Histórias Soltas Presas Dentro de Mim

Henn, Carsten (2022). O Homem que Passeava Livros. Alfragide: Lua de Papel.


Tradução: Helena Araújo

Nº de páginas: 200

Início da leitura: 29/06/2022

Fim da leitura: 30/06/2022

 

**SINOPSE**

Todos os dias, ao fim da tarde, Carl carrega a mochila com uma série de livros embrulhados com esmero. Fecha a porta da livraria e começa a ronda pelos clientes habituais, a quem secretamente dá nomes de personagens (Olá, Mr. Darcy!). Entrega as obras porta a porta ao milionário recluso, à jovem melancólica, à última freira do convento. É assim há décadas, até ao dia em que uma miúda de nove anos lhe aparece no caminho...

Mal se apresenta, Schascha começa a fazer perguntas: o que leva nessa mochila? Que histórias são essas? A quem se destinam? E começa ali uma inesperada relação. Ela, órfã de mãe, passa os dias sozinha, aborrece-se; ele vive preso a rotinas, envelhece. Juntos descobrem, nos passeios pela pequena cidade, um novo sentido para as suas vidas e para as vidas de quem visitam. E enquanto ambos arriscam um itinerário diferente, o horizonte carrega-se de nuvens cada vez mais pesadas e ameaçadoras.

O Homem que Passeava Livros, de Carsten Henn, é um romance inesquecível sobre vidas que são transformadas pela magia dos livros. Polvilhado de referências literárias (a começar pelos títulos dos capítulos), transporta os leitores da tristeza mais funda para o mais profundo encantamento (e vice-versa).

Um livrinho pequenino, de uma grande doçura e que nos deixa bem-dispostos e enternecidos! Primeiro, porque fala de livros. Segundo, porque está bem escrito e tem personagens mesmo cativantes. Uma delícia!

Carl é um livreiro muito especial. Além de preencher as suas horas vagas com a leitura e releitura de livros, leva a leitura a casa de um grupo de clientes habituais, a quem ele batizou com nomes de personagens de livros e autores. Deixam sempre nas suas mãos a escolha dos livros. Mas a sua vida, feita destas rotinas, não deixa de esconder uma grande solidão. Porém, a vida de Carl acaba por sofrer uma reviravolta a partir do momento em que Schascha se cruza nas suas rotinas.

Não vou contar mais, pois o prazer de ler deve manter-se. Devo apenas dizer que, além de nos fazer sorrir, aborda temáticas muito importantes: o poder da leitura e dos livros na vida das pessoas, a solidão, a velhice, a violência doméstica, o poder da amizade… E ainda surge repleto de referências literárias.

Aconselho a leitura!

Orwell, George, pseud.; Odyr – adapt. e il. A Quinta dos Animais. Lisboa: Relógio D’Água, 2021.

Tradução: Carlos César Vasconcelos

Nº de páginas: 180

Início da leitura: 28/06/2022

Fim da leitura: 29/06/2022

 

**SINOPSE**

Uma sátira mordaz sobre uma sociedade oprimida que caminha para o totalitarismo.

Alegórico e intemporal, o livro de George Orwell, agora em romance gráfico, adaptado e ilustrado por Odyr.

Gosto muito de novelas gráficas, sobretudo feitas a partir de grandes obras, como é o caso. As imagens dão, normalmente, mais força à narrativa.

Não creio, no entanto, que isso tenha acontecido neste caso. Gostei muito mais da novela gráfica do clássico 1984 do que desta, porque considerei as ilustrações do outro mais dinâmicas. Estas parecem-me mais estáticas, faltam-me as onomatopeias e as metáforas visuais, que imprimem mais movimento e conferem mais força à história. Apesar de fiel ao texto, poderia o autor ter enriquecido um pouco mais, a partir do texto original, porque uma sátira como estas, merecia mais do que imagens estáticas e uma seleção, quanto a mim, pobre, da obra de Orwell. Não percebo muito de ilustração, mas gostaria de ter visto imagens menos esbatidas, apesar de, ainda assim, permitirem captar a expressividade dos olhares e os sentimentos que as personagens vão revelando ao longo da história.

Esta fábula política é uma metáfora contra os regimes totalitários. E mais não digo.

Ainda assim, gostei de ler e aconselho a quem goste de Banda Desenhada.

Carvalho, José Rentes de (2016). O Meças. Lisboa: Quetzal Editores.


