Histórias Soltas Presas Dentro de Mim

 Heptworth, Sally (2023). A Boa Irmã. Lisboa: Editorial Presença.

Tradução: Teresa Mendonça
Nº de páginas: 296
Início da leitura: 29/07/2023
Fim da leitura: 31/07/2023

**SINOPSE**
"Duas irmãs gémeas. Uma gravidez muito desejada.

Todos temos um lado negro. E há um dia em que ele aparece.

Fern Castle trabalha numa biblioteca e, três vezes por semana, janta com Rose, a sua irmã gémea, que é casada. Fern foge das multidões e de lugares barulhentos, tentando manter o seu dia a dia o mais tranquilo e estruturado possível. A verdade é que quebrar a rotina pode ser muito perigoso para ela…

Quando Rose descobre que não pode engravidar, Fern vê a oportunidade ideal para retribuir à irmã tudo o que tem feito por ela. Sim, Fern pode dar um bebé a Rose. Só precisa de encontrar um pai. Simples.

Porém, a missão de Fern vai abalar os pilares de uma vida que construiu com muito cuidado e esforço. E mais: há segredos obscuros que voltarão a ver a luz do dia, por mais que ela os julgasse enterrados para sempre.

Adorado por milhares de leitores em todo o mundo, A Boa Irmã é um dos thrillers psicológicos mais lidos de Sally Hepworth e não deixará ninguém indiferente."
Que thriller fantástico! De leitura viciante, repleto de pormenores importantes, que nos poderão ajudar a melhor compreender o final, que é realmente bom!
Duas irmãs gémeas muito diferentes: Fern, que trabalha numa biblioteca e sofre do síndrome de Asperger. Rose, que é casada, e não consegue engravidar e que terá sido abusada sexualmente por um namorado da mãe. Fern está disposta a engravidar para dar um filho à irmã. Mas nem tudo decorre como o esperado. Há segredos, há a mãe que aconselha Fern a não entregar o seu filho à irmã. Mas, porquê? Embale na leitura para perceber e se deliciar com um final absolutamente emocionante!

Ogava, Ito (2023). O Pequeno Restaurante da Felicidade. Lisboa: Editorial Presença.

Tradução: Maria Manso
Nº de páginas: 208
Início da leitura: 28/07/2023
Fim da leitura: 29/07/2023

**SINOPSE**

"A felicidade está nas pequenas coisas? Está, e há um restaurante numa aldeia japonesa que a serve, todos os dias, aos poucos que têm o privilégio de o encontrar.

Rinko, uma rapariga de 24 anos, perde a voz ao rodar a chave na porta e encontrar a sua casa vazia. Tudo, absolutamente tudo, desapareceu, incluindo o almofariz e o pilão que herdara da avó. Também desaparecido sem deixar rasto está o namorado, o maître do restaurante que fica mesmo ao lado daquele em que ela trabalha. Para Rinko, não resta alternativa: tem de deixar Tóquio e regressar à sua aldeia, de onde partiu há mais de dez anos.

Às vezes, a vida tem caminhos misteriosos. É naquela aldeia, da qual, ainda adolescente, fugiu num dia de primavera, que Rinko tem uma ideia que muda o rumo da sua vida e tocará, de forma profunda, a vida de outras pessoas: abrirá um pequeno restaurante, muito especial, no qual só há uma mesa e onde, todos os dias, cozinhará pratos diferentes, em função dos gostos e desejos dos seus clientes.

É então que a verdadeira transformação começa. Cada uma das pessoas que degustam as receitas de Rinko vai encontrar a felicidade - uma rapariga consegue conquistar o coração do rapaz que ama, uma mulher reencontra a vontade de viver...

Bem-vindos ao Pequeno Restaurante da Felicidade, o bestseller japonês que junta os melhores ingredientes para lhe dar uma leitura doce, suave e inesquecível."
Com efeito, esta é uma obra doce...até certo ponto! Quando Rinko, que partiu há uns anos para Tóquio para se dedicar à culinária, se depara com adversidades, como o roubo de todos os seus instrumentos de cozinha, fragilizada que está com o desaparecimento do namorado, bem como outras "pequenas" contrariedades, decide voltar à sua terra Natal, onde deixou uma mãe que não compreende e que considera viver uma vida pouco própria, Rinko tem de ser muito forte para aceitar esta derrota de evasão pessoal e voltar a contar com o apoio da mãe (que não queria e a quem desprezava). 
Mas a possibilidade de montar o seu restaurante de raiz, fazem com que a sua vida ganhe novo sentido. E quando o seu restaurante ganha a fama de tornar coisas aparentemente impossíveis em reais...
É aqui que contacta com a verdadeira comida natural, sem ser processada e sem químicos, que lhe poderão dar a possibilidade de realizar receitas que se apoderem dos sentidos e se tornem irresistíveis.
Porém, não é apenas isso que a espera e as revelações da mãe vão surpreendê-la.
Salvaguardo a parte final, que pode ferir pessoas mais sensíveis em relação aos seus animais domésticos, sobretudo quando já fazem parte da família. Há tradições, há pedidos, há superstições que levam a atos que nós, europeus, ainda não conseguimos entender e nos revolta e enoja. Mas é sempre bom conhecer outras culturas. Ainda que não se chegue a uma antropofagia, o nosso subconsciente leva-nos a encará-lo como tal, quando se trata de um animal que "faz parte da família". Porém, aqui é-nos apresentada uma forma diferente de ver as coisas e eu gosto de saber o que pensam os vários povos sobre estas situações. Entendem que o animal morto se perpetua em si para sempre, ao degustarem-no. Depois, há animais que se crê serem a representações dos "seus" mortos. Como encarar a sua degustação?
Não digo que animais são. Terão oportunidade de o saberem ao lerem.

