Histórias Soltas Presas Dentro de Mim

 Ishiguro, Kazuo (2005). Nunca Me Deixes. Lisboa: Gradiva.

Tradução: Rui Pires Cabral

Nº de páginas: 332

Início da leitura: 19/10/2023

Fim da leitura: 21/10/2023


**SINOPSE**

"Kazuo Ishiguro foi elogiado no Sunday Times por «ampliar as possibilidades da ficção». Em "Nunca Me Deixes", que se encontra certamente entre as suas melhores obras, conta-nos uma extraordinária história de amor, perda e verdades escondidas.
Kathy, Ruth e Tommy cresceram em Hailsham – um colégio interno idílico situado algures na província inglesa. Foram educados com esmero, cuidadosamente protegidos do mundo exterior e levados a crer que eram especiais. Mas o que os espera para além dos muros de Hailsham? Qual é, de facto, a sua razão de ser?
Só vários anos mais tarde, Kathy, agora uma jovem mulher de 31 anos, se permite ceder aos apelos da memória. O que se segue é a perturbadora história de como Kathy, Ruth e Tommy enfrentam aos poucos a verdade sobre uma infância aparentemente feliz — e sobre o futuro que lhes está destinado.
Nunca Me Deixes é um romance profundamente comovedor, atravessado por uma percepção singular da fragilidade da vida humana."
Este livro concilia ficção científica e distopia, de maneira a servir de mote à crítica à sociedade atual. As personagens, meros clones criados para virem a ser dadores, são muito mais do que clones, são crianças que vão crescendo como as outras. Estudam em colégios, vivem intensamente as amizades, o amor, a traição, o medo e a ansiedade em arranjar um futuro alternativo. Porque, Kazuo cria todo um ambiente em que não apresenta personagens mecanizadas, mas sim dotadas de grande sensibilidade, gosto pela arte - pintura, música, poesia...
Gosto da forma como Ishiguro escreve, simples, mas profundo! Se bem que, na minha ótica, este não seja dos seus melhores livros.
Ainda assim, é um livro que vale a pena ler!

Silva, Filipa Fonseca (2013). O Estranho Ano de Vanessa M. CreateSpace.

Nº de páginas: 216
Início da leitura: 16/10/2023
Fim da leitura: 17/10/2023

**SINOPSE**
"Quando entrou no carro, no final do inverno, Vanessa não sabia que estava embarcando numa viagem sem retorno. Uma viagem interior, que pôs em causa todas as suas escolhas e, acima de tudo, toda uma vida construída em torno das expectativas e opiniões dos outros. Entre episódios trágicos e cómicos, que envolvem uma mãe controladora, uma tia hippie, um casamento entediante, um chefe insuportável e uma amiga que não sabe quando se calar, “O Estranho ano de Vanessa M.” conduz-nos nessa autodescoberta e faz-nos refletir sobre o poder que temos de, a qualquer momento, colocar tudo em questão. Porque a busca da felicidade não tem prazo."
Vanessa é uma das muitas mulheres que entra numa espiral de cansaço, caindo numa depressão, em que tudo, na sua vida, perde o sentido, inclusive a filha. E, num momento como esse, é possível cometer as maiores loucuras. 
Às vezes, é preciso perder tudo para uma pessoa se procurar e se reencontrar... Provavelmente, a ajuda terapêutica que lhe foi imposta pela justiça, era o que sempre precisara. Nem sempre é fácil admitir que se atingiu o limite e que tudo na vida deixa de fazer sentido para se atingir a almejada felicidade.
Este é um livro escrito de forma muito simples, previsível até, que se lê num ápice. Porém, quanto a mim, pelo tema abordado, poderia ter sido mais desenvolvido, adquirindo as personagens uma maior densidade psicológica.

 Kashiwai, Hisashi (2023). Os Mistérios do Restaurante Kamogawa. Lisboa: Topseller.

Tradução: André Pinto Teixeira

Nº de páginas: 208

Início da leitura: 14/10/2023

Fim da leitura: 15/10/2023

**SINOPSE**

"Numa sossegada rua de Quioto, longe de olhares curiosos, existe um restaurante muito especial: gerido por Nagare Kamogawa e a sua filha, Koishi, o restaurante Kamogawa serve aos seus clientes deliciosas refeições que, de outro modo, só se encontrariam em estabelecimentos de luxo. Esse, no entanto, não é o único motivo para passar por lá…

Pai e filha são também detetives de comida: através das suas perspicazes investigações, são capazes de recriar pratos que os clientes provaram no passado, pratos esses que, tantas vezes, guardam a chave de memórias antigas. Do viúvo que persegue uma receita específica de udon que a sua mulher cozinhava, ao tonkatsu de um primeiro amor, as receitas perdidas que a dupla Kamogawa resgatam são mais do que uma ponte até ao passado: são a possibilidade de um futuro mais feliz.

