucesso, voltar a apertar. A partir de certa altura, é quase incomportável viver com tantos laços soltos…A sociedade atual cria pessoas ansiosas e não é fácil lidar com ansiedade, saber parar, refletir e mudar.

As personagens são caricatas e caricaturas da nossa sociedade atual, com as suas inseguranças (“Com o tempo, apercebeu-se de que, no fundo, quase toda a gente faz a si própria as mesmas perguntas: sou bom? Alguém se orgulha de mim? Sou útil à sociedade? Sou competente no meu trabalho? Generoso e atencioso? Um amante decente? Alguém me quer como amigo? Tenho sido um bom pai? Sou boa pessoa?), os seus medos, as suas certezas (que de certas nada têm).

E, como diz o ditado popular, “a brincar a brincar se dizem as verdades” ou “a rir se corrigem os costumes” (Gil Vicente), é a brincar que Backman vai falando e fazendo refletir sobre assuntos muito sérios. E quão importante é, por vezes, fazermos uma pausa para refletirmos sobre estas questões! Estamos cada vez mais longe do “aproveita a vida” (“carpe diem” de Horácio – Livro I, de Odes) e não aproveitamos realmente todos os momentos que a vida nos oferece, perdidos numa vida em que corremos atrás de uma perfeição que não existe, numa sociedade que exige cada vez mais de cada um, a viver num ritmo alucinante, a correr contra o tempo.

Aconselho muito a leitura deste livro!

Hoffman, Alice (2022). O Mundo Que Conhecíamos. Lisboa: Suma das Letras.

Tradução: Inês Guerreiro

Nº de páginas: 344

Início da leitura: 07/04/2022

Fim da leitura: 08/04/2022

**SINOPSE**

À beira da Segunda Guerra Mundial, com o controlo nazi a apertar sobre Berlim, a coragem e o amor de uma mãe oferecem à filha uma oportunidade de sobreviver.

Em Berlim, na época em que o mundo mudou, Hanni Kohn sabe que deve mandar embora a filha de 12 anos, para a salvar do regime nazi. O desespero leva-a até Ettie, a filha de um rabino, cujos anos a bisbilhotar perto do pai lhe permitem criar uma criatura judia mística, um golem raro e incomum que jura proteger a filha de Hanni, Lea. Depois de Ava ganhar vida, ela, Lea e Ettie ficam eternamente ligadas, os seus caminhos predestinados a cruzar-se, os seus destinos ligados.

Lea e Ava viajam de Paris, onde Lea encontra a sua alma gémea, para um convento no Oeste de França, conhecido pelas rosas de prata, chegando a uma escola numa aldeia no topo de uma montanha onde três mil judeus foram salvos. Enquanto Ettie permanece escondida, à espera de se tornar a lutadora que está destinada a ser.

Num mundo onde o mal pode ser encontrado em cada esquina, surgem personagens extraordinárias que nos levam numa jornada impressionante de perda e resistência, entre o fantástico e o mortal, num lugar onde todos os caminhos levam ao Anjo da Morte e o amor não tem fim.

**OPINIÃO**

A ação deste livro decorre na época do Holocausto, entre 1941 e 1944, não sendo, porém, apenas mais um livro sobre a temática. Vai muito além disso. É um livro repleto de um misticismo que nos remete para o maravilhoso judaico, que é, neste caso, utilizado por amor. O amor que leva uma mãe (Hannie Kohn) a fazer tudo para que a filha (Lea), de 11 anos, que é levada para longe dela para sobreviver, seja protegida e nada de mal lhe aconteça. Ava é o golem criado a partir de barro para acompanhar Lea e protegê-la, graças às suas capacidades paranormais.

Gostei de todas as personagens, que lutam para fugir a uma captura nazi, que levava quem conseguisse para campos de concentração, a maior parte deles para a morte. Há uma força nestas personagens que, quanto a mim, advém dos laços que as unem, da boa-fé daqueles que ajudavam refugiados em fuga, do amor que perpassa a obra e que tem o dom de os manter vivos em situações terríficas. Seguimos as personagens nas suas diversas fugas, na sua luta pela sobrevivência e ficamos irremediavelmente presos a elas.

