Histórias Soltas Presas Dentro de Mim

Mikhail, Dunya (2019). O Homem Que Salvava Mulheres. Alfragide: Edições ASA.

Tradução: Luís Rodrigues dos Santos
N.º de páginas: 240 
Início da leitura: 25/04/2025
Fim da leitura: 30/04/2025

**SINOPSE**
"O leilão começa nos 9 mil dólares.
Vende-se: rapariga.
"Bonita, trabalhadora e virgem. Onze anos."
Este anúncio - retirado de um site onde guerreiros do ISIS regateiam o valor de escravas sexuais - é um de muitos que Abdullah Shrem guarda no telefone.

Abdullah tinha uma vida tranquila no Norte do Iraque. Era um homem como tantos outros. Mas quando o Estado Islâmico invadiu a sua terra natal, chacinou os homens e raptou as mulheres para as usar como escravas sexuais, o pacato apicultor revelou a sua verdadeira alma.

Por viajar com frequência para vender o mel das suas abelhas, ele conhecia a região como ninguém. Esse conhecimento do terreno revelar-se-ia precioso. Juntamente com uma rede secreta de ajudantes - familiares e amigos, guias e até contrabandistas -, Abdullah assumiu a arriscada missão de salvar todas as mulheres que pudesse, atravessando regiões devastadas pela guerra e deixando-as em locais seguros.

Esta é a história de um herói improvável.
É também a história das mulheres que ele salvou.
É, acima de tudo, um extraordinário exemplo de coragem, fé e humanidade.

Quase toda a família de Abdullah - incluindo o irmão e a irmã - está ainda desaparecida.
Integram a lista das 6000 pessoas desaparecidas da região."
Um livro real, de tirar o fôlego da primeira à última página. Fala-nos sobre as atrocidades cometidas pelo Daesh (ISIS) contra a comunidade Yazidi no norte do Iraque. Através de uma narrativa baseada em entrevistas e testemunhos reais, a autora apresenta a história de Abdullah, um apicultor que, utilizando o seu conhecimento do terreno e uma rede de colaboradores, arriscou a vida para resgatar mulheres e crianças sequestradas e escravizadas pelo grupo extremista.

A estrutura do livro, composta por relatos diretos das vítimas e das operações de resgate, confere autenticidade e urgência à narrativa, dando voz às vítimas e documentando eventos que, de outra forma, poderiam ser esquecidos. 

A escrita de Mikhail consegue transmitir a dor e a esperança das vítimas, bem como a coragem de Abdullah e dos seus colaboradores. É duro, mas aconselho!

Amis, Martin (2015). A Zona de Interesse. Lisboa : Quetzal Editores.


Tradução: José Vieira de Lima
N.º de páginas: 352
Início da leitura: 21/04/2025
Fim da leitura: 26/04/2025

**SINOPSE**
"Um dos mais polémicos romances das últimas décadas.
O que acontece quando descobrimos quem verdadeiramente somos? E como é que lidamos com essa revelação?
Intrépido e original, A Zona de Interesse é uma violenta e obscura história de amor que se desenrola num cenário do mais puro mal - o campo de extermínio de Auschwitz -, bem como uma viagem às profundezas e contradições da alma humana."
"A Zona de Interesse" era a designação utilizada para se referirem ao local onde se fazia a triagem dos judeus, no campo de concentração de Auschwitz, determinando uma de duas situações: ou eram encaminhados para campos, onde faziam trabalhos forçados ou eram mortos nas câmaras de gás.
São três os narradores: Golo Thomsen, um oficial nazi que estaria interessado na mulher do comandante e cuja narração era marcada por uma racionalidade fria e uma crescente consciência das atrocidades em seu redor; Paul Doll, o comandante do campo, cuja voz é delirante e excêntrica, refletindo uma dedicação fanática ao regime e uma apatia perturbadora perante os horrores do campo e que desconfiava do interesse de Thomsen pela sua mulher e Szmul, um judeu polaco membro do Sonderkommando, cuja narração é sepulcral e introspetiva, oferecendo reflexões incrédulas sobre as suas ações forçadas. Esta multiplicidade de vozes permite a Amis explorar diferentes dimensões do Holocausto, desde a indiferença burocrática até à angústia existencial das vítimas
O livro fala essencialmente da vida e diálogos quotidianos destas três personagens e apresenta a questão do extermínio dos judeus, de forma satírica, contrastando esta "aparente" normalidade (ou banalidade do mal) com os horrorres vividos. Não é uma obra de fácil leitura, tem diálogos que nos chocam, mas é uma forma diferente de abordar o Holocausto. Aconselho.