Nº de páginas: 184

Início da leitura: 26/06/2022

Fim da leitura: 27/06/2022

 

**SINOPSE**

Novo romance de Rentes de Carvalho. Uma história de violência, em que a progressiva definição dos contornos da memória trará novas e dolorosas verdades. Romance inédito, nele se conta a história de António Roque, homem atormentado, possesso do demónio de funestas memórias. As imagens do passado que regularmente se apoderam dele transformam-no num monstro capaz dos piores atos. No entanto, a obscura história da irmã e do homem abastado que se servia dela - e que, apesar de morto, continua a instigar-lhe um ódio devastador - não é exatamente como ele pensa que se lembra. Depois de anos emigrado na Alemanha, o Meças regressa à sua aldeia de origem. Com ele vivem o filho (a quem detesta) e a nora (a quem deseja, mas inferniza a vida), atemorizando, de resto, todos os que com ele se cruzam. Uma história de violência, em que a progressiva definição dos contornos da memória revelará novas e dolorosas verdades.

Este é verdadeiramente um livro cru e duro, numa escrita viva, cinematográfica. José Rentes de Carvalho não está com rodeios e aborda questões que marcaram uma época em que a violência, a sordidez e a ignorância andavam de mãos dadas. É um livro que deixa algum amargo de boca, um desassossego, porque mexe com os nervos, com o que consideramos ser o certo ou até o razoável.

A história gira em torno de Meças, que regressa à terra (Vila Nova de Foz Côa), depois de ter sido emigrante na Alemanha (onde troçavam dele por não conseguir aprender a língua e ser um falhado), temido pelo seu caráter cruel, bruto, bebedolas, psicopata, predador que tudo faz vergar ao jugo da sua violência…capaz até de matar, o que torna difícil sentir-se qualquer empatia por ele. Mas os seus atos de crueldade, apesar de não terem qualquer justificação, nascem de uma raiva antiga relativamente a alguém que viu abusar da irmã.

Não será a violência uma forma de não mostrar a cobardia? De camuflar os próprios medos, os monstros interiores? Mas, será que esses monstros, medos e cobardia dão direito a ser um monstro ainda pior? Um monstro que ficará, por longos tempos, a ensombrar os nossos dias, tal o poder das palavras cuspidas de forma visceral no papel e que tão bem representam a personagem que dá nome ao romance.

Este é o retrato de um interiorismo caracterizado pela iliteracia, pelos dramas familiares, pelo culto de uma violência através da qual as personagens se tentam impor, pela falta de valores e de verdadeiros laços entre pai e filho e por muito, muito mais, que é difícil expor por palavras. Só se sente, lendo! Por isso, aconselho a leitura.

 

Landero, Luis (2019). Chuva Miúda. Porto: Porto Editora.


Tradução: Miguel Filipe Mochila

Nº de páginas: 240

Início da leitura: 25/06/2022

Fim da leitura: 26/06/2022

**SINOPSE**

Gabriel decide celebrar o octogésimo aniversário da mãe e, para isso, terá de contactar as irmãs a fim de reunir a família para a feliz ocasião. Todavia, estes telefonemas entre irmãos despertam rancores antigos, relembram erros do passado e põem em confronto diferentes visões do mesmo episódio. Aurora, a discreta mulher de Gabriel, é a confidente pela qual passam todas as histórias que durante anos estiveram guardadas no mais fundo de cada uma das personagens.

Chuva Miúda é um romance poderoso sobre a família - com os seus segredos e rancores -, mas também sobre a memória e a forma como o mesmo momento é lido e lembrado por todos aqueles que o viveram.

Um livro que aborda questões tão reais, que facilmente reconhecemos a família que é o cerne desta história, disfuncional, de costas viradas, cada um dando conta dos seus problemas à única pessoa que os ouve: Aurora.

Toda a história gira em torno de uma ideia lançada por Gabriel, um dos irmãos – fazer um almoço de família para comemorar o octogésimo aniversário da mãe. As irmãs, Sónia e Andrea sempre o consideraram um homem feliz, porque era o filho preferido. Mas será que Gabriel é mesmo um homem feliz? O que esconderá ele atrás de uma aparente ideia filosófica de felicidade?

Quando começam a ponderar quem vai e quem não vai ao aniversário, ao referir o ex-marido de Sónia, pai dos seus filhos, começa por se levantar a questão: e o atual companheiro, estaria disposto a privar com o ex-marido? Qual deles deve ir ao aniversário?

A partir daqui, começam as conversas que desenrolam lembranças e trazem o passado que nos permite compreender o presente.

Sónia acaba por ser empurrada pela mãe, quando ainda era pouco mais que uma criança que ainda gostava de brincar com bonecas, para um casamento que ela não quis. Ainda por cima, o escolhido era a paixão da outra irmã, Andrea.

Curioso é o facto de as duas irmãs terem uma ideia tão diferente do mesmo homem e de este homem ser motivo para uma discórdia que as acompanhará toda a vida.