 Serôdio, Cristina Almeida (2017). A Casa das Tias. Alfragide: Teorema.

Nº de páginas: 200

Início da leitura: 24/07/2023

Fim da leitura: 28/07/2023

**SINOPSE**

"Uma acidentada herança dá a M. a casa das tias solteiras, irmãs do avô, que visitava nos Setembros da sua infância. A visita à casa fechada há muitos anos e a passagem pelos seus lugares privados faz-se na companhia de uma velha amiga de escola, que a pedido de M., a partir do que ouve e vê, inventa e compõe uma história de família.

Como pequenas partes de um espelho estilhaçado que reflecte uma realidade multifacetada, assim se constrói este livro, com pequenos retratos, breves descrições, episódios passados entre figuras da casa, o tempo e os dias na aldeia e na cidade."

Um livro de memórias, com descrições que reconheço, dado grande parte da ação decorrer no distrito de Castelo Branco. Relembra-nos modos, tradições, paisagens, amores, desamores, traições, sabores e saberes do passado, através de um grande núcleo familiar, no qual são destacadas as tias solteiras. Gostei da doçura com que é relembrado este passado, a memória de pessoas reais, com virtudes e defeitos.
O único aspeto que realço como menos positivo é a falta que senti de ver na contracapa uma árvore genealógica, porque são mais que muitas as personagens e temos de fazer um esforço para não perdermos o fio à narrativa.
Recomendo a leitura!

Messina, Laura Imai (2023). A Ilha Onde Batem os Corações. Lisboa: Suma da Letras.

Tradução: Inês Guerreiro
Nº de páginas: 280
Início da leitura: 25/07/2023
Fim da leitura: 27/07/2023

**SINOPSE**
"No Sudoeste do Japão, situa-se a pequena ilha de Teshima, um local remoto onde se encontra um edifício no qual estão catalogados os batimentos do coração de dezenas de milhares de pessoas.

Shuichi, um conhecido ilustrador de quarenta anos, com uma cicatriz marcada no peito, acaba de regressar à sua casa de infância numa cidade banhada pelo mar e rodeada de montanhas. Quando pensava estar sozinho com as suas memórias, Shuichi apercebe-se de uma misteriosa criança a rondar a casa. Kenta, um menino de oito anos que vive aventuras prodigiosas em absoluta solidão.

Com o passar dos dias, entre o ilustrador e o menino forma-se uma inesperada e extraordinária amizade que acabará por mudar as suas vidas para sempre. E que os levará a um lugar que bate ao ritmo do coração, falado em todas as línguas do mundo.

A Ilha Onde Batem os Corações é uma história sobre perda e esperança, dor e alegria, realidade e imaginação, e a promessa de cura e superação, graças às relações que construímos e redescobrimos."

"Laura Imai Messina nasceu em Roma. Aos 23 anos, mudou-se para Tóquio, onde obteve um Doutoramento na Universidade de Estudos Estrangeiros de Tóquio. É professora em algumas das universidades mais prestigiadas da capital japonesa. Depois de alguns romances publicados em Itália, O QUE CONTAMOS AO VENTO, baseado na existência real do Telefone do Vento, é a sua estreia internacional. "
Uma história de perdas, de segredos, de culpa, de solidão, de amizade, num tom tão doce, tão ao estilo japonês! Gostei bastante deste livro.
A obra vai intercalando a história de Shuichi, recuperando o passado que o levou a ter uma marca no peito, a perda de um filho e o divórcio; e o presente, em que Shuichi conhece um menino, Kenta, que, depois de lhe roubar algumas coisas de casa (que era a casa da mãe de Shuichi), acaba por lhe despertar a atenção. Entre eles surge uma amizade muito forte que mudará as suas vidas. Uma viagem que farão juntos uma ilha de difícil acesso, no Japão, onde se encontram "catalogados os batimentos do coração de dezenas de milhares de pessoas", acabará por juntá-los ainda mais. Que interesses, que sentimentos, eu acontecimentos poderão juntar numa grande amizade uma criança de oito anos e um adulto de quarenta?
Com uma linguagem cativante, descrições típicas da literatura japonesa, ficamos imediatamente rendidos à história e às suas personagens tão "sui generis".
Aconselho!

