Adichie, Chimamanda Ngozi (2006). Meio Sol Amarelo. Alfragide: Publicações Dom Quixote.
Tradução:
Tânia Ganho
Nº
de páginas: 544
Início
da leitura: 22/03/2022
Fim da leitura: 26/03/2022
**SINOPSE**
Com
uma elegância apenas ao alcance dos grandes escritores, Chimamanda Ngozi
Adichie entrelaça as vidas de cinco personagens inesquecíveis: Ugwu, um humilde
criado de treze anos a quem o mundo se desvendará pela mão do seu senhor,
Odenigbo, que, na intimidade da sua casa, planeia uma revolução. Este jovem
professor universitário mantém uma relação apaixonada e sensual com a bela e
mágica Olanna, cuja irmã gémea, Kainene, é alvo do amor desesperado de Richard,
um jovem inglês a braços com o seu papel de homem branco em África.
Todos
eles vão ser forçados a tomar decisões definitivas sobre amor e
responsabilidade, passado e presente, nação e família, lealdade e traição.
Todos eles vão assistir ao desmoronar da realidade tal como a conheciam devido
a uma guerra que tudo transformará irremediavelmente.
**OPINIÃO**
Que livro! Adichie é, com efeito, uma contadora de histórias maravilhosa, que nos conduz, através da força das suas palavras, aos espaços onde decorre a ação. É fácil sentir tudo o que nos é contado. É fácil criar empatia por personagens como Ugwu, um criado que vai servir para casa de um professor, Odenigbou; Olanna, esposa de Odenigbou e Kainene, irmã gémea de Olanna, que ficarão na memória, com toda a certeza.
Ugwu é um jovem maravilhoso, dedicado, sempre a querer
agradar ao "senhor”, dedicado também aos estudos, interessado. Mas, acima de
tudo, é uma personagem muito humana, tão humana que acaba por também cometer
erros dos quais, mais tarde, se arrepende.
Olanna
é uma mulher apaixonada, moderna e compreensiva, que acaba por adotar a filha de
uma relação do marido com outra mulher (também ela vítima de bruxaria por parte
da sogra de Olanna).
Kainene
vai crescendo à medida que a ação avança, tornando-se numa pessoa
imprescindível na ajuda aos sobreviventes, fazendo tudo para ajudar, não
baixando os braços ou desistindo, mesmo com as mortes diárias e as crianças a
quem cai o cabelo e cresce a barriga, pela falta de alimentos.
E
é num cenário de guerra que nos são contadas histórias de amor, traição,
vingança, crenças e tradições. O meio sol amarelo, da bandeira de Biafra, é, ao
longo da história, um símbolo muito importante de um futuro que se queria
glorioso.
O
facto de a autora ter partido de um acontecimento real, a guerra entre a
Nigéria e o Biafra, torna a história mais credível e emocionante. Apesar de ficcionais,
as personagens foram criadas a partir de pessoas reais, tendo a autora, como
nos diz na sua nota final, efetuado várias pesquisas para fundamentar os
relatos que vai criando.
É
incrível como se ignora ou se tenta ignorar a guerra e o facto de nos poder
atingir. E nunca, nunca se está verdadeiramente preparado.
Uma
leitura que recomendo sem reservas!
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