Histórias Soltas Presas Dentro de Mim
Lembrei-me de partilhar uma das várias receitas de filhós doces, uma receita tradicional e antiquíssima:



Material necessário: uma masseira grande, uma trempe a gás e uma frigideira das antigas.



Ingredientes:
- 6 kgs de farinha
- 3 dúzias de ovos
- 1 pitada de sal
- 1 litro de azeite
- meio Kg. de abóbora cozida (triturada)
- 1 copo (mal cheio e pequeno, se for forte) de aguardente
- 10 paus de canela fervidos num litro de água
- 1 tira de fermento em barra
- 1 kg de açúcar
- sumo de duas laranjas
- 3 litros de óleo

Confeção:

Comece por colocar a farinha de um lado da masseira.
Bata os ovos com a batedeira e coloque o recipiente dos ovos numa taça de água morna.
Em seguida, vá envolvendo a farinha com os ovos (à mão), amassando de forma circular.
Envolva o fermento até este se desfazer por completo.
Deite a pitada de sal.
Envolva os restantes ingredientes e amorne-os, como fez com os ovos.
Vá deitando o preparado, devagar, sob a massa já envolvida com os ovos, amassando sempre de forma circular.
Quando fizer folha e se soltar do fundo, vá dobrando a massa e amassando com força (dando uns murros na massa).
Envolva num lençol a masseira e num cobertor. Deixe fintar 2/3 horas.
Ligue a trempe e coloque o óleo a aquecer. Tenda as filhós numa tábua, com as mãos (não se esqueça de ir untando as mãos com óleo).
Frite a gosto (mais ou menos fritas. Eu gosto delas branquinhas).

No fim, se gostar, pode envolvê-as em açúcar e colocar canela. Eu prefiro sem nada. Ofereço, congelo e dão-me para algum tempo.

Bom apetite!





Hoje trago uma sugestão de leitura a não perder:

Zafón, Carlos Ruíz (2010). Marina. Grupo Planeta: Lisboa.


Marina é um romance mágico de memórias, escrito numa prosa ora poética ora irónica, assente numa mistura de géneros literários (entre o romance de aventuras e os contos góticos) e onde o passado e o presente se fundem de forma inconfundível.
Este livro propõe ao leitor uma reflexão continuada sobre os mistérios da condição humana através do relato alternado de três histórias de amor e morte.
Ambientada na cidade de Barcelona, a história decorre entre Setembro de 1979 e Maio de 1980 e depois em 1995 quando Óscar, o protagonista, recorda a força arrebatadora do primeiro amor e as aventuras com Marina, recupera as anotações do seu diário pessoal e revisita os locais da sua juventude.
«Marina disse-me uma vez que apenas recordamos o que nunca aconteceu. Passaria uma eternidade antes que compreendesse aquelas palavras. Mas mais vale começar pelo princípio, que neste caso é o fim.»
Um misto de segredos, perseguições, morte, doença, amizade, amor, espionagem, sofrimento, saudade, que nos absorvem numa leitura que se torna voraz, empolgante e emocionante, quer pela história em si, quer pela dança de palavras com que o autor nos presenteia. É esta forma de escrita que nos leva a querer voltar um pouco atrás para reler certas passagens, que ficam a martelar pelo seu conteúdo e beleza.


Carlos Ruiz Zafón nasceu em Barcelona em 1964. Inicia a sua carreira literária em 1993 com El Príncipe de la Niebla (Prémio Edebé), a que se seguem El Palacio de la Medianoche, Las Luces de Septiembre (reunidos no volume La Trilogía de la Niebla) e Marina. Em 2001 publica A Sombra do Vento, que rapidamente se transforma num fenómeno literário internacional. Com O Jogo de Anjo (2008) regressa ao Cemitério dos Livros Esquecidos. As suas obras foram traduzidas em mais de quarenta línguas e conquistaram numerosos prémios e milhões de leitores nos cinco continentes. Atualmente, Carlos Ruiz Zafón reside em Los Angeles, onde trabalha nos seus romances e colabora habitualmente com La Vanguardia e El País.
Finalmente, com as chamas mais controladas (esperemos que não haja mais incêndios), venho mostrar uma das belezas que a natureza proporciona em Portugal.

