Histórias Soltas Presas Dentro de Mim

Kawabata, Yasunari. O Arco-Íris. Alfragide: Publicações Dom Quixote, 2024. 

Tradução: Francisco Agarez

Nº de páginas: 208

Início da leitura: 28/11/2024

Fim da leitura: 30/11/2024

**SINOPSE**

"Poucos anos depois de terminada a Segunda Guerra Mundial, e com o Japão ainda abalado pelos seus efeitos, duas irmãs - filhas do mesmo pai mas de mães diferentes - esforçam-se por compreender o novo mundo em que caminham para a idade adulta. Asako, a mais nova, vive obcecada pelo propósito de encontrar uma terceira irmã, ao mesmo tempo que experimenta o amor pela primeira vez.

Enquanto isto, Momoko, filha primogénita do seu pai - assombrada pela perda do namorado kamikaze e pelos últimos dias tormentosos que viveram juntos -, procura refúgio numa série de romances doentios. e ambas se sentem incapazes de escapar ao legado das suas falecidas mães.

Romance sensível e profundo sobre os persistentes traumas da guerra, os indestrutíveis laços familiares e a inelutabilidade do passado, O Arco-Íris é uma obra lancinante e melancólica de um dos maiores escritores japoneses."

Esta obra aborda as complexas e quase inacessíveis relações humanas e familiares. Numa sociedade japonesa do pós II Guerra Mundial, marcada por grandes mudanças sociais e traumas, conhecemos Asako e Momoko, filhas do mesmo pai, mas de mães diferentes. Asako quer encontrar uma terceira irmã, que o pai ocultou, e que é gueixa em Quioto. Momoko, a mais velha e cuja mãe se suicidou, por seu turno, sente-se sempre a "enjeitada" em casa do pai, e isso é determinante na sua personalidade soturna e nas relações auto-destrutivas em que se vai envolvendo.
Para além das descrições de paisagens naturais, a que Kawabata já nos habituou, marcantes e poéticas, destaco aqui os diálogos entre as personagens, escritos com uma apuradíssima sensibilidade, que nos dão a conhecer os seus pensamentos mais recônditos, as suas fragilidades, os seus lutos, amores, culpas...
Não é um livro de ação, mas que convida à reflexão, à introspeção. Recomendo, para quem aprecia o género.

 Kang, Han (2016). A Vegetariana. Lisboa: Publicações D. Quixote.

Tradução: Maria do Carmo Figueira
Nº de páginas:192
Início da leitura: 24/11/2024
Fim da leitura: 27/11/2024

**SINOPSE**

"Uma combinação fascinante de beleza e horror.
Ela era absolutamente normal. Não era bonita, mas também não era feia. Fazia as coisas sem entusiasmo de maior, mas também nunca reclamava. Deixava o marido viver a sua vida sem sobressaltos, como ele sempre gostara. Até ao dia em que teve um sonho terrível e decidiu tornar-se vegetariana. E esse seu ato de renúncia à carne - que, a princípio, ninguém aceitou ou compreendeu - acabou por desencadear reações extremadas da parte da sua família. Tão extremadas que mudaram radicalmente a vida a vários dos seus membros - o marido, o cunhado, a irmã e, claro, ela própria, que acabou internada numa instituição para doentes mentais. A violência do sonho aliada à violência do real só tornou as coisas piores; e então, além de querer ser vegetariana, ela quis ser puramente vegetal e transformar-se numa árvore. Talvez uma árvore sofra menos do que um ser humano.

Este é um livro admirável sobre sexo e violência - erótico, comovente, incrivelmente corajoso e provocador, original e poético. Segundo Ian McEwan, «um livro sobre loucura e sexo, que merece todo o sucesso que alcançou». Na Coreia do Sul, depois do anúncio do Man Booker International Prize, A Vegetariana vendeu mais de 600 000 exemplares. Aplaudido em todos os países onde está traduzido, é um best-seller internacional."
Este é um livro que incomoda e choca, que nos angustia e deprime.
Yeong-hei, a protagonista deste livro, leva uma vida perfeitamente normal, dentro do que é uma vida perfeitamente normal numa sociedade opressora em relação às mulheres, em que estas têm o dever de manter a casa em ordem e cumprir as suas obrigações conjugais. Mas, a sua atitude sofre uma reviravolta a partir de um sonho que tem. Torna-se vegetariana, vai deixando de comer, com o intuito de se tornar, ela própria num vegetal. É interessante ver as várias reações: do marido, da irmã e do cunhado e a forma como cada um lida com os acontecimentos que se desenrolam após esse sonho. 
Penso, no entanto, que o título pode ser falacioso, uma vez que não se trata de uma pessoa que se torna vegetariana, antes de uma pessoa que decide deixar de comer (gradualmente, e não apenas carne) e cujo comportamento revela um estado mental doente. O vegetarianismo surge aqui antes como mote para a libertação da personagem de tudo o que é convencional na sua vida, um ato de rebeldia e uma afronta aos costumes vigentes e seguidos à risca pela família e pela comunidade em que se encontra inserida, uma forma de voltar ao ventre da terra mãe.