 Uma celebração das memórias, da boa companhia e do poder de uma refeição deliciosa."
Um livro deliciosamente bem escrito! Começa por nos transportar para Quioto, numa rua tranquila e discreta, onde um restaurante, gerido por pai e filha, faz as delícias dos que procuram recuperar as suas histórias antigas, os pratos que marcaram momentos da sua vida e, por alguma razão, ficaram presos na memória. Com uma cumplicidade indescritível, a filha, regista todos os pormenores das histórias contadas pelos comensais que pretendem recuperar receitas do seu passado. O pai, empreende, então uma busca incansável por esses ingredientes que conseguirão transportar os seus clientes para os momentos passados. São, realmente, detetives de comida. Conseguirão eles corresponder a todas as solicitações? E se o restaurante discreto não é publicitado em lado nenhum, como conseguem descobri-lo? Recomendo vivamente!

Gallo, Rafael (2015). Rebentar. Rio de Janeiro: Editora Record.

Nº de páginas: 378

Início da leitura: 12/10/2023

Fim da leitura: 14/10/2023


**SINOPSE**

Depois que seu filho desapareceu aos 5 anos, Ângela dedicou toda a sua vida à busca da criança. Parou de trabalhar, não teve mais filhos, afiliou-se a instituições de busca de crianças desaparecidas. Mas após trinta anos sem nenhum resultado, ela finalmente decidiu desistir completamente da procura. Além da própria dor e culpa, Ângela precisa enfrentar o julgamento de todos aqueles que de alguma forma estiveram envolvidos com sua história. Rebentar é um mergulho corajoso e emocionante nas dores da perda.


Rafael Gallo escreve verdadeiramente bem. É incrível como não damos pela passagem das páginas neste livro. Acompanhamos uma mãe que, após 30 anos, continua à procura do seu filho, que desapareceu com apenas 5 anos. Conseguimos sentir a dor, o pulsar do coração apertadinho desta mãe, o desespero, a angústia de quem perde um filho, sem saber o que foi feito dele. Chega a dizer-nos que preferia que lhe dissessem que estava morto, pois assim toda esta angústia tinha um fim. Passou anos a seguir falsas pistas, a encher as redes sociais e as ruas com fotos do filho. 
Porém, passados 30 anos, esta mãe, Ângela, ao ver uma foto de como seria o seu filho nesse momento, quer pôr um termo à procura vã pelo filho e acredita que, mesmo que o reencontre, ele não é o mesmo que deixou ir à loja de brinquedos, quando lhe largou a mão, já não é o seu menino loirinho. É um homem, um homem que desconhece.
Conseguirá Ângela pôr em prática a sua decisão? Conseguirá ela libertar-se da casa e do quarto do filho, após tantos anos de buscas e espera?
Um livro brutal, duro, dorido, abordado com uma lucidez estonteante! Adorei!

 Kallentoft, Mons (2016). A Quinta Estação. Alfragide: Publicações Dom Quixote.

Tradução: Ricardo Gonçalves

Nº de páginas: 504

Início da leitura: 06/10/2023

Fim da leitura: 12/10/2023


**SINOPSE**

"A QUINTA ESTAÇÃO é o quinto volume da série do autor sueco Mons kallentoft, iniciada em Sangue Vermelho em Campo de Neve, que descreve a trajetória pessoal e profissional da inspetora Malin Fors.

A QUINTA ESTAÇÃO é o tão esperado volume que vem resolver por fim o mistério sobre Maria Murval, a jovem assistente social condenada a viver numa clínica psiquiátrica depois de ter sido violentamente agredida, violentada e encontrada em estado grave numa floresta da Suécia.

Em A QUINTA ESTAÇÃO, em que inverno, verão, outono e primavera se fundem, Malin Fors leva por fim a sua obsessão sobre Maria Murval às últimas consequências para desvendar um caso que há muito a intrigava."
Li o primeiro romance policial desta série (de cinco livros) e, agora, este. Gosto muito da forma como Mons escreve, como nos capta a atenção e nos mantém embrenhados na história a acompanhar a inspetora Malin Fors na resolução deste caso tão macabro centrado na jovem Maria Murval, que fora brutalmente violada e agredida. É possível sentir marcas de subjetividade por parte do narrador, no seu quase apelo para que todos os homens que violam as mulheres tenham o merecido castigo, na utilização que faz da voz de mulheres mortas a incitar a resolução do caso. É com angústia e com o mesmo desejo, que lemos este livro e sentimos a necessidade imperiosa de pôr termo a todas as situações vivenciadas pelas personagens femininas. 

A par do crime, temos a história pessoal da inspetora, que vamos conhecendo melhor - o divórcio, a filha adolescente com a qual não se consegue relacionar, o alcoolismo, a nova relação, o desejo do companheiro de terem um filho...
Se bem que, em alguns momentos, me pareça que se prolongou a investigação, tornando-se algo repetitivo, gostei e lê-se muito bem!

Fleming, Jacky (2020). Qual o Problema das Mulheres? Porto Alegre: Editora Pallotti.

