Wells,
Benedict (2019). O Fim da Solidão. Alfragide:
Edições ASA.
O Fim da Solidão é um livro de Benedict Wells,
traduzido por Paulo Rêgo, com muito de autobiográfico e muito bem escrito. É o quarto
romance do escritor, que nasceu em Munique em 1984, e venceu o Prémio de
Literatura da União Europeia.
Apesar de ser um livro com uma
temática triste, os sentimentos demonstrados e a própria forma como as
personagens encaram e tentam superar a dor tem algo de belo, que conforta e na
qual se revê quem já passou ou acompanhou situações semelhantes.
Jules, o narrador do livro, tem
apenas 11 anos quando ele e os dois irmãos mais velhos perdem os pais num
acidente de viação. Acabam por ir para o mesmo internato, mas o afastamento
entre eles é inevitável, até porque têm personalidades e temperamentos muito
diferentes e a dimensão da tragédia que lhes aconteceu é vivida de forma
diferente por cada um deles.
Jules é um miúdo reservado, sendo alvo de gozo por
parte dos colegas. O seu tempo é passado entre memórias, à procura de si mesmo
e de um sentido para a sua existência através do sonho. Marty é um jovem muito
dedicado aos estudos, sempre mergulhado nos livros e um pouco cético e Liz é
uma jovem que quer viver e experimentar tudo, sem limites, sem prisões ou
compromissos. Mais tarde Liz culpabiliza-se por não ter, como irmã mais velha,
tomado conta dos irmãos, quando tanto precisavam de alguém. O certo é que nenhum
deles conseguiu ultrapassar totalmente o trauma da perda repentina dos pais e
as mudanças que esta perda traria inevitavelmente para as suas vidas.
No internato, Jules sente apenas
apoio por parte de uma outra criança da sua idade, Alva, também ela muito
reservada e também ela com um passado sofrido. Entre eles nasce uma amizade que se fortalecerá com o tempo. Mas nem
todos os caminhos que se seguem ao lado de outra pessoa são caminhos de
encontro. Alva acaba por partir e só muito mais tarde, Jules a volta a
reencontrar. Também os irmãos se afastam. Mas a vida dá muitas voltas e,
passados 15 anos, Jules vê a possibilidade de voltar a ser feliz. Trabalhava,
entretanto, numa empresa discográfica, embora sonhasse em dedicar-se à escrita
e à fotografia.
Conseguirá Jules libertar-se do
passado e procurar o que o faz realmente feliz?
Um livro feito de perdas e reencontros,
de dúvidas e desilusões, numa procura incessante da felicidade. E será que esta
felicidade existe e, se existe, pode ser total?
Célia Gil
1 Comentarios
Gosto sempre de tuas indicações dos livros. Parece mesmo bom! beijos, bom te ver! chica
ResponderEliminar