A Árvore das Mentiras, Frances Hardinge

Hardinge, Frances (2017). A Árvore das Mentiras. Barcarena: Editorial Presença.

Nº de páginas: 368

Início da leitura: 16/11/2020

Fim da leitura: 21/11/2020

A escolha deste livro deveu-se não só à sinopse na contracapa, mas também à própria capa, que é belíssima e ao título. A Árvore das Mentiras foi escrito pela escritora inglesa Frances Hardinge e traduzido por Maria José Figueiredo.

O enredo deste livro decorre no século XIX, quando a família Sunderly vai viver para Vane, uma ilha pequena e descrita de forma um pouco sombria, o que contribui para o ambiente de mistério que desperta no leitor grande expetativa. Esta mudança já de si nos instiga a curiosidade, pois deve-se a uma fuga do patriarca, Erasmus Sunderly, devido a um escândalo que surgiu em virtude de novas descobertas científicas que fizera. Uma ficção histórica, que concilia as teses de Darwin com uma prodigiosa imaginação.

Faith, filha de Erasmus, é uma jovem de catorze anos, extremamente inteligente, o que era desvalorizado na sociedade da época, pois a inteligência numa mulher era vista como uma ameaça e era considerada desprovida de intelecto e a mulher era realmente impedida de sonhar.

Depois de uns dias, Erasmus aparece morto e Faith decide investigar. No meio dos pertences do pai, Faith encontra um diário onde se descreve uma árvore misteriosa, de folhas frias e pegajosas, que se alimenta de verdades escondidas e mentiras sussurradas e cujo fruto oferece os segredos e o seu conhecimento a quem o ingere. Confirmar-se-á a ideia de suicídio que surge no início ou de um homicídio motivado pela árvore das mentiras?

Faith resolve então guardar o segredo da árvore para si e partir à descoberta do que terá provocado a morte do pai.

Será que esta árvore dá a Faith o que ela procura? Ou poderá constituir um perigo para alguém como ela ao instigar-lhe a sensação de poder? Seduzida pela mentira, compreenderá Faith que a verdade pode estilhaçar?

Um livro magistralmente bem escrito, com personagens marcantes, um enredo bem concebido. A linguagem é irónica, com algum humor negro, mas bastante rica.

Não é um livro de leitura rápida, pois damos por nós a determo-nos em pormenores cruciais para a compreensão da metáfora desta árvore das mentiras. Além disso, é preciso perceber os pormenores históricos, para entender a mensagem que se transmite, prestando atenção a cada uma das personagens, todas elas únicas e densas.

Além disso, há momentos que careciam de um pouco mais de ação e menos repetição, correndo o risco de tornar a leitura um pouco monótona (isto para quem gosta de ação). Globalmente, é um livro muito bom.

                                                     Célia Gil

0 Comentarios