A Louca da Casa, Rosa Montero

 Montero, Rosa (2004). A Louca da Casa. Porto; ASA Editores.

Tradução: Helena Pitta
Nº de Páginas: 176
Início da leitura: 05/05/2023
Fim da leitura: 06/05/2023 

**SINOPSE**

"Um romance? Um ensaio? Uma autobiografia? A Louca da Casa é, em qualquer dos casos, a obra mais pessoal de Rosa Montero: uma viagem através do misterioso universo da fantasia, da criação artística e das recordações mais secretas da própria autora, que neste livro empreende uma viagem ao mais profundo do seu ser através de um jogo narrativo pleno de surpresas, onde literatura e vida se misturam num cocktail afrodisíaco de biografias alheias e de autobiografia romanceada. E assim descobrimos, por exemplo, que Goethe adulava os poderosos, que Tolstoi era um energúmeno, que Rosa, ela própria, em criança, se julgava anã, e que, com vinte e três anos, manteve um extravagante e arrebatador romance com um ator famoso. Todavia, não devemos fiar-nos por completo em tudo o que a autora conta sobre si mesma: as recordações não são sempre o que parecem."

Não é fácil definir o género deste livro, certo é que nos fala essencialmente do processo de escrita, da forma como os livros são recebidos pelo leitor, dos escritores que, não tendo sido bestsellers, acabaram remetidos ao esquecimento, tendo as suas obras morrido, porque não foram republicadas. Fala dos sentimentos que dominam o escritor ao escrever um livro, de como cada escritor encara a sua obra, independentemente de ser boa ou má. "(...) nos momentos de graça da criação do livro, sentimo-nos tão impregnados pela vida daquelas criaturas imaginárias que o tempo, a decadência ou a nossa própria mortalidade deixam de existir. (...) Escreve-se sempre contra a morte." (pp. 9-10).
A propósito da escrita, a autora, vai dando a sua opinião sobre os bons escritores, os medianos e os maus escritores, se bem que esta linha nem sempre seja fácil de delinear. Confesso que registei algumas das propostas que ia sugerindo e de quem ainda não li nada. Noutras situações, entendi perfeitamente a sua opinião e, em vários momentos, partilho da sua crítica. Fala-nos da diferença entre os homens que escrevem e as mulheres que escrevem, exemplificando a época em que as mulheres escreviam como homens, para que as suas obras fossem aceites. A esse propósito fala de "feminismo", partilhando a sua opinião em relação ao seu conceito.
Para além de falar do processo de escrita, fala de amor, de amores infelizes, de amores adiados, de sonhos defraudados. Faz também o paralelismo entre o amor e o processo de escrita.
Explica-nos que "A Louca da Casa" é a imaginação, porque "Escrever, enfim, é ser habitado por um amontoado de fantasias, às vezes preguiçosas como lentos devaneios de uma sesta estival; às vezes agitadas e febris como o delírio de um louco." ou "Regressamos assim à imaginação. A essa louca às vezes fascinante e às vezes furiosa que mora no sótão. Ser romancista é conviver harmoniosamente com a louca de cima. (...) O romance é a autorização da esquizofrenia."
Para quem gosta de livros que falam de livros, de escrita, de amor e loucura, este é o livro indicado para ler nos próximos tempos, pois, tal como eu, vai adorar!

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