Hewitt, Richard (1999). Uma Casa em Portugal. Lisboa: Gradiva.

Tradução: Fernanda Pinto Rodrigues

Nº de páginas: 220

Início da leitura: 21/07/2023

Fim da leitura: 23/07/2023

**SINOPSE**

"Uma história verdadeira que relata as alegrias e as frustrações de um casal de americanos a viver em Portugal.

Para escapar ao inverno rigoroso da Nova Inglaterra, Richard e Barbara Hewitt decidem comprar uma casa com 300 anos situada numa aldeia minúscula nos arredores de Lisboa. Assim começam as aventuras -- e as desventuras -- do casal. Em breve descobrem que a sua pitoresca casa de sonho é não apenas estruturalmente frágil, como não possui nenhuma das condições básicas de conforto. Por outro lado, o contacto com a população local revela-se frequentemente desconcertante. António, o autoproclamado mestre pedreiro e carpinteiro, mostra-se exímio na arte de arranjar desculpas para faltar ao trabalho, e Alberto, o eletricista, desempenha as suas funções de uma forma extremamente sui generis, isto é, por tentativa e erro.

Servido por um humor irresistível e, afinal, por uma ternura muitas vezes tocante pelas coisas portuguesas, Uma casa em Portugal irá certamente deliciar o leitor. As considerações de Richard Hewitt sobre a «lógica singular» do estilo de vida português surgem impregnadas dessa frescura que é apanágio dos observadores estrangeiros, capazes de se espantarem com um sem número de idiossincrasias e peculiaridades que nos passam despercebidas..."

Este é um bom livro para descontrair, sem pretensões literárias.
Apesar de a ação decorrer nos anos noventa, e de a crítica se reportar a essa época, acho que há muitas coisas que continuam a funcionar desta forma, ou melhor, a não funcionar lá muito bem, no nosso país.
Este casal sonhou com a construção de uma casa em Portugal, um lugar de sol, onde teriam tudo para serem felizes. Mas, desde a chegada a Sintra, num dia nevoento e frio, que nem tudo lhes parecerá tão fácil, como de início. 
Com efeito, nada será fácil: encontrar uma casa antiga para reconstruir, o contrato de compra e venda, a contratação de pessoal para trabalhar, o trabalho efetivo dos contratados, os difíceis acessos (que não permitiam a passagem de camiões), a falta de saneamento e de água canalizada. Para conseguir tudo isto, não imaginavam o que teriam ainda de passar... Um livro hilariante, onde reconhecemos características do nosso país, sobre muitas das quais nem havíamos refletido, vistas por estrangeiros que nem sequer gostavam de bacalhau (um peixe pescado na Noruega, que "ascendera, não se sabia como, ao exaltado panteão das iguarias portuguesas. (...) Havia tanto peixe fresco suculento que não fazia sentido nenhum perder tempo a preparar aquelas placas achatadas e duras como pedra do Plistocénico"). Seriam eles, alguma vez, capazes de se habituarem a esta vida, tão diferente da que tinham,  em Portugal? 
Confesso que, se tivesse levado este livro a sério, o meu orgulho patriótico, poderia sentir-se ferido. Mas não, não foi o que senti, encarei com ligeireza, até porque acabam por se afeiçoar a tudo o que criticavam.

Feito, Virginia (2923). Mrs. March. Lisboa: Alfaguara.

Tradução: Alda Rodrigues
Nº de páginas: 336
Início da leitura: 19/07/2023
Fim da leitura: 21/07/2023

**SINOPSE**

"Um romance de estreia engenhosamente perturbador, povoado de mistérios e escrito com assinalável domínio narrativo: Virginia Feito entretece o virtuosismo de Patricia Highsmith com o génio de Virginia Woolf, e afirma-se como uma grande escritora.

George March acaba de publicar um novo romance cujo sucesso é retumbante. Entre todos os que gravitam em torno do escritor, não há ninguém mais orgulhoso do que Mrs. March, esposa solícita, sempre pronta a festejar os êxitos do marido e a usufruir do estilo de vida sofisticado que ele lhe proporciona. Criatura de rotinas e recato, Mrs. March compraz-se na sua vida requintada, num bairro de classe alta em Nova Iorque.

Todas as manhãs no Upper East Side começam de forma igual, com a visita diária à sua confeitaria preferida, para comprar pão de azeitonas. Até que, numa dessas visitas, Mrs. March é confrontada, pela empregada da confeitaria, com uma absoluta indignidade: a suposição de que a protagonista do novo livro de George March - uma patética trabalhadora sexual, que inspira mais escárnio do que desejo - se baseia na própria Mrs. March.

Um único comentário será suficiente para privar Mrs. March do seu pão de azeitonas, mas também da convicção de que sabia tudo sobre o marido, e até sobre si mesma. Começa aqui uma espiral de suspeitas e inquietações cada vez mais paranoicas, que talvez venha a revelar um misterioso assassínio e certos segredos do passado de Mrs. March, há muito enterrados."