Mais curioso é como o novelo de histórias se vai desenrolando entre conversas telefónicas que se vão cruzando e completando, numa escrita magistral. Cada personagem abre a sua alma a Aurora, dando conta dos seus dramas psicológicos que os impediram de serem felizes.

“…os pequenos velhos rancores, por mais pequenos e velhos que fossem, continuavam latentes na memória, à espreita, à espera da oportunidade certa para voltarem ao presente, renovados e ampliados, borralhos ainda mornos que o menor vento poderia atiçar…”

Recomendo a leitura! 

Lester, Natasha (2022). O Segredo de Dior. Porto: Porto Editora.

Tradução: Rita Carvalho e Guerra

Nº de páginas: 472

Início da leitura: 20/06/2022

Fim da leitura: 24/06/2022

**SINOPSE**

As conquistas e aventuras das primeiras mulheres piloto da Segunda Guerra Mundial, uma coleção de vestidos Dior e vidas ligadas para sempre pela amizade, dor e coragem.
Inglaterra, 1939 As irmãs Penrose não poderiam ser mais diferentes. Skye é uma piloto ousada e impulsiva, e Liberty não perde uma oportunidade para desafiar a irmã. E mesmo que a Força Aérea Real não admita mulheres, Skye está determinada a ajudar o seu país no esforço de guerra. A emoção é ainda maior quando se reencontra com a sua alma gémea de infância, Nicholas.

Paris, 1947 Christian Dior apresenta a sua glamorosa primeira coleção a um mundo cansado da guerra e da dor. Lança também o seu primeiro perfume, que batiza de Miss Dior, em homenagem à sua querida irmã Catherine, que por força dos serviços prestados à resistência francesa acabou deportada para o campo de concentração de mulheres de Ravensbrück.

Atualidade A conservadora de moda Kat Jourdan descobre uma coleção inestimável de vestidos Dior na cabana vazia da sua avó. Enquanto investiga o mistério da sua origem, Kat começa a duvidar de tudo o que pensava saber sobre a avó.
Uma tragédia inimaginável entrelaça os seus destinos.

Confesso que nem a capa me chamou a atenção, nem o título deste livro, pois depreendia que seria um romance até um pouco fútil. Quão enganada estava! Ainda bem que lhe dei uma oportunidade. Realmente, as capas e títulos enganam. Este é um livro com uma história que nada tem de fútil, mas em que se destaca o poder, a audácia e a força das mulheres; onde o que sobressai não é propriamente o romance, mas a guerra que, em alguns momentos, nos é contada de forma tão nua e crua, que nos comove e angustia e que muda as pessoas e as suas vidas irreversivelmente.

Penso que a força e o poder das palavras de Natasha Lester estão no facto de as histórias que nos conta terem um fundo histórico real, pesquisado de forma minuciosa e muito bem contextualizado. Longe estava eu de saber que a irmã de Christian Dior, Catherine Dior tinha trabalhado para a Resistência durante a guerra, até ser capturada e presa pelos nazis, num campo de concentração. Terá sido inspirada neste facto, que a autora escreveu este livro.

Tudo começa na Cornualha, em 1928, com o início de uma amizade entre Skye Penrose e Nicholas Crawford. Skye vive com a irmã, Liberty e com a mãe. Durante a guerra, Skye oferece-se para ajudar o seu país e, como é piloto de aviões, acaba por ser contratada para a base da RAF em Leavesden. Um trabalho repleto de riscos, empreendido por mulheres de coragem e grande ousadia.

A par da história de Skye, temos, na atualidade, Kat, que descobre que a avó guardava vários segredos, nomeadamente sobre uma coleção de vestidos da Dior, de que Kat não sabia a origem.

As duas histórias acabam por se interligar de uma forma surpreendente e garanto que o final do livro é completamente surpreendente e inesperado.

Recomendo!

Penner, Sarah (2021). O Segredo da Boticária. Madrid: Harper Collins.

Tradução: Fátima Tomás da Silva

Nº de páginas: 448

Início da leitura: 18/06/2022

Fim da leitura: 19/06/2022

**SINOPSE**

Escondida nas entranhas de Londres do século XVIII, uma botica secreta serve uma clientela pouco usual. Entre as mulheres londrinas, fala-se sobre uma mulher misteriosa chamada Nella que vende venenos bem disfarçados de remédios àquelas que precisem deles para os usar contra os homens que as maltratam. Contudo, o destino desta boticária fica comprometido quando a sua nova protegida, uma rapariga precoce de 12 anos, comete um erro fatal que terá consequências cujo eco se manterá durante séculos.

