A pele que em mim vive



Uma fresca aragem
arrepia-me o pensamento
e sinto que ainda sinto,
que neste processo de esvaziamento
há um trajeto no labirinto.
E os brancos do tempo
que vieram acentuar a brancura
da memória do que fomos um dia,
junta-se a um cansaço sem fundamento,
uma ansiedade vadia
que não se explica, mas perdura...
E só esta aragem me certifica
de que ainda vive em mim
a pele que se arrepia.
Nos olhos que vagueiam sem fim
ainda fica o verde que inebria,
a flor que sensibiliza.
De tudo, tudo o que passa,
ainda há algo que fica...fica!

                                 Célia Gil

0 Comentarios