Silva, Rui da Conceição (2015). Quando o Sol Brilha. Barcarena: Marcador.
Nº de páginas: 304
Início da
leitura: 08/06/2021
Fim da leitura:
09/06/2021
Quando
o Sol Brilha é um
romance escrito por Rui Conceição Silva, um escritor português, nascido em 1963
em Figueiró dos Vinhos.
A
ação decorre na Quinta dos jardins, em Granja dos Pardais, onde vive o
narrador, Edmundo, a família, onde se inclui o pai de Edmundo, Felismino,
também conhecido por Jardins, que deixou de reconhecer o próprio filho, a quem
trata por vizinho e que passa os dias sentado numa cadeira à beira de uma
janela, através da qual vê passar cavalos imaginários. Ficara assim desde que
encontrou a mulher, Alice, morta na horta.
Numa linguagem metafórica e doce, onde perpassa a nostalgia de um passado perdido nas brumas da memória, o narrador relembra e conta-nos a sua vida. Os bons momentos da infância, da sua íntima relação com a natureza. Tornou-se uma pessoa triste, “refém da sua melancolia” quando, no fim da infância, aprendeu a “ler os rostos das pessoas”. Estudou apenas até aos dez anos, altura em que o pai o mandou pastar as ovelhas. Tinha um grande amor pelos livros e fazia-se acompanhar nos montes por livros que requisitava na biblioteca. A partir dos catorze anos, o pai arranjou-lhe emprego numa fábrica de fundição de vila velha. Casou com Evangelina e teve três filhos.
O narrador alterna histórias das pessoas
da aldeia e a sua própria história pessoal, utilizando uma linguagem coloquial
típica da região que retrata. É uma pessoa feliz.
Mas
há um acontecimento na vida do protagonista que lhe vai roubar os sonhos e que
o faz ver, pela primeira vez, os mesmos cavalos que o pai via e aos quais
chamava de “os filhos do vento”. Este incidente despoleta incidentes tristes
que vêm transtornar e transformar Edmundo, trazendo-lhe um sofrimento tão
intenso que “todos os olhos morreram de lágrimas”.
Enternecedora
e comovente. Nesta obra perpassa a dor, a angústia, a revolta que vem como um
gélido silêncio, que não se evita, não se contorna, apenas para ser mais
bonito.
Até
que ponto este sofrimento pode arrastar o protagonista para o limbo ao ponto de
deixarem de se reconhecer? Será que, após mergulhar neste sofrimento absoluto, é
possível livrar-se da noite que lhe morava na alma? É possível que o sol volte
a brilhar?
Esta
é uma história que nos dói, porque, apesar de ficcional, a reconhecemos de
histórias que presenciámos, pessoas que conhecemos, histórias que ouvimos
contar e, por isso mesmo, com uma verosimilhança que a torna avassaladora.
Aconselho
a leitura!
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