Bagieu, Pénélope (2018). Destemidas, Mulheres Que Só Fazem o Que Querem. Lisboa: Levoir.


Tradução: Margarida Mesquita e Pedro Cleto
N.º de páginas: 144
Início da leitura: 21/04/2025
Fim da leitura: 24/04/2025

**SINOPSE**
"Cientistas, actrizes ou activistas, estas mulheres são destemidas, ousadas, decididas, e lutaram pelos seus sonhos. Este livro apresenta a biografia de 15 mulheres excepcionais que triunfaram perante a adversidade. Pénélope Bagieu mostra-nos aqui mulheres de ideais, épocas, idades e mundos muito distintos, que foram capazes de ir para além das convenções e preconceitos sociais.

Wu Zeitan, imperatriz chinesa que foi precursora do direito laboral; Aagnodice, médica ginecologista grega que arriscou a vida para que as mulheres pudessem exercer a medicina no seu país; ou Leymah gbowee, que lutou pela paz na Libéria e foi Prémio Nobel da Paz em 2011, entre muitas outras. Elas desejaram ser independentes, viajar, ser úteis, estudar, trabalhar, chegar ao poder de um país, ou simplesmente... salvar um farol!"
Já tinha lido a novela gráfica Destemidas 2 e adorado, pelo que não podia deixar de ler esta. E, de facto, não desilude. Esta é uma novela gráfica que diverte, informa, provoca e nos faz pensar se, de facto, temos evoluído desde o tempo das mulheres referidas ou se, pelo contrário, tem havido alguns retrocessos. 
São inúmeras as mulheres destemidas, que ficaram na história. Neste livro, contemplam-se: "Clémentine Delait, a mulher barbuda", "Nzinga, Rainha do Ndongo e da Matamba", "Margaret Hamilton, atriz aterrorizadora", "Las Mariposas, irmãs rebeldes", Josephina van Gorkum, apaixonada casmurra", Lozen, Guerreira e Xamã", Annette Kelleman, sereia", entre muitas outras.  São vastas também as áreas em que se destacaram, de forma ousada, persistente, lutadora...
Recomendo.

Harris, Joanne (2005). Xeque ao Rei. Alfragide: Edições ASA.

Tradução: Teresa Curvelo
N.º de páginas: 432
Início da leitura: 14/04/2025
Fim da leitura: 20/04/2025

**SINOPSE**

"Em St Oswald's - uma selecta escola secundária masculina do Norte de Inglaterra - um novo ano escolar acabou de começar, mas para os seus funcionários e alunos sopram ventos indesejados de mudança. Todo um universo de novas tecnologias e valores se tem vindo a impor e Roy Straitley, professor de Latim, excêntrico e já veterano na escola, sente-se excluído e, ainda que de forma relutante, capaz de contemplar a hipótese de se reformar. Mas, por detrás das pequenas rivalidades, disputas infantis e crises quotidianas da escola, agita-se algo mais sombrio. E um rancor, secreta e cuidadosamente alimentado durante treze anos, está prestes a eclodir. Quem é o misterioso autor das cruéis partidas que estão a tornar-se gradualmente mais violentas - e talvez fatais? E como pode um velho, já obscuro e meio-esquecido escândalo tornar-se na pedra que derrubará o gigante?"

Achei este livro muito original, o que, aliado a capítulos breves e uma aura constante de mistério, nos deixa presos à leitura. 
A história desenrola-se em St. Oswald’s, uma escola secundária masculina tradicional, onde Roy Straitley, um veterano professor de Latim, se vê confrontado com mudanças institucionais e pessoais. A narrativa alterna entre o ponto de vista de Straitley e o de um narrador anónimo, cuja identidade e intenções são gradualmente reveladas, criando uma atmosfera de suspense e mistério."Xeque ao Rei" é uma leitura recomendada para quem aprecia thrillers psicológicos que se desenrolam em cenários académicos e que exploram as complexidades das relações humanas e institucionais. Embora possa não agradar a todos os fãs de Joanne Harris, especialmente aqueles que preferem os seus romances mais românticos ou gastronómicos, é uma demonstração da versatilidade da autora e da sua capacidade de construir narrativas intrigantes e provocadoras. Recomendo!