Um romance de estreia muito bom, um thriller psicológico, que vale a pena ler, que nos prende à narrativa de forma muito inteligente e que cativa pela forma como as personagens nos são apresentadas, pelo enigma que gira em torno delas e nos deixa expectantes até ao fim e pela narração fluída e linguagem elegante.
Mrs. March, a protagonista desta história, é casada com um escritor nova-iorquino que acaba de publicar o seu bestseller. Mrs March é uma mulher elegante, esposa dedicada e vive uma vida repleta de comodidades, num bairro de classe alta. 
Tudo corre de feição, até ao dia em que, na sua rotina da manhã - ir à padaria comprar pão e azeitonas pretas, - é confrontada pela empregada da padaria sobre o facto de o marido, no último livro, ter uma personagem inspirada nela, "uma prostituta com quem ninguém quer dormir", uma vez que tem alguns "maneirismos" que lhe faziam lembrar Mrs. March. Ora, a partir deste momento, dá-se início a uma profunda obsessão por parte de Mrs. March em relação ao livro e ao marido. A par disto, outros acontecimentos, como o homicídio de uma jovem, contribuem para aguçar as suspeitas e fazer com que Mrs. March tente, a todo o custo, desvendar os mistérios (muitos deles, criados na sua própria cabeça) que começam a assolar os seus dias e a invadir as suas noites. Também Mrs. March esconde alguns segredos e, esse facto, faz com que a curiosidade se aguce e nos prenda ao livro. Aconselho!

Saramago, José (2014). As Intermitências da Morte. Porto: Porto Editora.

Nº de páginas: 232
Início da leitura: 16/07/2023
Fim da leitura: 18/07/2023

**SINOPSE**

"«No dia seguinte ninguém morreu.»
Assim começa este romance de José Saramago.

Colocada a hipótese, o autor desenvolve-a em todas as suas consequências, e o leitor é conduzido com mão de mestre numa ampla divagação sobre a vida, a morte, o amor, e o sentido, ou a falta dele, da nossa existência.

Caligrafia da capa por VALTER HUGO MÃE"
Um livro realmente espetacular! Como é que eu ainda não o tinha lido? Adorei! 
Esta obra ficcional começa com a frase " No dia seguinte ninguém morreu." Agora, imaginem um país de 10000 habitantes, em que a morte resolve tirar umas férias e deixa de morrer gente... De uma forma hilariante, não deixando a crítica que vai tecendo através do próprio sentido de humor, Saramago aborda um tema muito interessante e de forma ficcional mas muito pertinente. 
Este facto pode ser um "pau de dois gumes": por um lado, que bom é ninguém morrer e tornar-se eterno! Por outro, "nem tudo o que luz é ouro", e nem imaginam as consequências que esse facto acarretaria! Que fariam as agências funerárias? Como suportariam os lares de idosos receber cada vez mais gente? De que serviria a igreja e os sermões do padre, se já não se morresse para "ressuscitar ao terceiro dia"? E muitas, múltiplas questões se levantariam. Como seria ter pessoas em coma para sempre? Como seria sofrer indefinidamente? Como seria, quando os lares e hospitais deixassem de poder acolher mais pessoas e tivessem de ficar ao cuidado dos filhos?
Saramago escreveu este livro com  mestria, muita criatividade e de forma exímia, revelando uma imensa cultura geral.
Aconselho muito a leitura!

Pamuk, Orhan (2006). A Vida Nova. Lisboa: Editorial Presença.

Tradução: Filipe Guerra

Nº de páginas: 296

Início da leitura: 12/07/2023

Fim da leitura: 15/07/2023

**SINOPSE**

Após ter conquistado a distinção máxima na área da literatura, ao ter vencido o Prémio Nobel da Literatura, edição 2006, Orhan Pamuk, já publicado em Portugal com "A Cidadela Branca" e "Os Jardins da Memória", lança novo romance. "A Vida Nova" tornou-se num dos livros mais lidos de sempre na Turquia, sendo também aguardado com grande expectativa em Portugal. Nesta parábola sobre o amor, a literatura e a identidade, vamos ao encontro de Osman, um jovem estudante universitário. Obcecado com um livro mágico que trata da natureza perigosa do amor e da personalidade abandona a casa, a família e os estudos. A bela Janan irá tornar-se a sua companheira na busca pelo significado dos segredos mais obscuros do livro. Dá-se assim início a uma odisseia pelo coração da Turquia, onde o perigo se esconde a cada esquina e onde o amor não é um refúgio. Uma obra-prima da literatura universal.

Tudo começa com o dia em que Osman, o protagonista, um estudante universitário, vê um livro de uma colega (Janan) e resolve comprar um exemplar. Acontece que este é um livro que se revela absorvente, ao ponto de absorver a própria vida de Osman e o leva a desejar a "Vida Nova". Quando o namorado da sua colega, Mehmet, desaparece, decidem embarcar em viagens em busca de Mehmet, através do seu pai, o Dr. Fine. Certo é que, após a leitura deste livro, nunca mais ninguém será como era. O que estaria escrito neste livro? Por que razão não deveria ser lido?