Um livro que aconselho para quem gosta da temática.

Almeida, Djaimilia Pereira de (2015). Esse Cabelo. Alfragide: Teorema.

Nº de páginas: 160

Início da leitura: 04/04/2022

Fim da leitura: 05/04/2022

** SINOPSE**

O que se passa por dentro das cabeças é mais importante do que o que se passa por fora? Falar de cabelos é sempre uma futilidade? Não necessariamente, até porque, segundo a narradora deste texto belo e contundente, «escrever parece-se com pentear uma cabeleira em descanso num busto de esferovite» e visitar salões é uma boa forma de conhecer países, de aprender a distinguir modos e feições e até de detetar preconceitos.

Esta é a história de uma menina que aterrou despenteada aos três anos em Lisboa, vinda de Luanda, e das suas memórias privadas ao longo do tempo, porque não somos sempre iguais aos nossos retratos de infância; mas é também a história das origens do seu cabelo crespo, cruzamento das vidas de um comerciante português no Congo, de um pescador albino de M’banza Kongo, de católicas anciãs de Seia, de cristãos-novos maçons de Castelo Branco - uma família que descreveu o caminho entre Portugal e Angola ao longo de quatro gerações com um à-vontade de passageiro frequente. E, assim, ao acompanharmos as aventuras deste cabelo crespo - curto, comprido, amado, odiado, tantas vezes esquecido ou confundido com o abismo mental -, é também à história indireta da relação entre vários continentes - a uma geopolítica - que inequivocamente assistimos.

**OPINIÃO**

É incrível como uma história em torno de um cabelo pode ser tão reveladora. Muito bem escrito, desafiante porque é uma narrativa de que é preciso ir desfazendo nós, desembaraçando, para que se possa apreciar por completo.

À medida que a protagonista, a própria autora, vai visitando salões de cabeleireiro, fugindo dos que lhe estragam o cabelo e ficando dececionada por um certo cabeleireiro ter fechado, quando era dos poucos que sabia lidar (por pouco que fosse) com a sua rebeldia capilar, vai-nos dando a conhecer a história da sua família, desde a sua vinda de Luanda, com apenas 3 anos, a sua procura de identidade e de raízes, ela que se sente mais portuguesa do que muitos portugueses e para quem as memórias se encontram a uma distância que as desfoca e as fragmenta. E que espaço melhor para se conhecer as pessoas, que um salão de cabeleireira?  

É um livro que traz a lume o preconceito, a necessidade de alisar o cabelo para encaixar nos padrões criados por uma sociedade preconceituosa e muito “lisinha” de espírito.

Recomendo a leitura deste livro para quem tem paciência para uma leitura mais lenta, para quem gosta de desfrutar de uma boa escrita e de uma linguagem literária.

Al-Mahmoud, Abdulaziz (2016). A Vela Sagrada. Alfragide: Oficina do Livro.

Tradução: Isabel Veríssimo

Nº de páginas: 424

Início da leitura: 03/04/2022

Fim da leitura: 04/04/2022

**SINOPSE**

Pode o amor mudar o curso da História?

  Bin Rahhal, o braço-direito do vizir do Bahrein, era um homem particularmente atraente - e o seu olhar, misterioso e intenso, parecia mergulhar na própria alma. Halima era uma jovem mulher de uma beleza excecional. Alta e esbelta, de olhos brilhantes e longos cabelos negros, uma princesa de Ormuz.

Quando os olhos de ambos se cruzaram, Bin Rahhal ficou enfeitiçado. O rosto da princesa gravou-se na sua mente, e desde então ela nunca mais lhe saiu do pensamento. Mas Halima, ponderada, tentou resistir àquele estranho, de outras terras.

Na Arábia vivem-se tempos de incerteza. Cada vez mais, ouvem-se os rumores de avistamentos de navios com as velas brancas com a Cruz de Cristo. A chegada dos portugueses ao Oriente, que põe em evidência as diferenças culturais, ameaça pôr fim ao modo de vida árabe e mudará de forma drástica a história de amor entre Bin Rahhal e Halima.

