A Metamorfose, Franz Kafka

Um romance duro, que nos faz questionar a vida, as escolhas, os caminhos que seguimos e as motivações que lhe são inerentes.


Kafka, Franz. A Metamorfose. Barcarena: Editorial Presença, 1996.


         Gregor, um caixeiro viajante que trabalhava muito, passando diariamente por imensas provações (“martírio das viagens impostas”, “preocupação de apanhar as ligações do comboio”, as refeições más e irregulares”, “um relacionamento humano instável” e muitas outras situações que nos levam a alguém desgastado por uma vida entregue ao trabalho), acorda como um inseto.
Tenta levantar-se para cumprir a sua rotina diária, mas não consegue. Pensa apenas em como dizer ao patrão que não conseguirá, pela primeira vez, cumprir com as suas obrigações. Um trabalho que mantém devido ao seu sentido de responsabilidade para com a família, que vive às suas custas. Mesmo na situação em que se encontra, tenta e pensa em como poderá levantar-se da cama e ir trabalhar. Perante o gerente, que vai lá a casa ver o que se passa e o porquê daquele atraso que nunca ocorrera antes, Gregor insiste que levará mais tempo, mas levantar-se-á, não admitindo a sua perfeita incapacidade para o fazer.
Desiste, quando vê que não consegue dar a volta à situação. Entristece-se quando ouve a família conversar sobre o orçamento familiar e o que terão de realizar para fazer face às dificuldades inerentes ao problema de Gregor. Sente-se completamente inútil.
Apesar desta metamorfose física exterior, esta animalidade que lhe impõe limites, permanece humano consciente, o que lhe permite conhecer melhor os pais e irmã. Tornado parasita, desmascara o parasitismo em que vivia a sua família, às suas custas. Através deste aprisionamento num animal – metáfora do inútil – liberta-se da vida que levava e, não sabendo lidar com ela, caminha para a fatalidade.

Esta é a minha sugestão de leitura, “A Metamorfose” de Franz Kafka, em que sou a Célia Gil

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