Tradução: Lavínia Fávero
Nº de páginas: 143
Início da leitura: 08/10/2023
Fim da leitura: 10/10/2023

**SINOPSE**

Este é o problema das mulheres: sempre levam tudo longe demais

"Sobre quais mulheres importantes você aprendeu na escola? Marie Curie e... a lista termina aí. Por quê? Ora, este livro explica por quê. Primeiro, porque não havia mulheres, e as poucas que existiam tinham a cabeça muito pequena, que logo se enchia depois que aprendiam alguns pontos de bordado. De resto, viviam na Esfera Doméstica, onde realizavam tarefas leves, como criar filhos, limpar o chão, lavar roupa, costurar...

Mulheres que se atreviam a estudar ou segurar uma caneta ficavam masculinizadas e deformadas, o que arruinava suas chances de casamento. Mas tudo bem, pois as mulheres têm um dom natural para elogiar e aplaudir (os homens, é claro); é o que parecem pensar Charles Darwin, Arthur Schopenhauer, Picasso, Kant e Rousseau, alguns dos gênios cujas opiniões misóginas são satirizadas neste livro.

Num humor ferino inimitável, Jacky Fleming, célebre cartunista feminista britânica, nos faz rir e por vezes quase chorar ao refletir sobre as razões pelas quais as mulheres são praticamente ausentes dos livros de     história. Em seguida, nos apresenta em textos e desenhos impagáveis – sempre levando a ironia às últimas consequências – a algumas mulheres que desafiaram os costumes e as restrições do seu tempo e realizaram fatos notáveis. As quais acabaram, curiosamente, na Lata de Lixo da História. Um livro imperdível, para muito além do seu humor hilário.

 

“Cartuns feministas, deliciosos e engraçados... um olhar hilário sobre como as mulheres aparecem (ou não) na história.” – The Guardian

“O presente perfeito para todos os gêneros, idades e tendências políticas, infelizmente confinado à seção de humor em vez do lugar onde realmente deveria estar: o currículo escolar.” – The Independent

“Qual o problema das mulheres? é o livro perfeito para o banheiro, o que é um elogio, pois livros de banheiro recebem o maior número de leitores, e não há um homem, uma mulher ou uma criança que não se beneficiaria ao passar tempo com este aqui.” – The Times"

Este livro, que penso não estar traduzido em português de Portugal, tem esta versão em português do Brasil, mas lê-se muito bem e devo dizer que é um livro com um sentido de humor incrível. Os cartoons reunidos, falam-nos ironicamente da forma como as mulheres eram vistas há muitos anos (não será ainda, às vezes, assim?), com um cérebro mais pequeno do que os homens, como não podendo sair da esfera do lar, ou estudar (eram fracas e, se estudassem, cai-lhes o cabelo), não podiam ter cabelos de génio, mas sim crinas de cavalo, deviam permanecer virgens depois do parto... entre muitas situações deveras hilariantes. Termina com um pequeno apontamento de muitas mulheres que contrariaram esta visão do mundo feminino e mostraram o que realmente valiam. Recomendo vivamente! Preparem-se para soltar algumas gargalhadas! É um livro que podem ler em inglês, em espanhol, em francês e em português dos Brasil.

 Rossetti, Carol (2016). Mulheres Retratos de Respeito, Amor-próprio, Direitos e Dignidade. S. Pedro do Estoril: Chá das Cinco.


Nº de páginas: 160
Início da leitura: 06/10/2023
Fim da leitura: 08/10/2023

**SINOPSE**
"Existem mulheres negras, brancas, morenas, latinas, asiáticas, indianas, indígenas. Existem engenheiras, donas de casa, prostitutas, ministras, artistas, executivas, atrizes. Há mulheres cegas, surdas, mudas. Mulheres bipolares, deprimidas, ansiosas. Existem heterossexuais, lésbicas, bissexuais, arromânticas, pansexuais, assexuais. Mulheres cristãs, ateias, budistas, muçulmanas. Há mulheres que não são ativistas, que nunca ouviram falar em feminismo, que nunca discutiram racismo. Mulheres que lutam de formas diferentes, a partir de ideias que não conhecemos.

Existem mulheres que têm vergonha de partilhar as suas escolhas por medo de serem julgadas. E existem mulheres que discordam de tudo o que eu disse até aqui. Cada Mulher tem a sua própria história, e acredito que todas merecem ser ouvidas e representadas. A minha abordagem será abrangente, convidando todos os que partilhem comigo essa ideia de liberdade a celebrar a diversidade do ser humano. Pode entrar, sente-se onde quiser, tome um café. Estão todos convidados. - Carol Rossetti."

Agradeço, desde já, à amiga que me emprestou este livro, que está esgotado, pela oportunidade que me deu de o ler. É um livro repleto de ilustrações lindíssimas de mulheres, seguindo esta ordem: corpo, moda, identidade, escolhas, amores e valentes. Algumas inspiradas em mulheres reais, outras inspiradas em muitas mulheres que, na realidade, sofrem com os estigmas que a sociedade teima em manter. São acompanhadas pela descrição que a sociedade faz delas e por uma mensagem de incentivo para se libertarem dessas amarras e serem livres de fazerem o que bem entendem com o corpo e com a mente. Este é um pequeno livro com mensagens com que as mulheres, em alguma situação, se identificam, com os julgamentos públicos a que foram e continuam sujeitas. Recomendo!