Na atualidade, uma aspirante a historiadora chamada Caroline Parcewell passa o seu décimo aniversário de casamento sozinha, enfrentando os seus próprios demónios. Então, encontrará uma pista para resolver os assassinatos misteriosos que fizeram Londres tremer há mais de duzentos anos. A sua vida misturar-se-á com a da boticária numa reviravolta surpreendente do destino. E nem todos sobreviverão.

O Segredo da Boticária é uma estreia subversiva e viciante, cheia de suspense, com personagens inesquecíveis e uma profundidade aguda. Cheia de segredos, vingança e de formas singulares como as duas mulheres podem salvar-se uma à outra, apesar da barreira do tempo.

Definitivamente este é um livro “Page Turner”. Envolvente, intrigante e misterioso.

A ação divide-se entre duas épocas e personagens diferentes. Começa com Nella, em 1791, uma boticária que trabalhava, de forma ilícita, em Londres, que preparava as suas mezinhas para as mulheres que queriam matar os maridos. Como a autora nos dá a conhecer na “Nota Histórica”, no século XVIII era comum a morte por envenenamento e, não havendo ainda especialistas em toxicologia que pudessem detetar os fármacos utilizados com uma autópsia, se não houvesse provas, os criminosos saíam muitas vezes impunes. Por razões que não vou mencionar, uma jovem de 12 anos, Eliza, acaba por conhecer Nella e pedir-lhe para trabalhar para ela.

A outra história, a de Caroline, decorre no momento presente, não sendo referida uma data, quando, após uma traição do marido, pouco antes de festejarem os seus 10 anos de casados, resolve ir sozinha para a viagem que os pais lhe ofereceram com vista a celebrar a data. Acaba por aceder a um convite para praticar “mudlarking” e encontra um recipiente de vidro, de tom azulado, muito antigo, com uma gravura rudimentar de um urso, aparentando ser um frasco de uma botica. Acaba por conhecer Gaynor, uma bibliotecária, com quem vai tentar compreender a origem do frasco. Em Caroline renasce a sua antiga paixão pela História, não tanto ao nível dos grandes acontecimentos históricos, mas da investigação de histórias de vida que ficaram perdidas no tempo.

Afinal, o casamento de Caroline, não ultrapassava uma crise apenas pelo facto de o marido a ter traído. Haveria outros motivos…

Mas, afinal, conseguirá Caroline chegar à origem do frasco? E como teria aquele frasco ido parar à beira do rio? Terá Caroline resolvido os seus problemas emocionais? A resposta a estas e muitas outras perguntas está no livro, um livro que vale a pena abrir e que dá imenso gozo ler!

 Scibona, Salvatore (2021). O Fim. Alfragide: Publicações Dom Quixote.

Tradução: Francisco Agarez

Nº de páginas: 384

Início da leitura: 15/06/2022

Fim da leitura: 18/06/2022

**SINOPSE**

15 de agosto de 1953. É dia de festa ruidosa e turbulenta em Elephant Park, um enclave de imigrantes italianos no norte do Ohio. Enquanto as festividades atingem um patamar frenético e trasbordam para as ruas, cinco membros da comunidade suportam o peso de um terrível segredo.

O padeiro da vila recebe uma notícia dolorosa, o joalheiro curva-se abnegadamente sobre o seu trabalho, uma costureira de cortinas fala em voz baixa pelo fio torcido de um telefone, um adolescente perturbado procura a liberdade fora da crescente multidão da festa e uma abortadeira idosa e ressentida mantém sob apertada vigilância a comunidade sobre a qual sente que está a perder o domínio.

Lentamente, à medida que estas personagens obstinadas e primorosamente desenhadas colidem entre si, torna-se evidente que, sepultada a grande profundidade nos seus corações, está a verdade há muito silenciada sobre o crime que assombrou o mundo de cada uma delas.

Criativo, explosivo, tendo em fundo as tensões raciais, espirituais e morais que deram origem à América moderna, O Fim assinala a brilhante estreia de Salvatore Scibona como uma voz nova e eletrizante na ficção americana.

O Fim é o romance de estreia de Salvatore Scibona, foi finalista do National Book Award e vencedor do Young Lions Fiction Award da Biblioteca Pública de Nova Iorque. Em 2010, o autor foi escolhido pela The New Yorker como um dos 20 escritores mais promissores com menos de 40 anos.

Uma boa premissa numa escrita poética e cuidada. Porém, não me fascinou. Considero que me pareceu uma manta de retalhos que, muitas vezes não encaixam, um puzzle em que as peças nem sempre encaixam, o que o torna um pouco confuso.

