Onde Crescem os Limoeiros, Zoulfa Katouh

Katouh, Zoulfa (2023). Onde Crescem os Limoeiros. Lisboa: Editorial Presença.

Tradução: Helena Sobral e Isabel Nunes
Nº de páginas: 368
Início de leitura: 16/09/2023
Fim de leitura: 20/09/2023

**SINOPSE**
 "Uma história de amor e perda.

Um país em plena revolução. Quanto estamos dispostos a pagar por aquilo em que acreditamos?

Quando os gritos pela liberdade se começam a ouvir na Síria, Salama está a estudar Farmácia. Por esses dias, ainda tem consigo os pais e o irmão mais velho, e há até um rapaz com quem se irá encontrar para falar de casamento.

Porém, de repente, a guerra civil instala-se no país e Salama vê-se no meio de um hospital onde cada vez mais pessoas chegam a precisar de ajuda. Agora voluntária, a jovem de 18 anos sente que o seu coração está como Homs, a cidade onde nasceu: destruído. Os pais e o irmão morreram. Só lhe resta Layla, a sua cunhada grávida, que quer tanto proteger.

Sair do país parece ser a solução, mas Salama está tão ligada àquelas pessoas, à sua terra, onde, mais do que uma guerra, acontece uma revolução pela qual é preciso - e vale a pena - lutar. E Kenan, o rapaz de 19 anos que acaba de ali chegar, com os sonhos desfeitos e disposto a mostrar ao mundo o que se passa, pode ser mais uma grande razão para ­ficar. Porque a esperança é como os limoeiros em Homs: há-os em cada casa, em flor, e por mais que os tentem destruir, continuarão sempre a crescer."
Este é daqueles livros em que é impossível ler de ânimo leve. É com um nó na garganta que conhecemos um breve retrato da guerra na Síria. Cada acontecimento, cada pormenor, cada acontecimento, cada decisão, cada vida é um novelo de dor, que vai sendo desenrolado à nossa frente, com um discurso e linguagem tão intimistas, que nos sentimos lá, como observadores - sofredores. Como refere a narradora/protagonista, "O tempo é o melhor remédio para transformar as feridas em sangue em cicatrizes, e talvez os corpos esqueçam o trauma, e talvez os olhos aprendam a ver as cores como merecem ser vistas, mas essa cura não inclui as nossas almas."
Com efeito, será possível voltar a ser feliz, a um passado de paz, com o fim de uma guerra? Restará força para recomeçar? Será possível esquecer todo o horror, como a perda dos familiares mais próximos?
De facto, é impossível ficarmos indiferentes a todos os acontecimentos narrados neste livro. Penso até que os mais jovens (os que hoje discriminam os colegas "ucranianos", por não entenderem, na sua ignorância, as dificuldades e a dor psicológica que estão a sentir) deveriam ler este livro e refletir, refletir... 

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