Uma premissa muito interessante, uma imaginação incrível. Porém, considerei, em determinado momento, algo aborrecido, porque essa procura por Mehmet é uma viagem tão atribulada e surreal, que, a meio, deixei de sentir o sentido dessa viagem ou de ver nela um sentido. No final, felizmente, recuperei o entusiasmo pela leitura.

Certo é que os livros mudam vidas, mostram caminhos (com um fim ou não), abrem perspetivas e novos horizontes, fazem crescer, acentuam o amor, permitem descobrir o mundo e a si mesmo, ou, simplesmente, mostrar o "esplendor da morte". Até que ponto existe esse mundo que se pode crer perfeito? Até que ponto precisamos de uma vida nova? Ou, até que ponto temos de partir de nós para nos encontrarmos? Para encontrarmos a causa original das coisas?

A magia dos livros está em o encararmos como tendo sido escrito para nós, como o reflexo da nossa história. Só assim têm o poder de mudar as vidas de quem os lê e fica neles irremediavelmente preso.

 Mascarell, Lola (2022). Nessa Altura Já Cá Não Estamos. Alfragide: Publicações Dom Quixote.
Tradução: Rui Elias
Nº de páginas: 224
Início da leitura: 13/07/2023
Fim da leitura: 14/07/2023

**SINOPSE**
"Quando sabe que os pais puseram à venda a moradia onde passou férias durante a infância e a adolescência, a protagonista deste romance sente que lhe arrancam metade da vida. E as coisas pioram quando aparece um comprador. Recusando-se a perder a casa para um estranho, ela consegue adiar a venda e pede um empréstimo ao banco. E, enquanto aguarda o veredicto, instala-se na moradia, tentando aproveitar ao máximo aqueles que podem ser os seus últimos dias dentro dela. São recordações felizes as que lhe chegam sempre que abre uma gaveta ou desarruma um caixote: o seu grupinho de amigas, as tardes na piscina, as anedotas que o pai contava à mesa, as quedas de bicicleta, o primeiro namorado, as primeiras mentiras… Mas há também um inesperado segredo de família que se encontra estranhamente ligado ao destino que a casa terá em breve.

Este é um romance maravilhoso sobre as alegrias e as dores da juventude, narrado alternadamente por uma voz luminosa e fresca e outra adulta e desesperada. Como disse o grande escritor espanhol Luis Landero, poucas vezes foi tão bem evocado num livro o mundo da infância, com as suas incertezas, os seus terrores e as suas manias. Só por isso, já valeria a pena ler este romance. Mas, claro, há muito mais."
A narradora deste livro é a protagonista que se vai debater com a necessidade de os pais venderem a casa de campo em que passava, com a família, as férias de verão, uma casa que ela quer muito conservar, a casa das memórias da sua infância, com todos os pormenores, os objetos, os cheiros, os acontecimentos que estão nela. E a "memória é um animal caprichoso e cada um recorda aquilo que quer, conta como lhe apetece contar e deixa que essa versão se vá modificando com o tempo, à vontade do freguês." Ao longo da narrativa, vão-se desfiando memórias, rastos que foram sendo deixados pela casa, ao longo dos anos. E não é fácil cortar irremediavelmente os laços com "A Casa", a que é cúmplice da própria vida.
A forma escrita é extremamente poética, doce e de leitura muito agradável.
E nada nos prepara para o final surpreendente!
Aconselho a leitura!

 Magalhães, Helena (2023). A Devastação. Lisboa: Suma das Letras.

Nº de páginas: 344
Início da leitura: 11/07/2023
Fim da leitura: 13/07/2023

**SINOPSE**
"No final do verão de 1990, Mar, com apenas seis anos, é enviada para o Romeirão, um internato Católico no Alentejo onde fica até aos 15 anos. Cresce no meio de regras e privações, castigos e fome, mas rodeada e protegida pela irmandade das outras raparigas, principalmente Anita e Amália, mas também de Eduardo, um dos rapazes da vila, com quem vai criar uma relação inesperada e viver as primeiras descobertas de amor.

