Charles, Janet Skeslien (2021). A Biblioteca de Paris. Lisboa: Suma das Letras.
Nº
de páginas: 448
Tradutora:
Ester Cortegano
Início
da leitura: 01/11/2021
Fim
da leitura: 06/11/2021
SINOPSE
Paris,
1939. A jovem Odile Souchet tem tudo: um bonito namorado polícia e um emprego
de sonho na Biblioteca Americana em Paris. No entanto, quando a guerra estoura
e os nazis marcham sobre a cidade, Odile corre o risco de perder tudo o que é
importante para ela, incluindo a sua amada biblioteca. Porque os livros contêm
palavras proibidas e ideias que devem ser destruídas, sabe que, nos momentos
difíceis, os templos da cultura estão em perigo.
Odile
não pode permitir que isso aconteça: ela deve salvar essas páginas, para que
possam alimentar a mente de quem chegar depois. Com os seus companheiros,
junta-se à Resistência com as melhores armas que possui: os livros. Coloca o
centro à disposição dos judeus: expulsos das suas casas, sentem-se seguros
entre os livros, e Odile defendê-los-á, custe o que custar. Contudo, quando a
guerra, finalmente, termina, em vez da liberdade, Odile sente o gosto amargo de
uma indescritível traição.
Montana,
1983: Lily é uma adolescente solitária em busca de aventura. A sua velha
vizinha solitária desperta-lhe o interesse. Conforme Lily vai sabendo mais
sobre o passado misterioso da vizinha, descobre que partilham o amor pela
linguagem, os mesmos anseios e o mesmo ciúme intenso, sem suspeitar que um
obscuro segredo do passado as liga.
Baseada
na verdadeira saga dos heroicos bibliotecários da Biblioteca Americana em Paris
durante a Segunda Guerra Mundial, esta é uma inesquecível história de amor,
amizade, família e sobre o poder da literatura para nos unir. A Biblioteca de
Paris mostra que o heroísmo extraordinário pode, por vezes, ser encontrado nos
lugares mais silenciosos.
OPINIÃO
Este
é um livro que, como diz a autora na Nota final, “baseado em pessoas e eventos
reais”, tendo sido alguns elementos ficcionados. E é o próprio espaço, a Biblioteca
Americana de Paris (BAP), que chama, desde logo, a atenção, não apenas no
título, mas no novelo de histórias que a autora vai desenrolando e oferecendo
aos leitores.
Duas
personagens, duas narradoras, duas épocas diferentes, que se vão alternando
neste romance histórico. Odile vive em Paris, em 1939 e Lily, em Froid, uma
pequena cidade no estado norte-americano de Montana, em 1983.
Odile
consegue emprego na referida biblioteca. Faz o que gosta e é feliz. Entre os
restantes funcionários da biblioteca e seus utentes, Odile sente-se realizada.
Fala-nos dos seus autores preferidos, citando algumas passagens que mais a
marcaram, da forte personalidade de Miss Reeder, a famosa diretora da biblioteca,
que “escrevia artigos para os jornais e brilhava na rádio, onde convidava toda
a gente a ir à biblioteca…Declarava categoricamente que havia ali lugar para toda
a gente.” Era na BAP que se sentia feliz e mesmo que se sentisse em baixo “havia
sempre alguém na BAP que conseguia” ampará-la. “A biblioteca era mais do que
apenas tijolo e livros; a sua argamassa era constituída por pessoas que
cuidavam umas das outras.”
Mas
tudo muda quando a França se vê invadida pelos soldados alemães, na Segunda
Guerra Mundial. O paraíso pode facilmente transformar-se no inferno.
Lily
é uma adolescente de Froid, intrigada com os segredos que Odile, a Noiva de Guerra,
sua vizinha, deveria esconder e fascinada com a origem francesa dela, acaba por
se aproximar dela sob o pretexto de a entrevistar. É a partir daqui que as
vidas delas se cruzam.
Gostei
muito deste romance, sobretudo do trabalho efetuado nesta biblioteca que, mesmo
quando muitos livros foram proibidos, mesmo quando proibiram os judeus de a
frequentar, continuaram a fazer um digno trabalho comunitário, levando, às
escondidas e pondo em risco as próprias vidas, os livros aos seus queridos
utentes.
Um
livro bem escrito, que nos cativa e nos absorve.
Recomendo
a leitura!
0 Comentarios