Ernaux, Annie (2023). Não Saí da Minha Noite. Porto: Porto Editora.

Tradução: Tânia Ganho
Nº de páginas:88
Início da leitura: 25/11/2024
Fim da leitura: 28/11/2024

**SINOPSE**
No verão de 1983, durante uma vaga de calor, a mãe de Annie Ernaux sentiu-se mal e foi hospitalizada. Aperceberam-se de que não comia nem bebia há vários dias, estava desorientada, revelava falhas de memória. Pouco depois, foi diagnosticada com a doença de Alzheimer. «Não saí da minha noite» foi a última frase que escreveu, numa carta a uma amiga, quando já se encontrava a viver com Annie, que nos três anos seguintes manteve um diário. Aí registou não apenas os sinais do agravamento da doença da mãe, mas também os seus próprios sentimentos ao ver-se impotente, assistindo ao definhar daquele ser que lhe deu vida. «Sonho muitas vezes com ela, tal qual era antes da doença. Está viva, mas esteve morta. Quando acordo, durante um minuto, tenho a certeza de que ela vive realmente sob essa dupla forma, morta e viva ao mesmo tempo, como as personagens da mitologia grega que atravessaram duas vezes o rio dos mortos.»
Neste pequeno livro biográfico, Annie conta-nos, em forma de diário, os últimos meses de vida da mãe, uma mãe que, durante a infância e juventude de Annie, foi implacável, dura, exigente e cruel. Sentimos que os papéis se inverteram, a mãe depende agora de Annie e gosta de ser cuidada por ela, embora, na maior parte do tempo, já não consiga dizer-lho, uma vez que a mãe sofre de Alzheimer. Annie vai revelando sentimentos contraditórios: apesar de haver uma mágoa pela mãe que foi, não consegue deixar de cuidar da mãe que tem e com a qual sente que, em determinados momentos, se funde. Sente igualmente que, ao cuidar dela, o faz com a mesma dureza da mãe...
Annie fala-nos do quarto de Hospital onde a mãe e outros pacientes se encontram e fá-lo de uma forma nua, crua e dura. De tal forma, que nos angustia, nos faz perceber que o ser humano pode chegar a um grau máximo de decadência, de animalidade, que fazemos por ignorar, por não pensar, até pela nossa saúde mental. Pensar na velhice, na mente em branco, nos gestos hesitantemente atabalhoados, na incontinência, no cheiro de urina e não só, num corpo e mente que deixam de ter controlo, faz-nos refletir e deixa-nos tristes. Realista e triste, mas muito bem escrito.

Tanguchi, Jiro (2017). O Homem Que Passeia. Palmela: Devir.
Tradução:Inês Rocha Silva
Nº de páginas: 244
Início da leitura: 21/11/2024
Fim da leitura: 24/11/2024

**SINOPSE**
"Nestas páginas com um estilo introspectivo e intimista, Jiro Taniguchi dá-nos a conhecer O homem que passeia, através das suas deambulações,frequentemente mudas e solitárias, através da cidade onde reside. Uma história que se distancia dos estereótipos habituais do mangá, onde se sucedem pequenas histórias sem diálogo, encontros ocasionais, o prazer da contemplação e de andar sem destino."
Tal como nos é dito na sinopse, este é um mangá introspetivo. Acompanhamos um homem que passeia, no seu dia a dia, e vamos, com ele, captando tudo o que o rodeia, paisagens e acontecimentos aparentemente banais que, ao serem realmente observados, têm por detrás de si momentos der poesia e de paz, de tranquilidade, essa tranquilidade que tanta falta nos faz nos dias de hoje. Um poder de observação e de regozijo com as pequenas coisas, que não nos damos o privilégio de usufruir, pois passamos por tudo sempre no ritmo alucinante das nossas vidas frenéticas e monótonas. De repente, a meio da leitura, deu-me vontade de sair para a rua e passear sem rumo certo. Não caminhar, que não é o ritmo da caminhada, mas sim passear, usufruir, ver. E, sempre que pensamos em passear, lá vem a questão do tempo e do trabalho. Quando nos restarão uns segundos apenas para caminhar, pensar, encontrarmo-nos, observarmos o que nos rodeia?
Aconselho! Não esquecer que é um mangá e que, por esse facto, se lê ao contrário, começando pelo fim e da esquerda para a direita. Gostei da experiência.

Caminito, Giulia (2024). A Água do Lago Nunca É Doce. Alfragide: Lua de Papel.

Tradução: Vasco Gato
N.º de páginas: 412
Início da leitura: 20/11/2024
Fim da leitura: 23/11/2024

**SINOPSE**
"Gaia nasce e cresce pobre, ao lado dos marginalizados, dos que não importam, dos que nada têm. Aos seis anos mora num subúrbio problemático de Roma. Partilha uma casa minúscula com a mãe, Antonia, uma ruiva otimista e forte, o pai, que trabalhava nas obras até cair de um andaime e ficar paralítico, e os três irmãos. o mais velho, Mariano, é de um pai diferente, e os gémeos, mais novos, dormem num caixote de cartão.