**OPINIÃO**

Não sou apreciadora de romance histórico puro e duro, mas gosto de boas contextualizações históricas das narrativas. E essa contextualização é muito interessante neste romance. No fim do século XV e início do séc. XVI, temos as viagens marítimas para a Índia em busca de um novo mundo, riquezas (especiarias, ouro…), vias marítimas que permitissem apostar no comércio marítimo.

O que nos traz de novo este livro é a perspetiva destas viagens de descoberta, iniciadas com Cristóvão Colombo, por parte dos indianos. Éramos vistos como um povo invasor, que se impunha, que impunha a sua religião, não aceitando outras culturas. É desta forma que os Jabrid, apesar de terem tentado fazer face à invasão portuguesa, acabam por ser derrotados, dando por terminado o seu reinado.

Tudo começa com a partida dos portugueses, em 1486, de Lisboa, num momento em que Portugal passava por uma crise agravada por longas guerras com Espanha. Foi por esta altura que surgiu a ideia da Vela Sagrada, o Oriente.

Os métodos dos portugueses para subjugar o Oriente são questionados. Si Al-Tayeb, que terá vivido em Portugal, conta como os portugueses os impediam de praticar a sua fé e tradições, e ainda confiscaram as suas terras, tiraram as crianças à sua fé e educaram-nas como católicas, acabando por os expulsar para o Norte de África. Os portugueses incendiaram os navios em que os adultos seguiram, depois de lhes terem retirado as crianças. Si Al-Tayeb referiu ainda que fariam o mesmo na Índia, até se apoderarem de tudo.

Por meio de todos estes conflitos e outros que vão surgindo e a chegada dos portugueses, temos a história de amor de Bin Rahhal e Halima que, sem ser lamechas, nos comove, sendo muito fácil gostarmos destas personagens. Sobreviverá esta relação às traições, interesses, motivações passionais e outras?

Gostei bastante deste livro, sobretudo porque me fez questionar esta ambição que sempre tivemos em descobrir novos mundos, novas rotas de riqueza, imposição da religião, toda a violência, as mortes, os crimes que estiveram por detrás das "grandiosas conquistas"...

Jaku, Eddie (2021). O Homem Mais Feliz do Mundo. Lisboa: Pengin Random House

Tradução: Gonçalo Neves

Nº de páginas: 176

Início da leitura: 01/04/2022

Fim da leitura: 02/04/2022

** SINOPSE**

Eddie Jaku nasceu na Alemanha em 1920 no seio de uma família judaica, sempre carregando com orgulho a sua nacionalidade. No entanto, tudo isso mudou drasticamente em novembro de 1938, quando foi detido, espancado e levado para um campo de concentração. Depois de sobreviver aos mais desumanos horrores, perder os seus familiares, amigos e o seu país, Eddie fez uma promessa: sorrir todos os dias. Hoje acredita ser o «homem mais feliz do mundo».

Por ocasião do seu 100. º aniversário, Eddie Jaku oferece-nos um testemunho poderoso, desolador e, ao mesmo tempo, derradeiramente otimista de como a felicidade pode ser encontrada até no momento mais sombrio da Humanidade.

**OPINIÃO**

Um livro pequenino, mas maravilhoso. Primeiro, porque foi escrito por um homem de 100 anos, que relata a sua experiência enquanto alemão de origem judaica, na Segunda Guerra Mundial. Eddie, como se depreende pelo título, é um homem resiliente, que, depois de todos os horrores que viu e vivenciou em campos de concentração de Buchenwald e Auschwitz, jura “sorrir todos os dias”, porque “A felicidade é a única coisa no mundo que se multiplica quando é partilhada”.

Transmitiu o seu testemunho, muito antes de o convencerem a escrever o livro, através do Museu Judaico de Sidney, contando a sua história a milhares de jovens e idosos. E fê-lo, porque “Sozinhos somos impotentes, mas a união faz a força”. Que este testemunho não seja apenas mais um e que sirva de lição. E que bela lição de vida!

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Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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