Jennings, Luke (2019). Killing Eve, Nome de Código Villanelle. Lisboa: Minotauro.

Tradução: Patrícia Caixeirinho
N.º de páginas: 202
Início da leitura: 12/04/2025
Fim da leitura: 13/04/2025

**SINOPSE**
"Villanelle, nome de código, é uma das assassinas mais implacáveis do mundo, uma psicopata felina fascinada pelo seu estilo de vida luxuoso e com um amor temendo pelo jogo. Treinada para assassinar os mais ricos e poderosos do mundo, não tem consciência, não sente culpa, não tem fraquezas.
Eve Polastri (não é um nome de código) é uma agente com uma missão impossível: encontrar, capturar ou matar Villanelle. A perseguição que se seguirá leva-a a testar todos os seus limites, deixando de se tratar simplesmente de trabalho para se tornar uma questão pessoal.

A obra apresenta Villanelle, uma assassina profissional e implacável, uma verdadeira psicopata carismática, com um gosto refinado por luxo e violência; e Eve Polastri, uma agente da MI5, profissionalmente dedicada, mas com inseguranças pessoais, que poderão fragilizá-la, mas que defende com fervor a segurança nacional. Está obcecada em capturar Villanelle. 
É uma leitura envolvente para fãs de thrillers de espionagem, oferecendo uma perspetiva única sobre a dinâmica entre caçador e presa. No entanto, é importante estar ciente de que a obra pode deixar a desejar em termos de profundidade narrativa.

A maior parte da ação decorre em Paris e a  perseguição, sobre a qual esta ficção se detém, é alucinante, repleta de mortes, testando todos os limites, numa escrita bem pensada e rica em diálogos. Recomendo aos apreciadores do género.

Rodrigues, Pedro (2019). Deve Ser Primavera Algures. Lisboa: Cultura Editora.

N.º de páginas: 172
Início da leitura: 11/04/2025
Fim da leitura: 12/04/2025

**SINOPSE**
"Joana nasceu condenada aos infortúnios da vida. A vila pobre, o pai ausente, a mãe entregue ao álcool, o irmão deficiente. Apesar de ter sido agraciada com inteligência e beleza, as qualidades da rapariga parecem não ser suficientes para que ela reme contra a corrente. 
Numa terra de ninguém, Joana luta para ser gente: resiliente como uma flor que teima em brotar entre as pedras da calçada. 
O romance de estreia de Pedro Rodrigues é sobre a dureza da vida e a importância de se manter viva a esperança por uma primavera que acaba sempre por chegar, mesmo depois do mais rigoroso inverno."
O romance tem início com uma situação de violência doméstica, em que a vítima, Maria, quando o marido se vai embora, lamenta não o ter, sentindo inclusive falta das suas mãos fortes, mesmo quando lhe batiam. Para o relembrar, autoflagela-se, o que nunca vou conseguir compreender, e entrega-se ao álcool. Aliás, não consegui sentir empatia por Maria e faltou-me conhecer melhor a sua personalidade, bem como a das restantes personagens, que são caracterizadas muito "pela rama". Depois, acompanhamos o crescimento dos filhos de Maria: Joana, uma menina inteligente, que, ainda assim, se revela superficial e influenciável; Manuel é uma criança limitada, com dificuldades cognitivas, que acaba por ser encaminhado para um Seminário. A saúde mental poderia, também ela, ter sido mais aprofundada, com o devido destaque que merecia.
A par desta história, vai-nos sendo narrada a de Theodora, uma prostituta, que acaba por se envolver com o delicado, rico e intelectual Florindo. Mais uma história abordada de forma algo superficial.
Posto isto, muitos são, de facto, os temas, que este livro aflora sem desenvolver, pelo que ficou muito aquém das minhas expetativas. As personagens carecem de força, caráter, determinação... e a história em si, não me preencheu.
Concluíndo, a história tinha tudo para ser muito boa, mas faltou desenvolvimento e força.