Anos depois, ainda a lidar com o trauma do passado, com as drogas, a depressão e a solidão, é ao lado de Isabel, Alice e Luísa que aprende a viver uma nova vida sóbria e em paz. Quando reencontra Eduardo, nenhum consegue resistir à ligação magnética, mas com ele voltam feridas antigas que a assombram desde a noite em fugiu do Romeirão. A pequena Mar que se transformou na Marisa das Argolas, a vilã de Raparigas Como Nós, regressa nesta ousada crítica ao patriarcado português. Escrita com sagacidade e emoção, a devastação explora o poder das amizades femininas e captura as complexidades humanas e familiares, a eletricidade do primeiro amor e os segredos que nos enjaulam em locais amaldiçoados dentro de nós."
Este é um livro cuja premissa inicial nos prende imediatamente: uma criança, Mar, é deixada pelos pais ao cuidado da avó que, entretanto, morre, o que a leva a ir para um orfanato. Aí aprende, desde muito nova, como sobreviver num mundo onde não lhe resta ninguém, a aprender o bem e o mal, a aprender demasiado cedo o que uma criança não tem nem deve aprender...
A partir de um determinado momento, penso que se exagera um pouco no que concerne às suas desventuras, a sua devassidão (quero acreditar que nem sempre tem de ser assim, mesmo após a maior crueldade), mas a vida é dura e é assim que é aqui retratada neste livro ficcional, de forma nua e crua, sem lisonjas, numa verdadeira "devastação". Perder os mortos não é fácil, mas acredito que não será mais fácil perder os vivos, que morrem para nós, os que não ficaram para nos proteger... De realçar a forma como é abordado o poder da amizade, as complexas teias familiares e todos os acontecimentos que tecem memórias que enjaulam e precisam de ser libertadas nem que seja por um pequeno pontinho de esperança. 
Foi o primeiro livro que li da autora e gostei da forma como escreve. Aconselho! 

Redondo, Dolores (2029). A Face Norte do Coração. Lisboa: Planeta de Livros.

Tradução: Ana Maria Pinto da Silva
Nº de páginas: 616
Início da leitura: 07/07/2023
Fim da leitura: 10/07/2022

**SINOPSE**
"«Quando Amaia Salazar tinha doze anos esteve perdida no bosque durante dezasseis horas. Era de madrugada quando a encontraram, trinta quilómetros a norte do lugar onde se havia desviado do trilho. Desmaiada debaixo da chuva intensa, a roupa enegrecida e chamuscada como a de uma bruxa medieval resgatada de uma fogueira e, em contraste, a pele branca, limpa e gelada como se acabasse de surgir do gelo.»
Em agosto de 2005, muito antes dos crimes que chocaram o vale do Baztán, Amaia Salazar uma jovem de vinte cinco anos, subinspetora da Policia Foral de Navarra, participa num curso de intercâmbio para polícias da Europol na Academia do FBI, nos Estados Unidos, dado por Aloisius Dupree, o chefe da unidade de investigação. Uma das provas consiste em estudar um caso real de um assassino em série a quem chamam O Compositor , que age sempre durante grandes catástrofes naturais, atacando famílias inteiras e seguindo uma encenação quase litúrgica. Amaia integrará inesperadamente a equipa de investigação que os levará até Nova Orleães, em vésperas do pior furacão da história da cidade, para tentar antecipar-se ao assassino… Contudo, um telefonema da sua tia Engrasi de Elizondo despertará em Amaia fantasmas da sua infância, obrigando-a a enfrentar de novo o medo e as recordações que podem mudar tudo, expondo-a de novo à face norte do coração."
Este é o primeiro livro que leio da autora. Sei que há um anterior, desta trilogia, mas também me informei de que poderiam ser lidos separadamente. 
A história decorre em Nova Orleães, durante a passagem do furacão Katrina, que acaba por surgir como um pretexto favorável para uma série de homicídios. Amaia Salazar é uma jovem formanda do FBI e traz com ela traumas de infância que se vão entrecruzando com os casos que segue. 
A autora parte de uma história real para a ficcionar: a de John List, um veterano da Segunda Guerra Mundial que, em 1971, matou a família, o que lhe valeu uma perseguição de 18 anos pelo FBI. Aqui surge apenas como o Compositor, que, em todos os seus crimes, deixa um violino.
Apesar de bem escrito, de emocionante, no meu entender, poderia ter menos páginas, já que, a certa altura, senti que a história não se desenrolava, girando em torno do mesmo, o que era evitável. Porém, para quem gosta de bons policiais, é um livro a ler.

 Harris, Joanne (2023). Luz Oculta. Alfragide: Edições ASA II.

Tradução: Ana Saldanha
Nº de páginas: 448
Início da leitura: 06/07/2023
Fim da leitura: 07/07/2023

**SINOPSE**
"Bernie Moon era especial. Aos dezanove anos, acumulava sonhos, alegria e ambição. Mas os anos passaram e o seu brilho foi desvanecendo aos poucos. É agora uma mulher cansada e infeliz. Dedicada ao marido e ao filho, não tem tempo para si própria, não tem amigos e sente-se cada vez mais invisível.