 Backman, Fredrik (2023). Nós Contra os Outros. Lisboa: Porto Editora.

Tradução: Elsa T. S. Vieira
Nº de páginas: 472
Início da leitura: 02/10/2023
Fim da leitura: 05/10/2023

**SINOPSE**
"Björnstad, uma pequena comunidade no meio da floresta, é o lar de pessoas fortes e trabalhadoras, que não esperam que a vida seja fácil ou justa. Sempre de cabeça erguida, os seus habitantes orgulham-se de enfrentarem todas as dificuldades com a convicção de que a verdade está do seu lado. Até que um terrível acontecimento quase faz tombar a cidade.
Esta é a história do que aconteceu depois.
Após o sucedido na primavera anterior, Björnstad recebe mais um duro golpe: em breve, a sua bem-amada equipa de hóquei deixará de existir, perante a óbvia satisfação dos antigos jogadores, que se mudaram em força para o clube adversário, em Hed. Mas os ursos de Björnstad recusam-se a sair derrotados. No meio da crescente atmosfera de rivalidade, um político começa a manobrar nos bastidores, e uma pessoa de fora é surpreendentemente escolhida para treinar o renovado clube de hóquei. De imediato, uma nova equipa começa a formar-se, mas conseguir que veteranos e novatos trabalhem em conjunto demonstra ser um desafio hercúleo, à medida que a inimizade com Hed se torna cada vez mais violenta.
Quando o último jogo do campeonato for por fim disputado, mais do que um habitante de Björnstad terá morrido e, em ambas as localidades, as pessoas serão forçadas a questionar-se se, depois de tudo, o jogo que tanto amam pode voltar a ser algo simples.

Com compaixão e perspicácia, Fredrik Backman revela-nos como a lealdade, a amizade e o amor sustentam uma comunidade nos seus dias mais desafiantes."
Backman é um autor muito especial, um contador de histórias. Este livro dá continuidade a outro, que li quando foi publicado: Beartown, A cidade dos grandes sonhos, se bem que possa ser lido e entendido mesmo sem ler o outro. É incrível a forma como narra, onde os próprios diálogos entre as personagens nos são contados pelo narrador, sem se tornar entediante, até porque o autor escreve muito bem e a história capta-nos a atenção desde o primeiro segundo. A forma como nos apresenta as personagens, os habitantes de Björnstad, é de tal forma bem feita, que nos vemos irremediavelmente presos às suas vidas, a compreender os seus comportamentos bons ou maus, a união mesmo na discórdia, porque, como diz o próprio narrador, todos temos "momentos maus".
Muito poderia destacar, mas a sinopse diz tudo e não me vou repetir. Apenas vou registar uma passagem que revela a sensibilidade do autor e que, no momento que estou a viver, me tocou particularmente:
"O sofrimento é um animal selvagem que nos arrasta até às profundezas, numa tal escuridão que não conseguimos imaginar como regressaremos alguma vez a casa. Como conseguiremos voltar a rir. Dói tanto que nunca chegamos a perceber se a dor na realidade passa ou se apenas nos habituamos a ela"
Não deixem mesmo de ler este livro fantástico!

Hart Emilia (2023). Weyward. Porto: Porto Editora.
Tradução: Célia Correia Loureiro

Nº de páginas: 344

Início da leitura: 27/09/2023

Fim da leitura: 01/10/2023

**SINOPSE**

«Tentaram domar-nos. mas uma mulher Weyward pertence à Natureza. Não pode ser domada.»

"Em 2019, Kate foge de uma relação abusiva e refugia-se em Crows Beck, uma aldeia remota na Cúmbria. O seu destino é a Casa Weyward, herança da sua tia-avó Violet, uma entomologista excêntrica.
Enquanto lida com o trauma do seu passado, Kate descobre um segredo sobre as mulheres da sua família. Uma história que remonta a 1619, quando Altha Weyward foi julgada por feitiçaria…
Tecendo as vidas de três mulheres extraordinárias, Weyward é um romance absolutamente maravilhoso sobre o empoderamento feminino, a esteira de violência masculina ao longo de séculos e o poder libertador da Natureza."
Neste livro, acompanhamos a história de três mulheres que, de alguma forma, se entrelaçam.
Em 2019, Kate foge de um relacionamento abusivo em Londres e refugia-se em Weyward Cottage, uma propriedade herdada de uma tia-avó que ela mal conheceu. Enquanto explora a casa e os pertences da tia, Kate começa a suspeitar de que sua tia-avó guardava um segredo relacionado com o tempo da caça às bruxas no século XVII.

