A Musa, Jessie Burton

 Burton, Jessie (2017). A Musa. Queluz de Baixo: Editorial Presença.

Tradução: Manuela Madureira
Nº de páginas: 392
Início da leitura: 11/04/2023
Fim da leitura: 14/04/2023
**SINOPSE**
"Londres, anos sessenta do século vinte: uma imigrante proveniente das Caraíbas trabalha numa galeria de arte onde surge um quadro perdido durante a Guerra Civil espanhola e envolto em segredos inexplicáveis.

Quem terá pintado este quadro admirável que surgiu de parte nenhuma?

A verdade acerca desta pintura remonta a 1936 e a uma grande casa rural em Espanha, onde Olive Schloss, filha de um abastado negociante de arte, acalenta ambições que os pais desconhecem.

Por este frágil paraíso, na Andaluzia, passam o artista revolucionário Isaac Robles e a sua meia-irmã, Teresa.

Ambos se insinuam no seio da família Schloss, com consequências inimagináveis e desastrosas..."

Gosto da escrita elegante de Jessie Burton e da forma como conduz a narrativa. Neste caso, como tem vindo a ser comum em vários romances, há uma alternância entre tempos da história: os anos sessenta e 1936. Na primeira data referida, conhecemos Odelle Bastien, uma imigrante vinda das Caraíbas e que trabalha numa galeria de arte e, na segunda data, contactamos com uma imigrante espanhola, Olive Schloss, filha de um abastado negociante de arte e que tem interesses que não vão ao encontro do que o pai imaginou para ela. A ação decorre em Londres e, tendo estado lá, durante a leitura do livro, foi uma aventura ainda maior, pois fui traçando um roteiro geográfico, na minha mente, de todos os locais mencionados. A acrescentar ainda mais visualismo à história, está a mestria com que a autora tece as descrições dos espaços. De realçar a importante contextualização histórica que vai sendo feita, não só em termos geográficos e históricos, mas também nas mentalidades, formas de agir e de pensar.
Alguém tem exatamente a noção do que está por detrás de uma obra de arte? Quem foi realmente o pintor, as suas escolhas, os seus sentimentos? Será mais importante o desejo de fama ou o reconhecimento, ainda que anónimo, de uma obra de arte?
Neste livro reflete-se sobre arte, sobre os conflitos geracionais no que concerne aos interesses dos filhos, sobre as inseguranças  e dilemas provenientes do medo e do respeito pelos pais, sobre a visão sexista da arte, os papéis sociais de uma determinada época, 
Ambas as histórias nos despertam a atenção e nos mantêm presos ao livro até ao fim, momento em que tudo se interliga na perfeição.
Apesar de ter gostado mais de "O Miniaturista", também aconselho muito a leitura desta obra.

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