É com esperança num futuro melhor que a família se muda para um apartamento a trinta quilómetros da capital italiana, perto do lago Bracciano. Mas a nova morada revela-se igualmente hostil para Gaia, que ali se vai fazendo mulher, enfrentando diariamente uma vida que a agride e dececiona - ao ponto de lhe matar a capacidade de sonhar, ou pelo menos de desejar "não ser menos do que ninguém", como a sua mãe insiste em repetir.

Ao contrário de Antonia, que carrega o mundo aos ombros sem nunca esmorecer, Gaia enfrenta a pobreza e a humilhação com sucessivas vagas de ódio - contra tudo e todos, até contra si própria, que a afastam de qualquer hipótese de fuga ou redenção.

Em A Água do Lago Nunca É Doce, finalista do prémio Strega 2021, Giulia Caminito escreve sem rodeios sobre uma realidade incómoda. Num estilo ousado, direto e austero, expõe as hipocrisias da sociedade através de uma protagonista inquietante, cuja fúria parece capaz de rasgar o cenário de águas turvas, onde ela, e muitos outros, anónimos, (ainda) sobrevivem."
Este livro conta-nos a história de uma família que vive em condições muito desfavorecidas e que vai tentando manter-se à tona, no meio de uma sociedade tão desigual e hipócrita, onde é difícil ultrapassar as divergências, onde se está condenado a navegar para sempre nas águas turvas do lago. A protagonista é Gaia, a segunda filha, que se vê constantemente confrontada com essas desigualdades, mas que, ainda assim, aproveitando todos os recantos para estudar, acaba por seguir os estudos. Porém, será que estigma que lhe está colado à pele, alguma vez a deixará ser e seguir o que realmente queria? A autora italiana, vencedora dos prémios Campiello & Strega Off, escreve num estilo cru, direto e duro, expondo uma realidade que incomoda, que nos inquieta. Recomendo!

Andrade, João; Buchinho, Luís (2022). Sal. Funchal: A Casa do Livro. 

Nº de páginas: 192
Início da leitura: 19/11/2024
Fim da leitura: 21/11/2024

**SINOPSE**
"A Sal tem 14 anos e vive com os pais na Ilha da Madeira. O ambiente familiar negligente e desfavorável à jovem, é analisado pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens. O tribunal decide retirá-la para uma casa de acolhimento temporário para ter mais tempo para analisar este caso que lhe parece ter mais segredos... Sal inicia, nesta nova casa, um longo e doloroso processo de crescimento pessoal."

Esta novela gráfica deveria ser lida por muitas famílias, aliás, por todos, para que se passem a ver com outros olhos, os jovens. Antes de atirar pedras, é preciso perscrutar, saber o que está por detrás de determinados comportamentos. Sal é aqui a jovem em risco, cuja assistência social decide que deve ser retirada aos pais, que não têm condições para lhe dar uma educação e uma vida estáveis - o pai é alcoólico e a mãe não faz outra coisa se não gritar e, exausta e desencantada, começa a demitir-se das suas funções de mãe. No meio disto tudo, de discussões frequentes, está Sal, que até vinho o pai lhe manda ir comprar. 
Sal é integrada numa instituição de acolhimento de jovens. Mas será que os seus pesadelos terminam aí? Vale a pena ler e refletir. refletir muito.

Taniguchi, Jiro (2016). Terra de Sonhos. Lisboa: Levoir.


Tradução: José H. de Freitas e Shinji Iwaoka

Nº de páginas: 176

Início da leitura: 13/11/2024

Fim da leitura: 18/11/2024

**SINOPSE**

"Jiro Taniguchi começou a sua vida profissional como empregado de escritório, até descobrir que o que queria realmente fazer era desenhar. No início dos anos 70 irá descobrir a BD europeia, que o influenciará durante o resto da sua carreira, cada vez mais orientada para temas quotidianos. Taniguchi foi o único autor japonês a ganhar dois prémios em Angoulême, o maior Festival de BD europeu, que lhe dedicou uma grande exposição em 2015. Ao longo de histórias impregnadas da observação do quotidiano,

"Terra de Sonhos" mergulha-nos na realidade das emoções humanas: a morte de um cão e a tristeza que ela provoca, o nascimento de uma ninhada de gatos, a chegada de uma jovem sobrinha que fugiu de casa, os sonhos que um alpinista abandonou a troco de uma família... Relatos da felicidade e da melancolia simples da vida como ela é."

Esta novela gráfica, constituída por três contos, parte de histórias aparentemente banais do dia-a-dia, mas aborda-as com uma ternura que nos emociona e com um sentimento que nos enternece. Dos três contos, destaco o primeiro, que nos relata a tristeza que domina que ama os seus cães, quando estes ficam velhinhos e vão perdendo as suas capacidades. E se um cão deixar de andar, ainda que não esteja a sofrer, deve ser submetido à eutanásia? Há muitas pessoas que pensam que sim, que se torna num fardo. Leiam este livro e pode ser que comecem a pensar de forma diferente.
Os três contos apresentam-nos histórias em que o amor e a entrega são os motores da vida!
Aconselho!