No ano de 1619, conhecemos Altha, uma jovem que aguarda julgamento pelo assassinato de um fazendeiro local. Esta aprendeu com a sua mãe uma forma especial de magia, não baseada em feitiços, mas sim num profundo conhecimento do mundo natural. Porém, ser uma mulher com habilidades incomuns sempre foi perigoso, e Altha acaba por precisar de provar sua inocência face a acusações de bruxaria.

Em 1942, durante o auge da Segunda Guerra Mundial, seguimos a vida de Violet, que se sente aprisionada na propriedade da família. Confinada pelas convenções sociais, proibida pelo pai de sair, de se relacionar com as pessoas, Violet sente-se presa e procura saber os pormenores que envolveram a morte da mãe, que dizem ter enlouquecido antes de morrer. Resta-lhe, da mãe, uma medalha com a inicial "W" e a palavra "Weyward" escrita no rodapé do seu quarto.

Afinal, o que ligará estas histórias. Um romance sombrio, muito bem construído, que nos prende à narrativa e cujas personagens ficarão na memória. Aconselho!

 O'Neill, Louise (2022). As Raparigas de Papel. Lisboa: Aurora Editora.

Tradução: Ana Teresa Barreiros e Raquel Almeida
Nº de páginas: 320
Início da leitura: 21/09/2023
Interrupção da leitura: 22/09 a 26/09
Retoma da leitura: 26/09
Fim da leitura: 26/09

**SINOPSE**
"Quando as mulheres são criadas para o prazer dos homens, a beleza é o primeiro dever de cada rapariga.
Num mundo em que as raparigas já não nascem de forma natural, são criadas em escolas, treinadas nas artes de agradar aos homens até que estejam preparadas para o mundo exterior. Quando terminam a formação, as raparigas com a melhor pontuação tornam-se «companheiras», autorizadas a viver com um marido e a gerar filhos rapazes até que deixem de ser úteis.

Para as raparigas deixadas para trás, o futuro — como concubina ou professora — é sombrio.
As melhores amigas freida e isabel têm a certeza de que serão escolhidas como companheiras, até porque estão entre as melhores e mais bem avaliadas. Mas, à medida que a intensidade do último ano começa a aumentar, isabel faz o impensável e deixa de se preocupar com o aspeto físico até ficar… gorda. É neste ambiente feminino fechado, de tensão e competitividade, que chegam os rapazes, ansiosos por escolher uma noiva. E freida tem de lutar pelo futuro, mesmo que isso signifique trair a única amiga, o único amor que alguma vez conheceu.

Numa escrita compulsiva e mordaz, Louise O’Neill faz uma crítica à sociedade atual, onde a beleza se tornou uma obsessão e as raparigas são, desde muito novas, cada vez mais sexualizadas e julgadas pelo aspeto físico.

Este livro foi anteriormente publicado com o título As Filhas de Eva."
A história deste livro baseia-se numa distopia, num futuro no qual as mulheres deixam de existir e começam a nascer em laboratórios, incubadas em úteros de plástico, programadas para serem perfeitas. Como é evidente, esta ideia em si, já nos cria alguma repulsa. Por outro lado, creio que a intenção da autora era mesmo a de alertar as jovens de hoje para não se deixarem programar por estereótipos que lhes são, muitas vezes, incutidos pela sociedade em que vivemos - as mulheres perfeitas são as magras, as que não comem (apesar de terem vontade), as que se devem entregar apenas após casarem, as mulheres fantoche apenas preocupadas com futilidades, como o que vestem, como se maquilham, o que as outras vestem, se as outras são mais bonitas, mais magras, o receio de ganharem uns gramas no peso. Tudo, porque têm de ser as melhores, para algum dos homens que esporadicamente as visita se interessar por elas e querer casar. Vivem em reclusão, num colégio, onde são vigiadas e "educadas" para serem perfeitas pelas castidades.
Se não conseguirem ser o que idealizam como perfeitas, até aos 16 anos, estas mulheres, designadas de "evas", sujeitam-se a outros destinos: tornarem-se concubinas ou castidades, neste último caso, ficam na escola a educar novas "evas". Portanto, o que de facto mais querem é serem escolhidas por algum dos homens que as visitam, apresentadas quase como um mostruário, o que as torna, na maior parte das vezes, rivais e até bullys.

« O número de evas desenhadas num determinado ano corresponde sempre a três vezes o número de rapazes nascidos nesse mesmo ano, de forma a dar satisfação às necessidades de companheiras e concubinas. Podemos ter sorte e ser desenhadas no ano em que o Presidente da Câmara, um Engenheiro Genético e um Cirurgião tenham tido filhos. Ou podemos ter sido desenhadas para companheiras dos filhos de merceeiros, sapateiros ... ou de fabricantes de carne, por misericórdia.»

As Filhas de Eva (p. 133)

à noite, quando se deitam, nos seus quartos, espelhados do chão ao teto, são difundidas mensagens, que se espera que sejam incutidas nas suas mentes durante o sono:

« Sou uma boa menina. Sou bonita. Sou sempre despreocupada. 
Sou uma boa menina. Sou atraente para os outros. Sou sempre agradável.
Sou bonita. Sou uma boa menina. Faço sempre o que me mandam.»

