O Reino, Jo Nesbø

Nesbø, Jo (2021). O Reino. Alfragide: Publicações Dom Quixote

Nº de páginas: 616

Tradutor: Ricardo Gonçalves

Início da leitura: 01/11/2021

Fim da leitura: 13/11/2021

SINOPSE

Quando os pais de Roy e Carl morrem inesperadamente, Roy tem de assumir o papel de protetor do impulsivo irmão mais novo. Porém, quando Carl decide partir para percorrer o mundo em busca de sucesso, Roy fica para trás na pacata vila, satisfeito com a sua vida de mecânico e proprietário da estação de serviço local.

Alguns anos depois, Carl regressa a casa com Shannon, a sua carismática mulher arquiteta. Chegam cheios de planos e entusiasmo para construírem um hotel de luxo na propriedade da família. Carl não quer fazer ricos só ele e o irmão, mas toda a vila.

E é apenas uma questão de tempo até que um triunfante regresso a casa desencadeie uma série de acontecimentos que ameaçam tudo o que Roy mais ama, e os perturbantes segredos de família, há muito enterrados, comecem a vir ao de cima…

OPINIÃO

Caso procurem neste livro a dinâmica de um thriller frenético, esqueçam! Escolheram o livro errado!

Este livro é um policial/thriller que acaba por ser muito mais do que um simples caso a resolver. Contrariamente a muitos policiais em que, no fim, dizemos “foi mais do mesmo”, este livro teve a capacidade de me surpreender.

A escolha desta família, toda ela problemática (está-lhes nos génes), a forma lenta como nos vão sendo apresentados os lugares, as pessoas, podem cansar quem aprecia uma ação constante. Porém, eu apreciei esses momentos em que se para um pouco para refletir. E são essas reflexões, especialmente do protagonista anti-herói Roy que nos fazem admirar um vilão, o que nem sempre acontece. Este é um vilão contador de histórias e, em alguns momentos, um filósofo à procura de respostas para a essência do ser humano, para as suas dúvidas existenciais. É um vilão com um fundo bom que o leva a determinadas atitudes reprováveis. É um defensor da família, porque esta “é o primeiro, para o bem e para o mal. À frente do resto na humanidade”. Mas nem sempre a família justifica que se suje as mãos por ela.

Por incrível que pareça, nem sempre o que parece é e há personagens que pareciam tão inofensivas, mas que se vão despir do anjo-farsa e surpreender o próprio Roy. Porque nada é verdadeiramente o que parece. Porque, por mais que ele tenha ponderado todos os pormenores dos seus crimes, a maior parte para proteger o irmão Carl, até ele acaba por ser surpreendido.

A forma como a personagem vai pensando e agindo, é-nos apresentada com tanto pormenor, que entramos no seu íntimo e parece que a conhecemos de há longa data.

 É também uma análise à mente de um homem que, ou por circunstâncias imponderadas da vida ou por um passado de violência que lhe ficou na pele, ou por ambas, se torna num perigoso assassino.

A partir de meio do livro, a ação começa a ser mais dinâmica, se bem que as reflexões descritivas façam parte da história e da maneira de ser das personagens. Atrever-me-ia a terminar, referindo que “violência gera violência”, acabando por ser uma bola de neve sem fim.

O único senão deste livro, é a falta de revisão, o que tem sido um problema em termos editoriais. Não é concebível passarem determinados erros e gralhas.

Recomendo a leitura deste livro para quem gosta de ler com calma e refletir sobre o que lê!

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