O'Brien, Edna (2020). Menina. Amadora: Cavalo de Ferro. 

Tradução: Raquel Dutra Lopes
Nº de páginas: 240
Início da leitura: 18/11/2024
Fim da leitura: 20/11/2024

** SINOPSE**
"Um livro perturbador e actual, descrito como uma obra-prima pela crítica, que reconstrói ficcionalmente a história das meninas raptadas pela seita jiadista Boko Haram.

Numa terrível noite, Maryam é raptada na escola e feita escrava por uma seita jiadista, tornando-se testemunha e vítima de atos brutais cometidos em nome de uma ideologia. Roubada da sua inocência e dignidade, ela, apenas uma menina, resiste valorosamente, até que, de forma inesperada, as portas para a liberdade se abrem. Contudo, novas provações e horrores se escondem: nos caminhos da floresta selvagem, que devolve Maryam, já com uma filha nos braços, e numa sociedade marcada pela guerra e pelo preconceito.

Escrito com base num artigo de jornal sobre as meninas raptadas pelo Boko Haram na Nigéria, Menina é um romance perturbador, que confronta o leitor com a natureza humana do mal. Uma obra-prima no dizer da crítica, na qual Edna O’Brien desafia as convenções da ficção, continuando a explorar os seus temas de eleição: a violência de género e a misoginia perpetuadas em nome das convenções sociais e da religião.

A autora é uma das mais importantes e admiradas escritoras de língua inglesa, e vencedora de inúmeros prémios literários, entre os quais se contam: The Irish PEN Lifetime Achievement Award for Literature, The American National Art's Gold Medal, Ulysses Medal e PEN/Nabokov Award for Achievement in Literature."
Um livro fabuloso! Adoro a forma como Edna O'Brien, escritora irlandesa, escreve. É intensa, forte pungente, arrepiante a forma que encontrou para se manifestar em relação a um artigo de jornal sobre meninas raptadas na Nigéria. Este livro é um grito de desespero, de revolta. 
As personagens são muito bem construídas, os ambientes soturnos, a ação imparável. Impossível não nos sentirmos presos a este livro até o terminarmos. Aconselho vivamnete.
Deixo algumas passagens:
"Em tempos fui uma menina, mas já não sou. Cheiro mal. Sangue seco e incrustado por todo o lado, e o meu vestido esfarrapado. Por dentro, estou desfeita." (pág. 11)
"Tenho fome. A minha saliva torna-se mais espessa e babo-me. Quero sair e procurar onde caiu o que ela atirou para fora (...) Há sujidade em mim e dentro de mim, a sujidade dos feitos deles." (pág. 95)
"- Não tenho idade para ser tua mãe" (pág. 101)

Faciolince, Héctor Abad (2023). Somos o Esquecimento Que Seremos. Lisboa: Alfaguara.

Tradução: Margarida Amado Acosta
N.º de páginas: 336
Início da leitura: 16/11/2024
Fim da leitura: 18/11/2024

**SINOPSE**
"A obra-prima do escritor colombiano é um comovente tributo à memória pessoal, familiar e política do seu pai. Um dos romances latino-americanos mais celebrados do século XXI.

A 25 de Agosto de 1987, o médico colombiano Héctor Abad Gómez é assassinado por paramilitares na cidade de Medellín, a poucos dias de umas eleições em que era candidato. Seis balas na cabeça puseram fim a uma vida de luta contra a opressão e a desigualdade social, num país amordaçado pelo narcotráfico e pela política suja.

Vinte anos depois, o filho, o escritor Héctor Abad Faciolince, decidiu contar a história do pai até ao terrível epílogo. O resultado é um livro belíssimo, poderoso no que conta, comovente no que deixa intuir, uma história dilacerada e dilacerante sobre família e pertença, sobre perda e luto.

Educação sentimental, romance de formação, radiografia da sociedade colombiana desfigurada pela violência, Somos o Esquecimento que Seremos é um romance em que pulsam memórias e afetos, escrito com a cabeça e com o coração, que emociona sem sentimentalismo, que indigna sem reclamar vingança. A obra-prima de um dos mais elogiados escritores colombianos do nosso tempo."
Este é um livro de memórias do autor colombiano, em memória do pai, vítima de homicídio em Medellín, por querer lutar contra as desigualdades sociais e contra a violência. 
Aos poucos é-nos dado a conhecer este pai, que era um pai tão diferente dos outros pais, no contexto em que viviam. Não temia a morte, consciente de que essa é certa para todos, mas acreditando que cada um pode fazer a sua parte para tornar o mundo num local melhor, sem desigualdades, sem violência, sem maldade, sem ambição. Um homem que, para além de médico, era professor universitário e não tinha qualquer constrangimento em chorar em frente aos seus alunos. Um homem que sabiamente dizia que as pessoas já nascem desiguais, "E não devido a fatores biológicos, mas a fatores sociais (condições de vida, desemprego, fome)". O seu jardim esplendoroso, de roseiras, era sinal de muita dedicação, um ensinamento de que nada se consegue sem esforço e entrega. Um homem que mimava os filhos com afeto.
Não é um livro de fácil leitura, é denso, compacto e é, aos poucos, que nos vamos ligando às personagens, à sua forma de pensar e de agir. Como diz o próprio autor, "A memória é um espelho opaco que se fez em cacos ou, melhor dizendo, é feita de intemporais conhas de recordações dispersas numa praia de olvidos." Cabe ao leitor ir juntando esses cacos até à totalidade da história lhe chegar plenamente. 