De Lagos à Ponta da Piedade, a natureza foi moldando rochas a seu belo prazer, criando formas incríveis, onde o dourado das rochas nas quais incide o sol ou o cinza contrastam e realçam um mar límpido, transparente, chegando a adquirir tonalidades azul turquesa ou verde esmeralda, quando o sol incide na areia e se projeta por baixo das rochas, num esplendor único e que vale a pena visitar.

Cada gruta é um mundo. Os barcos mais pequenos e os caiaques transportam os turistas numa visita que fica na memória e cuja beleza é difícil de reproduzir através das palavras.

Ao longo dos anos, este local tem instigado o imaginário dos pescadores, que foram dando nomes a cada uma das grutas e a cada figura que as rochas nos oferecem. E o certo é que realmente, se prestarmos atenção, conseguimos vislumbrar esse imaginário que se foi cultivando.

Passo a mostrar algumas das grutas e figuras nas rochas, entre as quais a garagem, a cozinha, a gruta do amor, a catedral, a gruta do Picasso (que Sophia de Mello Breyner Andresen gostava muito de visitar), o bolo de noiva, a caveira, o elefante, o Titanic, a garganta e tantas outras, onde ainda é possível ver o fundo do mar, os peixes...









































É ou não fantástico?


Estive de férias. Se foram boas? Sim, foram.

Só não foram melhores, porque o meu coração estava na minha terra, no meu Fundão, fustigado por incêndios à proporção de uma calamidade.

Vivenciar, ao longe, a destruição da nossa serra da Gardunha, consumida por chamas infernais, foi muito doloroso.

A nossa Gardunha antes

A Gardunha fustigada pelas chamas numa extensão incalculável.

Uma dor de alma

Um paraíso - Natura Glamping

As chamas que destruíram toda a área envolvente do Natura Glamping, tendo ardido um dos Globos e sendo destruída toda a paisagem que ofereciam.

O histórico colégio jesuíta de São Fiel, onde estudou Egas Moniz, primeiro prémio Nobel Português.

O colégio em chamas.


 Estive constantemente em contacto com pessoas que me iam pondo a par, vi filmagens, fotos, depoimentos. Só quem passou, sabe a dor...o medo...o pânico!

Cheguei ontem ao Fundão e pude aperceber-me da dimensão das consequências. Uma vasta floresta reduzida a cinzas. O que antes era tão bonito, verdejante, inspirador, está reduzido a um preto de morte. Só tive vontade de chorar e gritar.

Fica uma revolta por quem é capaz de incendiar por prazer, por interesse ou seja lá por que motivação for, pondo em risco tudo. Responsáveis por:
- localidades que arderam em cerca de 90% da sua área;
- aldeias que deixaram de existir;
-pessoas que ficaram sem nada, sem as suas casas, os seus campos, as suas fontes de rendimento;
- animais mortos e/ou feridos;
- pessoas que não abandonaram as suas casas, apesar de lhes ter sido pedido que se afastassem, a lutar pelos seus bens, que levaram uma vida a conseguir;
- pessoas que ficaram sem alimento para os seus animais e mesmo sem os animais;
- pessoas que morreram.

O rosto do desalento e da dor.


Só posso sentir-me de luto.

Chego ao Fundão e vejo, mais uma vez, o medo, desta feita na Covilhã, a debater-se com o mesmo suplício, o mesmo terror. Quando acabará este inferno? Não há palavras suficientes para descrever a dor, o medo e o pânico que se tem vivido.
A nossa Serra da Estrela antes

O inferno na Estrela

Ficaremos aqui a tentar reerguer-nos dos destroços, num local votado à indiferença e ao abandono, que muitos não sabem existir...
Reerguer-nos-emos das chamas qual Fénix renascida, mas não será nada fácil. Um longo caminho pela frente, tais as marcas que foram infligidas a estas gentes de coração enlutado,  sem forças, numa luta inglória
(imagens pesquisadas no Google) 

                                                                                                                                          Célia Gil


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Sobre mim

Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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