Cognetti, Paolo (2025). Lá em Baixo, no Vale. Alfragide: Publicações Dom Quixote.

Tradução: J. Teixeira de Aguilar
N.º de páginas: 144
Início da leitura: 10/04/2025
Fim da leitura: 11/04/2025

**SINOPSE**
"Há animais livres, soturnos e selvagens, e outros que procuram a calidez de uma mão e um refúgio. No meio, entre a sombra e o sol, corre o rio. Os dois irmãos são Luigi e Alfredo, um larício e um abeto; a dividi-los há uma casa lá em cima, na montanha, e a aproximá-los o balcão do bar. Há depois Betta, que toma banho na torrente e espera uma menina. Neste romance duro e polido como uma pedra, Paolo Cognetti desce dos glaciares do Monte Rosa para ouvir os embates da vida no fundo do vale. A sua voz canta as existências frágeis, perdidas atrás da raiva, do álcool, e uma força misteriosa que as arrasta cada vez para mais baixo, levando consigo todas as coisas. Ao longo do Sesia, como em todo o mundo, só os animais e as árvores permanecem em silêncio a sofrer a dor do homem.

Num ritmo rápido e com a linguagem tersa dos grandes autores, Paolo Cognetti escreveu o seu Nebraska."
A história gira em torno de uma série de personagens que vivem num pequeno vilarejo, em Piemonte, no norte de Itália, um cenário que é tanto um refúgio como um lugar de introspeção. Cognetti tem a capacidade de criar uma atmosfera densa e envolvente, onde o tempo e o espaço são retratados de forma dura. O autor utiliza o vale, o cenário montanhoso, não apenas como pano de fundo, mas como uma verdadeira personagem da história. A natureza desempenha um papel fundamental no desenvolvimento das personagens e nas suas trajetórias emocionais.
No início, a história centra-se no aparecimento de cães violentamente mortos.
Em seguida, é-nos contada a história de duas árvores, plantadas por um homem para presentear os filhos. O larício, para Luigi e o abeto, para Alfredo. E cada uma destas árvores representa a personalidade dos filhos, como se a natureza lhes fosse intrínseca, uma ligação umbilical. De que forma a história dos cães se relaciona com os irmãos? Isso não posso revelar.
Acontece que estes irmãos, tão diferentes entre si, comungam de uma característica que os torna iguais: cada um disputa, de forma primitiva, com desapego e rudeza, o seu lugar na história familiar e na relação com o pai, que falecera um ano antes. 
Aconselho a leitura.

Shriver, Lionel (2025). Mania. Coimbra: Minotauro.


Tradução: Ana Pinto Mendes
N.º de páginas: 380
Início da leitura: 06/04/2025
Fim da leitura: 10/04/2025

**SINOPSE**
"Melhores amigas desde a adolescência, Pearson e Emory encontram-se em lados opostos de uma nova guerra cultural.

À medida que a amizade delas se desfaz, a determinação de Pearson em agarrar-se à velha e preconceituosa forma de pensar começa a pôr em perigo o seu trabalho, a sua segurança e até a sua família.

O novo romance da autora bestseller Lionel Shriver é uma história brilhante e subversiva sobre uma amizade de longa data ameaçada por uma guerra cultural."
Um livro fabuloso! Posso não concordar com todas as ideologias políticas, mas considero o tema desta ficção especulativa e satírica, que parece tão real, muito pertinente e inteligente.
A história é contemporânea, reportando-se ao momento em que a Paridade Mental se consolidou. Esta época de "igualitarismo intelectual" - que preconiza que todos são igualmente inteligentes e a discriminação com base na inteligência é a grande luta pelos direitos civis - impedia que se chamasse alguém de "burro", de "estúpido" ou "intelectualmente desprovido" e incitava as crianças a denunciarem os pais que as proferissem em relação a elas. 
Pearson Converse é professora de inglês numa pequena universidade, numa época em que o movimento da Paridade Mental tomou conta dos Estados Unidos, com a noção sedutora de que todos os cérebros humanos são iguais e ninguém pode ser mais inteligente do que ninguém. A autora é mordaz e provocadora em relação a vários aspetos, de entre os quais destaco o sistema de ensino, que, para não discrimar, opta por descartar exames, testes, notas, abrindo os cursos universitários a todos; mas que, ao mesmo tempo, censura determinados livros e programas televisivos que pudessem abrir as mentes. 