"...o egoísmo e a indiferença são características dos que são cegos para a evidência, pois estão satisfeitos com as suas boas condições e negam as más condições dos outros."

Não podia deixar de registar aqui o poema de Jorge Luís Borges, cujo primeiro verso deu  título a este livro:

Aqui. Hoje.
Já somos o esquecimento que seremos.
A poeira elementar que nos ignora
e que foi o ruivo Adão e que é agora
todos os homens e que não veremos.
Já somos na tumba as duas datas
do princípio e do término, o esquife,
a obscena corrupção e a mortalha,
os ritos da morte e as elegias.
Não sou o insensato que se aferra
ao mágico sonido de teu nome:
penso com esperança naquele homem
que não saberá que fui sobre a Terra.
Embaixo do indiferente azul do céu
esta meditação é um consolo.

– Jorge Luis Borges (Tradução: Charles Kiefer)

Couceiro, Rui (2024). Morro da Pena Ventosa. Porto: Porto Editora.

Nº de páginas: 384
Início da leitura: 14/11/2024
Fim da leitura: 16/11/2024

**SINOPSE**

"O morro da Pena Ventosa fica lá no cimo, nesse Porto antigo, onde dizem que nasceu a cidade. No morro da Pena Ventosa, as casas encavalitam-se umas nas outras e nelas sobrevivem a custo os velhos moradores, aqueles que construíram a invicta e que o turismo e a modernidade vão empurrando para os subúrbios. No morro da Pena Ventosa, são as gentes que dão o colorido às vielas escuras aonde o sol quase não chega e onde subsiste a memória coletiva de um povo que se diz tripeiro. E é no morro da Pena Ventosa que vivem as personagens deste livro, a Beta e a avó, a D. Lisete e o Dr. Belarmino, o Navalhadas e o Fulminantes, o Luís Miguel Ideias e O-da-Pastinha, nessa janela com vista para o Douro. Ou assim é até a narradora nos trocar as voltas.

Ficção e realidade entretecem-se habilmente nas mãos de Rui Couceiro, que habita o universo do realismo mágico como se aí tivesse a sua morada. Repleto de personagens ímpares e de grande fulgor imaginativo, este livro não só é uma ode à cidade do Porto e ao rio que a banha, mas às suas gentes. Tocando temas como a gentrificação, as alterações climáticas e a perda, claro, Rui Couceiro consolida neste seu segundo romance tudo o que Baiôa sem Data para Morrer já prometia."

É tão difícil falar de um livro quando ele é tão, mas tão bom como este! Devo enumerar as razões que me levaram a classificar este como um dos melhores livros que li,  até à data, este ano:
1.º Este livro pegou-me na mente e levou-me numa visita guiada ao Porto (onde vivi 5 anos), avivando memórias de ruas, de cheiros, de gentes e dando-me a conhecer outros tantos lugares, que me poderão ter passado despercebidos, mas que, numa próxima oportunidade, irei visitar.
2.º  A premissa inicial cativa-nos de imediato: uma idosa, portuense de gema, comprou o seu caixão, que se encontra em sua casa e onde se deita com duas almofadas para escrever e nos levar a entrar no seu mundo tão íntimo, tão pessoal, tão cativante! Também ela nos leva pela mão a conhecer o seu passado. Senti-me lá, a vivenciá-lo. Haverá melhor que isso?
3.º As personagens são tão bem trabalhadas, que parece que já me cruzei com elas, algures na cidade do Porto. São personagens tão bem trabalhadas, que nos parecem verosímeis.
4.ºHá, ao longo de toda a obra, um sentido de humor refinado, que nos faz sorrir.
5.ºA crítica a determinadas alterações que têm vindo a ser feitas na cidade do Porto surge com uma força subtil. Mas está lá tudo!
6.ºAs referências literárias, como Brás Cubas, Ivan Ilitch, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, entre outros.
7.ºA escrita de Rui Couceiro é excelente: desde os regionalismos e o coloquial, a uma escrita literária, muito bem trabalhada.
8.ºO ritmo de escrita leva-nos a querer ler o livro de um só fôlego. Não o fiz, porque quis usufruir plenamente de todos os pormenores que, de outra forma, me poderiam escapar.
Recomendo muito!

