Tremayne,
S. K (2019). As Gémeas do Gelo. Lisboa: TopSeller
As
Gémeas do Gelo é um thriller de Tremayne, escritor e jornalista londrino. Neste
livro, conta-se a história de duas gémeas – Lydia e Kirstie – fisicamente iguais.
Os pais distinguem-nas pintando a unha do pé de uma de azul e a da outra de
amarelo, procurando combinar alguma peça de roupa com a cor da unha. Apesar
disso, são bastante diferentes. Kirstie é extrovertida, irrequieta e impulsiva
e Lydia, mais frágil, mais calada e introvertida. O pai tem uma preferência
notória por Kirstie e a mãe por Lydia.
Quando
fazem 6 anos, nas férias de verão, pedem para se vestirem de igual – e assim
acontece, vestem-se com um vestido brancos iguais. Entretêm-se a trocar de
identidade e a questionar os pais se sabem qual é qual, o que se torna numa
missão impossível.
Num
fatídico dia, uma das gémeas cai de uma varanda e é dada como morta. Quando a
mãe chega ao pé da outra gémea, ela grita que Lydia caiu da varanda. É feito o
funeral de Lydia.
O
embate desta morte nas vidas das personagens é evidente. O pai começa a refugiar-se
na bebida. A mãe entra numa grande depressão. Kirstie começa a ter pesadelos
que a consomem e a deixam constantemente triste. Acabam por perder o emprego e
pensam na última solução que lhes parece plausível – ir viver para a ilha pertencente
aos avós de Angus, o pai de Kirstie, que tem apenas acesso por barco e onde
existe unicamente uma casa e um farol. Assim, a tantos quilómetros do traumático
episódio, pensam que será possível recomeçar.
Quando
decidem inscrever Kirstie na escola da aldeia mais próxima da ilha, esta
insiste que é Lydia e não Kirstie, começando a revelar comportamentos que eram
mesmo típicos de Lydia. Não consegue socializar com as outras crianças e começa
a dar mostras de estar cada vez mais perturbada e com mais pesadelos.
Perante
estas ocorrências, os pais acabam por aceitar que foi Lydia quem sobreviveu e
fazem o funeral de Kirstie.
Mas
quem terá realmente sobrevivido? Conseguirão os pais alguma vez obter resposta
a esta pergunta, sem que a loucura os domine?
Este
livro aborda ainda a problemática dos filhos preferidos. Como será descobrir
que o filho preferido afinal não morreu? Até que ponto isso pode amenizar a
dor? O luto dos pais não é mesmo nada fácil e este livro é a prova disso.
Escrito de uma forma muito interessante, com três narradores: o narrador omnisciente,
na 3ª pessoa; Sarah, a mãe e Angus, o pai, confere uma maior dinâmica à
narrativa e permite-nos o confronto com várias perspetivas, o que torna difícil
ao leitor encontrar um bode expiatório, um verdadeiro culpado. Quando o leitor
tem uma teoria pré formada, vê-se confrontado com outra perspetiva que deita
por terra a primeira. É isso que torna este livro irresistível, sendo quase
impossível pousá-lo antes de terminar a sua leitura, uma vez que sentimos
necessidade de saber o que aconteceu a cada momento da narrativa.
0 Comentarios