Não me vou alongar mais, pois penso que merece ser lido. Deixo, porém, duas das várias passagens que dão que pensar:

"Emergindo de trás da secretária, eu estava descontrolada, mas fosse qual fosse a paciência que me sustentou durante anos, a fonte onde a ia buscar tinha secado. O depósito da contenção no meu próprio interesse não tinha pingo de conteúdo. — Vocês todos são mesmo estúpidos a ponto de acreditar nesta verborreia sobre «todos são tão inteligentes como todos os outros» ou estão cinicamente a alinhar com uma mentira que sabem ser mentira? Sabem entretanto sequer qual é a diferença entre uma coisa e outra? Seja como for, acham que esta mentira é inofensiva? A grande maioria dos estudantes aqui nunca teria sido admitida nesta universidade, nem mesmo com requisitos mínimos de aptidão. Só para que não haja mal-entendidos: sem qualquer espécie de rodeios, na sua maioria, os vossos colegas são estúpidos. Por isso, até os estudantes inteligentes estão a afogar-se no meio da estupidez. Estamos a formar engenheiros que não conseguiriam fazer um... um cesto feito de paus de chupa-chupa! Programadores informáticos que não sabem ativar o itálico no Microsoft Word! Experimentem ir agora às urgências do hospital e quem vos faz o diagnóstico é um palerma qualquer que pesquisa freneticamente os vossos sintomas na página WebMD.com e faz amputações com tesouras rombas! Todos os membros do governo federal foram escolhidos especificamente por serem mais duros de entendimento do que um pão de três semanas e são estas pessoas que encarregámos de não deixar a economia ir parar às couves e de representar este país no estrangeiro! Acham que nos veem como assim tão estonteantemente e invejavelmente justos? Não, somos alvo da chacota do mundo inteiro! A China e a Rússia acham que somos atrasados mentais. E têm razão! Somos atrasados mentais! A Paridade Mental é um atraso mental e todos os que alinharam com ela são atrasados mentais, o que, receio bem, me inclui a mim também, por ter cooperado com esta farsa durante cinco minutos que fossem, quanto mais seis longos anos, por isso, mea culpa! Esta instituição é uma atrasada mental, este país é um atrasado mental e a vossa professora também é uma atrasada mental: atrasados, atrasados, atrasados!"

"...em 2020, Donald J. Trump foi levado ao colo pelo igualitarismo cognitivo. O que quer que pensemos acerca das suas políticas, o grande inepto transformou radicalmente o modelo de referência para os ocupantes do mais alto cargo dos Estados Unidos. É agora dado adquirido que, para ser levado a sério para uma nomeação presidencial por qualquer um dos principais partidos, qualquer candidato terá de ser necessariamente pouco instruído, mal informado, mal falante, rude, alheado do resto do mundo, nada atraente e preferencialmente gordo, desinteressado de qualquer conselho de pessoas mais experientes, desconfiado do conhecimento profundo acerca das coisas, com um pendor para violar os devidos procedimentos constitucionais, nem que seja por absoluta ignorância em relação à Constituição, narcisista sem justificação nenhuma e gabar-se de coisas que em tempos teriam sido entendidas como defeitos. Presumimos alegremente que quem quer que venha a ser eleito presidente se fará rodear de pessoas medíocres e nomeará deliberadamente para o Governo pessoas cujas principais credenciais são o facto de não terem credenciais nenhumas."

Almeida, Germano de (2018). Dona Pura e os Camaradas de Abril. Lisboa: Editorial Caminho.

N.º de páginas: 226
Início da leitura: 07/04/2025
Fim da leitura: 09/04/2025

**SINOPSE**
"Depois de ter perdido o dinheiro da bolsa da Gulbenkian a jogar às cartas pela noite dentro, o jovem cabo-verdiano, estudante de Direito, acorda na manhã seguinte, no seu quarto alugado a Campo de Ourique, com a notícia da Revolução. Sai de casa para a ir ver na rua, essa Revolução Libertadora de povos e pátrias. Mas conhece mal Lisboa, corre ruas praças e avenidas e não vê revolução nenhuma. Mas Revolução houve, e séria, que abalou a vida de quase tanta gente como o número de personagens de que esta história se compõe."