Quando uma jovem mãe é assassinada num jardim perto de sua casa, Bernie redescobre um talento antigo, algo que há muito decidira esconder. Ela prometera não o voltar a usar. Em tempos, quase a destruíra. Bernie Moon está finalmente preparada para recuperar a magia que perdeu. Ela sabe o que está em jogo, e está disposta a arriscar…

Um romance poderoso sobre relações entre homens e mulheres, crescimento e envelhecimento, poder e amizade."
Este é um livro que concentra em si vários aspetos: uma escrita muito fluída simples, mas elegante, sempre com novos acontecimentos, que nos levam a querer saber o que se passou a seguir. Aborda temas que, por mais que se vejam abordados, parece que nunca mudam: a sociedade machista em que ainda vivemos. A mulher acaba por se subjugar, porque é assim, porque toda a gente diz que é assim. É assim desde o berço, é assim que as próprias mães educam as filhas. Depois, é a própria sociedade que diz ser assim. 
Neste romance, a protagonista é Bernie Moon, chega à meia idade a pensar que está tudo errado, presa às tarefas domésticas e vida profissional, o que executa sem vivacidade, porque os sonhos, esses, ficaram algures na infância. Agora, resta-lhe uma menopausa com a qual não sabe lidar, o peso que não consegue perder e até tem de deixar de correr, porque se tornou perigoso, pois mataram uma mulher perto do local onde costumava correr sozinha. Kate trabalha numa livraria e vive, de certa forma, muito só, ainda que sempre rodeada de pessoas. Resta-lhe continuar a ser cada vez mais invisível, para todos e, em especial para o marido. E "As pessoas são como as casas. Todos temos espaços públicos. Fachadas bem iluminadas(...) No entanto, na maior parte do tempo, estamos dentro de casa e o que acontece lá é privado."

Conseguirá Bernie superar esta fase da sua vida e até aprender a libertar-se das amarras em que a sociedade espartilha a mulher?

 Zhadan, Serhij (2023). Internato. Lisboa: Elsinore.

Tradução: Ana Prokopyshyn

Nº de páginas: 352

Início da leitura: 02/07/2023

Fim da leitura: 05/07/2023

**SINOPSE**

"Uma viagem de sobrevivência numa cidade do leste da Ucrânia transformada em palco de guerra.

Um jovem professor procura trazer para casa o seu sobrinho de treze anos que se encontra num internato. Terá para isso de cruzar a cidade. Uma aventura perigosa de ida e volta, que durará um dia inteiro. A cidade está transformada num cenário de guerra e a escola um dos seus epicentros.

Com uma arte narrativa, descrita pela crítica como Jazz verbal, que transforma palavras em poderosas imagens, Zhadan descreve com rigor e inesperada poesia como a guerra transforma uma paisagem outrora familiar numa realidade apocalíptica, onde a destruição e o medo imperam."
Este é um livro que nos faz perder o fôlego. Intenso, duro. 
Pasha é professor e ensina a língua ucraniana. Quando a Ucrânia se torna palco de guerra, a pedido do "velho", resolve ir buscar o sobrinho ao internato onde a sua irmã (gémea) o terá deixado. Mas esta viagem até ao internato é inimaginável. A descrição dos acontecimentos, dos medos, da angústia, da fome, do desespero, do cansaço, é tão real, que nos sentimos lá, a vivenciar tudo com Pasha. Uma viagem que, para além de ser uma luta constante pela sobrevivência, é uma forma de questionamento da própria vida, da profissão enquanto docente. No regresso, Pasha fica, com efeito a conhecer o sobrinho e apercebe-se de que está mais próximo dele do que nunca. Apercebe-se de quão pouco o conhecia, ou queria saber dele... Também para o sobrinho, de 13 anos, esta viagem é um longo caminho para casa, uma viagem de amadurecimento. 
Uma viagem de 3 dias, de ida e volta, pela guerra, pela podridão, pelo Inferno, por tudo o que de maquiavélico pode haver no ser humano. E, ao mesmo tempo, é uma metáfora da luta por um regresso a casa, uma casa que "cheira a lençóis limpos". Magnífico!

Amaral, João (2014, reimpressão 2022). A Viagem do Elefante. BD Baseado no romance de José Saramago. 3ª ed. Porto: Porto Editora.

Nº de páginas: 128
Início da leitura: 02/07/2023
Fim da leitura: 03/07/2023

**SINOPSE**
Este álbum de João Amaral adapta para BD o romance homónimo de José Saramago. Como diz Pilar del Rio, no prefácio que para ele escreveu, o caminho até Viena é tortuoso: João Amaral sabe-o bem porque o esteve a desenhar durante mais de dois anos passo a passo. Estava em sua casa e também ouviu os barritos do elefante, pelo que se pôs a delimitar a zona para que nenhum leitor se perdesse na aventura de ler. João Amaral estudou muito bem aquilo que José Saramago havia escrito e logo que o soube com todas as letras pintou-o para que nada na sua banda desenhada fosse falso.
Apesar de ainda não ter lido o original A Viagem do Elefante, de José Saramago, gostei muito de ler esta BD e fiquei com interesse em ler a obra escrita pelo nosso Nobel. 
A ação decorre em vários espaços, que nos são logo mencionados na rota desenhada por João Amaral - de Lisboa, passando por vários outros espaços, dos quais destaco Castelo Rodrigo, Valladolid e Viena.
Dom João, o Terceiro e Dona Catarina decidem oferecer ao primo, que se encontra à época em Valladolid, um presente "que desse nas vistas" e chegam à conclusão que o ideal é oferecer um elefante, Salomão, que têm há 2 anos. Após o primo concordar com o presente, é preciso levá-lo até Valladolid, a pé. Empreendem, então, uma longa viagem, sendo que o cornaca Subhro zelará pelo bem estar de Salomão. E mais não conto. Terá Salomão sobrevivido à dura viagem que teve pela frente? E que mensagem podemos tirar desta viagem?
Gostei do pormenor de uma das personagens ser o próprio José Saramago, que nos vai elucidando sobre alguns acontecimentos, nos vai lançando questões e dando o seu parecer. Gostei também das ilustrações, que são belíssimas.
Um livro muito interessante, que aconselho para todas as idades, em especial para o 3º ciclo e ensino secundário.

