Anglada, Maria Àngels. O Violino de Auschwitz.
Alfragide: Dom Quixote. 2011.
O Violino de Auschwitz
é um livro escrito por Maria Àngels Anglada, uma autora catalã e traduzido por
Maria João Teixeira Moreno.
Este livro conta-nos a história de Daniel, um jovem construtor de violinos, recluso numa cela no campo de concentração III de Auschwitz, sujeito a violentos castigos corporais e a falta de alimento.
Certo dia, o comandante
do campo encomenda-lhe o arranjo de um violino, acabando por lhe ordenar a
construção de um violino “tão bem feito como se de um Stradivarius se tratasse”.
Enquanto construía o violino, levavam-lhe outros instrumentos para arranjar,
uma vez que os inimigos tinham organizado uma orquestra naquele e noutros
campos. No meio de todos os horrores passados, vistos, subentendidos, aquele
trabalho foi para Daniel como uma benesse, uma forma de descansar a sua mente e
de se esquecer, por alguns momentos, da fome que o consumia. Nem sonha que, se
não conseguir realizar a tarefa que lhe foi encomendada, morrerá na maior das
agonias a cargo de um “médico” que o faz com muitos outros prisioneiros.
Os capítulos iniciam-se
com passagens reais de relatórios ou documentos administrativos dos campos de
concentração, deixando clara a forma como os judeus eram encarados, simples números.
Ao longo de toda a
história, é evidente o terror de Daniel, que a sua vida vale muito pouco e que
a morte é iminente e pode chegar a qualquer momento. À sua volta, a
sobrevivência é desumana e os carcereiros impiedosos.
Quanto a mim, a
história narrada neste livro de 140 páginas, poderia ter sido mais
desenvolvida, dando-nos a conhecer melhor as personagens referidas brevemente e os acontecimentos em si.
Apesar disso, a intriga está muito bem escrita, a alternância entre o tempo
atual e os tempos vividos no campo de concentração é feita através de analepses
muito bem concebidas. A linguagem é poética, quase como o brilhante som de um
verdadeiro Stardivarius a ecoar numa primavera que, e passo a citar, “florirá
sobre os corpos de milhares de mortos”.
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