Ishiguro, Kazuo (2018). Um Artista do Mundo Flutuante. Lisboa: Gradiva.
Um Artista do Mundo
Flutuante do autor Kazuo Ishiguro, traduzido por Rui Pires Cabral, é um
romance que decorre no Japão do pós-Segunda Guerra e tem como protagonista o pintor
Masuji Ono, que é o narrador desta história.
Masuji Ono relembra que,
quinze anos antes, decidira comprar uma casa pelo bem das filhas e das suas perspetivas
de casamento. As vendedoras da casa tinham outras propostas e não queriam
entregar a casa que o pai construíra a um qualquer. Menos preocupadas com o
preço, queriam alguém que estimasse a casa, um comprador adequado. Assim,
propuseram a Masuji investigar os seus antecedentes e as suas credenciais,
acabando por escolhê-lo para a compra.
Comprada a casa,
Masuji, que se encontra aposentado, passa os seus dias a cuidar do jardim na
companhia das suas duas filhas adultas e do pequeno neto. Segue ainda os
trâmites necessários para um possível casamento de uma das suas filhas. A par do
seu dia a dia, vão sendo trazidos à memória acontecimentos passados, marcados
pela ascensão do militarismo japonês, acontecimentos esses que ensombram a paz
da sua reforma aparentemente tranquila. A assombrar este presente relativamente
idílico existem sentimentos de culpa, arrependimentos e dúvidas relativamente a
condutas que são próprias de qualquer ser humano, que a dada altura da sua vida
se questiona sobre as escolhas que fez, as atitudes que tomou num determinado
momento.
É um livro ainda
repleto de descrições belíssimas, como se o pintor fosse compondo uma tela
perante nós, com tudo o que vê e descreve.
Deixo o meu convite
para ler e apreciar esta pintura de uma tragicomédia familiar do Japão do
pós-guerra, com a leitura de Um Artista do Mundo Flutuante, de Kazuo Ishiguro.
Célia Gil
Célia Gil
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