As Mulheres do Meu Pai, José Eduardo Agualusa

 Agualusa, José Eduardo (2017). As Mulheres do Meu Pai. Lisboa: Quetzal Editores.

Nº de páginas: 416
Início da leitura: 15/04/2023
Fim da leitura: 22/04/2023

**SINOPSE**
"Ao morrer, o famoso compositor angolano Faustino Manso deixou sete viúvas e dezoito filhos. A filha mais nova, Laurentina, realizadora de cinema, tenta então reconstruir a atribulada vida do falecido músico. Em As Mulheres do Meu Pai, realidade e ficção correm lado a lado, a primeira alimentando a segunda. Nos territórios que José Eduardo Agualusa atravessa, porém, a ficção participa da realidade. As quatro personagens do romance que o autor escreve, enquanto viaja, vão com ele de Luanda, capital de Angola, até Benguela e Namibe.
Cruzam as areias da Namíbia e as suas povoações-fantasma, alcançando finalmente Cape Town, na África do Sul. Continuam depois, rumo a Maputo, e de Maputo a Quelimane, junto ao rio dos Bons Sinais - e dali até à ilha de Moçambique. Percorrem, nesta deriva, paisagens que fazem fronteira com o sonho, e das quais emergem, aqui e ali, as mais estranhas personagens. As Mulheres do Meu Pai é um romance sobre mulheres, música e magia.
Nestas páginas anuncia-se o renascimento de África, continente afetado por problemas terríveis, mas abençoado pelo talento da música, o sempre renovado vigor das mulheres e o secreto poder de deuses muito antigos."
Não vou falar da história em si, uma vez que a sinopse já o faz, de forma bastante completa. Quero apenas realçar que é sempre um prazer ler Agualusa, não apenas pela linguagem que utiliza e que tem o dom de nos prender às histórias, mas pelos lugares por onde nos leva a viajar (Angola, Moçambique, Namíbia e África do Sul), as personagens que nos dá a conhecer, tão bem concebidas, que a fusão entre realidade e ficção ocorre de forma tão natural, conferindo uma grande verosimilhança ao que nos é contado. Não é um livro de leitura fácil, mas é um livro que fica connosco, que nos dá a conhecer espaços únicos e mulheres fantásticas e diferentes entre si. Recomendo muito a leitura!
Deixo duas passagens, de entre muitas que me captaram a atenção:
"Há silêncios plácidos e outros convulsos. Silêncios alegres e outros dramáticos. Há aqueles que cheiram a incenso, e os que tresandam a estrume. Há os que sabem intensamente a goiabas maduras; os que se guardam no bolso interior do casaco (...); os que andam nus pelas ruas; os silêncios arrogantes e os que pedem esmola." (pág. 94).
"- Leve os sonhos a sério - sussurrou - Nada é tão verdadeiro que não mereça ser inventado." (pág. 413).

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