Nam-Joo, Cho (2024). Kim JiYoung, nascidas em 1982. Porto: Porto Editora.

Tradução: Cláudia Ramos
Nº de páginas: 184
Início da leitura: 11/11/2024
Fim da leitura: 13/11/2024

**SINOPSE**
"Nomeado para National Book Award (Literatura Traduzida)
Quem é Kim Jiyoung?
Kim Jiyoung é uma menina nascida de uma mãe cujos sogros queriam um menino. Kim Jiyoung é uma irmã obrigada a dividir um quarto enquanto seu irmão fica com um só para ele.
Kim Jiyoung é uma mulher perseguida por professores do sexo masculino na escola.
Kim Jiyoung é uma filha cujo pai a culpa quando ela é assediada na rua, à noite. Kim Jiyoung é uma boa aluna que não recebe qualquer referência para estágios. Kim Jiyoung é uma funcionária modelo, mas é esquecida nas promoções. Kim Jiyoung é uma esposa que abdica da sua independência por uma vida doméstica.
Kim Jiyoung começou a agir de forma estranha.
Kim Jiyoung está deprimida.
Kim Jiyoung é todas as mulheres.

«Comovente, inteligente e poderoso.» - Daily Telegraph"
Gostei muito deste livro. Apesar de ser uma história ficcional, nela se reveem muitas situações passadas pelas mulheres coreanas (e não só...) e que não ficam circunscritas aos anos de vivência da protagonista.
Acompanhamos o crescimento da protagonista e ficamos a conhecer as vivências das crianças, jovens e mulheres coreanas. Primeiro, a diferença que os pais estabeleciam logo entre filhos e filhas, sendo que aos primeiros era tudo mais facilitado. Depois, os próprios estudos e as saídas profissionais. As mulheres, quando muito, eram professoras. E, se acaso tivessem a sorte de arranjar um emprego (algo muito improvável), debatiam-se com o facto de não lhes ser concedido um cargo de relevo (muito menos de liderança), bem como também não tinham direito a licença de maternidade e, grande parte delas, acabava por deixar os seus empregos para conseguir tomar conta das crianças (já que, para além de que era difícil assegurarem uma ama para os filhos).
Aconselho!

Kim (2018). Neve nos Bolsos. Lisboa: Levoir.

Tradução: Carlos Xavier e Pedro Cleto

Nº de páginas: 200

Início da leitura: 06/11/2024

Fim da leitura: 13/11/2024

**SINOPSE**

"Outubro de 1963. Um jovem catalão segue à boleia de Espanha para a Alemanha, pelas autoestradas de França. Tal como muitos outros jovens, parte em busca de uma vida diferente, e através dos seus olhos, descobriremos a vida dos expatriados da Espanha Franquista numa Europa distante do seu mundo."

Esta novela gráfica se, por um lado, prima pelo conteúdo escrito e temática da emigração clandestina dos espanhóis para a Alemanha de 1963, por outro peca pelo excesso de detalhes de acontecimentos (alguns deles triviais) ocorridos na época em que se passa a ação, sem manifestar sentimentos e emoções mais profundas que estes emigrantes, com certeza, sentiam, sobretudo o protagonista, que é o próprio autor. 
A par do protagonista, Joaquin, um jovem que emigrou para a Alemanha para melhorar a situação financeira e encontrar um rumo para a sua vida (fazendo uma pausa nos seus estudos de Belas Artes), surgem outros emigrantes, que fugiam de Espanha por variados motivos: amorosos, financeiros e até de escolha de género. Uma vez que a entrada na Alemanha era clandestina, os trabalhos que arranjavam eram sempre precários e os albergues em que foram vivendo, também acabavam por, a partir de determinada altura, pedir-lhes que saíssem (excetuando o último). Rumavam de terra em terra, consoante a oferta desses serviços duros e mal pagos, muitos deles que os sujeitavam ao frio extremo e à fome. Ainda assim, Joaquin vai enfrentando essas adversidades com coragem e otimismo.

Kinsella, Sophie (2024). O Burnout. Alfragide: Quinta Essência.

Tradução: Maria Ponce de Leão
Nº de páginas: 392
Início da leitura: 04/11/2024
Fim da leitura: 10/11/2024

**SINOPSE**
"O trabalho? Absorvente.
Os amigos? Em segundo plano.
A vida sexual? Inexistente.

Sasha não aguenta mais. Aos trinta e três anos, tem um bom emprego, mas o trabalho está a consumi-la. Tem ataques de pânico, chegou ao seu limite e está completamente exausta. Até que um dia ela se passa. Incentivada pela mãe, Sasha decide fazer umas férias no hotel à beira-mar onde viveu alguns dos momentos mais felizes da infância. Sim, uns bons dias na praia é exatamente o que ela precisa...

Parte cheia de boas intenções, como beber smoothies de couve, fazer ioga e encontrar-se a si mesma. Mas estamos na época baixa, está um frio de rachar e o hotel já não é o que era. Para piorar a situação, Sasha tem de partilhar a praia com outro hóspede: um tipo rabugento e stressado.