As Filhas de Eva (p.10)


Um livro que deve ser lido com um sentido crítico, especialmente por jovens, para que evitem e lutem contra estes estereótipos.

Katouh, Zoulfa (2023). Onde Crescem os Limoeiros. Lisboa: Editorial Presença.

Tradução: Helena Sobral e Isabel Nunes
Nº de páginas: 368
Início de leitura: 16/09/2023
Fim de leitura: 20/09/2023

**SINOPSE**
 "Uma história de amor e perda.

Um país em plena revolução. Quanto estamos dispostos a pagar por aquilo em que acreditamos?

Quando os gritos pela liberdade se começam a ouvir na Síria, Salama está a estudar Farmácia. Por esses dias, ainda tem consigo os pais e o irmão mais velho, e há até um rapaz com quem se irá encontrar para falar de casamento.

Porém, de repente, a guerra civil instala-se no país e Salama vê-se no meio de um hospital onde cada vez mais pessoas chegam a precisar de ajuda. Agora voluntária, a jovem de 18 anos sente que o seu coração está como Homs, a cidade onde nasceu: destruído. Os pais e o irmão morreram. Só lhe resta Layla, a sua cunhada grávida, que quer tanto proteger.

Sair do país parece ser a solução, mas Salama está tão ligada àquelas pessoas, à sua terra, onde, mais do que uma guerra, acontece uma revolução pela qual é preciso - e vale a pena - lutar. E Kenan, o rapaz de 19 anos que acaba de ali chegar, com os sonhos desfeitos e disposto a mostrar ao mundo o que se passa, pode ser mais uma grande razão para ­ficar. Porque a esperança é como os limoeiros em Homs: há-os em cada casa, em flor, e por mais que os tentem destruir, continuarão sempre a crescer."
Este é daqueles livros em que é impossível ler de ânimo leve. É com um nó na garganta que conhecemos um breve retrato da guerra na Síria. Cada acontecimento, cada pormenor, cada acontecimento, cada decisão, cada vida é um novelo de dor, que vai sendo desenrolado à nossa frente, com um discurso e linguagem tão intimistas, que nos sentimos lá, como observadores - sofredores. Como refere a narradora/protagonista, "O tempo é o melhor remédio para transformar as feridas em sangue em cicatrizes, e talvez os corpos esqueçam o trauma, e talvez os olhos aprendam a ver as cores como merecem ser vistas, mas essa cura não inclui as nossas almas."
Com efeito, será possível voltar a ser feliz, a um passado de paz, com o fim de uma guerra? Restará força para recomeçar? Será possível esquecer todo o horror, como a perda dos familiares mais próximos?
De facto, é impossível ficarmos indiferentes a todos os acontecimentos narrados neste livro. Penso até que os mais jovens (os que hoje discriminam os colegas "ucranianos", por não entenderem, na sua ignorância, as dificuldades e a dor psicológica que estão a sentir) deveriam ler este livro e refletir, refletir... 

Faria, Paula Lobato de (2017). Imaculada. Lisboa: Clube do Autor.

Nº de páginas: 312
Início da leitura: 13/09/2023
Fim da leitura: 15/09/2023

**SINOPSE**
"Esta é uma história inspirada em acontecimentos reais em que a dualidade de ser e de parecer, da lealdade e da traição, do amor e da obrigação nos leva a caminhos imprevisíveis.

Portugal, 1956
Tempo da ditadura de Salazar, da censura e da PIDE. Numa família da alta burguesia, no interior do país, o lema "Deus, Pátria e Família" é sagrado. Mas a vida estremece quando na casa dos Correia bate à porta o amor e o desejo de liberdade
.

«Apenas um por cento é baseado em memórias e todo o resto na imaginação, mas muitos leitores vão aqui identificar pessoas que conheceram durante a vida, pois os personagens desta trama são gente comum, de carne e osso», avança a autora nas primeiras páginas do romance."
Gostei muito de conhecer a escrita desta autora. De uma forma simples, com uma linguagem elegantíssima, fluída e cativante, somos conduzidos por uma história ficcional, situada num contexto histórico bem definido e adequado às situações narradas. A ação decorre numa pequena terra designada no romance como Imaculada, na região Centro do país - Castelo Branco (provavelmente pela devoção de muitas aldeias da região à Imaculada Conceição), vive-se a ditadura de Salazar e, ainda de forma mais acentuada, nesta zona do interior. A protagonista, bem como a grande parte das raparigas aqui nascidas, era super protegida e vigiada pelos pais, até casar (com alguém que considerassem conveniente). Mas, até que ponto se casava por amor? Até beijar o namorado era visto como um pecado e como um fator de desinteresse por parte do homem que só manteria interesse em casar se fosse aguçado pelo prazer da espera. Ora, se nem um beijo, muito menos se aceitava um bebé concebido antes do casamento. Depois, havia os casamentos por interesse...Havia denúncias, havia o medo!
O livro termina de forma bastante imprevisível, mas com a naturalidade com que terminavam muitas destas histórias.
Um livro que aconselho a ler!

