Suárez, Karla (2017). Um
Lugar Chamado Angola. Porto: Porto Editora
Um Lugar Chamado Angola é um
livro escrito por Karla Suárez de Havana, que recebeu os prémios Prix Carbé de
la Caribe e Grand Prix du Livre Insulaire, em França. É coordenadora do clube
de leitura do Instituto Cervantes e professora de escrita criativa na Escola de
Escritores de Madrid. Foi traduzido por Helena Pitta.
Este livro conta-nos a
história de Ernesto, de apenas 12 anos, filho de um herói da pátria cubana, que
morreu na guerra em Angola. Esse episódio marca a sua vida para sempre. Como o
pai lhe dissera que um homem não chora, conteve a dor no seu peito, vê-se
consumido por este passado ao longo da vida. Trinta anos após a morte do pai,
em Lisboa, Ernesto conhece um homem, Berto, também ele cubano e ex-combatente
na mesma época e no mesmo cenário do pai. Torna-se, pois, importantíssimo para
Ernesto que quer compreender o que fora a presença de Cuba em Angola.
Quanto mais investigava e
escrevia no seu blogue, mais difícil era para Ernesto compreender o que se
passara, com reações e relatos diferentes que ia recebendo. Decide então viajar
para Luanda à procura de respostas e reconstruir a morte do pai. Percebe que
nem tudo foi como ele imaginara.
Com frases intensas, como e
passo a citar “As guerras são um estranho animal mutante, que se espalha,
sondando novos territórios à procura de bolsas de oxigénio para sobreviver.
África tinha-as, por isso, friamente e devagar, o monstro que mais tarde
explodiria, maculando tudo, começou por se instalar aí, e foi abrindo caminho
até chegar à nossa porta, à porta da minha própria casa”. Numa linguagem feita
de recuos e avanços, Um Lugar Chamado Angola, de Karla Suárez, é o primeiro romance
sobre a presença cubana em Angola, e que é a minha sugestão de leitura desta
semana.
Célia Gil
0 Comentarios