Como é que ela se pode conectar com a natureza se Finn está sentado numa rocha a observá-la? No início, mantêm a distância, mas quando uma série de mensagens misteriosas começam a aparecer na praia, Sasha e Finn veem-se obrigados a conversar sobre tudo. E se eles tiverem mais em comum do que pensam?"
Quem já conhece outros livros de Sophie Kinsella ou a adaptação a filme do Louca por Compras, saberá que este tema tão sério, só poderia ser abordado por esta autora com o sentido de humor que lhe é muito peculiar. O título poderia fazer-nos pensar em autoajuda. Mas, desengane-se. O que gosto nesta autora, de escrita simples e ligeira, é precisamente esse sentido de humor, que confere às personagens, à forma como pensam e agem. Quem estiver a precisar de aligeirar as leituras mais exigentes, este é um bom livro para isso. E, de certa forma, retrata o ritmo frenético dos nossos dias, dos nossos trabalhos, que não nos deixam desfrutar dos prazeres mais simples, sem que pensemos que estamos a agir mal, porque não abrimos este ou aquele email, porque nos sentimos culpados se não estivermos 100% focados no trabalho. Mas todo esse stresse, todo esse ritmo, pode levar-nos às atitudes mais despropositadas que possamos imaginar. E mais não digo, para que se divirtam com esta leitura.

Rodrigues, José (2024). O Quinto Pescador. Porto: Porto Editora.

Nº de páginas: 240
Início da leitura: 03/11/2024
Fim da leitura: 09/11/2024

**SINOPSE**
"No dia do seu aniversário, a tragédia bate à porta de Francisco, levando-o a questionar o sentido da sua própria existência.
Longe de casa e em agonia, parece encontrar o lugar e a coragem de que precisa para pôr cobro ao desespero que lhe preenche os dias.
Entre a saudade insuportável e as memórias de tempos felizes, Francisco é surpreendido por uma criança de 8 anos, Pedro, e por Rafa, o seu fiel companheiro de quatro patas, que lentamente lhe devolvem a vontade de viver. Na pacata aldeia costeira para onde se mudara após a tragédia, encontra novas pessoas e redescobre sentimentos que pensara perdidos para sempre no seu passado.
De forma inesperada, aquilo que seria o fim transforma-se numa fantástica jornada de reconstrução, onde a amizade e o amor se assumem como salvação."
José Rodrigues escreve com uma doçura e sensibilidade muito características, a par de uma linguagem fluída, que torna a leitura compulsiva. E, mesmo nas histórias mais tristes, há sempre um rasgo de esperança. É um daqueles livros que nos fazem bem à alma, quando acabamos de ler histórias que nos magoam. Muito português, nas expressões coloquiais regionais, na cortesia das palavras e das atitudes das personagens, nos valores que passa através de histórias ficcionais verosímeis; um espaço com personagens reais, humildes e sábias. É fácil gostar das personagens, das suas atitudes e afetos. Gosto das conversas de Francisco com a estátua da falésia, é como uma conversa com o seu subconsciente e que constitui um bálsamo para o espírito amargurado de Francisco. É um livro sobre a perda e toda a mágoa que daí advém, mas também sobre a resiliência e a esperança no amanhã. Afinal, todos temos uma missão na vida!

Satrapi, Marjane (2004). Frango Com Ameixas. Lisboa: Levoir. 


Tradução: Pedro Cleto

Nº de páginas: 96

Início da leitura: 02/11/2024

Fim da leitura: 05/11/2024


**SINOPSE**

"Nasser Ali Khan é um famoso músico (e tio-avô da autora) que vive no Irão de 1958. Na sequência de uma discussão familiar, o seu tar, o instrumento de que é virtuoso e que é o seu bem mais precioso, é partido. Nenhum outro tar o irá satisfazer e Nasser vai perder o gosto pela música.

Tomado de uma melancolia imensa, decide deixar-se morrer, levando-nos numa viagem às suas emoções, aos seus sonhos e à sua história pessoal, que se mistura com a do seu Irão natal num período conturbado da sua história.

Vencedor do prémio de Melhor Álbum de Angoulême em 2005, Frango com Ameixas é também considerado como a obra maior de Marjane Satrapi."
Esta novela gráfica conta-nos a história do tio-avô da autora, um músico que nutria uma paixão inigualável pelo seu instrumento musical, um tar. 
A narração principia com a procura de Nasser por um novo tar, uma vez que, numa discussão com a mulher, esta lhe terá partido a sua maior relíquia. Não encontrando nenhum igual, à altura de substituir o seu amado tar, Nasser entra numa depressão profunda. Ficamos a saber do seu passado pelos pesadelos e visões que o começam a assolar, bem como por uma conversa entre ele e a mulher. Assim, viajamos ao passado do protagonista, ao momento em que aprendeu a tocar o instrumento, ao momento em que, após uma desilusão amorosa, passou a tocar com todo o sentimento que o veio a tornar num músico famoso. A relação com os seus dois filhos também não é a melhor: adora a filha e nunca gostou do filho (este, pelo facto de ser o oposto dele). Quando, no leito de morte, acha que não consegue morrer mais rápido, porque a filha está a rezar por ele, surpreendemo-nos com a imagem do filho a rezar. Nem tudo é o que parece e a vida dá estas "chapadas de luva branca". 
Uma história dolorosa, muito triste e que nos faz pensar. Aconselho para quem gosta deste género de livros mais reflexivos.