Gostei do fundo histórico, da questão da imigração na América, das tensões raciais que nos foram dadas a sentir, de o facto de as personagens mostrarem muito humanas, quase familiares, nas suas virtudes e defeitos, agarrando-se à fé para resistirem a todas as contrariedades da vida.

E do novelo de histórias que se unem no fim, não falo e deixo que cada leitor crie a sua própria opinião. Convém ler com atenção para não se cair num emaranhado de fios soltos.

Wrobel, Stephanie (2022). Isto Pode Doer. Lisboa: Planeta.


Tradução: José Remelhe

Nº de páginas: 392

Início da leitura: 12/06/2022

Fim da leitura: 15/06/2022

**SINOPSE**

Um thriller sombrio e eletrizante sobre duas irmãs: uma presa nas garras de um culto, a outra na teia das suas próprias mentiras.

Natalie Collins não tem notícias da irmã há mais de meio ano. Da última vez que falaram, Kit arrastava-se entre dias de trabalho entediantes, noites de borga e crises de choro no duche pela morte da mãe. Nessa altura, Kit disse-lhe que tinha a certeza de que a vida tinha algo mais para lhe oferecer...

E depois Kit encontrou Wisewood.

Numa ilha privada na costa do Maine, os hóspedes de Wisewood comprometem-se a estadias de seis meses. Durante este período, estão proibidos de contactar com o mundo exterior: não há Internet, não há telemóveis, não há exceções. As regras têm uma razão de ser: manter os hóspedes focados em libertarem-se dos seus medos, para que possam alcançar o seu Eu Maximizado. Natalie acha que é uma má ideia e desaconselha a irmã a ir, mas Kit está farta do cinismo dela e desaparece do mapa.

Seis meses depois, Natalie recebe um e-mail de uma conta de Wisewood a ameaçar revelar o segredo que ela tem escondido de Kit. Em pânico, Natalie ruma a norte, para encontrar a irmã e trazê-la para casa. Mas está prestes a descobrir que não é assim tão fácil sair de Wisewood.

Este não é, quanto a mim, um thriller viciante. A narração é feita entre os tempos das jovens com os pais e um momento posterior, em que, não tendo notícias da irmã (kit), Natalie resolve procurar a irmã.

O que mais me chocou neste livro foi a forma como o pai educava as filhas, infligindo-lhes dor, expondo-as a diversas situações de perigo, com o intuito, segundo ele, de as tornar mais fortes e sem medos, como, por exemplo, quando atira Kit para águas profundas, não sabendo ela nadar e obrigando-a a lutar pela vida. A vida destas jovens é feita de metas, ganham ou perdem pontos dependendo da dimensão do perigo a que se exponham. Esta rigidez, este constante “respeito” pelo pai, são condicionantes nas suas personalidades. Não poderá a adrenalina por elas vivida na infância, deixá-las viciadas em situações em que tenham de se tentar superar, nem que para isso tenham de se infligir dor e pôr constantemente em risco as suas vidas? De que forma esta infância terá marcado cada uma das irmãs? Por que razão, Kit nunca mais disse nada, desde que integrou um programa de autoaperfeiçoamento em Wisewood, uma ilha isolada do Maine?

É inicialmente intrigante, tem algum suspense, mas não me emocionou, não vibrei com este livro.

Penso até que gostei no início, porque criou expetativas. Porém, depois, torna-se repetitivo e acaba por ser um pouco cansativo e com um ritmo muito lento.

Mitchell, Joseph (1942). O Segredo de Joe Gould. Alfragide: Publicações Dom Quixote. 2017.

Tradução: José Lima

Nº de páginas: 208

Início da leitura: 10/06/2022

Fim da leitura: 11/06/2022

**SINOPSE**

Salman Rushdie, Julian Barnes, Martin Amis e Doris Lessing são alguns dos escritores do mundo literário que, em 1996, quando este livro foi publicado, se fizeram ouvir chamando a atenção para a sua importância.

Afinal, quem foi esse Joseph Ferdinand Gould, o cândido e inquietante protagonista deste livro? Filho de uma das famílias mais antigas de Massachusetts, licenciado em Harvard, em 1916 rompeu com todos os laços e tradições familiares e foi para Nova Iorque, onde passado pouco tempo iniciou a sua vida de vagabundo. Trabalhava e vivia inteiramente para o seu projeto de escrever uma monumental História Oral do Nosso Tempo.

Ezra Pound e E. E. Cummings, entre muitos outros, interessaram-se pelo projeto e chegaram a falar nele nas revistas em que escreviam. Entretanto, Gould dormia na rua ou em albergues noturnos para mendigos, comia mal e vestia as roupas usadas que os amigos poetas e pintores de Greenwich Village lhe davam.

