A Tatuadora de Jaipur, Alka Joshi

Joshi, Alka (2022). A Tatuadora de Jaipur. Alfragide: Edições ASA.

Tradução: Raquel Dutra Lopes

Nº de páginas: 384

Início da leitura: 07/03/2022

Fim da leitura: 12/03/2022

**SINOPSE**

Aos dezassete anos, Lakshmi foge de um casamento arranjado e ruma a Jaipur, a vibrante metrópole cor-de-rosa. É lá que se reinventa como artista, conseguindo tornar-se tatuadora de hena das mulheres mais ricas da cidade, que a buscam atraídas pelo talento, mas também pelos seus poderes de curandeira e pela sua discrição como confidente. Mas embora muitos segredos lhe sejam revelados, os dela têm de permanecer guardados a sete chaves.

À medida que a popularidade de Lakshmi aumenta, também os seus esforços para proteger a reputação e a carreira se intensificam. A ameaça, porém, não tarda a bater-lhe à porta: o marido encontrou-a, tem um plano, e não está sozinho, vem acompanhado de uma menina de treze anos, Radha, a irmã que a Lakshmi não sabia ter.

Radha é curiosa e rebelde, uma combinação perigosa que preocupa Lakshmi. Agora que as vidas de ambas estão intrinsecamente ligadas, será ela capaz de manter a liberdade que conquistou a pulso e, ainda assim, proteger a irmã?

Exótico e envolvente, A Tatuadora de Jaipur é um retrato fulgurante de um país e de uma mulher. Há algo de mítico (e místico) na sabedoria ancestral de Lakshmi e na sua ânsia por liberdade numa sociedade que oscila ainda entre as velhas tradições e a modernidade, um mundo que é simultaneamente sumptuoso e fascinante, austero e cruel.

Esta é uma história de amor-próprio e perseverança, de vingança… e perdão.

**OPINIÃO**

A escritora inspirou-se na vida da sua mãe para criar a personagem Lakhsmi, a artista de hena, o que a torna mais credível. Gostei do contacto com estas tradições indianas, com mezinhas que embelezavam, serviam de contracetivo, rituais para engravidar, para que a criança viesse saudável, para curar infeções, entre muitas outras finalidades que substituíam e até surpreendiam a medicina convencional.

Gostei da premissa, da protagonista, que é, num meio tão convencional e arreigado de tradições, uma jovem independente, que abandona o marido que a maltrata para ir em busca de uma vida melhor. É uma personagem que se entrega ao que faz, com paixão, que trabalha para conquistar a sua independência, construir a sua casa, o que não era uma atitude comum e que, inclusive, chega a fazer com que pusessem em causa a sua reputação, uma vez que não sabiam como teria ela conseguido o dinheiro para construir uma casa. O contacto com as pessoas certas, o bom trabalho que executava, estariam na origem dessa conquista. Muitas das moças que tentavam, desta forma, a sua sorte, não tinham o fim de Lakshmi, pois acabavam, para sobreviver, por cair na prostituição. Este facto endurece-a e, quando se vê a braços com a educação da irmã, revela-se, muitas vezes intransigente e dura. Era a sua forma de cuidar da irmã, porque se preocupava com ela.

O glossário, que surge no fim do livro, permite-nos ir vendo e conhecendo um pouco mais das tradições indianas. Por fim, também considerei extremamente interessante, termos acesso à receita da hena e outras receitas de alimentos que vão sendo mencionados ao longo do livro.

Gostei, de um modo geral, deste livro. Tem uma escrita simples e leve, que sabe bem ler entre leituras mais duras. Recomendo a quem gosta de viajar pelas tradições do mundo. E que bela viagem!

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