 Laforet, Carmen (1944). Nada. Lisboa: Cavalo de Ferro. 2024.

Tradução: Sofia Castro Rodrigues e Virgílio Tenreiro Viseu
Nº de páginas: 280
Início da leitura: 27/10/2024
Fim da leitura: 03/11/2024

**SINOPSE**
"Numa Espanha franquista dos primeiros anos do pós-guerra, ancorada na tradição e agressivamente suspeitosa a qualquer novidade ideológica surge o romance de estreia de uma jovem autora desconhecida que revolucionará a literatura e agita a sociedade da época.

Nada é a história de Andrea, rapariga estranha e de conduta insólita. Chegada a Barcelona para começar uma nova vida, Andrea penetra no submundo da Rua Aribau, onde a sua família pobre e enlouquecida vive os anos cruéis da ocupação franquista da cidade.

Ao longo de um ano Andrea vive a sua «educação sentimental», no meio de personagens ambíguas e conturbadas, empurrada por um desejo de liberdade que repele as normas da conduta correcta, ao mesmo tempo que descobre a cidade e o seu próprio caminho para a vida adulta."
Um clássico premiado, que vale a pena ler.
Andrea é uma jovem que vai estudar para Barcelona, para casa de familiares numa situação económica desfavorável e que ocultam vários segredos, sugando-a para uma vida algo psicótica, obessiva, desagregada, angustiante e faminta.
As personagens são tão autênticas, que parece que nos cruzamos com elas nesta história e apetece-nos, em determinados momentos, abaná-las, questioná-las, interpormo-nos nos caminhos obscuros que as vão tornando demoníacas.
Uma das mais emblemáticas e em trono da qual giram todas as sequências narrativas, é Roman, tio de Andrea, que terá sido, segundo as suas palavras um músico promissor. Mas não terá passado da promessa de vir a tornar-se num grande músico. Porém, ainda que a sua degradação seja evidente, há nele algo que atrai e atria como que para um abismo. E, mesmo quem se deixa atrair, ou cai no abismo profundo da sua psicopatia ou sente necessidade de fugir. Depois, temos o irmão de Roman, Juan, que tem em si duas personalidades que se alternam: a doçura quase cândida e a violência ostracizante. Glória, mulher de Juan, encerra em si muitos segredos, uma mulher que, apesar de, até certo ponto, impor a sua personalidade, se submete ao jugo de um marido violento e de um cunhado demente. A avó, que vai mitigando a fome de Andre, deixando de comer para lhe ir deixando à cabeceira uns "mimos", é também ela difícil de entender. A amiga de Andrea, a sua família, são também personagens marcantes e envolventes. Até onde podem ir os segredos desta família? O que escondem?
Mas mais não digo. Recomendo!

Guerrero, Agustina (2023). A Viagem. Alfragide: Publicações Dom Quixote. 


Tradução: Ana Saragoça
Nº de páginas: 232
Início da leitura: 28/10/2024
Fim da leitura: 01/11/2024

**SINOPSE**
"Um fantástico romance gráfico sobre a viagem de duas amigas a Tóquio: uma muito nervosa e deprimida, a outra entusiástica e muito positiva. Uma abordagem graficamente divertida à forma como se consolida a amizade durante uma viagem e quais são os principais problemas das mulheres contemporâneas (os filhos, a solidão, o amor).

Estava tudo planeado. Só faltava fazer as malas e partir para o Japão. Reservas feitas, um guia com os locais a visitar e uma grande amiga. Nada podia correr mal e, porém, o que eu mais temia aconteceu: empreendi uma viagem mais profunda do que poderia imaginar, ao lugar mais recôndito de mim mesma. E fui muito mais longe do que alguma vez pensara. Por sorte, pelo caminho não perdi nem as minhas malas, nem a minha amiga Loly, nem o meu sentido de humor."
Mas que livro extraordinário! Uma viagem de duas amigas, de personalidades diferentes, mas unidas por uma amizade maior do que o mundo. Uma viagem ao Japão, pelos lugares emblemáticos, comerciais, invulgares, pelas sensações, pelas emoções e que constitui muito mais que uma simples viagem. É também uma viagem interior, aos sentimentos mais profundos do "eu", aos medos, às culpas, à reconstituição de um "eu" partido em vários pedaços. É uma história, ao mesmo tempo, hilariante e profunda. Uma história que desperta umas boas gargalhadas, sorrisos, momentos em que nos identificamos com as personagens e outros que nos fazem mergulhar nos nossos pensamentos e refletir. Recomendo muito!
Partilho um momento hilariante e outro para refletir.

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Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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