(imagem do Google)
Disse-me o Destino, com voz agonizante:
«Criei-te para a dor, para o sofrimento constante.
Da juventude foste privada.
Viverás uma vida angustiante.
Resta-te o pranto, a solidão.
Teus anos serão infaustos,
teus dias constante desilusão.»
Num gesto de desespero
chorei noites a fio.
Que futuro? Que presente?
Como suportar a desgraça iminente?
Foi então que decidi.
Invocado o mau Destino,
Respirei fundo e resisti
Troando a minha decisão:
«Não sucumbirei a ameaças vãs,
nem a presságios de desgraça.
As noites tornar-se-ão manhãs,
não é a noite, mas a aurora que me abraça.
À dor, reagirei com complacência;
ao sofrimento, com esperança;
à velhice, com confiança;
ao pranto, com um sorriso;
à solidão, com amor.
Agarrei o Destino com força,
nas minhas mãos em concha.
Depois, poisei-o devagar,
encolhido, resignado,
E deixei-o ali ficar.
Célia Gil
2 Comentarios
Citando Eddie Vedder:
ResponderEliminar"It´s an Art to live with with pain,
mix the light into grey..."
Cada vez me convenço mais que o destino é tão simplesmente caminhar...
cruzar e descruzar caminhos...
viver o presente e cada passada que se dá... mesmo que seja por entre a neblina...
que há sempre um raio de sol para nos aquecer do outro lado...
Foi bom encontrar-vos no acaso da palavra...
tão belas pegadas líricas vai deixando pelo caminho...
a espelhar com dor, mas com coragem o que tantas outras almas também sentem...
Parabéns pela mensagem e nunca deixe de se expressar...
aí está o dom da expressão e da partilha...
Obrigada pelas palavras gentis e tão poéticas. Tem realmente o dom da palavra e sabe usá-lo com muita sabedoria.
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