 Robertson, S. D. (2017). Tempo de Dizer Adeus. Madrid: HarpeCollins.

Tradução: Fátima Tomás da Silva

Nº de páginas: 320

Início da leitura: 11/09/2023

Fim da leitura: 12/09/2023

**SINOPSE**

COMO ABANDONAS A PESSOA QUE MAIS AMAS?
Com seis anos, Ella, a filha de Will Curtis, sabe que o pai nunca a abandonará.
Afinal, ele prometera-lho quando a mãe morrera.
E fará tudo o que lhe for possível para manter a sua palavra.
O que o Will não sabe é que a promessa que fez à filha pode ser mais difícil de cumprir do que imaginava.
Quando confrontado com uma decisão impossível, Will descobre que a opção mais óbvia pode não ser a correta.
Mas o futuro está cheio de surpresas inesperadas.
E pai e filha estão prestes a embarcar juntos numa viagem inesquecível….
A temática deste livro não é, de todo, fácil e ligeira. Após a morte de um ente querido, todos nos questionamos, sofremos, porque tudo termina ali, naquele momento. Mas, afinal, o que passaria pela mente de quem morre em relação a quem fica? Sobretudo se, quem fica, é uma criança de seis anos, que já perdera a mãe e agora seria confrontada com a perda do pai.
Não posso contar mais, pois estaria a revelar excessivamente o que, só com a leitura, se deve compreender. 
A linguagem é muito simples, a história fluída. Mas, esperava mais e mais força nas palavras!

McFadden, Freida (2023). O Segredo da Criada. Lisboa: Alma dos Livros.

Tradução: Carla Ribeiro

Nº de páginas: 320

Início da leitura: 09/09/2023

Fim da leitura: 10/09/2023

**SINOPSE**

Cinco anos após os acontecimentos de A Criada, Millie pensa que pode construir uma vida «normal», formando-se como assistente social e trabalhando para outra família rica... mas está muito enganada!

MISTERIOSO, INTENSO E VICIANTE COMO UM VERDADEIRO THRILLER DEVE SER!

«Millie, nunca entre no quarto de hóspedes...» Uma sombra abate-se sobre o rosto de Douglas Garrick ao tocar na porta do quarto com a ponta dos dedos. «É que... a minha mulher... está muito doente». Enquanto me continua a mostrar o seu incrível apartamento penthouse num dos prédios mais vistosos da cidade, tenho um pressentimento terrível sobre a mulher fechada naquele quarto.

Mas não posso arriscar-me a perder este emprego - pelo menos se quiser continuar a manter o meu segredo. É difícil encontrar empregadores que não façam muitas perguntas, especialmente sobre o passado. Nesse aspeto, agradeço a sorte de os Garrick me terem contratado.

Posso trabalhar aqui durante algum tempo, ficar sossegada até conseguir o que quero. Arrumar e limpar a sua deslumbrante penthouse de vista panorâmica sobre a cidade e preparar-lhes refeições sofisticadas na sua cozinha reluzente. O emprego quase perfeito.

Só ainda não conheci a Sra. Garrick, nem espreitei o quarto de hóspedes.

Tenho a certeza que a ouço chorar às vezes. Também já reparei em manchas de sangue na gola das suas camisas de dormir quando estou a lavar a roupa. Um dia, não consigo evitar bater à porta. E, quando se abre suavemente, o que vejo lá dentro muda tudo..

A Criada foi um livro que, sem ser excelente, me entreteve, com um bom ritmo em termos de desenvolvimento da história. Já este, considero mais fraco. Estava à espera de um "segredo escabroso" por parte da criada e o que veio foi um pouco "mais do mesmo", com umas reviravoltas algo sensaboronas, que até nos fazem bocejar. O segredo, a criada vai arranjá-lo, após começar a trabalhar para um casal riquíssimo, cuja mulher é mantida presa num quarto, como uma pessoa doente e cheia de pruridos, quando, o que de facto sucede, é que é mantida ali fechada propositadamente, pelo marido. Millie, a criada, debate-se com a questão: deverá intervir e perder o emprego, ou manter o emprego e ignorar o que se passa? A partir daqui, já estão a ver o que sucede... Mas, nem tudo é o que parece. Nunca poderemos dizer que gostamos ou não de um livro se não o lemos, não é?
Lê-se bem e lê-se rápido. O que fica: muito pouco!

Letria, José Jorge (2018). Fernando Pessoa O Menino Que Era Muitos Poetas. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda.


Nº de páginas: 42
Início da leitura: 08/09/2023
Fim da Leitura: 08/09/2023

**SINOPSE**

"Dar a conhecer Pessoa aos nossos leitores mais jovens é a proposta de Fernando Pessoa - o Menino que Era Muitos Poetas.

Páginas de beleza, magia e imaginação à solta, tal como dita a poesia, mas que diverte e ensina.

