Manicka, Rani (2005). A Guardiã dos Sonhos. Porto: Asa Editores, S.A.
Nº de páginas:
512 páginas
Início da
leitura: 12/04/2021
Fim da leitura:
22/04/2021
A
Guardiã dos Sonhos é um
romance escrito por Rani Manicka, uma autora nascida na Malásia e a viver na Grã-Bretanha.
É traduzido por Teresa Curvelo.
Um
livro no qual eu não pegaria, por ser demasiado cor-de-rosa. Talvez esse facto
me tenha levado a pensar que a história seria igualmente cor-de-rosa. Estava redondamente
enganada. Foi preciso uma leitura conjunta para pegar nele. Li-o a par de outro,
o que quebrou um pouco um ritmo de leitura que, quanto a mim, merecia uma
leitura mais rápida e concentrada, uma vez que a história tem imensas
personagens. O facto de parar e ler outro livro, fez com que, muitas vezes,
tivesse de retomar um pouco mais atrás para me contextualizar.
É
um livro intenso, forte e dramático. Dei por mim a suster a respiração, a
acompanhar as personagens na sua saga familiar. São histórias de vida que
comovem, devidamente contextualizadas no tempo e no espaço. As descrições são
tão realistas que nos sentimos lá, que absorvemos os aromas, sentimos as
texturas e os sabores. Uma exótica saga familiar que nos fala de amores,
desamores, paixões, vinganças, mitos, tradições, dificuldades, superação e
desilusão. Uma história de guardiãs de um sonho difícil ou mesmo impossível de
alcançar, contada na primeira pessoa de várias personagens e alternadamente.
Esta organização da história torna-a ainda mais interessante e rica, pois
coloca-nos perante maneiras de pensar de agir e de percecionar os
acontecimentos e as pessoas de forma diferente e pessoal.
A
história tem início numa família do Ceilão, em 1931. Devido à pobreza vivida, a
mãe de Lakshimi decide casá-la (tendo ela apenas 14 anos) com um homem mais
velho e “supostamente” rico da Malásia. É assim que vê a filha partir e que
sofre em prol de um futuro melhor para a filha e para a própria família. Só que
este homem não é, afinal, rico e acumulou dívidas. É Lakshmi que arregaça as
mangas e luta pela sua família. Acaba por se tornar uma matriarca muito exigente,
de personalidade muito forte e, em vários momentos, cruel em relação aos filhos.
A invasão japonesa da Malásia e a morte da filha Mohini às mãos dos japoneses, semeia
nela uma cólera que não consegue aplacar e que desperta o que de pior existe
dentro de si. Também o filho mais velho, Lakshmnan, ficará devastado para
sempre e o sentimento de culpa por não ter conseguido proteger a irmã
acompanhá-lo-á durante toda a vida.
Aconselho
a leitura!
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