Era frequente vê-lo bêbado e imitando o voo das gaivotas, e a sua História Oral, que ninguém lera ainda, gozava já de uma certa reputação. Com a sua morte, em 1957, os seus amigos empreenderam uma vasta busca do famoso manuscrito nos poisos da Village que ele frequentava. É o surpreendente resultado dessa busca, o segredo a que se refere o título, que Joseph Mitchell nos conta na segunda crónica deste livro.

Que livro fantástico! Como não o li antes?

Joe Gould é uma personagem muito peculiar, o “último dos boémios”, como ele próprio se gaba. Vive pela “«trindade dos males»: fome, ressacas e sem-abrigo”. Tem imensa lata, um sentido de humor diferente e é referido como o Professor, o Gaivota, o Professor Gaivota, Mangusto, Professor Mangusto ou o Rapaz de Bellevue.” Anda sempre com uma pasta, que não larga, onde guarda a sua suposta obra literária, um livro que começou há 26 anos – a História Oral. Segundo ele, terá já “onze vezes o tamanho da Bíblia”. É um observador, um ouvinte destas histórias, que refere reproduzir na sua obra. Desdenha dos escritores, poetas, escultores e pintores da época e o facto de não se coibir de o dizer, esteve na origem de nunca ter sido admitido como membro de nenhuma organização, nem “em nenhum ismo artístico”.

“A História Oral é uma grande salsada e uma salganhada de diz-que-diz, um repositório de tagarelices, uma miscelânea de boatos, de mexericos, de paleios, de tretas, de lérias, de zunzuns…segundo os cálculos de Gould, de mais de vinte mil conversas” escrevinhadas em velhos cadernos e com uma péssima caligrafia, que só ele entendia.

Não é um homem simpático, mas tem momentos em que se torna exuberante, sobretudo com um copito a mais: “…despe-se da cintura para cima e começa uma dança, com palmas e sapateado, que diz ter aprendido numa reserva Chippewa no Dakota do Norte…Depois imita uma gaivota (…)” e diz ter traduzido para “gaivotês” uma série de poemas. Também me surpreendeu a sua teoria de conspiração do tomate. Fartei-me de rir com este humor fino que vai surgindo ao longo da obra.

O narrador viu-se envolvido na vida de Joe Gold, ouvindo as suas histórias e, quando Gold morreu, resolveu e decide procurar a História Oral, escondida pelo autor em muitos sítios diferentes, de acordo com o que dizia. Mas onde estaria mesmo a obra de Gould? Que segredo guardava?

Para o descobrir, terá de ler o livro e garanto que não se arrependerá, antes se surpreenderá!

Gallagher, Charlie (2022). A Rapariga no Abismo. Lisboa: Alma dos Livros.

Tradução: Francisco Silva Pereira

Nº de páginas: 352

Início da leitura: 09/06/2022

Fim da leitura: 10/06/2022

**SINOPSE**

O corpo de uma rapariga foi abandonado num velho celeiro de um terreno rural no sul de Inglaterra. O assassino deixou-a fechada dentro de um contentor metálico cuidadosamente posicionada em frente a uma câmara de vídeo ligada a um smartphone. É um dos seus prazeres secretos, ficar a admirar o resultado da sua obra, a decomposição progressiva do corpo.

Porém, quando chegou a casa e ligou o ecrã, algo lhe chamou a atenção: pareceu-lhe vislumbrar o corpo da rapariga a mexer-se. Primeiro, um pequeno gesto, depois outro mais. Afinal, estava viva. Alguma coisa correu mal. Primeiro, isso começou por irritá-lo, mas depois recompôs-se. Já não conseguia conter o entusiasmo e a ideia de repetir tudo novamente.

Entretanto, a polícia recebeu a participação do desaparecimento de uma jovem com problemas de álcool. A contar com esta, é a décima sexta vez que está desaparecida. Parece uma perda de tempo. Mas a detetive Maddie Ives tem um mau pressentimento e decide investigar.

O tempo escasseia. O assassino já identificou o seu próximo alvo. E a rapariga dentro do contentor não pode esperar mais. Apenas uma ténue esperança lhe permite supor que a sua história ainda não chegou ao fim.

Este é um thriller que se lê num ápice. Repleto de ação, bem escrito, mantém-nos na expetativa até ao fim.

