Madalena, Isabel Rio Novo

Novo, Isabel Rio (2022). Madalena. Alfragide: Publicações Dom Quixote.

Nº de páginas: 200

Início da leitura: 16/03/2022

Fim da leitura: 17/03/2022

**SINOPSE**

Enquanto se submete a tratamentos para um tumor, uma jovem professora ocupa os longos dias a examinar papéis, retratos e cartas dos bisavós que encontrou num velho armário de livros que outrora lhes pertenceu. É assim que vai desvelando a história dos dois, envolta em mistério, na qual a traição, o ciúme e a tragédia são os ingredientes principais.

Álvaro Amândio, o bisavô culto e ensimesmado, mas sobretudo Madalena Brízida, a bisavó sedutora, enigmática e talvez cruel, vão ganhando contornos diante da jovem mulher, à medida que ela própria se vai descobrindo, nos seus amores do passado, nos seus sofrimentos recalcados, talvez até nas razões para ser como é.

Muito mais do que uma narrativa sobre a doença ou os seus efeitos sobre o indivíduo, Madalena - obra vencedora do Prémio Literário João Gaspar Simões - é um romance notável sobre a família e sobre o que, em cada um de nós, é construído pelos que vieram antes, assinado por uma das grandes vozes da ficção portuguesa contemporânea.

 

**OPINIÃO**

Gosto muito da escrita de Isabel Rio Novo, da elegância e sensibilidade conjugada com a força das palavras, do ritmo que prende, da reflexão que estimula. Do ar que faz conter no peito e da emoção que passa.

Este livro não foi exceção, se bem que seja um tema que mexe muito comigo. A protagonista, uma jovem professora, debate-se com um cancro de mama, em estágio avançado. As dúvidas, os tratamentos, a forma como vê e é vista pelos outros, o novo conceito de tempo, as adaptações a cada estágio da doença, e as muitas questões que já me passaram tantas vezes pela cabeça, foram, em muitos momentos, de cortar a respiração! A par deste processo de tratamentos, vai desvelando, por meio de pertences que encontrou, a história dos seus bisavós. Acabam por se entrelaçar a sua vida até ali, quando se via na foto tirada na praia, onde as sombras ainda não pairavam sobre os seus pensamentos e os seus dias, a memórias de tudo quanto viveu e deixou por viver, a história dos bisavós e o presente. Nunca ninguém prevê o que o futuro nos reserva, nunca ninguém sabe como vai encarar os “murros no estômago” que a vida nos pode dar. E nunca ninguém sabe o que se passa na cabeça de quem vive situações como esta. Certo é que a jovem que ela vê na fotografia é cada vez menos ela, está cada vez mais distante, como fazendo parte de uma outra vida. E é nas cartas, nas fotos dos bisavós que se vai encontrar a si própria, identificando-se com a bisavó Madalena.

Aconselho vivamente a leitura deste livro!

0 Comentarios