Este romance decorre em Lisboa e tem como pano de fundo alguns acontecimentos históricos, não deixando de ser uma obra ficcional, a obra de um "contador de histórias", como se designa o próprio Germano de Almeida. A história inicia-se com a personagem Natal, antigo estudante cabo-verdiano, que estudava em Portugal durante a Revolução, e o seu estranho hábito de celebrar o 25 de Abril a 25 de Setembro, dia em que se celebra a desastrosa ocupação da Casa de Macau. 
A história narrada, através de uma analepse, decorre durante 20 anos de história de Cabo verde e Portugal, e vai-se detendo em vários acontecimentos históricos, como a Revolução de Abril, a descolonização, a democratização de Cabo Verde, entre outros.
O humor fino, a linguagem rica em oralidade e o tom satírico tornam a leitura envolvente, enquanto se levanta um olhar questionador sobre o poder, o idealismo revolucionário e a burocracia.
A escrita de Germano Almeida mostra-se fluida, com um ritmo próprio que dá voz às personagens e à cultura cabo-verdiana, revelando também a sua visão crítica sobre os desdobramentos da revolução no contexto das ex-colónias. Uma leitura cativante, que cruza história, política e identidade com mestria. Aconselho!

Shepard, Jim (2016). O Livro de Aron. Lisboa: Editorial Presença.

                                                             
Tradução: Manuela Madureira

N.º de páginas: 176

Início da leitura: 04/04/2025

Fim da leitura: 07/04/2025


**SINOPSE**

"Pela mão do pequeno Aron, somos levados a conhecer a Polónia de 1939, onde ele e a família vivem. Pouco tempo depois, enquanto judeus, são conduzidos ao gueto de Varsóvia, onde a crueldade, a fome e a doença destroem as vidas de quem aí foi aprisionado. Porém, Aron e um grupo de amigos conseguem ajudar as famílias, esgueirando-se do gueto para fazer contrabando. Num relato comovente e intenso, Jim Shepard mostra-nos, através da voz de uma criança, como é possível manter a dignidade humana nas condições mais adversas."

Esta é uma obra profundamente comovente e angustiante, que narra a história de Aron, um menino judeu que vive na Polónia ocupada pelos nazis, durante a Segunda Guerra Mundial. Através da perspetiva de Aron, o autor constrói um relato visceral e humano da guerra e do sofrimento que a acompanhou, colocando em evidência a inocência perdida de uma criança confrontada com a brutalidade do Holocausto.
A escrita é delicada e acessível, mas direta e profunda, misturando a inocência do narrador na voz de uma criança com a tragédia da época. A simplicidade e sinceridade da narração ajudam a criar uma ligação emocional muito forte com o leitor, fazendo com que a dor e o medo de Aron se tornem tangíveis e reais. 
O protagonista, Aron, é uma criança que, apesar das adversidades, mantém uma certa esperança, mesmo quando o mundo à sua volta desmorona. A sua coragem e os dilemas internos que enfrenta são cativantes e difíceis de ignorar. Ao longo do livro, ele é forçado a crescer rapidamente, e a sua infância é destruída por uma guerra que ele não pode compreender completamente, mas que o afeta de uma forma incontornável. A personagem de Aron é uma metáfora poderosa da perda da inocência e do impacto devastador da guerra nas crianças.

Ondjaki (2020). O Livro do Deslembramento. Alfragide: Editorial Caminho.

N.º de páginas: 208
Início da leitura: 04/04/2025
Fim da leitura: 05/04/2025

**SINOPSE**
"Tal como em outras obras de Ondjaki, a ação de O Livro do Deslembramento localiza-se em Luanda no período em que, após os acordos de Bicesse, a guerra civil parou, e houve eleições em Angola pela primeira vez. Mas em pouco tempo reacende-se a guerra civil. Como diz o narrador, «aquela guerra que nunca ninguém nos apresentou ou explicou, a guerra que sempre tinha "andado lá longe" sem nos ameaçar assim nas ruas da nossa cidade, no nosso mar, nas nossas praias, nas nossas famílias».