A detetive Maddie Ives, pelo facto de se ter supostamente precipitado num caso que seguia enquanto agente infiltrada contra Grupos de Crime Organizado, colocou-se em risco e viu-se confrontada com a necessidade de ser transferida para um sítio longe de Manchester, um local desterrado no sul, em Lennockshire. Quando chega ao novo posto de trabalho, não teve propriamente uma receção calorosa, foi colocada como coordenadora de pessoas desaparecidas e aconselhada a ajustar as suas expetativas a esta nova realidade. Nunca Maddie previra que, num local decrépito e monótono, fosse deparar-se com o crime que acaba por a absorver totalmente – o desaparecimento de raparigas, que eram mortas, embrulhadas em sacos pretos e colocados num contentor. Mas deixá-la-ão investigar este caso? E estarão todas as raparigas mortas?

Mais não posso dizer. Se gostam de policiais, de emoção, de investigação policial, de mistério, este é o livro ideal para passar umas boas horas.

Tokarczuk, Olga (2020). Outrora e Outros Tempos. Amadora: Cavalo de Ferro.

Tradução: Teresa Fernandes Swiatkiewicz

Nº de páginas: 272

Início da leitura:05/06/2022

Fim da leitura: 09/06/2022

SINOPSE

Outrora é uma aldeia polaca situada no centro do mundo e protegida por quatro arcanjos. Esta mítica aldeia, onde a relva sangra, a roupa tem memória e os animais falam por imagens, é povoada por personagens excêntricas e inesquecíveis - humanas, animais, vegetais, minerais - cujas existências obedecem aos ciclos das estações e à inexorável passagem do seu Tempo, mas também aos acontecimentos externos.

Durante três gerações, este microcosmo instável e arrebatador assiste ao eclodir de uma Grande Guerra, à Crise, a uma nova e Segunda Grande Guerra, à Ocupação Nazi, à invasão Russa, e ao choque entre a modernidade e a natureza, espelhando a dramática história da Polónia do século XX.

Primeiro grande sucesso de Olga Tokarczuk, vencedor do prestigiado Prémio da Fundação Koscielski, Outrora e Outros Tempos é um romance histórico, filosófico, mitológico e, no dizer da crítica, «um clássico da literatura europeia contemporânea».

A autora sempre quis escrever um livro como este: «A história de um mundo que, como todas as coisas vivas, nasce, cresce e depois morre… Cozinhas, quartos, memórias de infância, sonhos e insónia, reminiscências e amnésia fazem parte dos seus espaços existenciais e acústicos, compondo as diferentes vozes da sua história.»

                                                       

Este não é um livro de fácil leitura, exige tempo, exige reflexão, ou corre-se o risco de perder o fio à meada. Neste livro vamos acompanhando a vida de três gerações de Outrora, na Polónia, no centro do Universo. É uma aldeia guardada por quatro Arcanjos. E aqui se encontra de tudo, o fantástico mitológico, a natureza que é espelho das emoções e estados de alma das personagens, a pulsação da vida, a inevitabilidade da morte.

A passagem do tempo sente-se apenas no avançar da idade das personagens e nas mudanças naturalmente ocorridas no decurso das estações do ano. E, apesar da fantasia, são personagens bem reais, com virtudes e defeitos, tão amplamente bem construídas, complexas, como complexo é o ser humano, com tanto de sãs e de loucas.

Utilizando uma linguagem crua, muitas vezes irónica, sempre profunda, a autora obriga-nos a perscrutar nas entrelinhas, a essência analítica da história e das suas personagens intrigantes. Recomendo!

Gomes, Luísa Costa (2021). Afastar-se – treze contos sobre a água. Lisboa: Editorial Dom Quixote.

Nº de páginas: 224

Início da leitura: 03/06/2022

Fim da leitura: 04/06/2022

**SINOPSE**

«Fui coleccionando ao longo de mais de cinco anos contos que de uma maneira ou de outra metem água. Ela está sempre presente, doce, clorada, salgada, mais larga ou mais discreta, no oceano aberto onde se experimenta o abandono e a sobrevivência, no duche redentor que muda em narrativa irónica uma experiência de quase morte, na saliva que prepara a cinza, na piscina adorada que é meio de transmutação alquímica. Será esta colecção, talvez, em arco abrangente, uma reconciliação pela água: um livro termal, se quiserdes. Em muitos destes contos se reivindica o primado da experiência vivida, seja ela de jibóias!, na elaboração formal que lhe faz a vénia. Na vida da água que nos faz sonhar (só de olhar) reconhecemos a nossa própria sobrevida. Mas o lapidar é o lapidar e o que se escreve na água…»

