Abandonada por Amor



Acabadinho de ler!

Veletzos, Roxanne (2018). Abandonada por Amor. Lisboa: Edições ASA.


     Não se escolhem os livros pela capa, mas este, Abandonada por Amor, romance de estreia de Roxanne Veletzos, uma escritora nascida na Roménia, é um livro que convida a entrar, pela suavidade das cores, a emotividade do título e das relações humanas. Tem, sem dúvida, daquelas capas que cativam desde logo. Se bem que, se a analisarmos, vai contando duas histórias, porque, a suavidade do cinza, não deixa de ser cinza, impedindo o sol de resplandecer e esta mãe e filha que olham para o horizonte, sabem, e está presente na imagem, ainda que de forma discreta, a prisão representada pela dureza de um arame farpado, como o dos campos de concentração.
     Tudo começa com uma família feliz que, quando, em 1941, a Roménia se alia aos Nazis e se dá início a perseguições aos judeus, se vê obrigada a fugir, para um futuro incerto, sendo que o mais certo é que esta seja uma fuga para a própria morte. São estas circunstâncias que os levam a abandonar, à porta de um prédio em Bucareste, a filha de quatro anos.
     A criança é recolhida num orfanato, onde permanece até ser adotada por um casal, que não conseguia ter filhos e que lhe poderia proporcionar uma vida melhor, uma vida poder-se-á mesmo dizer, de luxos. Assim, começa a ter aulas de piano, é-lhe comprado um piano para casa e tem todos os luxos que, a maior parte das crianças da sua idade não tem, como uns brincos de rubi verdadeiro, que lhe são dados por ocasião do seu 7º aniversário. É neste ambiente que Tália (Natália), vai esquecendo o seu passado, para se encontrar e ser totalmente feliz e amada nesta nova vida.
     Mas outros acontecimentos diretamente relacionados com a guerra por que estão a passar, II Guerra Mundial, levam a uma reviravolta na vida deste casal que adotou Natália. A vida de Anton e Despina vai-se degradando de dia para dia, vendo-se obrigados a vender todos os seus bens que não foram saqueados (inclusive o piano de Tália), até não terem mesmo o que comer e até se consciencializarem de que a origem judaica de Tália poderia ser um fator de risco em relação ao seu futuro.
     O pai de Tália começara, entretanto, a conviver com Victor, um jovem pobre mas com ambições e ideais políticos divergentes dos desta família rica. Tália apaixona-se por Vítor.
     O amor dos pais e de Vítor por Tália é também levado ao limite. Mais uma vez se vê abandonada por amor, quando abdicam dela para a salvar. Viaja para os Estados Unidos. Aqui Tália terá mais uma descoberta surpreendente, a que só terão acesso, se mergulharem neste magnífico livro, baseado nas experiências da mãe da autora, que foi abandonada pelos pais biológicos na II Guerra Mundial. 
                                                                                                                                 Célia Gil

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