Owens, Delia (2019). Lá, Onde o Vento Chora. Porto: Porto Editora.
Nº de páginas: 392
Início da leitura: 21/ex/2020
Fim da leitura: 23/09/2020
Lá, Onde o Vento Chora é
um livro escrito por Delia Owens e traduzido por Leonor Bizarro Marques.
Confesso que este é daqueles livros que supera as expetativas. Não fossem as gralhas
que maculam e beliscam aqui e ali a sua beleza, seria um livro perfeito. Mas,
pondo de parte essa questão de considerar que as editoras deveriam fazer um
trabalho mais minucioso de revisão, posso afiançar que é daqueles livros que
nos enchem a alma.
Confesso que sou uma pessoa sensível e que chorei ao ler algumas
passagens. As descrições são belíssimas, poéticas e tão bem construídas que nos
fazem sentir lá, a vivenciar a história, com todas as sensações a entrar por
nós adentro. É uma história que comove, que nos faz sentir a solidão a dar-nos
o braço, o vento a contar-nos histórias de abandono, de superação, de
sobrevivência, de rejeição, de amizade, de amor, de mesquinhez humana, de
esperança, de aprendizagem, numa celebração e comunhão com a Natureza, com as
suas espécies, com as suas melodias, onde “ainda há criaturas selvagens”, “Lá, Onde
o Vento Chora”.
É daqueles livros que, penso, não esquecerei.
A história começa com uma família, que vive numa velha cabana, num
pantanal da Carolina do Norte. Certo dia, Kya, a mais nova de cinco irmãos, vê
a mãe partir. Depois partem os irmãos e, por fim, o próprio pai, ficando sozinha
no pantanal e tornando-se, assim, conhecida como “a miúda do pantanal”. E é ao
pantanal que vai buscar forças para superar todas as dificuldades com que se
depara, no qual poisa a mão “sobre a terra viva e morna”, e que considera que “passou
a ser a sua mãe”.
Ela faz realmente parte do pantanal, como um só coração a pulsar,
aprendendo a interpretar os seus sons, a observar atentamente tudo o que a
rodeia, a tornar-se desconfiada, um autêntico “bichinho do mato”, longe do
contacto com os cruéis humanos.
Acaba por aceitar a amizade de um ex amigo de um dos seus irmãos,
Tate, que também ama a Natureza e com quem aprende a ler, com quem pode
partilhar este amor pelo pantanal.
Porém, Tate vai para a universidade e o mundo de Kya não vai para
além do pantanal. Tate compreende isso e acaba por partir sem se despedir.
Entretanto, alguém que sempre a espiou, o charmoso Chase, aproxima-se de Kya.
Serão as suas intenções as mais sinceras? Kya sente que o seu coração se fechou
à medida que foi sendo abandonada por todos os que amava. Mas nem tudo acontece
como se possa supor, e é isso que torna este livro ainda mais interessante. Não
é apenas um romance, tem vida, mistério, crime e muito, muito mais.
Deixo o convite para uma leitura prazerosa.
5 estrelas.
Célia Gil
1 Comentarios
Obrigada pela apreciação. Parece bem interessante. 😉
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