LUÍSA COSTA GOMES

Luísa Costa Gomes venceu, com este livro, o Prémio Literário Casino da Póvoa 2022, o que é bem merecido. Nestas 13 histórias, 3 já publicadas antes e 10 inéditas, há um elo de ligação: a água. Se atendermos à simbologia da água, com efeito, esta perpassa ao longo de todos os contos. A água passa, corre, como corre a vida; por vezes, em margens que a acolhem no seu regaço (que ficam na memória), outras tantas passando e ultrapassando socalcos que a vão tentando impedir de seguir o seu curso natural (dissolvendo). Corre para ganhar uma nova vida ao se fundir com o oceano, ou morrer de encontro ao mesmo. Assim é a vida. Há nestes contos, escritos com grande sabedoria, neste fio condutor de água, o desfiar de memórias, que cada personagem traz com ela. Vidas sedentas de vida, de renascimento, de uma infância perdida…

Depois, temos ainda o convívio de algumas personagens com os livros de Lord Byron, Pirandello, Kiekegaard e outros escritores de que não refere o nome, mas que entrevemos de quem se trata.

Tenho de reconhecer na autora uma escrita exímia, muito trabalhada, numa prosa riquíssima (e até verso) cheia de ritmo, que nos instiga a curiosidade e nos prende.

Confesso que gostaria, em alguns contos, de estar a ler um romance, pois queira mais, queria que continuasse. Mas os contos são assim e o que fica por ler, nas entrelinhas, é também uma forma deliciosa de o leitor continuar as histórias na sua imaginação.

Recomendo!

Ekvtimishvili, Nana (2022). Onde as Pêras Caem. Dom Quixote.

Tradução: Maria do Carmo Figueira

Nº de páginas: 160

Início da leitura: 01/06/2022

Fim da leitura: 02/06/2022

SINOPSE

Lela, a protagonista deste romance, tem duas certezas na vida: a de que o seu professor de História tem de morrer e a de que ela precisa de começar uma vida nova para lá desse campo onde as peras caem.

Numa Geórgia recém-independente, nos arredores de Tbilisi, fica uma casa apalaçada onde funciona uma instituição que acolhe órfãos e crianças com deficiência mental. É conhecida por Escola dos Idiotas, ainda que a maioria dos que hoje ali vivem - como o pequeno Irakli - tenham sido simplesmente abandonados pelas mães por desespero e não sofram de qualquer doença mental. Porém, em lugar de serem acarinhadas e educadas, as crianças da Escola dos Idiotas recebem dos professores sobretudo lições de negligência e abuso.

Com dezoito anos feitos, Lela já tem idade para poder deixar o estabelecimento, mas está lá há tanto tempo que não se lembra de ter tido família. E, não sabendo para onde ir, aceita um trabalho na instituição para poder planear à vontade a sua vingança suprema e, ao mesmo tempo, preparar a adoção de Irakli por um casal norte-americano. Mas nem tudo corre como planeado…

Este é um retrato poderoso, mas sem sentimentalismos, de um grupo de jovens que se defendem mutuamente da crueldade do mundo dos adultos. Premiado e aplaudido pela crítica e pelo público, ficará seguramente na memória de todos os leitores.

Este é um livro extremamente cru e direto, diria mesmo “sem rodeios”, sem floreados, com o foco numa situação que nos constrange, que preferiríamos não conhecer, porque magoa e choca e abala.

A autora parte de uma escola real, muito perto da sua casa – uma escola para crianças com deficiência, que acolhia também crianças abandonadas pelos pais. Era conhecida no bairro como a “Escola dos Idiotas”.

As negligências, os abusos, a violência entre pares, que marcaram estas crianças para sempre, chegam até nós de forma chocante, sobretudo se atendermos à idade destas crianças, entre os 6 e 18, que supostamente deveriam estar felizes, nos seus lares, a brincar, a serem simplesmente crianças. Depois, os desaparecimentos de algumas crianças a que as que permanecem vão assistindo. Por fim, o parco sucesso destas crianças nas suas vidas futuras, o passarem ali “toda uma vida”…

Para além da fome, da pobreza em que vivem, há o constante medo, os abusos sexuais, a indiferença dos pais que, ao encontrarem outras vidas, se descartam destes “filhos sem préstimo”.

As personagens são convincentes e, por alguma razão, tocou-me particularmente Irakli que vai tentando sempre manter vivo o sonho de que a mãe vai regressar para o levar, mesmo quando esta se muda para o estrangeiro. Contacta-a por telefone, com a ajuda da protagonista, Lela, acreditando no que a mãe lhe vai prometendo, que na “próxima semana” irá busca-lo. Lela também é cativante, porque, tendo-se tornado forte à custa de muito sofrimento, vai tentando sempre proteger os mais novos.

Um livro nomeado para o Man Booker Prize, que venceu o Prémio de melhor romance georgiano, o Saba Literary Prize, o Litera Prize, que merece ser lido.

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Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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