É essa Luanda que nos é aqui apresentada pelos olhos de uma criança. Essa Luanda em que «uma pessoa não sabe passar um dia só sem inventar uma estória». E as histórias seguem-se, numa estudada circularidade, até à última página. Mas aqui chegados tudo muda. Aquele mundo, vivido como uma história de encantar, tem debaixo de si um vulcão prestes a explodir.

O Livro do Deslembramento é certamente uma das mais belas obras de autoficção da literatura em língua portuguesa. E Ondjaki, neste ano de 2020 em que passam precisamente vinte anos sobre a publicação do seu primeiro livro, dá-nos agora um dos seus melhores romances."
Sempre adorei a forma como Ondjaki usa da palavra escrita para nos contar histórias. O narrador é uma criança e é aos olhos dela que nos vão sendo apresentadas as personagens e as narrados os acontecimentos. É daqueles livros que lemos com um sorriso e que nos deixa bem dispostos, mesmo quando nos são narrados os acontecimentos de cada dia, sobretudo nos dias de paz, em que a família se junta para comer e beber. Gosto do jeito coloquial, dos neologismos, das expressões típicas de Angola, de me recordar de alguns manjares, das imagens sensoriais, do ritmo hipnótico, que nos mantém presos do início ao fim. Mas, nem tudo são momentos bons...
Aconselho vivamente.

Holmberg, Charlie N. (2017). Magia de Papel. Lisboa: Estação Imaginária.

Tradução: Sónia Maia
N.º de páginas: 256
Início da leitura: 01/04/2025
Fim da leitura: 04/04/2025

**SINOPSE**
"Ceony Twill chega à casa de campo do Mago Emery Thane de coração partido. Tendo acabado o curso como melhor aluna da turma na Escola Tagis Praff para os Vocacionados para a Magia, foi-lhe atribuída a magia do papel, apesar de o seu sonho ser enfeitiçar metal. Ceony não fica satisfeita porque, uma vez ligada ao papel, essa será a sua única magia… para sempre.

Porém, os feitiços que Ceony aprende com o estranho mas afável Thane revelam-se mais espantosos do que poderia ter imaginado — dar vida a criaturas de papel, recriar histórias através de imagens fantasmagóricas, até ler o futuro. Mas, ao mesmo tempo que descobre estas maravilhas, Ceony aprende também os perigos excecionais da magia proibida. Uma Excisora — uma praticante de magia negra, da carne — invade a casa de campo e arranca o coração de Thane do seu peito. Agora, para salvar a vida do professor, Ceony terá de enfrentar a feiticeira malvada e embarcar numa aventura inacreditável que a levará às câmaras do coração ainda pulsante de Thane — onde conhecerá a própria alma dele. Da mente imaginativa da autora estreante Charlie N. Holmberg, Magia de Papel é uma aventura extraordinária, tanto sombria como bizarra, que deleitará os leitores de todas as idades."
Confesso que, após a leitura de algumas críticas, fiquei com alguma expetativa para ler este livro, tanto que fez parte da minha wishlist. A capa e a sinopse também me cativaram. Porém, talvez por não ser de todo um dos meus géneros literários preferidos, confesso que ficou muito aquém das minhas expetativas,tendo-se tornado uma leitura bastante entediante, ainda que se pautasse por uma linguagem acessível. 
Este é o primeiro livro da trilogia O Mago de Papel. Neste livro, Ceony Twill estuda na escola de magia Tagis Praff, que forma aprendizes em vários tipos de magia, mas cada aluno pode apenas estudar a magia associada a um determinado elemento: papel, vidro, metal, fogo, plástico, entre outros. Apesar de Ceony não estar muito satisfeita com a magia que lhe é atribuída - o papel - acaba por se deixar envolver. Até aqui tudo bem. Gostei menos do momento seguinte, em que uma aprendiz, que usa de magia proibida, rouba ao mago tutor de Ceony o seu coração, tendo a protagonista de tentar salvá-lo. Para mim, já é fantasia a mais e este "noir", no meu entender, é um pouco excessivo aqui. Não fiquei, por isso mesmo, com vontade de ler os seguintes da trilogia.

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Sobre mim

Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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