Era uma vez um menino
que era vários meninos
e em cada menino morava um poeta
e em cada poeta um outro poeta.
Assim, nunca mais ninguém
podia saber quantos poetas
havia, ao certo, dentro daquele menino
e quantos meninos havia,
ao certo, dentro daquele poeta.


Observação: Trata-se de uma 2ª edição deste livro que tem a recomendação do Plano Nacional de Leitura (leitura de apoio de projetos de História de Portugal e História Universal, para alunos do 3.º ao 6.º ano)."
Este é um livro que conta, em verso, a biografia de Fernando Pessoa, para crianças e jovens que ainda não o conhecem e que, lendo esta história, mais tarde, saberão de quem se fala, pelo menos. José Jorge Letria captou o essencial e, numa linguagem simples, consegue enaltecer o nosso grande Fernando Pessoa.

George, João Pedro (2022). O Super-Camões Biografia de Fernando Pessoa. Alfragide: Publicações Dom Quixote.

Nº de páginas: 976
Início da leitura: 01/09/2023
Fim da leitura: 08/09/2023

**SINOPSE**
Fernando Pessoa expôs-se heroicamente em tudo o que escreveu. Abriu o seu coração e mostrou mágoas e carências, angústias e frustrações, transitando entre o humor, o lirismo e o olhar racional. Apaixonou-se, sentiu a vertigem do sexo e interessou-se pelas perversões do erotismo e as manifestações do onanismo, da homossexualidade e da androginia.

Incapaz de se levar a sério e de falar demasiado de si próprio na presença dos amigos, andava sempre impecavelmente vestido e era amável e prestável, educado e atrevido, tímido e inteligente, atormentado e divertido (mais do que muitos supõem), autodestrutivo (regado a álcool e a tabaco) e de trato afável.

Contrariamente ao que se poderia crer, não era um escritor de gabinete, isolado na sua torre de marfim, um desses artistas que se recolhem na sombra, rudes, rabugentos e taciturnos.
Homem comprometido com a sua época, com plena confiança na sua criatividade e genialidade, participou na vida cultural e política de Portugal, provocando polémicas e envolvendo-se em escândalos, revelando coragem e convicção nas opiniões pessoais.

Viveu muitas vidas ao mesmo tempo e reinventou-se numa multidão de personagens fictícias, antecipando alguns dos principais motivos da vida moderna: todos escondemos outras pessoas dentro de nós, todos somos fragmentários e vacilantes, marcados por tensões e ambivalências, oscilações e contradições, e a nossa coerência não cessa de se fazer e de se desfazer.

Apesar de ter morrido novo — com 47 anos —, escreveu e trabalhou incansavelmente. Resistiu ao desejo obsessivo de reconhecimento, de publicar só por publicar, e deixou grande parte da sua obra escondida dentro de uma arca, o seu cofre de pirata na ilha do tesouro.

Esta é a primeira biografia de Fernando Pessoa escrita por um português em mais de setenta anos, desde Vida e Obra de Fernando Pessoa — História duma Geração, de João Gaspar Simões, publicada em 1950. Conciliando o rigor intelectual com a clareza de expressão, sem recorrer ao jargão dos estudos literários nem a uma linguagem especializada, O Super-Camões estabelece uma relação de simpatia com a vida de Fernando Pessoa e aproxima a sua obra de todos os leitores e leitoras.

Um livro onde o prazer da escrita e o prazer da leitura encontram o seu denominador comum e ganham uma verdadeira cumplicidade."
Um livro que pode ser lido por quem gosta de biografias. Sem querer ser um livro técnico ou um estudo exaustivo, esta biografia de Fernando Pessoa, a primeira escrita por um autor português, de há mais de 70 anos para cá (após a de João Gaspar Simões), é uma forma muito agradável de conhecer melhor o ortónimo Pessoa e seus heterónimos. E, sobretudo, é uma forma de conhecermos o Pessoa menos cinzento, deprimido e corroído pelo tédio. Biografia de cariz mais pessoal e íntimo - fala-nos de Pessoa tímido, inteligente e com sentido de humor . Destina-se a ser lido não só por pessoas que conhecem, mas é perfeitamente adequado a quem não não conhece Fernando Pessoa, porque não exige conhecimentos sobre o autor. O título da obra foi inspirado numa profecia de Pessoa ("O Supra-Camões").

Com base em conversas do autor da obra com a sobrinha de Pessoa, Maria, Nogueira, chegamos a um Pessoa mais humano, que se divertia em brincadeiras com os sobrinhos. Aqui vamos conhecendo vários excertos textuais das várias obras de Pessoa, contactamos com excertos e considerações sobre os heterónimos, os semi-heteronimos e algumas personagens literárias. Tudo numa linguagem acessível, num tom de conversa com o leitor. 967 páginas, que não custam a ler! Aconselho.

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Professora de português e professora bibliotecária, apaixonada pela leitura e pela escrita. Preza a família, a amizade, a sinceridade e a paz. Ama a natureza e aprecia as pequenas belezas com que ela nos presenteia todos os dias.

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