Britt-Marie Esteve Aqui, Fredrik Backman

Backman, Fredrik (2019). Britt-Marie Esteve Aqui. Porto: Porto Editora.

Nº de páginas: 304

Início da Leitura: 05/04/2021

Fim da leitura: 10/04/2021

Britt-Marie Esteve Aqui é um livro escrito por Fredrik Backman e traduzido por Elsa T. S. Vieira. Este é o segundo livro que leio do escritor e recupera uma das personagens do livro que li anteriormente, A Minha Avó Pede Desculpa, que é a Britt-Marie.

Se no livro que li anteriormente, fiquei com má impressão relativamente a Britt, este livro conseguiu despertar em mim outros sentimentos em relação a esta personagem. Há, inicialmente, uma curiosidade por uma personagem relativamente “odiosa”, porque caprichosa, monótona, que foi anulando, durante toda a sua vida, a sua própria personalidade. Aos poucos, esta personagem começa a entranhar-se em nós, de tal forma que somos levados a fazer parte da sua vida, como se fosse nossa vizinha do lado. O que quero dizer com isto é que este autor é um excelente contador de histórias e apresenta-nos personagens com corpo, verosímeis, com as quais é fácil criar empatia.

Britt, depois de cerca de 40 anos a viver exclusivamente para o casamento, em que se anulou para dizer “o meu marido pensa”, “o meu marido diz”, em que esperava por ele até tarde, em que acreditava nele, apesar de, lá no fundo, reconhecer os vários indícios das suas traições.

É esta Britt que diz “Não!”, que deixa o marido e a casa, para refazer a sua vida e se reencontrar.

Com 63 anos, Britt vai pedir emprego. A sua determinação leva-a a conseguir um emprego temporário como zeladora no centro recreativo de Borg, uma localidade perdida no espaço e no tempo, vítima de uma crise económica que em nada contribui para a crença em dias melhores. De certa forma, parece e que os seus habitantes foram desistindo, foram perdendo a crença.

A ida de Britt para Borg foi o melhor que poderia ter acontecido, não só a Britt como a todos os habitantes de Borg. As crianças de Borg assumem Britt como a sua nova treinadora de futebol. E esta dá por si a pensar como antes não pensava, a fazer coisas que nunca tinha sonhado fazer (até a beber e a fumar!).

Será ela capaz de se reencontrar? Ou, à primeira oportunidade, regressará para casa, um local onde se sente mais estável e acomodada às suas rotinas de sempre, sem ter de pensar por ela, sem ter de viver em função dela?

Apesar de ter gostado mais do livro que li anteriormente, também adorei este. Fredrik escreve muito bem, consegue dar dinamismo à narrativa, tem sentido de humor e cria personagens absolutamente fantásticas!

“…qualquer ser humano tem tão poucas oportunidades de estar no presente, de escapar à tirania do tempo e de se perder no momento. De amar alguém sem medida. De explodir de paixão.

(…)

Toda a paixão é infantil. É banal e ingénua. Não é nada que aprendamos; é instintiva, e por isso domina-nos. Derruba-nos. Arrasta-nos como uma inundação. Todas as outras emoções pertencem à terra, mas a paixão habita o universo.”

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