Alcoot, Louisa May. Mulherzinhas. Lisboa: Guerra e Paz. 2022.
Tradução: Rita
Carvalho e Guerra.
Nº de páginas:
392
Início da
leitura: 05/03
Fim da leitura:
11/03
**SINOPSE**
As
irmãs Meg, Jo, Beth e Amy conhecem algumas dificuldades depois da partida do
seu pai para a guerra e dos problemas económicos que a família enfrenta. Mas o
espírito lutador e de união que reinam naquele lar ajudam-nas a seguir em
frente.
Quer
em casa quer nas relações com os amigos e vizinhos, elas conseguem surpreender e
continuar e ser fiéis aos seus sonhos, vivendo cada dia com esperança e
boa-disposição.
Uma história em que o amor e a coragem se revelam mais fortes do que todas as dificuldades que estas quatro raparigas, juntamente com a sua mãe, têm de enfrentar.
**OPINIÃO**
Regressar,
após muitos anos, a este clássico da literatura (publicado, pela primeira vez,
em 1868), foi uma verdadeira delícia. Adoro as personagens. Encanta-me a
história, a forma despojada com que está escrita.
Este
livro é um regresso à infância, aos sonhos, aos suspiros, ao que eram as
preocupações quando não existiam ainda grandes preocupações.
Para
estas irmãs, a pobreza e o facto de terem de trabalhar era, quanto a mim, uma
benesse, pois tinham vidas preenchidas, contrariamente a muitas jovens da
época, que nem sequer tinham de se preocupar com o que vestir no dia seguinte,
de um vazio e futilidade típicos de quem não sabia o que era verdadeiramente a
vida.
Estas
Mulherzinhas são quatro irmãs, cada uma com uma personalidade que a torna
única. Quando estão a entrar na adolescência, que todos sabemos não ser um
momento fácil, veem as suas vidas viradas do avesso com a partida do pai para a
guerra. Assim, para subsistirem, veem-se obrigadas a largar os estudos e a
trabalhar. Cada uma reage a esta mudança de forma diferente, mas todas, cada
uma à sua maneira, se vê obrigada a amadurecer mais cedo do que era previsto.
Sensibilizou-me
a união entre elas, malgrado os desentendimentos comuns a todos os irmãos.
Agradou-me a forma como usufruíam dos seus tempos livres, ou até de como
trabalhavam com alegria, sem deixarem de lado os seus sonhos.
Por
mais esgotante que fosse o trabalho, nada tinha a ver com o que agora nos
consome todos os minutos. Também, as formas de diversão eram diferentes. Eu,
que ainda passei, na infância, por esse contacto com a natureza, a paz da
sombra de uma macieira, a leitura ao ar livre, não pude deixar de ler este
livro com um enorme saudosismo, de sorrir, de sentir o vento a entrar-me pelas
frestas das recordações e a ganhar ímpeto nas palavras do livro.
De
todas as irmãs, a que mais me cativa é, sem dúvida, a Jo, pela irreverência,
pelo ar arrapazado e até pelos distúrbios que causa. Agrada-me a
espontaneidade, a modéstia, o gosto pelos livros e pela escrita, a maneira
caricata de ser e de encarar os acontecimentos e as pessoas.
Este
livro é uma lufada de ar fresco que aconselho, sobretudo quando a vida se está
a tornar muito cinzenta.
Claro
que já não concordamos com muitas das ideias que existiam, mas este livro tem
de ser lido à luz da época em que foi escrito. E penso até, que para a época,
era bastante “à frente”, sobretudo a Jo!
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