 Saramago, José (2000). Todos os Nomes. Lisboa: Planeta DeAgostini.

Nº de páginas: 280
Início da leitura: 01/07/2023
Fim da leitura: 02/07/2023

**SINOPSE**
O protagonista é um homem de meia-idade, funcionário inferior do Arquivo do Registo Civil. Este funcionário cultiva a pequena mania de colecionar notícias de jornais e revistas sobre gente célebre. Um dia reconhece a falta, nas suas coleções, de informações exatas sobre o nascimento (data, naturalidade, nome dos pais, etc.) dessas pessoas. Dedica-se portanto a copiar os respetivos dados das fichas que se encontram no arquivo. Casualmente, a ficha de uma pessoa comum (uma mulher) mistura-se com outras que está copiando. O súbito contraste entre o que é conhecido e o que é desconhecido faz surgir nele a necessidade de conhecer a vida dessa mulher. Começa assim uma busca, a procura do outro.
Um livro de índole filosófica, perpassado de nostalgia e pessimismo, de descrença na humanidade.
A ação decorre essencialmente numa Conservatória Geral do Registo Civil, onde mortes e vivos se confundem. E, apesar de decorrer uma busca judicial, não é um romance policial, mas antes uma espécie de ensaio sobre a existência, não da própria, mas de outrem.
O protagonista, o Sr. José, é auxiliar de escrita nessa Conservatória Geral. Vive numa casa contígua à Conservatória, estando, no entanto, proibido de usar a passagem direta, que se mantém trancada. Esta personagem tem um passatempo, o de colecionar recortes de pessoas famosas. Completava as informações dos famosos com informações dos verbetes do Conservatório. Porém, confronta-se com uma situação em relação a uma jovem, sobre a qual faltam informações. Resolve, então, usar do privilégio da porta de acesso à Conservatória, durante a noite, infringindo a lei. Traz o verbete de uma desconhecida, mas que lhe desperta curiosidade e começa uma busca sobre esta mulher, sobre o que a terá levado a suicidar-se, o que está entre a vida e a morte. 
Mas há perguntas que nem sempre têm resposta, porque "Há dentro de nós uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos." Por mais que uma busca ontológica seja minuciosa e esmiúce várias questões, haverá uma resposta? 

Velho, Susana Amaro (2022). Inquieta. Coimbra: Aurora Editora.
Nº de páginas: 332
Início da leitura: 29/06/2023
Fim da leitura: 30/06/2023

**SINOPSE**
Poderá um amor de juventude inquietar uma vida inteira?

Julieta parece ter a vida perfeita. Aos trinta e sete anos tem um marido adorável que cozinha os melhores bolos. O emprego com que sempre sonhou e que a preenche. Uma casa cheia de luz e livros, onde a mesa está enfeitada com camélias. Então, por que motivo está agora sobre o varadim escorregadio de uma ponte, descalça e suja de sangue, prestes a saltar?

Afinal, nem tudo o que parece é. Quando um amor antigo regressa do passado, traumas são ressuscitados e uma proposta impensável desperta em Julieta um fantasma adormecido. Mas que proposta é essa que vem tornar a verdade perturbadora? E o que é a verdade quando a própria realidade a confunde?

Inquieta é um relato cru e intenso dos anseios e traumas de uma mulher. É a história de alguém incapaz de fugir do abismo da própria memória e de se sentir livre.

Gostei muito deste livro. Primeiro, porque está bem escrito, com sequências narrativas perfeitamente ligadas, através de um processo de alternância entre tempos e momentos da história. 
Em segundo, porque há um constante "suspense", que dá vontade de continuar a ler e nem sequer pousar o livro. 
Em terceiro, porque as temáticas abordadas, no decurso desta história avassaladora, são cruciais para percebermos as personagens, as suas relações e ralações: os maus-tratos na infância, quer físicos, quer psicológicos, a frequente falta de atitude de alguns progenitores, quando eles e os filhos são vítimas de violência, porque "deixam andar", "talvez mude", "não tenho já forças", "é normal"...Nada há de normal nisto, que é necessário combater! Os comportamentos promíscuos em frente aos filhos, a negligência, o abandono e a saúde mental.
Um livro que aconselho sem reservas. Ainda para mais, escrito por uma autora portuguesa! Há que valorizar os nossos escritores e temos, realmente, bons escritores! A única coisa de que não gosto é da capa. Mas o livro vai muito para além disso!

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Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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